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Redação

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 Jornalista/Radialista

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Especialistas explicam sobre a importância do cuidado emocional com os pais e cuidadores de crianças autistas nesse período e famílias relatam como tem sido a rotina deles com seus filhos em casa.

 

SÃO CARLOS/SP - Após um ano de pandemia e distanciamento social muitas famílias de crianças autistas têm sentido diretamente as consequências das mudanças de rotina na vida dos filhos. E ainda, em isolamento social, dentro das casas, os desafios são maiores. O medo de contrair o vírus, o stress causado pelo trabalho, angústias de distanciamento do convívio social, todo desgaste psicológico dos pais e cuidadores dentro do contexto de uma pandemia tem chamado a atenção de especialistas. A busca por apoio e orientação parental tem crescido cada vez mais durante esse período:

“Com o aumento das restrições ocasionadas pela pandemia, muitas famílias tiveram seu volume de trabalho aumentado. Enquanto precisam manter seus empregos, ainda há a necessidade de fornecer cuidados em casa e treinamento complementar. Aproveitando o Dia Mundial de Conscientização do Autismo precisamos olhar também para os pais e cuidadores. Para aqueles que dedicam a sua vida ao tratamento dos filhos, divididos entre a rotina do trabalho e da casa. A saúde mental da família, juntamente com o desenvolvimento de habilidades que possam promover o desenvolvimento de independência de seus filhos e filhas, especialmente num momento como esse, precisa ser prioridade. Por isso, além do cuidado às pessoas com autismo, o cuidado aos cuidadores é essencial – a busca pelo acompanhamento psicológico é importantíssima”, explica o Dr. Adriano Barboza - PhD, BCBA, Pesquisador Colaborador no Munroe - Meyer Institute, da University of Nebraska Medical Center, Omaha (NE) e Consultor Técnico do Grupo Conduzir.

Tatiana Teixeira Takasu é advogada, tem 41 anos, é mãe do Miguel de 10 anos - diagnosticado com autismo desde os dois anos e meio. Ela comenta que tem sido desafiador manter as crianças em casa nesse período de pandemia:

“Além do Miguel, tenho também uma filha de 3 anos. Nessa pandemia tudo tem sido um pouco mais difícil. O Miguel gosta muito de ir para a rua, mas não temos saído, por causa da pandemia, ainda mais na fase mais crítica, que interditaram todas as áreas comuns do condomínio. Eu continuo com minha rotina de trabalho. A minha vida é bem corrida, tenho que tomar conta dos filhos, fazer a comida, tem os remédios que tenho que cuidar dos horários para dar ao Miguel. Tudo é bem agitado por aqui.”

Mãe Tatiana Takasu, o marido e os filhos em casa

 Tatiana e o marido dividem as tarefas da casa e trabalho para poderem dar conta de todos os afazeres que envolvem as crianças nessa fase de pandemia:

Tentamos fazer o máximo para que eles não se sintam tão presos - sei que é difícil porque a gente mesmo se sente preso e estressado, com a criança é pior ainda. Compramos para a casa piscina de bolinha, cama elástica, carteira escolar, brinquedos. A casa ficou uma bagunça - meio escola, meio parquinho - mas estamos nos adaptando da melhor maneira que podemos para que eles sintam o menos possível toda essa pressão. Não vejo a hora que tudo isso passe para ele voltar à rotina que era antes”, comenta a mãe.

Miguel - autista de 10 anos - e a irmã de 3 anos brincando em casa durante a pandemia

Karina Frizzi, Psicóloga e Analista do Comportamento - Supervisora ABA do Grupo Conduzir, explica que as principais dificuldades relatadas pelos pais e cuidadores de crianças autistas após um ano de pandemia é mesmo em relação à nova rotina da casa:

“Muitos pais nos buscam dizendo que as atividades diárias das crianças estão diferentes agora. Por exemplo: muitas não estão frequentando a escola e recebem atividades para fazer em casa, ou então precisam acompanhar a aula on-line. Além disso, a visita a familiares, viagens ou passeios também deixaram de acontecer nesse período. Dar conta de toda as tarefas de casa, trabalho e ainda estar 24 horas buscando uma forma de estimular a criança pode ser muito desgastante para as famílias”

