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RÚSSIA - As candidaturas de Suécia e Finlândia para integrar a Otan, em resposta à ofensiva russa contra a Ucrânia, são um "grave erro", afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov.

"É um grave erro adicional, cujas consequências terão um longo alcance", declarou o vice-ministro, segundo a agência de notícias Interfax.

Riabkov explicou que a resposta da Rússia "dependerá das consequências práticas da adesão" dos dois países nórdicos à Organização do Tratado do Atlântico Norte.

"Para nós, está claro que a segurança da Suécia e da Finlândia não será reforçada por esta decisão", afirmou antes de destacar que "o nível de tensão aumentará".

O Partido Social-Democrata que governa a Suécia aprovou no domingo a candidatura à Otan, poucas horas depois de o governo da Finlândia anunciar o desejo de aderir à organização, que a Rússia considera uma ameaça a sua existência.

Para Finlândia e Suécia, países que não entraram para a Aliança nem durante a Guerra Fria, a mudança de rumo é consequência da ofensiva russa contra a Ucrânia, pois Moscou é percebida como uma ameaça por seus vizinhos.

A Finlândia, em particular, compartilha 1.300 quilômetros de fronteira com a Rússia.

A Rússia justificou, entre outras alegações, a ofensiva contra a Ucrânia por sua aproximação da Otan e pelou apoio político, diplomático e militar da organização ao governo ucraniano. Moscou pretendia, desta maneira, afastar os ocidentais de suas fronteiras.

Os países da Aliança também estão fornecendo grandes quantidades de armas às forças ucranianas que lutam contra o exército russo há quase três meses.

 

 

AFP

ESTOCOLMO - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse na quarta-feira que fechou novos acordos com Suécia e Finlândia para reforçar a segurança europeia, prometendo apoiar as Forças Armadas de ambos os países caso sejam atacados.

Os acordos, descritos pelo Reino Unido como "uma nova etapa na cooperação em defesa e segurança", ajudarão de alguma forma a aplacar os temores na Finlândia e na Suécia sobre as ameaças feitas pela Rússia caso uma das nações decida se juntar à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte Otan.

"O que estamos dizendo, enfaticamente, é que, no caso de um desastre ou de um ataque à Suécia, o Reino Unido atuaria em auxílio da Suécia com o que a Suécia solicitasse", afirmou Johnson após se encontrar com a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson.

Johnson não disse se o Reino Unido enviaria tropas para a Suécia em caso de ataque.

"Cabe à Suécia fazer o pedido e especificar exatamente qual apoio é solicitado", declarou ele, que ainda viajaria para a Finlândia nesta quarta-feira (11).

SUÉCIA - As federações de futebol da Polônia, Suécia e República Tcheca condenaram a invasão militar russa à Ucrânia em comunicado conjunto, publicado nesta quinta-feira (24). Em nota, as entidades afirmam que as três seleções não querem disputar na Rússia as próximas partidas decisivas das Eliminatórias Europeias da Copa do Mundo do Catar, programadas para o próximo mês. 

“A escalada militar que estamos observando está associada a graves consequências e a uma redução significativa do nível de segurança das nossas representações e delegações oficiais", disse a federação polonesa em um trecho do comunicado oficial. “Os signatários deste apelo não levam em consideração a viagem à Rússia e a realização de partidas de futebol lá. A escalada militar que estamos a observar está associada a graves consequências e a uma redução significativa do nível de segurança das nossas representações e delegações oficiais. Portanto, esperamos uma resposta imediata da Fifa e da Uefa e a apresentação de soluções alternativas para os próximos jogos”.

Pelo calendário das Eliminatórias, a Polônia fará semifinal contra a Rússia em Moscou, no dia 24 de março. No dia seguinte, a Suécia recebe a República Tcheca, na outra semi, na cidade de Solna. Os dois vencedores vão se enfrentar na final. 

