UCRÂNIA - A Ucrânia afirmou nesta quarta-feira (30) que a defesa antiaérea do país derrubou mais de 20 mísseis de cruzeiro e vários drones explosivos, no ataque mais potente contra Kiev desde a primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), que provocou duas mortes.
O ataque aconteceu no momento em que a Rússia anunciou que um aeroporto próximo da fronteira com a Estônia foi atacado com drones e, segundo agências estatais, vários aviões foram danificados.
Um correspondente da AFP em Kiev ouviu pelo menos três grandes explosões às 5H00 (23H00 de Brasília, terça-feira) como parte da onda de 28 mísseis de cruzeiro e 16 drones explosivos.
A Administração Militar da Cidade de Kiev afirmou que este foi o "maior" ataque contra a capital desde a primavera e duas pessoas morreram na queda de escombros.
As tropas russas lançaram, a partir de várias direções, "grupos" de drones de iranianos Shahed contra a capital, que também foi alvo de mísseis da Força Aérea, informou a Administração Militar da capital.
Funcionários do governo municipal avaliavam os danos e os moradores limpavam os escombros em um prédio residencial, que teve as janelas destruídas.
- Ataques no Mar Negro -
No início da invasão, em fevereiro de 2022, a Rússia atacava de maneira sistemática as cidades ucranianas, mas as operações diminuíram à medida que os estoques russos se esgotaram e as defesas ucranianas foram reforçadas.
A Ucrânia, ao mesmo tempo, intensificou os ataques com drones no território da Rússia.
Moscou anunciou que destruiu quatro embarcações ucranianas com quase 50 soldados a bordo no Mar Negro e afirmou que impediu ataques com drones ucranianos em vários pontos de seu território.
O ministério russo da Defesa destacou que destruiu "quatro embarcações militares de alta velocidade" no Mar Negro à meia-noite (horário de Moscou).
As embarcações transportavam "unidades de desembarque das forças de operações especiais ucranianas", acrescentou em um comunicado.
A nota não informa a área do Mar Negro em que aconteceram os ataques.
Também durante a madrugada, na mesma região, as defesas russas impediram um "ataque de drone marítimo" perto da baía de Sebastopol, na península anexada da Crimeia, informou o governador local, Mikhail Razvozhayev.
Kiev e Moscou intensificaram as operações no Mar Negro desde que a Rússia abandonou um acordo, mediado pela ONU e a Turquia, para permitir a exportação de grãos ucranianos por suas águas.
Sebastopol é a base da frota russa do Mar Negro e a cidade mais importante da Crimeia, alvo frequente de ataques de Kiev.
Na última semana, Kiev reivindicou uma operação militar nesta península, anexada em 2014 pela Rússia, durante a qual suas unidades especiais hastearam uma bandeira nacional.
- Drones contra a Rússia -
A Ucrânia executou uma série de ataques com drones contra os territórios controlados por Moscou, informaram as autoridades russas.
As defesas aéreas "impediram" um ataque no aeroporto de Pskov (noroeste), a quase 800 quilômetros da Ucrânia e perto das fronteiras com Letônia e Estônia, ex-repúblicas soviéticas agora dentro da União Europeia.
O governador da região de mesmo nome, Mikhail Vedernikov, publicou um vídeo nas redes sociais de um grande incêndio, no qual é possível ouvir explosões e sirenes.
As autoridades avaliam os danos do ataque que, segundo o governador, não provocou vítimas.
Dois aviões de transporte pesado foram incendiados no ataque, informou o ministério de Emergências, citado pela agência de notícias RIA Novosti.
O governador anunciou que todos os voos previstos para quarta-feira no aeroporto de Pskov foram cancelados "até a averiguação dos possíveis danos na pista".
Os aeroportos moscovitas de Vnukovo e Domodedovo interromperam temporariamente as operações.
As autoridades de outras regiões, como Briansk e Oriol, perto da fronteira com a Ucrânia, e Kaluga e Riazan, nas proximidades de Moscou, anunciaram que destruíram ou derrubaram drones ucranianos.
O prefeito da capital russa também destacou que as defesas aéreas destruíram um drone "direcionado contra Moscou", que não provocou danos ou vítimas, segundo informações preliminares.
Há várias semanas, a Ucrânia executa ataques de drones contra Moscou e outras regiões da Rússia quase diariamente, em uma tentativa de levar o conflito para o território do país rival.