Laura Marsolla é professora, tem 54 anos, é mãe de Ana Clara - que é autista e tem 14 anos. Ela fala que no início foi bastante complicado se adaptar à nova rotina de aulas on-line com a filha e toda a família dentro de casa:

 “Aqui em casa brincamos que é uma doideira. Como professora, tive que me reinventar para a adaptação das aulas à distância. Tenho também uma filha de 20 anos e meu marido que tem trabalhado de casa. Tem hora que é cada um em um quarto, em reunião. Tivemos que readaptar o quarto da Ana Clara para a nova rotina, tudo para facilitar a organização e montar as tarefas.  O dia é bem corrido, mas como minha filha já faz terapia há bastante tempo, ela já tem mais autonomia. Mas sempre passamos no quarto para saber como ela está, se precisa de algo, damos um mimo pra ela comer, ajudamos na organização. Tem sido uma experiência diferente para todos. Reestruturamos tudo por aqui.”

Mãe Laura Marsolla, o marido e as duas filhas

A importância do cuidado emocional com as famílias de crianças autistas

Após um ano de pandemia e distanciamento social é muito importante que as clínicas, escolas e instituições que cuidam das crianças com autismo (sejam elas púbicas ou privadas) acompanhem também as famílias, os cuidadores que estão em contato direto com as crianças dentro das casas, e que também estão restritos quanto à sociabilização e expostos às mudanças drásticas de rotina. Dr. Adriano Barboza, que também é Mestre e Doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal do Pará, explica da importância desse olhar de perto, da orientação parental para esta fase:

“Primeiro de tudo, é importante que cada família possa desenvolver estratégias de autocuidado – saúde mental é extremamente essencial neste momento. Cada cuidador precisa ter uma perspectiva clara de quais são as expectativas de ensino para seu filho ou filha. Essas expectativas precisam ser alinhadas com o que é possível atingir, dentro do plano de ensino de cada indivíduo. Além disso, identificar que estratégias podem ser continuadas em casa é essencial, mas precisa ser feito de forma equilibrada. Ao mesmo tempo que é necessário investir em estabelecer condições para a promoção de comportamentos funcionais, é também preciso investir em criar relações positivas entre mães, pais e filhos(as). Não há aprendizado sem motivação.” 

A mãe Laura conta que encontrou um caminho para tentar diminuir o stress e criar atividades que fizessem bem a todos de casa:

“Criamos algumas pausas para tomar lanche, como se fosse o nosso recreio, e fazemos todos juntos. Um importante momento para não passarmos a tarde inteira sem conversar. Além disso, optamos por um passeio de moto no final da tarde, com todos os cuidado de higiene para a nossa proteção. Isso ajudou muito, porque a paixão da Ana Clara é moto. Essa foi uma forma de liberar o stress, porque ela estava tensa. Com o passeio, ela dá gargalhadas, levanta as mãos, abre os braços: é libertador! Um grande escape para a gente. Aqui em casa sempre falamos que a vida tem que ser leve, e que precisamos nos cobrar menos.”

Ana Clara – autista de 14 anos – durante passeio de moto com a mãe

Treinamento para pais - o olhar para a família

Para tentar lidar de uma forma mais leve diante dessa situação complicada de distanciamento social e cuidados com o filho autista em casa, Karina Frizzi - Psicóloga e Analista do Comportamento do Grupo Conduzir - explica que as conversas dos terapeutas com as famílias devem ser voltadas para entender qual o limite de cada uma:

Estamos vivendo um momento em que nenhum de nós nunca imaginou e estamos todos tendo que nos adaptar. Por sempre quererem o melhor para os filhos, vemos os pais se cobrando porque às vezes não conseguem fazer todas as atividades, brincar com as crianças, ensinar novas habilidades. Mas é muito importante que os pais tenham seus momentos de descanso também, sabendo que estão dando o seu melhor, e que o principal é que quando estão com seus filhos, consigam estar por inteiro e tenham uma interação de qualidade, mesmo que seja por menos tempo do que eles gostariam.”