A Uefa fará reunião extraordinária nesta sexta-feira, as 6h (horário de Brasília).  Nesta tarde, a Fifa também condenou o uso da força pela Rússia na Ucrânia, e disse que informará “oportunamente atualizações em relação às próximas Eliminatórias”. 

“A Fifa condena o uso da força pela Rússia na Ucrânia e qualquer tipo de violência para resolver conflitos. A violência nunca é uma solução e a Fifa pede a todas as partes que restaurem a paz por meio de um diálogo construtivo. A FIFA também continua expressando sua solidariedade às pessoas afetadas por este conflito. Em relação aos assuntos de futebol na Ucrânia e na Rússia, a FIFA continuará monitorando a situação e as atualizações em relação às próximas eliminatórias da Copa do Mundo da FIFA Qatar 2022™️ serão comunicadas oportunamente”.

 

 

AGÊNCIA BRASIL

SUÉCIA - A atleta Aline Rocha faturou a medalha de bronze na Copa do Mundo em Ostermayer, na Suécia, na quinta-feira (27). A conquista da paranaense ocorreu na prova de média distância (7,5 quilômetros) de esqui cross-country. Com o tempo de 28 minutos e 80 centésimos, Aline só foi superada pela norte-americana Oksana Masters e por Marta Zainullina, do Comitê Paralímpico Russo. A americana cravou  25 minutos, 34 segundos e 60 centésimos e a russa, 27 minutos, 21 segundos e 80 centésimos.

A paranaense, que ficou paraplégica após sofrer um acidente automobilístico aos 15 anos, estará em Pequim em fevereiro para participar dos Jogos Paralímpicos de Inverno. Essa será a segunda edição do evento da atleta, que também conseguiu resultados expressivos no Mundial de esportes de neve, em Lillehammer, na Noruega.

Ela participou de três provas na competição: quarta colocada na prova de longa distância (15 quilômetros), quinta posição na média distância (7,5 quilômetros) e semifinalista na prova rápida (sprint).

 

 

Por Juliano Justo - Repórter da EBC

AGÊNCIA BRASIL

SUÉCIA - Cerca de 80 mil toneladas de pão são desperdiçadas por ano na Suécia, indica estudo realizado na Universidade de Borås. O condutor da pesquisa, Pedro Brancoli, acredita que o alimento poderia ser reutilizado na confecção de novos produtos.

O pão descartado poderia virar matéria-prima do biogás — um tipo de gás produzido a partir da decomposição de matéria orgânica. Mas, embora isso aconteça, a prática não é tão popular e não chega a reduzir as toneladas de desperdício.

Além do problema óbvio do desperdício, que inclui a fome mundial, o descarte desses alimentos também é prejudicial ao meio ambiente.

A produção do pão depende de diversos fatores contribuintes para a poluição e para a escassez de matéria-prima. O uso da água, do solo e da energia necessários para o setor alimentício afeta diretamente o meio ambiente e pode resultar na piora do aquecimento global.

Embora não exista uma solução global para evitar esse impacto, lutar contra o desperdício pode ser uma chave para diminuí-lo. Desse jeito, o uso desses recursos não seria em vão.

 

Pão “reciclado”

Uma estratégia para acabar com o desperdício, segundo a pesquisa, é a “reciclagem” do pão. O alimento, em vez de ser jogado fora, pode ser um material na confecção de diversos outros produtos. Entre eles estão o etanol, ração animal, cerveja e substrato para cultivar fungos. 

É possível que o pão vire parte de uma economia circular, onde não há desperdício e tudo que possa ser reaproveitado, é utilizado. Porém, isso ainda depende dos produtores e da indústria alimentícia que comercializam o alimento.

O investimento na redução do desperdício e na reutilização dos pães pode ser uma chave para o impacto negativo de sua produção no meio ambiente.

O consumo consciente também tem um papel importante nesse ciclo. As 80 mil toneladas de pão desperdiçado na Suécia equivalem a 8 kg por pessoa, isso pode indicar que o problema está mais próximo do que se imagina. É necessário, também, reduzir o desperdício em casa.

