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CUBA - Pela primeira vez desde a Revolução Cubana, na década de 1950, empresas do país comunista poderão abrir nos Estados Unidos contas bancárias a que terão acesso a partir de Cuba. Segundo Washington, a intenção seria "promover a liberdade na internet, apoiar empresários do setor privado e abrir o acesso a certos serviços financeiros para a população cubana".

O anúncio das alterações regulatórias pela Secretaria do Tesouro, na terça-feira (28/05), causou agitação: o setor privado cubano cresceu fortemente desde 2021, quando Havana criou uma forma jurídica inédita para as pequenas e médias empresas. Desde então, foram fundadas mais de 11 mil delas, desde lojas de conveniência a firmas de transportes e de construções. Com suas importações, elas têm sido as principais responsáveis por uma melhoria marcante da oferta de bens de consumo do país insular.

Agora, além de poder manter contas americanas, as pequenas e médias empresas poderão também utilizar plataformas de mídia social e de pagamento, videoconferências e serviços baseados em nuvem dos EUA. Isso lhes permitirá, por exemplo, realizar operações financeiras online, eliminando numerosos obstáculos a suas atividades.

Além disso, desenvolvedores cubanos de software poderão oferecer seus aplicativos nas app stores da Apple ou da Google – coisa que tampouco era possível até o momento, devido às medidas americanas de bloqueio. Foi ainda anulada uma medida do governo de Donald Trump que impedia os bancos dos EUA de realizarem transações entre Cuba e bancos de países terceiros, denominadas U-turn transactions no jargão do setor.

Negócios bancários diretos com os EUA seguem interditados, porém isso possibilitará transferências monetárias para familiares cubanos, contanto que remetente e destinatário não estejam sujeitos às leis americanas. E assim financiamentos, investimentos e pagamentos por países intermediários voltam a ser viáveis.

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Atropelando os direitos humanos e a livre empresa?

Citando um funcionário do governo, o jornal Miami Herald afirma que "o apoio do setor privado cubano contribuirá para conter a emigração irregular a partir da ilha, com a criação de mais oportunidades econômicas". Outros altos funcionários do governo de Joe Biden disseram à imprensa que, na elaboração das medidas, procurou-se criar um equilíbrio entre a meta de dar esse apoio e o desejo de evitar a criação de vantagens para o governo cubano.

Seguem restritos os negócios entre empresas americanas e entidades governamentais ou militares cubanas. Tampouco devem se beneficiar das novas regras empresas cubanas cujos proprietários tenham ligações com o governo em Havana.

Segundo veículos de comunicação dos EUA, o recém-anunciado pacote de medidas já estava pronto desde setembro de 2023, porém esbarrou na resistência do Congresso. Deputados republicanos alegaram que em Cuba não existe livre empresariado, pois o setor privado está sob controle estatal.

Para a parlamentar Maria Elvira Salazar, de origem cubana, trata-se de "um escárnio do direito americano, considerando-se que não houve na ilha nenhum avanço no sentido da liberdade e que a repressão aumentou". Em contraste, o ex-deputado Joe Garcia, que se empenha por um respaldo maior ao setor privado cubano, elogiou o governo Biden.

Boa ideia, o problema é a prática

Porém o ministro do Exterior de Cuba, Bruno Rodríguez, criticou duramente as novas regras: "Elas não mudam em nada os impactos cruéis e a sufocação econômica impostos às famílias cubanas com a aplicação do bloqueio e a inclusão [de Cuba] na lista dos patrocinadores estatais do terrorismo", escreveu na plataforma X. "Essas medidas visam dividir a sociedade cubana."

A reação do Ministério do Exterior, em comunicado oficial, foi semelhante: "Mais uma vez, a resolução do governo americano se baseia numa visão distorcida da realidade cubana, separando artificialmente o setor privado do público, embora ambos sejam parte do sistema econômico cubano e da sociedade como um todo."

O economista Ricardo Torres, da American University de Washington, vê "medidas positivas", por estarem adaptadas à "mudança da realidade em Cuba", que certamente favorecerão alguns setores, como o de criação de software. Também a agilização das transações financeiras ele vê como algo positivo.

"Mas uma coisa é a intenção, outra é a prática", pondera, apontando para as numerosas restrições ainda existentes. "Os bancos e empresas dos EUA certamente procurarão se garantir contra possíveis litígios judiciais", enfatiza, acrescentando que não há qualquer segurança de que o governo americano seguinte vá manter as medidas. "Por isso sua aplicação deverá ser bem limitada", deduz o economista cubano.

Pedindo anonimato, uma jovem empreendedora de Havana também comentou as medidas com um certo ceticismo, apesar de toda a alegria diante dos anúncios: a eventual abertura de contas bancárias e a utilização de serviços de pagamento online é "um grande passo", na opinião dela. "Mas vamos ver como a coisa corre na prática, vamos aguardar como se desenvolve."