Parar um pouco e olhar para todas as demandas estabelecendo uma nova rotina para as famílias, pode ajudar muito neste momento. A psicóloga Karina Frizzi ainda continua:

No nosso trabalho como terapeutas, em nossa clínica, sentimos a necessidade de ter um momento semanal com os pais, que se dedicam tanto aos filhos e passam grande parte do dia com eles. Elaboramos um “Treinamento para Pais” de maneira remota e, durante a intervenção, os pais são constantemente orientados pela equipe. Um momento onde podemos ensinar mais um pouco sobre como os cuidadores podem ajudar os filhos a aprender novas habilidades, manejar comportamentos, entre outras coisas. Esse tipo de ação é muito relevante para a qualidade de vida de toda a família.”

A mãe Laura faz parte desse grupo e fala sobre a importância dele para a família:

Eu acho fantástica a preocupação desse olhar para os pais. Saber como estamos lidando com o filho autista em casa, se estão em crise ou não, e como lidar com essas situações. Sempre que eu não sabia o que fazer, me ajudaram prontamente. Sem contar que é muito positiva essa troca com os outros pais, compreender outra visão, ouvir histórias, para avaliar como está a nossa. Eu penso que se os pais estão emocionalmente tranquilos, os filhos também estão. E o contrário tambéé real.

A mãe Tatiana também complementa:

Espero sempre poder participar mais para trocar ideias e crescer. Tudo o que for pra melhorar, estou disposta a aprender. Apesar da correria do dia a dia, tento me dividir entre casa, crianças e trabalho para poder me dedicar a este tempo importante para todos nós”

Terapia ABA para crianças com autismo

A intervenção em ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é comprovada cientificamente e indicada pela OMS (Organização Mundial as Saúde) para o tratamento de crianças com autismo. Durante o período de pandemia, os pais precisaram adaptar a rotina das crianças até mesmo em relação às terapias, para que os riscos de prejudicar o desenvolvimento dos filhos em isolamento social fossem minimizados:

“Temos certeza que os pais sempre estão em busca do que é melhor para seus filhos. Eles vão atrás da informação em diferentes lugares e pessoas para decidirem qual a intervenção mais eficaz para o desenvolvimento das crianças. Quando falamos em ABA, falamos de ciência, de uma intervenção cientificamente comprovada. Tudo o que acontece nesse tipo de terapia deve ser registrado e analisado para avaliar os progressos. Mas a intervenção vai muito além do momento da terapia e, por isso, é imprescindível ter a família como parceira, já que são eles quem passam a maior parte do tempo com a criança. Quando os pais estão preparados para manejar os comportamentos e aproveitar oportunidades para ensinar novas habilidades, a aquisição dessas novas habilidades acontece de forma muito mais rápida.”, comenta Karina Frizzi.

O apoio dos pais para o desenvolvimento dos filhos, com a aplicação da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) ao autismo é de grande importância para o acompanhamento das novas habilidades adquiridas. Seja a Intervenção em ABA aplicada de forma on-line ou presencial, é sempre importante verificar com o supervisor como a família pode acompanhar e adaptar as atividades que podem ser realizadas em casa - de acordo com o tempo, rotina e habilidades da criança - assim como explica o Dr. Adriano Barboza, Consultor Técnico do Grupo Conduzir:

Mesmo com as mudanças de ensino presencial para o ensino on-line, há muitas pessoas com autismo que não possuem habilidades necessárias que as possibilitem acompanhar as aulas de maneira remota, como permanecer sentado, atentar às tarefas que são apresentadas, pedir permissão para falar, responder às instruções no momento em que são fornecidas. Portanto, é importante avaliar adequadamente quais habilidades precisam ser estabelecidas antes de iniciar o processo de ensino em outros formatos. As famílias definitivamente são grandes aliadas nesse processo, porque são elas que irão realizar a implementação dos protocolos necessários em casa. Assim que se recebe a informação de que haverá alguma mudança de rotina, é importante estabelecer um protocolo de transição. Através da elaboração de um protocolo de transição, adaptações ambientais são gradativamente incorporadas com o objetivo de melhor adaptar o indivíduo autista às mudanças que virão.”