 

 

Júlia Assef / ecycle

Anderson Ponciano aponta a falta de rigidez do governo suéco e grande quantidade de estrangeiros como principais fatores para o aumento de casos no país

 

SUÉCIA - Há mais de dez anos jogando futebol profissionalmente na Suécia, o brasileiro Anderson Ponciano tem se surpreendido com as medidas adotadas pelo governo do país para lidar com a pandemia da Covid-19. Na contramão do mundo, o país tem preferido manter o funcionamento do comércio e das atividades normalmente e apostar no bom senso da população para evitar a propagação do vírus.

“Aqui sempre existiu muitas regras e o governo confia que a população siga todas elas. Houve muita crítica no começo da pandemia, mas as coisas estavam indo bem, até vir a segunda onda e mudar tudo”, relembra. “Um fator que prejudicou as medidas adotadas pelo governo foi o fato de ter muitos estrangeiros que não seguiam as regras do modo como os suecos seguiam”, afirma.

O jogador do United IK, time que vai disputar a segunda divisão do campeonato sueco neste ano, conta que no começo da pandemia a regra imposta pelo governo era de 500 pessoas reunidas em locais públicos, mas depois o número foi reduzido para 50, depois para oito, e agora é permitido apenas quatro pessoas juntas. “Bebida alcoólica também não pode ser servida em lugares públicos depois das 20h”, conta.

Ainda é permitido ir trabalhar e estudar. “O governo fala que as escolas serão os últimos locais a serem fechados”, comenta. 

Apesar de quase tudo estar em funcionamento, o número de mortes e casos no país não para de subir. Até o começo desta semana o governo contabilizou 657.307 infectados e 12.826 mortes pela doença desde o começo da pandemia.

“O uso de máscara é uma recomendação, e não uma regra. Para mim, as pessoas estão agindo de maneira muito normal, tendo em vista que é uma pandemia e muita gente já morreu”, finaliza.

 

Carreira

Anderson Ponciano, de 31 anos, é um jogador de futebol brasileiro, nascido na Baixada Santista (SP), que atualmente vive na Suécia. Aos 19 anos alcançou o sonho de ser um jogador profissional e estrelar em um time da Europa, mas antes de seguir carreira internacional, foi jogador das categorias de base dos times: Associação Atlética Portuguesa Santista e Associação Esportiva Santacruzense, ambos do interior paulista.

MUNDO - Os números, inclusive os da pandemia de coronavírus, que às vezes não parecem muito convincentes, são teimosos. Enquanto a imensa maioria da Europa já está em diferentes fases de reabertura, na Suécia ainda não se sabe ao certo se a famosa curva da epidemia começou a cair. De acordo com o Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC), o país escandinavo tem a segunda maior taxa de casos positivos por 100.000 habitantes (550,3). Somente a de Luxemburgo é mais alta (674,5), mas se trata de um país de apenas 670.000 habitantes (a Suécia tem cerca de 11 milhões) com um total de 4.099 casos, segundo a última lista do ECDC. A Suécia reconheceu 6.395 novos positivos apenas na última semana.

Em 18 de junho, as autoridades da Suécia – país onde está o Instituto Karolinska, uma referência europeia em questões sanitárias – referiram mais de 1.000 novos casos. Naquele dia, a taxa sueca superou pela primeira vez a belga e a espanhola. Neste domingo, a lista dos países mais afetados está assim: Luxemburgo, Suécia, Bélgica (530) e Espanha (526). A média europeia está em 282,7. Naquele dia também houve o maior número de casos registrados no mundo: 181.232, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas esses são dados acumulados desde o início da pandemia. Se considerarmos os valores da última semana, que indicam melhor o estado atual da covid-19, o país que mais comunicou novos casos foi o Reino Unido (8.865), seguido por Suécia (6.359). Trata-se de dois países que tentaram estratégias similares no início da expansão do coronavírus: evitar os confinamentos e confiar em que os sucessivos contágios entre a população – ainda sob risco de elevar o número de mortes – criariam a chamada imunização de rebanho, que ocorre quando uma porcentagem importante dos habitantes (acima de 60% ou 65%) já contraiu a doença e, portanto, tem imunidade adquirida, ainda que não seja permanente, o que interrompe a circulação do vírus.