 

 

Autor: Andreas Knobloch / DW BRASIL

CUBA - Em 48 horas, María Páez recebe "aliviada" em Havana a comida que seus filhos compraram online para ela em Miami. Forçados pela crise, os cubanos optam por enviar alimentos aos seus familiares em vez das vitais remessas em dinheiro de que a ilha necessita. 

"Receber este tipo de produto é um alívio para nós e, em termos de gasto de dinheiro, a economia é substancial", disse à AFP esta mulher formada em Matemática, de 59 anos, que vive com o marido desde que seus dois filhos emigraram para os Estados Unidos.

Cento e vinte ovos, carne moída, presunto, chorizo, croquetes, iogurte... Uma quantia que lhe permitirá chegar ao fim do mês “sem grandes tensões”, afirma.

“É extremamente importante que os ovos cheguem (...), é um café da manhã garantido”, acrescenta com satisfação. 

Na ilha, que fechou 2023 com uma inflação de 30% e onde o salário médio é de 4.800 pesos (40 dólares, R$ 205,7), uma caixa de 30 ovos pode custar 3.300 pesos (27,50 dólares, R$ 141,4).

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- "Não querem dinheiro" -

Atualmente é possível enviar alimentos e outros produtos essenciais a familiares através de dezenas de plataformas online baseadas principalmente nos Estados Unidos, onde vivem mais de dois milhões de cubanos, mas também no México, Canadá e Espanha.   

Katapulk, Supermarket23, Alawao, Tuambia, CBM... Estas lojas digitais proliferam na internet, à medida que crescem os seus mercados potenciais, em meio a um êxodo migratório de cubanos que bateu recordes em 2022 e 2023.  

Todos os dias, dezenas de furgões com o logotipo destes mercados virtuais e veículos particulares, alugados por estas empresas, percorrem as ruas da ilha distribuindo embalagens de alimentos, que têm preços exorbitantes em pequenos negócios autorizados pelo governo apenas em 2021, mas são melhor abastecidos do que as lojas estatais. 

Os produtos que compõem os envios podem ser adquiridos localmente ou no exterior.

Do outro lado do Estreito da Flórida, os 170 km de mar que separam Cuba da costa dos Estados Unidos, também operam dezenas de agências que enviam remessas de alimentos para a ilha. 

Em Hialeah, cidade próxima a Miami com grande população de origem cubana, Luis Manuel Méndez, de 59 anos, explica, diante de uma dessas empresas, que costuma enviar remédios, material escolar e alimentos para dois filhos que deixou na ilha. 

“As coisas em Cuba são muito caras”, por isso “é muito mais viável comprar aqui e enviar”, diz Méndez.

Os meus filhos “não querem dinheiro, o que querem é que eu mande para eles (...) itens de primeira necessidade”, acrescenta.

 

- Remessas em queda -

Cuba, com 11,1 milhões de habitantes, enfrenta uma crise econômica sem precedentes em três décadas, com apagões, escassez de alimentos, medicamentos e combustível, devido aos efeitos da pandemia, à intensificação das sanções de Washington e às fragilidades estruturais da sua economia.

Segundo dados do Havana Consulting Group, uma empresa de consultoria com sede em Miami, as remessas dos Estados Unidos para Cuba atingiram um valor recorde de 3,7 bilhões de dólares (R$ 19 bilhões) em 2019. 

É a segunda fonte de divisas para Cuba, atrás apenas da exportação de serviços médicos e acima do turismo.

Tais remessas, no entanto, “caíram de 2 bilhões de dólares (R$ 10,5 bilhões) em 2022 para 1,97 bilhão (R$ 10,1 bilhões) em 2023”, afirma o economista cubano Emilio Morales, que preside a empresa de consultoria.

 

 

AFP

CUBA - Cuba e Coreia do Sul restabeleceram as suas relações diplomáticas após mais de seis décadas de ruptura.

O retorno foi formalizado na quarta-feira (14) na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, onde os representantes dos países se encontraram enquanto se aguarda a abertura das respetivas embaixadas.

Os dois países comunicaram a notícia do restabelecimento das relações diplomáticas de forma relativamente discreta, em linha com o sigilo que tem marcado as suas negociações nos últimos anos.

O Ministério das Relações Exteriores de Seul emitiu um comunicado no qual afirma que espera que esta nova conexão marque um "ponto de virada crucial" nos seus esforços para expandir os seus horizontes diplomáticos e fortalecer a diplomacia com a América Latina e o Caribe.

O novo movimento é um passo histórico para ambos os países, que estabeleceram relações diplomáticas em 1949, mas as romperam dez anos depois, quando triunfou a Revolução Cubana e o seu líder Fidel Castro impôs um regime comunista no país latino-americano.

Desde então, Cuba tem sido um aliado próximo da Coreia do Norte, o outro que mantém um regime comunista no mundo, que até hoje não abraçou a economia de mercado e que está em estado técnico de guerra com a Coreia do Sul.

Este foi o principal impedimento para Havana e Seul restabelecerem as suas relações ao longo dos anos, mas o obstáculo agora foi superado.