A mãe Tatiana preferiu manter as terapias em casa, presencialmente, com todo o cuidado sanitário necessário para preservar a saúde da família e das próprias profissionais:

Sempre tomamos os cuidados para que todos estejam seguros. Tiramos os sapatos ao entrar em casa, peço também para as terapeutas trocarem de roupa. Utilizamos álcool em gel, máscara. Eu tenho muito medo, principalmente por causa das crianças, e porque tenho meus pais idosos. Tentamos tomar esses cuidados que acho extremamente necessário.

Filhos da mãe Tatiana dentro do estacionamento do condomínio

A mãe Laura preferiu manter as terapias de forma on-line. Após adaptações acredita que foi de grande importância não interromper o tratamento da filha por conta da pandemia:

Decidimos voltar para a terapia on-line assim que a situação da pandemia ficou ainda mais preocupante. Eu até achei que no início não seria tão proveitoso, mas no caso da minha filha percebi que manteve a mesma qualidade. A Ana Clara fica bastante empolgada, a terapeuta envia o link e logo minha filha abre a conversa através da chamada de vídeo. Elas jogam on-line, veem até filme juntas! Tudo para adaptar às vivências, linguagens e situações da idade da minha filha. Isso porque estamos todos privados da interação social, dos amigos, e claro que isso faz muita falta, ainda mais na idade dela. Mas percebo que a terapia vai em busca de recursos para suprir isso da melhor maneira.

Ana Clara durante aula on-line em casa

A psicóloga Karina Frizzi explica que a aplicação da terapia (seja ela de maneira remota ou presencial - com os devidos cuidados de higiene) é uma escolha da família. E é importante lidar com tal escolha, para atender a necessidade de cada um:

“Estamos vivendo um momento que é novo para todos, então, precisamos nos adaptar e entender a decisão de cada um. O nosso papel enquanto profissionais é achar a melhor forma de continuar estimulando nossas crianças sem sobrecarregar essa família, e dentro das condições que elas se sentem seguras naquele momento.”

s Mundial do Autismo e a empatia com o cuidador

E para relembrar o Mês Mundial de Conscientização do Autismo, é importante ter o olhar atento também ao cuidador, aos pais que estão lado a lado acompanhando toda a adaptação e mudança de rotina das crianças. A conscientização também pode e deve ser através do olhar da empatia e de respeitar os limites de cada família. A psicóloga do Grupo Conduzir, Karina Frizzi, deixa um recado aos pais:

“Pais, respeitem os seus limites. Todos precisamos de cuidado e empatia, mas vejam se estão tendo isso com vocês. Vocês são guerreiros e batalhadores. Estão lutando sempre para dar o melhor aos seus filhos, para acabar com o preconceito, para que seus filhos sejam cada vez mais independentes. Com toda a certeza, este ano está sendo novo para todo mundo. Vocês já passaram por uma situação nova e precisaram se adaptar e viver um “mundo novo”. Todos temos muito o que aprender com vocês, pais, que são verdadeiros exemplos de determinação e luta.”

Lives gratuitas – ao vivo no Mês Mundial do Autismo

O Grupo Conduzir - equipe especializada de profissionais que oferece atendimento multidisciplinar para pessoas com autismo – disponibiliza, gratuitamente, através do Instagram: https://www.instagram.com/grupo_conduzir (@grupo_conduzir), lives durante o todo o mês de Abril, em contribuição à Conscientização do Autismo.

Os temas abrangem conversas sobre a conscientização e inclusão de pessoas com autismo. Com o objetivo de informar a população e derrubar os preconceitos sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista), as lives serão voltadas ao público com o intuito de entender, compreender e incluir - etapas seguidas de uma “jornada que luta por um mundo melhor”. Assim como conta Karina Frizzi:

“O objetivo das lives é falarmos mais sobre o assunto do autismo, conscientizarmos pessoas e também as instituições que atendem os autistas. O quão importante é esse olhar e cuidado com as famílias e como isso pode ser feito da maneira mais humanizada possível.”