O Reino Unido, cujo primeiro-ministro Boris Johnson foi internado na UTI em 6 de abril após contrair a Covid-19, mudou de política em 20 de março e estabeleceu confinamentos e restrições à mobilidade (ainda exige quarentena para a entrada ao país). A Suécia não impôs outras restrições além de fechar os centros educativos para alunos de mais de 16 anos. Bares, restaurantes, academias, bibliotecas e todos os demais estabelecimentos continuaram abertos, e as autoridades recomendaram aos cidadãos que não se reúnam em grupos de mais de 50 pessoas.

O caso sueco tem sido muito estudado – e criticado. Em 12 de junho, a revista British Medical Journal (BMJ) publicou um artigo intitulado Teve Sucesso a Controvertida Estratégia Sueca Contra o Coronavírus?, que reunia críticas de epidemiologistas e outros especialistas do país a essa estratégia. O artigo censura o responsável pela estratégia, o epidemiologista Anders Tegnell, que já em 26 de abril disse que a curva de contágios no país estava caindo. A autora do trabalho, Heba Habib, destaca “como os números demonstrariam o contrário” e cita, por exemplo, que na semana de 25 de maio a 2 de junho a Suécia teve a maior taxa de mortalidade da Europa (5,29 por milhão de habitantes). O segundo país foi o Reino Unido (4,48). Além disso, tampouco se conseguiu a ansiada imunização de rebanho. Em 11 de maio, a OMS calculou que menos de 10% da população tinha anticorpos (porcentagem dentro do intervalo de casos da Espanha e França). Um estudo de 20 de maio calculou que a imunidade em Estocolmo, a cidade mais afetada, estava em 7,3% da população. Em 2 de junho, o primeiro-ministro, o social-democrata Stefan Löfven, admitiu falhas na estratégia e anunciou uma investigação interna.

A situação sueca tem sido tão diferente que, em 18 de junho, uma pequena cidade da Lapônia, Gällivare (8.500 habitantes), causou comoção ao ordenar o fechamento de museus, piscinas e bibliotecas, além da suspensão de algumas linhas de ônibus. O município havia detectado 31 casos positivos, e uma nota da Prefeitura falava de “situação descontrolada”. Essa apreciação foi posteriormente suavizada pelo vereador Henrik Ölvebo, do Partido Verde, que jogou a culpa no gabinete de comunicação, “que, em tempos de crise, pode ir depressa demais”. “A situação é séria, mas não incontrolável”, afirmou Ölvebo.

Se considerarmos o aumento de casos por 100.000 habitantes durante a última semana, a Suécia continua nos primeiros lugares. Concretamente está em segundo, com um incremento de 12,8% nesse indicador. Apenas a Bulgária registra uma alta maior (17,67%). A média europeia está em 2,48%. E países que historicamente ocupavam as primeiras posições ficaram nas últimas durante a semana passada, como Bélgica (com um aumento de 1,1% na taxa), Luxemburgo (1,09%), Espanha (0,97%) e Itália (0,72%). As cifras indicam que foram muito afetados, mas que isso já é coisa do passado e, salvo que apareçam novos surtos, a epidemia está controlada.

A situação dos países do Benelux – que também estão entre os de piores taxas – é diferente. Uma rápida olhada nas cifras poderia fazer pensar que o coronavírus passou como um furacão pela Bélgica e Luxemburgo. A primeira lidera as mortes por população no mundo inteiro, com 84,9 mortos para cada 10.000 habitantes (9.696 no total). Já Luxemburgo encabeça o ranking de contágios europeu.