 

O fator norte-coreano

As conversas para uma reconexão diplomática entre Cuba e a Coreia do Sul foram mantidas sob estrita confidencialidade ao longo dos anos.

“Nossos últimos governos tentaram várias vezes, sem sucesso, restabelecer relações com Cuba”, disse uma fonte diplomática sul-coreana anônima à BBC Mundo.

Esta fonte atribui o atraso à pressão diplomática da Coreia do Norte, um aliado próximo de Cuba desde a década de 1960, bem como à relutância dos principais líderes cubanos da velha guarda.

“Parece que houve algum tipo de compromisso que remonta à época de Fidel Castro e Kim Il-sung de não dar esse passo”, declarou um ex-funcionário de Havana.

O histórico líder cubano e o fundador da Coreia do Norte construíram uma relação política sólida entre os seus países que dura até hoje.

Um bom exemplo disso é a embaixada da Coreia do Norte em Havana, a maior do regime de Kim Jong-un nas Américas e o centro nevrálgico da sua atividade diplomática na região.

A presença de embaixadas de ambas as Coreias num único país não é uma exceção, uma vez que ocorre em muitos locais, incluindo China, Rússia, Espanha e Reino Unido.

No entanto, indicou o diplomata sul-coreano, “Cuba tem uma importância simbólica muito grande para a Coreia do Norte porque é a sua base de operações na América, e é por isso que sempre pressionou o governo cubano para se manter longe de Seul”.

A estreita amizade entre Havana e Pyongyang contrastava com a falta de relações econômicas e comerciais.

E não só isso: os laços econômicos e culturais entre Cuba e a Coreia do Sul – inimigo da Coreia do Norte e aliado dos Estados Unidos – intensificaram-se nos últimos anos.

 

A presença sul-coreana em Cuba

Apesar da falta de relações diplomáticas, Havana e Seul a troca comercial entre os países foi de 21 milhões de dólares em 2022, dos quais 14 milhões foram exportações do país asiático para Cuba, segundo dados da Associação Comercial da Coreia.

Isso é perceptível no cotidiano da ilha: os carros Hyundai e Kia são comuns em sua limitada frota de veículos, e os poucos estabelecimentos que vendem eletrodomésticos oferecem marcas sul-coreanas como Samsung e LG, embora a preços fora do alcance do cubano médio.

As empresas sul-coreanas também monopolizam boa parte dos estandes das feiras cubanas, como a Feira Internacional de Havana

Para compensar a falta de uma embaixada, a Coreia do Sul mantém uma sede da sua organização comercial estatalna capital cubana para o intercâmbio econômico entre os dois países e gere os assuntos diplomáticos a partir da sua sede diplomática na Cidade do México.

 

Vantagens mútuas

A Coreia do Sul não vê Cuba como uma potencial fonte de rendimento para o Estado ou para os seus conglomerados multinacionais, já que as vendas globais dessas empresas atingem valores de doze dígitos. O país tem outras razões para estreitar laços.

“É um país geograficamente estratégico, próximo dos Estados Unidos, e posicionar-nos lá é importante no longo prazo”, indicou a fonte diplomática sul-coreana.

Por outro lado, com a abertura de uma embaixada na capital cubana, a Coreia do Sul marca um ponto contra a Coreia do Norte num momento em que os dois países mantêm um confronto tenso.

O revés não é apenas simbólico, mas também a perda de influência política e diplomática do regime comunista de Kim Jong-un no seu país homólogo no continente americano, liderado pelo presidente Miguel Díaz-Canel.

Por outro lado, a Coreia do Sul mantém há anos a política de expansão da sua influência cultural até aos últimos cantos do mundo - e Cuba não é exceção.

Assim como em outros países latino-americanos, muitos jovens da ilha consomem conteúdos do país asiático, desde músicas até novelas, e o fã-clube local sul-coreano conta hoje com mais de 10 mil membros.

“Com uma embaixada será mais fácil promover a nossa cultura”, disse a fonte sul-coreana.

Finalmente, a Coreia do Sul já mantém relações diplomáticas com todos os países da ONU, exceto a Síria e a Coreia do Norte.

“Cuba era o último objetivo pendente para expandir a nossa diplomacia”, afirmou o diplomata do país.

Cuba, por sua vez, já mantém relações diplomáticas com todos os Estados membros das Nações Unidas, exceto Israel.

O governo cubano dá especial importância à diplomacia como forma de legitimar o seu sistema político e econômico diante de seu isolamento internacional. Também é uma forma de denunciar ao mundo o embargo financeiro e comercial que os Estados Unidos lhe impõem há seis décadas.

Mas os benefícios que espera da sua nova relação com a Coreia do Sul são mais econômicos.

A grave crise financeira que Cuba atravessa há décadas intensificou-se desde a pandemia, gerando uma grave escassez de alimentos, medicamentos e produtos básicos - e o maior êxodo de migrantes na sua história.

