UCRÂNIA - A Ucrânia afirmou na quarta-feira (30) que a defesa antiaérea do país derrubou mais de 20 mísseis de cruzeiro e vários drones explosivos, no ataque russo mais potente contra Kiev dos últimos cinco meses. Duas pessoas morreram na capital. Por outro lado, o Exército ucraniano diz ter instalado suas tropas perto de Robotyne, no sul do país, em uma área estratégica para os planos de reconquista da península da Crimeia.
Um correspondente da agência AFP em Kiev ouviu pelo menos três grandes explosões na terça-feira, como parte da onda de 28 mísseis de cruzeiro e 16 drones explosivos disparados na direção da capital ucraniana.
A administração militar de Kiev afirmou que este foi o "maior" ataque contra a cidade desde a primavera (no hemisfério norte). As duas vítimas fatais foram atingidas pela queda de escombros. Os drones utilizados pelos russos são do modelo Shahed, fabricados no Irã.
Funcionários do governo municipal avaliavam os danos, e os moradores limpavam os escombros em um prédio residencial, que teve as janelas destruídas.
O ataque a Kiev aconteceu no momento em que as defesas aéreas russas informaram terem "impedido" um ataque no aeroporto de Pskov (noroeste), a quase 800 quilômetros da Ucrânia e perto das fronteiras com Letônia e Estônia, ex-repúblicas soviéticas agora dentro da União Europeia.
O governador da região de mesmo nome, Mikhail Vedernikov, publicou um vídeo nas redes sociais de um grande incêndio, no qual é possível ouvir explosões e sirenes. As autoridades avaliam os danos do ataque que, segundo o governador, não provocou vítimas. Dois aviões de transporte pesado foram incendiados no ataque, informou o Ministério de Emergências, citado pela agência de notícias RIA Novosti.
As autoridades de outras regiões, como Briansk e Oriol, perto da fronteira com a Ucrânia, e Kaluga e Riazan, nas proximidades de Moscou, anunciaram que destruíram, ou derrubaram, drones ucranianos.
O prefeito da capital russa também destacou que as defesas aéreas destruíram um drone "direcionado contra Moscou", que não provocou danos, nem deixou vítimas, segundo informações preliminares.
Há várias semanas, a Ucrânia executa ataques de drones contra Moscou e outras regiões da Rússia quase diariamente, em uma tentativa de levar o conflito para o território do país rival.
No início da invasão, em fevereiro de 2022, a Rússia atacava de maneira sistemática as cidades ucranianas, mas as operações diminuíram à medida que os estoques russos de armamento se esgotaram e as defesas ucranianas foram reforçadas. A Ucrânia, por sua vez, intensificou os ataques com drones no território da Rússia.
Ataques no Mar Negro
Moscou também anunciou ter destruído quatro embarcações ucranianas no Mar Negro que circulavam em alta velocidade e transportavam cerca de 50 soldados de "unidades de desembarque das forças de operações especiais ucranianas", disse um comunicado do Ministério da Defesa russo. A nota não detalha a área do Mar Negro em que aconteceram esses bombardeios.
Também durante a madrugada, na mesma região, as defesas russas impediram um "ataque de drone marítimo" perto da baía de Sebastopol, na península anexada da Crimeia, informou o governador local, Mikhail Razvozhayev. Sebastopol é a base da frota russa do Mar Negro e a cidade mais importante da Crimeia, alvo frequente de ataques de Kiev.
Kiev e Moscou intensificaram as operações no Mar Negro desde que a Rússia abandonou um acordo, mediado pela ONU e pela Turquia, para permitir a exportação de grãos ucranianos por suas águas.
Contraofensiva para recuperar a Crimeia
Kiev lançou uma contraofensiva em junho para retomar os territórios ocupados pela Rússia desde o início da invasão, assim como a Crimeia, península anexada por Moscou em 2014.
Na segunda-feira, soldados ucranianos capturaram a cidade de Robotyne, na frente sul, o que ajudará a contraofensiva a se deslocar para o sul do território, disse o chefe da diplomacia ucraniana em um discurso divulgado nesta quarta-feira.
"Ao nos entrincheirarmos nos flancos de Robotyne, abrimos o caminho para [as cidades do sul de] Tokmak, e depois para Melitopol e para a fronteira (administrativa) da Crimeia", afirmou Kuleba em Paris, na terça-feira.
Até o momento, o Exército russo não anunciou sua retirada de Robotyne, mas relatou combates intensos na área e nos arredores da cidade vizinha de Verbove. "A zona cinzenta de Robotyne-Verbove vai se tornar uma vala comum para as forças armadas da Ucrânia", declarou Yevgeny Balitsky, chefe da ocupação russa na região de Zaporíjia, no Telegram.
(Com informações da AFP)