Mas a realidade é muito mais complexa. A Bélgica apostou num sistema de contagem de mortos próprio, em que as pessoas falecidas em residências e domicílios particulares que não foram submetidas a teste, mas são suspeitas de terem padecido a Covid-19, são adicionadas automaticamente à estatística (a Espanha, por exemplo, só conta os casos com exame PCR positivo). Várias vozes criticaram que isso expõe a Bélgica a uma crise de reputação, já que muitas análises não prestam atenção a essa ressalva e se limitam a apontar o país como líder mundial em número de mortos. Mas o Governo e os especialistas locais se mantiveram firmes ao considerar que o método é o melhor para apresentar um retrato mais real do impacto causado pela pandemia. As comparações com os mortos de anos anteriores dão razão ao Executivo: enquanto em outros países as diferenças entre mortos confirmados e os do ano passado são abismais, na Bélgica são quase similares. E praticamente ninguém na Bélgica considera que seu país tenha sido realmente o mais atingido pelo coronavírus.

O caso de Luxemburgo é diferente. O pequeno país, com uma área quase 100 vezes menor que a do Estado de São Paulo e uma população similar à de Sorocaba, empreendeu a ambiciosa tarefa de testar toda a população. Isso fez surgir um número de casos maior que o de países com menos capacidade de testagem. Quase um em cada quatro habitantes do grão-ducado fez exame. É como se a Espanha tivesse feito mais de 10 milhões de testes (no sábado, o Ministério da Saúde informou a realização de 3,2 milhões de PCRs, mas vários desses testes são aplicados na mesma pessoa). Como resultado, foram registrados 675 casos para cada 100.000 habitantes – mais que em qualquer outra nação europeia. A cifra de óbitos respalda essa tese, já que, apesar de ter contabilizado maior proporção de infectados, Luxemburgo tem quase quatro vezes menos óbitos que a Espanha em relação à população: 4.105 mortos para 625.000 habitantes. “Luxemburgo não teve muitos mortos porque não tem cidades com alta densidade. É certo que [as autoridades] demoraram em sua promessa de testar todo mundo, mas a sensação entre a população é que agiram bem”, explica Diego Velázquez, jornalista do Luxemburger Wort.

 

 

*Por: Emilio de Benito,Álvaro Sánchez / EL PAÍS

MUNDO - A estratégia da Suécia de não impor a grande parte da sociedade medidas de isolamento social é amplamente apoiada pela população. Ela foi desenvolvida por cientistas e adotada pelo governo, mas nem todos os especialistas do país estão convencidos de que este foi o melhor caminho a seguir diante da pandemia de coronavírus.

Não existe quarentena na Suécia, como atestam as fotos compartilhadas ao redor do mundo de seus bares abertos e espaços ao ar livre abarrotados de gente. Ainda assim, é um mito que a vida segue "normalmente".

É verdade que poucos estabelecimentos fecharam. Mas dados apontam que a grande maioria da população adotou o distanciamento social voluntário, que é o cerne da estratégia da Suécia para retardar a propagação do vírus.

O uso do transporte público caiu significativamente. Um grande número de pessoas está trabalhando de casa. E a maioria da população se absteve de viajar no fim de semana da Páscoa. O governo também proibiu reuniões de mais de 50 pessoas e visitas a casas de repouso para idosos.

Cerca de nove a cada dez suecos dizem que mantêm pelo menos um metro de distância das pessoas — eram sete a cada dez há um mês, segundo uma grande pesquisa realizada pela empresa Novus.

Quão grave é a epidemia na Suécia?

Do ponto de vista da Agência de Saúde Pública da Suécia, a forma como a população reagiu é motivo de comemoração, embora com cautela.