Isto levou o governo a procurar qualquer fonte de receitas que ajude a manter o país à tona.

O restabelecimento das relações “abre todo um leque de coisas que podem acontecer, como a abertura aqui em Havana de escritórios da Samsung, Hyundai ou de empresas sul-coreanas que hoje têm presença comercial e econômica em Cuba”, diz Carlos Alzugaray, cientista político e ex-diplomata cubano.

“Isso seria bom para a economia cubana e se, por exemplo, uma empresa sul-coreana estiver interessada em investir em Cuba, agora tem luz verde do governo sul-coreano”, indicou.

Destacou também que os laços com a Coreia do Sul permitiriam a Cuba solicitar doações ou empréstimos vantajosos ao seu novo parceiro diplomático.

“A Coreia do Sul é um dos países com um programa e recursos financeiros mais desenvolvidos para fornecer cooperação para o desenvolvimento, créditos de importação e assistência técnica”, explicou Alzugaray.

 

Enquanto isso, na Coreia do Norte...

Sangmi Han, jornalista do Serviço Coreano da BBC, diz que o estabelecimento de relações diplomáticas entre Havana e Seul “reafirma o isolamento diplomático da Coreia do Norte, cujo espaço na comunidade internacional está di minuindo."

Mas este não é o único golpe para Pyongyang, segundo Cho Han-beom, pesquisador do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, um instituto de pesquisa sul-coreano.

“O fato de Cuba, país irmão da Coreia do Norte, ter estabelecido relações diplomáticas com a Coreia do Sul em extremo sigilo, sem o conhecimento de Pyongyang, será uma enorme ferida difícil de aceitar” para os norte-coreanos, diz o analista.

Espera-se que a embaixada sul-coreana em Havana seja estabelecida rápida e facilmente com base no escritório comercial já existente.

A sua inauguração seria uma boa notícia para as cerca de 1.100 pessoas de ascendência coreana que residem em Cuba, bem como para os turistas sul-coreanos que visitam o país e que antes da pandemia eram cerca de 14 mil anualmente.

No caso da embaixada cubana em Seul, os especialistas acreditam que seria mais complicado devido às limitações orçamentárias do país latino-americano, podendo demorar mais.

 

 

de Atahualpa Amerise - Da BBC News Mundo

CUBA - A partir de 1° de fevereiro, proprietários de automóveis em Cuba pagarão 500% a mais para encher o tanque de gasolina.

Este drástico aumento faz parte de um forte pacote de medidas anunciadas na segunda-feira (9/1) pelo governo cubano. A intenção é tentar reduzir a grave escassez de combustíveis e recursos básicos na ilha.

O preço do litro da gasolina comum vai subir de 25 pesos cubanos (cerca de US$ 0,21 ou R$ 1,02) para 132 pesos cubanos (US$ 1,10, cerca de R$ 5,37).

Já a gasolina especial aumentará de 30 pesos cubanos (cerca de US$ 0,32 ou R$ 1,56) para 156 pesos cubanos (US$ 1,65, cerca de R$ 8,05), segundo o anúncio do ministro das Finanças e Preços do país, Vladimir Regueiro, na TV estatal.

As autoridades também anunciaram que os turistas pagarão pelo combustível em moeda estrangeira.

O governo cubano subsidia quase todos os bens e serviços essenciais para a população. E anunciou, no final de dezembro, a criação de uma série de medidas para reduzir o déficit fiscal, em um momento de profunda crise econômica no país.

Estimativas oficiais indicam que a economia cubana sofreu redução de 2% em 2023, enquanto a inflação atingiu a marca de 30% ao ano.

As autoridades cubanas atribuem a crise e a escassez ao endurecimento do embargo americano nos últimos anos, ao impacto da pandemia sobre o turismo e à alta inflacionária global.

 

Outras medidas

Na segunda-feira (9/1), o governo cubano também aumentou em 25% o preço da energia elétrica para grandes consumidores em zonas residenciais. E um aumento dos preços do gás natural liquefeito foi programado para o dia 1° de março.

No final do mês passado, o ministro da Economia e Planejamento de Cuba, Alejandro Gil, reconheceu que o governo da ilha não consegue mais vender combustível a preços subsidiados.

"Será que este país pode manter esses preços dos combustíveis, provavelmente os mais baixos do mundo, em comparação com os preços de outros países?", perguntou-se Gil no programa Mesa Redonda, da TV estatal.

A gasolina em Cuba é "muito barata, mas, se for comparada com os salários do país, é muito cara", afirmou à agência de notícias AFP o economista cubano Omar Everleny Pérez. Ele acrescentou que os novos preços irão afetar "toda a sociedade".

O ministro das Finanças, Vladimir Regueiro, declarou que as novas medidas foram criadas para corrigir um "grupo de distorções presentes na economia".

Segundo ele, "alguns dos preços ficaram desatualizados em produtos que são transversais para toda a economia, relacionados à própria energia, aos combustíveis, à geração de eletricidade e aos bens de consumo fundamentais da população".