 

CONTATOS PARA ENTREVISTAS (podem ser feitos também de maneira remota):

A Get Comunicações disponibiliza para a imprensa os seguintes contatos:

- Fonte Karina Frizzi - Psicóloga e Analista do Comportamento - Supervisora ABA – do Grupo Conduzir

 - Fonte Dr. Adriano Barboza, PhD, BCBA, Pesquisador Colaborador no Munroe- Meyer Institute, da University of Nebraska Medical Center, Omaha (NE), Consultor Técnico do Grupo Conduzir. Mestre e Doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal do Pará

- Personagem Laura Marsolla, 54 anos, professora - mãe de Ana Clara – 14 anos, autista

- Personagem Tatiana Teixeira Takasu, 41 anos, advogada – mãe de Miguel – 10 anos, autista

 

INFORMAÇÕES - GRUPO CONDUZIR

O Grupo Conduzir possui uma equipe especializada de profissionais das áreas de Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Psicopedagogia que oferece um atendimento multidisciplinar, sempre com base teórica, treinamento e supervisão analítico-comportamental. Proporciona aos seus clientes o desenvolvimento de suas habilidades por meio de práticas baseadas em evidência.

O foco de trabalho da equipe de profissionais do Grupo Conduzir é o atendimento de crianças, adolescentes e adultos com transtornos do neurodesenvolvimento, sobretudo os que se enquadram nos Transtornos do Espectro Autista (TEA).

Para mais informações sobre o Grupo Conduzir, acesse: http://www.grupoconduzir.com.br/

Vídeo Grupo Conduzir:

https://www.youtube.com/watch?v=_ta1107JlHM

Canal do Youtube Grupo Conduzir: https://www.youtube.com/channel/UCklyZPElwuL8TLPZBM7WIYA

Facebook: https://www.facebook.com/GrupoConduzir

Instagram: https://www.instagram.com/grupo_conduzir

Linkedin: https://www.linkedin.com/company/grupo-conduzir

SÃO PAULO/SP - Com a pandemia de covid-19 forçando estados e municípios a adotarem medidas que limitam a circulação de pessoas e o funcionamento de estabelecimentos, comerciantes buscam formas de aproveitar a Semana Santa para incrementar as vendas e faturar.

Na tradição católica, a semana em que se celebra a Sexta-Feira Santa e a Páscoa exalta a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Em tempos normais, a data impulsiona não só as vendas do comércio - principalmente de pescados e de chocolates -, como também o turismo doméstico, já que a sexta-feira é feriado.

No entanto, pelo segundo ano consecutivo, a celebração ocorre em meio às restrições que afetam não só as cerimônias religiosas, como também as atividades comerciais. Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas no varejo em geral devem ser 2,2% inferiores às de 2020, movimentando cerca de R$ 1,62 bilhão – o que, se confirmado, seria o pior resultado desde 2008.

Em nota, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirmou que a retração nas vendas deste ano se deve não só às restrições de funcionamento do comércio, mas também ao fato de que parte da população viu sua renda cair em um momento em que a desvalorização do real frente ao dólar encareceu a importação de alguns produtos típicos. Segundo a confederação, a quantidade de chocolates importada (2,9 mil toneladas) é a menor desde 2013. A de bacalhau (2,26 mil toneladas), a mais baixa desde 2009.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Ubiracy Fonsêca, os fabricantes de chocolate tiveram que levar em conta a perda de poder aquisitivo de parte dos consumidores para pensar suas estratégias de vendas, mas, ainda assim, o setor está otimista.

“A perda de poder aquisitivo é real. Há muita gente sem emprego, sem poder trabalhar. Tendo isso em vista, as fabricantes de chocolate procuraram oferecer produtos acessíveis à população. Quem não puder comprar um ovo de Páscoa, pode adquirir uma barra de chocolate. A estratégia do setor é oferecer o que o mercado quer”, disse Fonsêca à Agência Brasil.

A quatro dias do domingo de Páscoa, Fonsêca destacou que a indústria de chocolates previa criar, direta e indiretamente, 11.665 vagas de trabalho temporário e superar as 8,5 toneladas vendidas em 2020. Metas que, segundo ele, vão ser atingidas.

