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Pesquisa da UFSCar aponta que mais de 40% dos estudantes de Sorocaba e região não estão aptos ao ensino remoto

Escrito por  Maio 30, 2020

Estudo investigou rotina de 1.476 crianças e jovens durante pandemia do novo Coronavírus

 

SOROCABA/SP - Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd-So) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) investigou as condições cotidianas que os alunos e alunas das escolas de Educação Básica (Ensino Fundamental e Médio), das redes pública e privada da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) têm enfrentado no contexto da pandemia do novo Coronavírus. O estudo, realizado nos meses de abril e maio deste ano, também enfocou o desenvolvimento de atividades escolares em casa, seus limites e possibilidades.

O levantamento contou com a aplicação de um questionário com 43 questões. Para os resultados, foram consideradas 1.476 respostas de estudantes de 6 a 18 anos do Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano), Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e Médio (1º ao 3º ano) de 18 municípios, entre eles Sorocaba, Itapetininga, Porto Feliz, Votorantim e Tatuí. A coordenação da equipe responsável pelo estudo foi dos professores Marcos Francisco Martins, Luciana C. S. Coutinho e Maria Carla Corrochano, do Departamento de Ciências Humanas e Educação (DCHE-So) do Campus Sorocaba da UFSCar. 

Entre os resultados que mais chamam atenção dos pesquisadores, está o dado de que 41,68% dos estudantes investigados não estão aptos ao ensino remoto. Essa inaptidão pode ser de ordem estrutural (acesso à Internet, disponibilidade de computadores e celulares etc.) e também psicopedagógica (condições de acompanhamento das atividades por parte de pessoas que residem na mesma casa). Segundo o relatório da pesquisa, no Ensino Fundamental I e II os aspectos estruturais são mais presentes; já no Ensino Médio ocorre o contrário: os aspectos estruturais são menos relevantes que os psicopedagógicos.

A crise provocada pela Covid-19 é mais sentida conforme a classe, raça e gênero dos estudantes e seus familiares, apontam os pesquisadores. Nesse contexto, a figura da mãe aparece como sendo a principal mediadora das atividades escolares - 72,54% delas desempenham esse papel. Além disso, 4,26% dos alunos respondentes da rede particular conhecem alguém que não tem acesso à Internet em domicílio; na rede pública, esse número cresce para 19,13%. 

Além do acesso à Internet, outra defasagem é em relação ao número de horas diárias dedicadas ao estudo. Dos 173 alunos do Ensino Fundamental I, a maioria (124) dedica, no máximo, duas horas por dia - uma carga horária bem abaixo da regular na modalidade presencial (4 horas, sem contar as tarefas de casa). No Ensino Fundamental II, 56,5% dos respondentes das escolas privadas dedicam de três a quatro horas; já 60,2% dos respondentes das escolas públicas dedicam somente de uma a duas horas.

O levantamento constatou que os meios digitais foram majoritariamente empregados no contato das escolas com os estudantes e familiares, sendo o WhatsApp a plataforma predominante (50,81%). Também de acordo com as respostas, a maioria das crianças e jovens está em isolamento social. No Ensino Médio, por exemplo, 600 estudantes (96%) investigados têm respeitado o isolamento social provocado pela pandemia.

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Encaminhamentos
Para os pesquisadores da UFSCar, "o enfrentamento da pandemia exige a intersetorialidade na elaboração e na implantação de políticas públicas, articulando a área da Educação com as de Infraestrutura, Saúde, Assistência Social, Cultura, Esporte e Lazer, embora a máquina pública, historicamente, se caracterize por ser fragmentada".

A fim de que os resultados da pesquisa sirvam de subsídios para agentes públicos e privados traçarem políticas para dirimir os efeitos da pandemia no processo de ensino-aprendizagem, o relatório apresenta 25 diretrizes, divididas em duas categorias: 1. indicações de imediata implementação e 2. indicações para o retorno dos estudantes à escola. Essas diretrizes são direcionadas às secretarias municipais e estaduais de Educação, ao Ministério da Educação, a conselhos e comissões de Educação, e ao Ministério Público.

Entre as diretrizes para indicação imediata, estão: levantar o número de alunos que não possuem meios para o ensino remoto e fornecer esses equipamentos; ampliar o acesso aberto à Internet em territórios vulneráveis das 27 cidades da RMS; identificar alunos deficientes e analfabetos e produzir um plano de ação com vistas ao reforço no atendimento didático-pedagógico e psicológico; suspender as avaliações da aprendizagem com atribuição de notas e as de larga escala; unificar os calendários 2020 e 2021 em um único ciclo e sem reprovação.

Para o período pós-isolamento, o estudo sugere que seja feito um escalonamento do retorno às aulas e dos horários em um mesmo turno de aula. Também é recomendado demarcar locais com distância segura em espaços de refeição; implantar rodízio de dias para a ocupação das salas de aula e, se necessário, ampliar o horário de funcionamento das escolas; disponibilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) a toda a equipe da comunidade escolar; entre outras ações. 

O relatório integral da pesquisa intitulada "Condições e dinâmica cotidiana e educativa na RMS (Região Metropolitana de Sorocaba/SP) durante o afastamento social provocado pelo Coronavírus" pode ser acessado no site do PPGEd-So, no link https://bit.ly/36EkS7Y. Mais informações sobre o estudo podem ser obtidas com o professor Marcos Martins pelo e-mail marcosfranciscomartins@gmail.com.

Redação

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
E-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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