Estas medidas formam um dos maiores ajustes macroeconômicos realizados pelo governo cubano nas últimas décadas.

A crise atual é frequentemente comparada com o chamado Período Especial, logo após o colapso da União Soviética, que deixou Cuba sem o seu principal apoio político e econômico no exterior.

 

Consequências para os cubanos

Everleny Pérez afirma que, com o aumento dos preços dos combustíveis, "se o dono do carro transportar pessoas, irá subir a passagem, o que acaba por afetar a população".

Enquanto o governo tenta, com estas medidas, reduzir a escassez de hidrocarbonetos, os novos preços aumentam ainda mais o custo de vida dos cubanos.

Nos últimos anos, o poder aquisitivo dos cidadãos da ilha vem diminuindo devido à inflação, à desvalorização do peso cubano em relação ao dólar e à redução do turismo, que é o principal motor econômico de Cuba.

Seguindo o mesmo raciocínio destacado pelo economista, o motorista de táxi cubano Rodolfo (nome fictício) declarou à BBC News Mundo – o serviço em espanhol da BBC – que o aumento dos preços irá recair, em última instância, sobre os consumidores.

"Não vai me afetar", explica ele. "Porque, quando o Estado toma a decisão de aumentar os preços dos combustíveis, isso vai fazer com que eu suba o preço do meu serviço."

"Uma corrida do aeroporto normalmente custa US$ 20 [cerca de R$ 98]. Não é que agora irá custar US$ 100 [cerca de R$ 488], mas é claro que, em pesos cubanos, já não vai custar o mesmo. Deve subir talvez até cinco vezes, o mesmo aumento do preço da gasolina pelo Estado."

Enquanto isso, diversos usuários nas redes sociais duvidaram da eficácia das medidas do governo.

"É claro que, com isso, aumentarão também os preços de tudo o mais, ou seja, transporte, alimentação etc. O velhinho que ganha 1,3 mil pesos (cerca de US$ 10,80 ou R$ 52,70) de aposentadoria já vive em profunda vulnerabilidade. O que acontecerá com ele a partir de agora?", pergunta-se um usuário com o nome de "Cubano" na seção de comentários do website Cubadebate.

"Sou assalariado do Estado e ganho 3 mil pesos cubanos [cerca de US$ 25 ou R$ 122]", escreve o usuário "Raissel".

"Se, até agora este mês, só recebi meio quilo de açúcar, 100 gramas de mortadela, 7 ovos e preciso comprar todo o restante no mercado particular, como posso concordar que continuem encarecendo minha vida?"

A escassez de combustível foi um sério problema para os cubanos em 2023. No pior momento da crise, as filas de carros para abastecer se estendiam por vários quarteirões.

Em meio a esta situação, o governo da ilha conseguiu um acordo com a Rússia para receber 30 mil barris de petróleo por dia. Esta negociação pretendia recuperar o ingresso de petróleo no país, depois que a Venezuela reduziu suas exportações para Cuba.

Além da escassez de combustível e dos altos preços, os cubanos também enfrentam insegurança alimentar e falta de medicamentos. O mercado negro e as remessas de dinheiro familiares continuam tendo peso fundamental para a compra de diversos produtos básicos na ilha.

Esta grave situação provocou protestos sem precedentes contra o governo em 2021 e o aumento do êxodo migratório para os Estados Unidos. Calcula-se que este êxodo tenha sido o maior já ocorrido desde 1959, ano que marcou o início da revolução socialista de Fidel Castro (1926-2016).

 

 

BBC NEWS

EUA - A Assembleia Geral da ONU aprovou, com 187 votos, uma resolução que pede o fim do embargo imposto há seis décadas pelos Estados Unidos contra Cuba, uma vitória moral para a ilha que, no entanto, não é vinculante.

Os Estados Unidos e Israel votaram contra a resolução "Necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba". A Ucrânia se absteve da votação.

A resolução reitera o princípio da "igualdade dos Estados, da não intervenção e da não ingerência em assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação internacional" e manifesta "sua preocupação com a promulgação e aplicação continuadas" de leis como a americana Helms-Burton (vigente desde 1996), que tem efeitos extraterritoriais para pessoas e empresas que fizerem negócios com Cuba.

"O bloqueio é um ato de guerra econômica em tempos de paz", disse o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, na tribuna, após lembrar que "mais de 80% da população cubana só viveram" sob o regime de sanções unilaterais americanas.

Desde 1992, Cuba apresenta anualmente resoluções na Assembleia Geral da ONU para pedir o fim do embargo imposto unilateralmente, em plena Guerra Fria, pelo presidente John F. Kennedy para asfixiar o regime comunista da ilha.

Apesar de os governos cubano e americano terem iniciado um processo de normalização das relações diplomáticas em 2015, sob o governo de Barack Obama, o embargo segue em vigor e é considerado por seus opositores como o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba.