“Apesar das dificuldades, estamos otimistas. Até porque, cerca de 80% das vendas de ovos de Páscoa acontecem nos supermercados, que estão funcionando normalmente em quase todo o país. Além disso, muitos comerciantes se prepararam para atender aos consumidores pela internet”, comentou o presidente da Abicab, garantindo que as vendas online, que já vinham crescendo ano a ano, deram um salto após o início da pandemia.

O gerente de Marketing, Francisco Alves de Faria Neto, confirma a importância do comércio digital. Com duas lojas físicas no Distrito Federal e uma clientela estabelecida ao longo de 20 anos, a Casa do Chocolate expandiu suas vendas para outras unidades da Federação graças à tecnologia.

“Tivemos um aumento das vendas online de cerca de 70% em comparação à Páscoa do ano passado, quando lançamos o site, em meio à pandemia, que nos fez acelerar o processo”, comentou Neto, acrescentando que o comércio eletrônico já representa metade de todas as vendas da empresa.

De acordo com o gerente, também as vendas nas lojas físicas, autorizadas a funcionar por comercializarem alimentos, “vão indo bem”, embora chocolates mais caros, principalmente os importados, tenham vendido menos que o esperado. “Baixou muito o giro de vários dos itens importados que vendemos. Tanto que tivemos que colocar produtos em oferta para não perder mercadoria. Mas, em geral, vendemos muito bem nas últimas semanas.”

 

PESCADOS

Em Santos (SP), onde o funcionamento de boa parte do comércio e serviços está suspenso até o domingo (4), os comerciantes do tradicional Mercado de Peixes tiveram que se organizar para levar os produtos ainda frescos até a casa dos clientes, que passaram a fazer suas compras por telefone. Ainda assim, de acordo com Alex Vieira, dono de um dos 20 boxes em funcionamento no local, muitos viram as vendas caírem drasticamente.

“No nosso caso, as vendas caíram em torno de 60% a 70%”, afirmou Vieira, cuja família está no ramo há cerca de 40 anos. “Esta é uma situação totalmente nova para todo mundo, incluindo os clientes. Muitos, que comem peixe sempre e são nossos fregueses há tempos, nos telefonaram e anteciparam seus pedidos, mas há também aqueles que gostam de vir ao mercado, de ver o peixe, escolher. Desses, parte não compra sem olhar o produto, não tem uma relação de confiança já estabelecida”, acrescentou o comerciante santista.

O presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros, destacou que o comércio de pescados comporta diferentes realidades. Segundo ele, para os produtores de peixes cultivados (piscicultores), cujos principais clientes são os supermercados (autorizados a funcionar mesmo onde o lockdown foi adotado), as boas expectativas já se concretizaram.

“Os supermercados não estão sofrendo grandes restrições. Pelo contrário. Estão vendendo muito bem. E, ao contrário da indústria pesqueira marítima, afetada pela pandemia, a piscicultura também não parou. Mantivemos a regularidade, entregando aos compradores as quantidades previamente estabelecidas em contratos e sem aumento nos preços”, comentou Medeiros, estimando que o segmento vendeu cerca de 100 mil toneladas ao longo do último mês.

“Mais uma vez, não voltamos a registrar uma explosão das vendas como as de 2018 e 2019, quando, em alguns locais, chegaram a crescer 300%. Isso não aconteceu, mas, neste ano, também não perdemos vendas. Ao contrário de 2020, quando aí sim, fomos afetados negativamente”, afirmou Medeiros.

 

HOTELARIA

Outro ramo de atividade que costuma aguardar pelo feriado de Páscoa, o setor hoteleiro é o mais afetado dos três. Segundo o presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), Manoel Linhares, a taxa de ocupação dos hotéis de todo o país não deve chegar a 10%, agravando a crise decorrente da pandemia.

"A hotelaria está preparada para receber os hóspedes, adotando todos os protocolos recomendados pelas autoridades sanitárias, mas com parques, restaurantes e outras atrações fechadas em quase todo o país. A situação está muito difícil. Só em São Paulo, 27 hotéis já fecharam as portas, demitiram funcionários e os responsáveis estão decidindo o que fazer com os imóveis", disse Linhares.

Para ele, o setor precisa urgentemente da promulgação de uma iniciativa semelhante à Medida Provisória 936, de abril de 2020, posteriormente transformada na Lei nº 14.020, que permitiu acordos de redução temporária de jornada de trabalho e salários ou a suspensão de contratos trabalhistas até 31 de dezembro do ano passado.