A abordagem dos cientistas na Suécia gerou semanas de muito debate ao redor do mundo sobre se o país tinha adotado um plano sensato e sustentável ou submetido sua população a um experimento que causaria mortes desnecessárias e levaria ao fracasso em conter a propagação da covid-19.

A capital, Estocolmo, é o epicentro da epidemia no país até agora, mas o total de casos se mantém de certa forma estável, embora tenha ocorrido um pico no final desta semana devido em parte ao aumento dos testes realizados.

Ainda há espaço nas unidades de terapia intensiva, e um novo hospital de campanha erguido em um antigo centro de conferências ainda não foi usado.

"Em grande parte, conseguimos alcançar o que nos propusemos", diz o epidemiologista-chefe do governo, Anders Tegnell. "A assistência médica sueca continua trabalhando com muito estresse, mas não é preciso recusar atendimento a nenhum paciente."

Em contraste com outros países onde líderes políticos comandaram a resposta nacional à crise, Tegnell foi quem esteve à frente da maioria das entrevistas coletivas.

Em um tom tranquilo, ele comenta sobre a pandemia com falas fortemente centradas em números e com poucas menções ao impacto emocional da crise nas vítimas e em suas famílias.

Mas a Agência de Saúde Pública da Suécia mantém altos índices de aprovação durante toda a pandemia.

Por que a Suécia escolheu um caminho diferente?

A decisão da Suécia de deixar a maior parte da sociedade aberta, diferentemente da maioria da Europa, foi tomada após a equipe comandada por Tegnell prever impacto mais limitado do vírus sobre a população do país em comparação com outros cientistas, entre eles os que estão por trás de um grande relatório do Imperial College de Londres, que aparentemente influenciou o governo do Reino Unido a lançar mão de uma quarentena.

Além disso, a Agência de Saúde Pública da Suécia seguiu desde o início a ideia de que uma grande proporção de casos provavelmente seriam leves.

Mas negou que sua estratégia fosse baseada no objetivo de gerar uma "imunidade de grupo", uma controversa estratégia baseada no conceito de "gerenciar a disseminação" da doença para que a população ganhe imunidade contra o vírus.

Seu objetivo central era introduzir medidas de distanciamento social menos rigorosas e que pudessem ser mantidas por um longo período. Por exemplo: as escolas para menores de 16 anos permanecem abertas para permitir que os pais continuem trabalhando em áreas-chave.

Todos os outros países nórdicos optaram por restrições temporárias mais rigorosas, embora, em alguns deles, elas já tenham sido afrouxadas desde então.

O que os números nos dizem?

A Suécia, com uma população de 10 milhões de pessoas, é o 21º país do mundo com mais casos, segundo a Universidade Johns Hopkins — eram pouco mais de 18,1 mil até 25/4 — mesmo que na maioria das vezes apenas teste aqueles com sintomas graves. Agora, estão sendo introduzidas verificações de contágio mais amplas.

O país já registrou 2.192 mortes e tem uma taxa de mortalidade mais alta em relação ao tamanho da população do que em qualquer outro lugar da Escandinávia.

Ao contrário de alguns países, as estatísticas da Suécia incluem residentes em lares de idosos, responsáveis ​​por cerca de 50% de todas as mortes. Tegnell admite que essa é uma grande preocupação.

Os residentes estrangeiros, particularmente os da Somália, que têm maior probabilidade de viver em famílias multigeracionais, também estão super-representados nos números oficiais.

"Há muita gente morrendo", diz Claudia Hanson, epidemiologista do Karolinska Institutet, o maior centro de pesquisa médica da Suécia.

Ela critica a abordagem do governo e argumenta que uma parte maior da sociedade deveria ter sido temporariamente isolada em março, enquanto as autoridades avaliavam a situação.

Hanson está entre os 22 cientistas que escreveram um artigo publicado no principal jornal da Suécia na semana passada, no qual eles criticam a estratégia do governo e dizem que "funcionários sem talento" ficaram encarregados de tomar as decisões.