A forte repressão do governo cubano às manifestações anti-governamentais de julho de 2021, que deixou mais de 1.000 detidos e forçou outros ao exílio, não contribuiu para a mudança esperada na administração democrata de Joe Biden, após as políticas rígidas de seu antecessor, Donald Trump.

As autoridades cubanas calculam que seis décadas de embargo causaram perdas de mais de 159 bilhões de dólares (795 bilhões de reais, na cotação atual) para sua economia. Só entre março de 2022 e fevereiro de 2023, o bloqueio teria provocado perdas de 4,86 bilhões de dólares (24,28 bilhões de reais).

Sem o embargo, afirmam, a economia teria crescido 9%. A migração é "um efeito direto da intensificação do bloqueio", alertam, em um folheto distribuído à imprensa.

 

 

AFP

CUBA - A produção agrícola em Artemisa, uma província que costumava ser um dos celeiros de Havana, tem diminuído drasticamente nos últimos anos, uma situação comum em toda a ilha que obriga o governo a importar 100% dos alimentos da cesta básica.

Especialistas têm alertado sobre o risco de insegurança alimentar na ilha socialista, cujo governo distribui grande parte dos alimentos a preços subsidiados por meio de mecanismos de racionamento para os 11 milhões de cubanos.

Um agricultor sexagenário de Artemisa, província vizinha de Havana, que prefere não dar o seu nome, diz que aquelas terras são "divinas", mas "falta adubo, fertilizante, sementes" para trabalhar.

Esse agricultor faz parte de uma cooperativa que costumava receber todos os insumos do governo, mas agora "não temos nada, não nos dão", lamenta enquanto colhe cebolinhas em sua plantação.

"Temos tratores em mau estado, não temos recursos, não há combustível, não estamos recebendo óleo nem pneus. Temos que arar a terra com uma junta de bois", lamenta.

Antes, cada município em Artemisa tinha um centro de coleta para armazenar as colheitas e vendê-las, mas "esses centros quase não existem mais, não há como comercializar nem transportar as colheitas", diz ele.

 

- Queda de 35% -

Em um campo próximo, Jesús, outro camponês que trabalha nessas terras vermelhas e férteis há 40 anos, afirma que o rendimento da malanga, um tubérculo muito apreciado pelos cubanos, caiu pela metade.

Essa plantação "costumava render de quatro a seis sacos por sulco, mas agora é metade disso. A colheita está sujeita à sorte", diz ele, enquanto afunda os pés descalços na terra.

De acordo com dados oficiais, a produção agropecuária diminuiu 35% entre 2019 e 2023. A produção de açúcar, que já foi uma indústria emblemática de Cuba, caiu de 816.000 toneladas na temporada 2020-2021 para 470.000 na temporada 2021-2022, e a maior parte do arroz e feijão, alimentos básicos dos cubanos, está sendo importada.

"Temos uma lei de soberania alimentar e não temos alimentos, estamos prestes a aprovar uma lei de incentivo à pecuária e não temos gado, e temos uma lei de pesca (...) e não há peixe", discursou o presidente Miguel Díaz-Canel perante o parlamento em dezembro.

Em setembro, o ministro da Economia, Alejandro Gil, afirmou que o governo importa "praticamente 100% da cesta básica", em comparação com 80% antes da pandemia de coronavírus.

Às fragilidades estruturais da economia cubana se somam a fraca recuperação do turismo, a segunda maior fonte de divisas antes da pandemia, e o endurecimento das sanções dos Estados Unidos desde 2021.

 

- "Há um risco real" -

Etienne Labande, representante do Programa Mundial de Alimentos (PMA), admitiu que diante desse cenário, a ameaça de insegurança alimentar é real.

"Há uma escassez de alimentos produzidos localmente, e importar para Cuba é conhecido por ser muito complexo devido ao embargo dos Estados Unidos em vigor desde 1962, então há, de fato, um risco", disse à AFP.

Os problemas se agravaram desde a implementação em 2021 de uma reforma monetária que impulsionou a inflação, atingindo 45,8% entre janeiro e maio - 39% em 2022 -, de acordo com dados oficiais. Para analistas, ela já ultrapassou os três dígitos.

Isso "resultou em aumentos nos preços de bens e serviços básicos e afetou a vulnerabilidade dos lares à insegurança alimentar", afirma o relatório do PMA de 2022.

Desde que assumiu o poder em 2008, o então presidente Raúl Castro iniciou uma reforma agrícola para estimular a produção de alimentos, que incluiu a entrega de terras ociosas para usufruto, o fechamento de fazendas estatais improdutivas e a autorização de vendas diretas para o setor de turismo.

Para Pavel Vidal, economista cubano e acadêmico da Pontifícia Universidade Javeriana de Cali, Colômbia, "se não apostarem em uma lógica de mercado, essas reformas não darão frutos".

 

 

AFP

HAVANA - Em Cuba, um país assolado por uma crise econômica e pela escassez de bens, até as mais básicas das atividades, como pescar ou plantar, podem rapidamente se tornar um problema.