"Se algo assim não for feito, muitos outros hotéis terão que encerrar as atividades. Atualmente, a hotelaria não tem recursos nem para arcar com os salários e encargos dos cerca de 1,1 milhão de profissionais que emprega em todo o país", disse o presidente da ABIH Nacional.

Ele pediu que o Poder Público promova campanhas para estimular os brasileiros a viajar pelo país depois que a pandemia estiver sob controle, e que governos estaduais e municipais ajudem o setor reduzindo impostos e taxas, mesmo que temporariamente, e renegociando tarifas de serviços essenciais. "Neste momento difícil, um desconto no IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano, cobrado pelas prefeituras] ou no ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, estadual] cobrado na conta de luz pode ajudar a manter negócios e preservar empregos", concluiu.

 

 

*Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil

EUA - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propôs nesta quarta-feira um uso abrangente do poder do governo para remodelar a maior economia do mundo e fazer frente à ascensão da China com um plano de mais de 2 trilhões de dólares que rapidamente esbarrou em resistência política.

A proposta de Biden tem como objetivo colocar o setor corporativo dos EUA como financiador de projetos que coloquem milhões de norte-americanos para trabalhar em obras de infraestrutura como estradas, bem como no combate à mudança climática e na promoção de serviços sociais, como atendimento aos idosos.

"É um investimento único em uma geração na América, diferente de tudo que já vimos ou fizemos", disse Biden em um evento em Pittsburgh. "É grande, sim. É ousado, sim. E podemos fazer isso."

A segunda proposta legislativa de Biden na casa dos multitrilhões de dólares em seus dois meses no cargo oferece suporte a uma economia abalada pela pandemia do coronavírus. Também promete fortalecer sindicatos e a resiliência do país às mudanças climáticas, objetivos progressistas há muito buscados.

Outra proposta econômica que Biden anunciará em abril pode acrescentar outros 2 trilhões ao custo do projeto.

Juntamente a seu pacote de alívio ao coronavírus recentemente promulgado e que tem valor de 1,9 trilhão de dólares, o plano de infraestrutura de Biden daria ao governo federal um papel maior na economia dos EUA do que tem tido em gerações, respondendo por 20% ou mais da produção anual.

O esforço prepara o terreno para o próximo conflito partidário no Congresso, onde parlamentares concordam amplamente que investimentos de capital são necessários, mas estão divididos quanto ao tamanho total do pacote e a inclusão de programas tradicionalmente vistos como serviços sociais.

A proposta do presidente foi recebida com frieza por conservadores e grandes grupos empresariais.

"Se haverá aumentos massivos de impostos e outros trilhões adicionados à dívida nacional, não é provável", disse o senador republicano Mitch McConnell, do Kentucky, o líder da minoria, um dia depois de Biden telefonar para informar-lhe sobre a proposta.

 

PAGANDO POR ISSO

Biden está ignorando uma promessa de campanha de aumentar os impostos para indivíduos ricos, pelo menos por enquanto, sem nenhum dos aumentos esperados na alíquota mais alta do imposto de renda ou na taxa sobre ganhos de capital.

O plano, em vez disso, aumentaria a alíquota do imposto corporativo de 21% para 28% e mudaria o código tributário para fechar brechas que permitem que empresas transfiram lucros para o exterior, de acordo com um documento informativo de 25 páginas divulgado pela Casa Branca.

Biden disse que o objetivo não é "atingir" os ricos, mas lidar com as divisões e desigualdades agravadas pela pandemia.

O plano estenderia o custo dos projetos por um período de oito anos e visa pagar por tudo isso em 15 anos, sem aumentar a dívida do país no longo prazo, disse um importante funcionário do governo.

Neil Bradley, vice-presidente executivo e diretor de políticas do maior grupo comercial do país, a Câmara de Comércio dos EUA, disse que, embora a organização compartilhe do senso de urgência de Biden na infraestrutura, seu plano está "perigosamente equivocado".