Mas Tegnell, um cientista experiente com mais de 30 anos na Medicina, segue amplamente popular na Suécia. "Ele é uma pessoa discreta. Acho que as pessoas o vêem como um líder forte e muito cuidadoso com o que diz", afirma Emma Frans, epidemiologista e escritora científica sueca. "Eu acho que isso é reconfortante para muitas pessoas."

Ela argumenta que muitos meios de comunicação nacionais e internacionais estão "buscando conflito" dentro da comunidade científica e diz que há um consenso de que a abordagem de Tegnell é "bastante positiva" ou, pelo menos, "não é pior do que outras estratégias".

Os suecos desenvolverão imunidade?

A história julgará quais países acertaram na resposta à pandemia. Mas o mais recente debate científico na Suécia está focado no número de suecos que podem ter contraído o vírus sem apresentar nenhum sintoma.

Isso é importante, porque muitos cientistas do país acreditam que os suecos podem ter níveis de imunidade muito mais altos em comparação com aqueles que vivem sob regulamentações mais rígidas.

Um relatório da Agência de Saúde Pública da Suécia desta semana sugeriu que cerca de um terço das pessoas em Estocolmo terão sido infectadas até o início de maio.

Depois, o índice foi revisado para 26%, após a agência admitir um erro de cálculo. Mas vários cientistas renomados estimam números ainda maiores.

Johan Giesecke, ex-cientista chefe do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), acredita que pelo menos metade de todos os habitantes de Estocolmo terá pegado o vírus até o final de maio.

O matemático Tom Britton, da Universidade de Estocolmo, diz que isso pode acontecer com metade da população da Suécia.

E, até que uma vacina seja desenvolvida, a epidemiologista Emma Frans diz que ter essa imunidade "provavelmente será importante" para a Suécia.

"Estudos de outros tipos de coronavírus mostraram que as pessoas ficam imunes. Talvez não seja uma imunidade de longo prazo, mas, mesmo que tenhamos uma imunidade a curto prazo, pode ser o suficiente para conter essa pandemia", diz Frans.

Por que ainda há incerteza?

A Agência de Saúde Pública da Suécia acredita que ainda é "muito cedo para dizer" qual o impacto das taxas de infecções assintomáticas sobre a proteção da população em geral.

"Ainda não sabemos muito sobre a imunidade", diz Anders Wallensten, que trabalha sob o comando de Tegnell. "Saberemos mais à medida que mais pessoas sejam testadas para ver se têm anticorpos, mas também, conforme o tempo passar e virmos se há mais relatos de reinfecções."

Essa incerteza significa que não há garantia de que as recomendações de distanciamento social serão suspensas em breve nas áreas com altas taxas de infecção, diz ele.

O que acontecerá a seguir na Suécia pode depender em grande parte de se as pessoas continuarão a manter o distanciamento social.

Alguns suecos reagiram com uma "explosão de nacionalismo" e um "sentimento de orgulho pela Suécia ter divergido da norma europeia", diz Nicolas Aylott, cientista político da Universidade Södertorn, em Estocolmo. "É uma espécie de eco de uma profunda sensação de que a Suécia é excepcional."

Mas o país está longe de estar unido quanto a isso. Nas redes sociais, há muita discordância vocal entre alguns residentes estrangeiros. Alguns defendem medidas mais duras, enquanto outros acreditam que o pior já passou.

Dados de telefones celulares sugerem que os moradores de Estocolmo estão gastando mais tempo no centro da cidade do que há duas semanas, e, no último final de semana, a polícia manifestou preocupação com a superlotação de locais da vida noturna.

O primeiro-ministro, Stefan Lofven, alertou que "não é hora de relaxar" e de começar a passar mais tempo com amigos e familiares.

Mas o calor da primavera está chegando, após um notoriamente longo e escuro inverno da Suécia, então, isso pode ser mais fácil de falar do que de fazer.

 

*Por: BBCNEWS

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