É por isso que dois jovens empresários cubanos decidiram recorrer à aquaponia para combinar ambos os setores na tentativa de obter maior retorno sobre o investimento e, ao mesmo tempo, reforçar o combalido estoque de alimentos da ilha, disseram eles à Reuters.

A aquaponia é um sistema de aquicultura no qual as águas usadas na criação de peixes são posteriormente utilizadas em plantas cultivadas hidroponicamente -- como o alface --, que purificam a água. O processo junta a aquicultura com a agricultura, de forma eficiente e ambientalmente correta, o que seria perfeito para Cuba, de acordo com Joel López, co-proprietário da JoJo Acuaponics.

“Do peixe à produção de alimentos vegetais, tudo é natural”, disse ele durante visita às instalações, localizadas próximas a Havana e que abrigam tanques com peixes e estufas.

No fim do mês, o resultado inclui a proteína do peixe e os vegetais. Fertilizantes e pesticidas não são utilizados.

Cuba está enfrentando sua pior crise econômica em décadas, com escassez de alimentos, remédios e combustível. A situação fez o governo comunista buscar ajuda de empresários que tivessem ideias criativas.

“Há uma lógica nisso, para que os jovens se tornem empresários e queiram crescer e ser economicamente prósperos”, afirmou José Antonio Martínez, ex-advogado que é co-proprietário da empresa.

Mas os empresários enfrentam um ambiente desafiador na ilha. O embargo imposto pelos Estados Unidos dificulta as transações financeiras, e a economia de Estado, burocrática, só permitiu recentemente que empresas privadas fossem criadas.

“Os sistemas aquapônicos... usam tecnologia cara. No contexto cubano, é muito difícil para nós acessar financiamento”, afirmou Martínez, que recebeu linhas de crédito insuficientes da prefeitura local.

Apesar dos desafios, muitos cubanos veem de forma crescente a operação de negócios privados como uma maneira de superar as dificuldades de uma economia de Estado, em que o salário médio é de menos de 20 dólares por mês.

 

 

Reportagem de Alien Fernandez e Mario Fuentes / REUTERS

CUBA - Uma rede de tráfico que opera a partir da Rússia com o objetivo de recrutar cubanos para participarem “de operações bélicas na Ucrânia” foi identificada por autoridades da ilha, que iniciaram processos criminais contra pessoas envolvidas, informou a chancelaria na segunda-feira.

O Ministério do Interior "trabalha na neutralização e desarticulação de uma rede de tráfico de pessoas que opera a partir da Rússia para incorporar cidadãos cubanos ali radicados, incluindo alguns procedentes de Cuba, às forças militares que participam de operações bélicas na Ucrânia", informa o comunicado.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, garantiu que o governo da ilha "age com a força da lei" contra essas operações, em mensagem publicada em sua conta na rede social X, antigo Twitter.

As autoridades competentes iniciaram "processos criminais contra pessoas envolvidas nessas atividades", segundo um comunicado.

A chancelaria esclareceu que Cuba não é parte do conflito na Ucrânia e que atuará energicamente contra aqueles que, a partir de seu território, participem em qualquer forma de tráfico de pessoas para fins de recrutamento ou "mercenarismo" para que os seus cidadãos peguem em armas contra qualquer país.

O jornal América TeVe, de Miami, publicou na última sexta-feira depoimentos de dois adolescentes que disseram terem sido enganados por pessoas que os procuraram no Facebook para que trabalhassem como pedreiros em obras na Ucrânia ao lado do Exército russo.

 

- Pedido de ajuda -

"Por favor, tentem nos tirar daqui o mais rapidamente possível, porque estamos com medo", pede um dos jovens, 19, em um vídeo publicado no site do jornal. Segundo o veículo, os jovens enviaram essa mensagem de dentro do ônibus em que eram transferidos da Ucrânia com soldados russos para a cidade russa de Riazan.

O jornal apresentou o depoimento anônimo em áudio de outro cubano, que disse ter assinado um contrato do mesmo tipo. O homem afirmou que viajou de Cuba para a Rússia e encontrou 18 compatriotas na mesma situação.

Outro cubano disse ter assinado o acordo enquanto vivia na Rússia. Ele, que pediu para não ser identificado, explicou ao jornal que, assim como os compatriotas, alistou-se para legalizar sua situação na Rússia.

Ao reiterar sua rejeição categórica a qualquer cumplicidade nessas ações, a chancelaria advertiu que “inimigos de Cuba promovem informações distorcidas, que buscam manchar a imagem do país”.

Moscou e Havana estreitam desde o ano passado suas relações em termos políticos e diplomáticos. Representantes do governo de Vladimir Putin expressaram vontade de apoiar Cuba em meio à sua pior crise econômica desde a implosão do bloco soviético, em 1991.

 

 

AFP

CUBA - "Sem chance! Não se pode dar nada ao banco", diz Lisandra Pupo, uma engenheira mecânica cética quanto à "bancarização" das operações econômicas anunciada pelo Banco Central de Cuba, que tenta reduzir o número de cédulas em circulação no país.