"Nós nos opomos fortemente aos aumentos gerais de impostos propostos pelo governo, que vão desacelerar a recuperação econômica e tornar os EUA menos competitivos globalmente --exatamente o oposto das metas do plano de infraestrutura", disse Bradley.

O plano inclui 621 bilhões de dólares para reconstruir a infraestrutura, como estradas, pontes, rodovias e portos, e um investimento histórico de 174 bilhões de dólares no mercado de veículos elétricos que define a meta de uma rede nacional de recarga até 2030.

A equipe de Biden acredita que um esforço dirigido pelo governo para fortalecer a economia pode tornar mais fácil competir com o aumento da concorrência e com uma ameaça à segurança nacional representada pela China.

Funcionários do governo também expressam seus objetivos no texto do projeto de combate à desigualdade econômica criada pela discriminação racial --um dos pontos, por exemplo, prevê lidar com a poluição do ar que afeta comunidades negras e hispânicas perto de portos ou usinas de energia.

O governo quer que o Congresso separe 400 bilhões de dólares para investimento na expansão do acesso a cuidados comunitários para norte-americanos idosos e pessoas com deficiência. A ideia é alcançar trabalhadores "mal remunerados e desvalorizados" dessa indústria, que são desproporcionalmente mulheres não brancas.

Há ainda 213 bilhões de dólares destinados a construção e reforma de casas sustentáveis ​​e acessíveis, juntamente a centenas de bilhões de dólares para apoio ao setor manufatureiro dos EUA, reforço da rede elétrica do país, aprovação da banda larga de alta velocidade em todo o país e renovação dos sistemas de água para garantir água potável limpa.

 

SEGUNDO PACOTE LEGISLATIVO A CAMINHO

Biden está avançando com o projeto de lei enquanto tenta cumprir promessas de fornecer vacinas contra a Covid suficientes para todos os adultos até o fim de maio. A Casa Branca também está lidando com um aumento no número de migrantes na fronteira sul e com as consequências de uma série de tiroteios em massa.

O plano é uma das pernas da agenda "Construir Melhor" e um segundo pacote legislativo deve ser encaminhado em algumas semanas.

A expectativa é que o texto inclua expansão na cobertura do seguro saúde, extensão de benefícios fiscais infantis e licença familiar e médica remunerada, entre outros esforços voltados às famílias.

A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, sinalizou que espera aprovar o plano de infraestrutura até 4 de julho, embora esse prazo possa facilmente ser descumprido, conforme os democratas, com maioria restrita na Câmara e no Senado, buscam obter um acordo em torno dos detalhes da proposta.

A disputa já começou, enquanto aliados pressionam pela inclusão de suas prioridades e republicanos sinalizam preocupações iniciais com o tamanho e o escopo do pacote.

Democratas moderados disseram que o pacote deveria ser mais direcionado a projetos tradicionais de infraestrutura para atrair votos republicanos, buscando um retorno à formulação de políticas bipartidárias.

Congressistas liberais querem enfrentar a mudança climática e a desigualdade econômica com recursos que reflitam o tamanho desses desafios.

 

 

*Por Jarrett Renshaw e Steve Holland / REUTERS

NOVA YORK - Parlamentares de Nova York aprovaram na terça-feira (30) proposta que legaliza o uso de maconha por adultos, fazendo do estado o 15º dos Estados Unidos a permitir o uso recreativo da droga.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse estar ansioso para sancionar a proposta e transformá-la em lei.

"Nova York tem uma história consolidada de ser a capital progressista da nação, e essa importante lei vai, mais uma vez, levar esse legado adiante", disse ele em comunicado.

O Senado estadual de Nova York aprovou a lei por 40 votos a 23, enquanto a Assembleia votou por 100 a 49 a favor da proposta.

A decisão também foi saudada pela NORML, um grupo pró-maconha, que disse que dezenas de milhares de nova-iorquinos foram presos todos os anos por pequenas violações relacionadas à maconha e que a maioria era jovem, pobre e de cor.

"A legalização da maconha é um imperativo social e de justiça criminal, e a votação de hoje é uma passo crítico em direção a um sistema mais justo", disse a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, também em comunicado.

 

 

*Por Maria Ponnezhath - Repórter da Reuters

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