A nova medida, que entrou em vigor na última quinta-feira (3), obrigará tanto a população quanto as empresas a realizarem, por seis meses, a maior parte de suas transações financeiras através de canais eletrônicos. No entanto, os cubanos acreditam que esta solução dificultará a obtenção de seu próprio dinheiro, devido à limitação tecnológica da ilha.

"Isso é impossível. Agora o caixa automático não tem dinheiro ou não tem conexão", disse a engenheira de 30 anos, denunciando o limite de saque de 5.000 pesos (cerca de US$ 28 ou R$ 137, na cotação atual).

Desde que o governo cubano implementou a reforma monetária em janeiro de 2021, é cada vez mais comum a população carregar maços de notas para pagar uma simples conta de restaurante ou um serviço em uma oficina mecânica.

"Hoje há um nível significativo de dinheiro que está fora do sistema bancário. Esse dinheiro não circula nos circuitos lógicos da economia e só é negociado entre pessoas físicas", o que está "incentivando a espiral inflacionária", explicou Joaquín Alonso, presidente do Banco Central, na segunda-feira (7), em um programa da televisão estatal.

Quando a reforma monetária foi aplicada, o Banco Central cubano injetou uma boa quantidade de capital de giro para "dar poder de compra à população", dada a expectativa de aumento de preços que acompanhou um aumento salarial médio de 450%.

No entanto, as autoridades reconhecem que enfrentam desafios significativos diante da falta de recursos para instalar e atualizar terminais de pagamento com cartão em todos os estabelecimentos do país.

Para Rossel Garcés, um tipógrafo de 32 anos que trabalha por conta própria, colocar o dinheiro no banco é um problema.

Sabendo "que só posso sacar 5.000 pesos, que esperei três horas na fila, vou para outro banco esperar em outra fila para sacar mais 5.000. Vou passar uma semana para tirar 20.000 pesos?" questiona, adicionando que muitas pessoas na ilha não têm acesso a smartphones para fazer transferências.

 

- "Escassez" e "inflação" -

O economista independente cubano Omar Everleny Pérez considera que "os preços tão elevados e a inexistência de notas de alto valor" tornaram "necessária esta bancarização".

A inflação interanual chegou a 45,8% em maio, comparada aos 39% registrados em 2022, de acordo com dados oficiais, mas analistas indicam que este número já atingiu os três dígitos.

O anúncio também coincide com as cotações recordes do dólar (240 pesos ou R$ 4,90) e do euro (245 ou R$ 5,38) no mercado informal, segundo o portal independente El Toque.

As micro, pequenas e médias empresas, licenciadas há apenas dois anos, também foram afetadas, já que agora terão de fazer todos os seus negócios eletronicamente. Estes empreendimentos precisam de dólares para realizar suas importações e têm dificuldade de adquiri-los no mercado oficial.

Para o consultor de empresas privadas Oniel Díaz, estas empresas vão perder a capacidade de importar "em um ambiente de escassez e inflação", disse em uma publicação no seu perfil no Facebook.

O governo cubano afirmou recentemente que 100% de sua cesta básica é importada, em meio à pior crise econômica em três décadas.

 

 

AFP

HAVANA - O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, reuniu-se com o colega cubano, Miguel Díaz-Canel, na quinta-feira, sua última parada em uma viagem por três países da América Latina com o objetivo de obter apoio entre os aliados latino-americanos sobrecarregados, como o Irã, por sanções dos Estados Unidos.

Raisi disse a repórteres em um fórum comercial em Havana na manhã desta quinta-feira que Cuba e Irã buscariam oportunidades de trabalhar juntos nas áreas de geração de eletricidade, biotecnologia e mineração, entre outras.

“As condições e circunstâncias em que Cuba e Irã se encontram hoje têm muitas coisas em comum”, disse Raisi em conversa com o presidente cubano. "A cada dia nossas relações se fortalecem."

Altos funcionários assinaram acordos administrativos prometendo aumentar a cooperação entre os Ministérios da Justiça e as alfândegas dos países, bem como nas telecomunicações.

No início desta semana, Raisi visitou líderes da Venezuela, também produtora de petróleo, onde prometeu aumentar o comércio bilateral e expandir a cooperação em petroquímicos. Antes de chegar a Cuba, o presidente iraniano também se reuniu com o líder nicaraguense, Daniel Ortega, no país centro-americano.

"Venezuela, Nicarágua, Cuba e Irã estão entre os países que tiveram que enfrentar heroicamente as sanções... ameaças, bloqueios e interferências do imperialismo ianque e seus aliados com tenaz resistência", disse Díaz-Canel a seu homólogo iraniano.

A visita de Raisi ocorre quando Cuba também se move para fortalecer os laços com aliados distantes, mas críticos, como Rússia e China, ambos sujeitos a sanções dos EUA.

 

 

 

Reportagem de Nelson Acosta / REUTERS

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