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SÃO CARLOS/SP - A Prefeitura de São Carlos, por meio da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (SMCTI), realizou, nesta terça-feira (25/04), a entrega de uma placa à família do Prof. Dr. Sérgio Mascarenhas de Oliveira e da Profª. Drª. Yvonne Primerano Mascarenhas referente ao título “Patronos da Ciência de São Carlos”, em alusão ao Decreto Municipal nº 678/2022. A homenagem se deve “pela contribuição fundamental ao desenvolvimento nacional e internacional da Ciência, Tecnologia e Inovação, e à atividade científica inspiradora e criativa na consolidação do destino de São Carlos como cidade do conhecimento da Ciência, da Tecnologia e do Empreendedorismo”.
A cerimônia aconteceu na própria sede na SMCTI e contou com a participação de diversos secretários municipais, vereadores e pesquisadores que trabalharam diretamente com os homenageados, como o membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências da América Latina (ACAL) e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, e o membro titular da ACAL e coordenador do Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (InovaUSP), Tito Bonagamba, além de familiares.
Em nome da família, o filho de Sérgio e Yvonne, Paulo Mascarenhas, destacou que receber tal honraria da Prefeitura tem uma representatividade especial. “É com muito prazer que a gente agradece essa homenagem, que tem um significado muito importante, porque mostra a preocupação da cidade e da comunidade com a ciência e tecnologia e com a colaboração que os meus pais deram a São Carlos. Quando se tem uma homenagem dentro da academia é uma coisa, mas, quando isso passa para fora da universidade, mostra a importância que a cidade está dando para o tema”, disse Paulo.
O secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, José Galizia Tundisi, lembra que o prêmio retribui os esforços protagonizados pelos profissionais que tanto fizeram pelo desenvolvimento científico da cidade. “Estes professores contribuíram decisivamente para que São Carlos se tornasse a Capital da Tecnologia e do Conhecimento, portanto, nada mais justo que homenagear estes dois cientistas que dedicaram suas vidas também a construir instituições e formaram muitos pesquisadores que se destacam no Brasil e no mundo em várias áreas”, salienta Tundisi.
Netto Donato, secretário municipal de Governo que representou o prefeito Airton Garcia no evento, comenta que esta é uma forma de reconhecimento do poder público. “Isso é muito importante porque a gente valoriza as pessoas que trabalharam ou trabalham por São Carlos. Alguns, infelizmente, já partiram, e outros estão aqui contribuindo pela ciência e pela tecnologia. Reconhecer este trabalho é uma prioridade do governo Airton Garcia”, finaliza Donato.
Também estiveram presentes os secretários municipais de Administração Regional, Walcinyr Bragatto, de Comunicação, Leandro Severo, de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Will Marques, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Nino Mengatti, e de Segurança Pública e Defesa Social, Samir Gardini, assim como o presidente da Câmara Municipal, vereador Marquinho Amaral, e os vereadores Djalma Nery, Fábio Zanchin e Professora Neusa.

SÃO CARLOS/SP - O programa “Ciência às 19 Horas”, promovido pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), regressa no próximo dia 18 de abril, às 19h00, no Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas, com o tema “Bate-papo sobre Inteligência Artificial”, uma apresentação e debate que estarão a cargo do Prof. Dr. Fernando Santos Osório, docente do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação do Campus de São Carlos (ICMC/USP).

A Inteligência Artificial está em tudo e em todo lugar, com muitas aplicações e presente no dia a dia das pessoas, talvez até mesmo sem elas perceberem.

A Inteligência Artificial está presente nas buscas que você faz na Internet (p.ex. Google Search), no taxi/carro de aplicativo (p.ex. Uber), na recomendação de filmes por streaming (p.ex. Netflix), mas também nos robôs da OBR (Olimpíada Brasileira de Robótica), nos robôs inteligentes em aspiradores de pó, nos robôs do tipo veículos autônomos, nos robôs assistentes virtuais (p.ex. Alexa e Siri), e mais recentemente nos robôs de conversação, os chatbots como o ChatGPT.

E você, o que sabe sobre a Inteligência Artificial?

Precisamos conversar sobre esse assunto... pois, ou você domina as tecnologias modernas e a Inteligência Artificial, ou elas irão dominar você!

Este evento será transmitido ao vivo através do Canal Youtube do “Ciência às 19 Horas”, em  https://www.youtube.com/@Ciencia19h/live

SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), em parceria com o pesquisador Dr Marcelo Saito Nogueira, da Tyndall National Institute (Ireland) e Universidade College Cork (Ireland), testaram uma terapia com laser de baixa potência como tratamento alternativo ou complementar à utilização de terapias medicamentosas para o tratamento da neuralgia do trigêmeo, tendo obtido resultados muito positivos.

Um estudo foi apresentado pelos pesquisadores desta pesquisa em janeiro deste ano - confira em https://www.spiedigitallibrary.org/conference-proceedings-of-spie/12354/123540H/Application-of-low-level-laser-therapy-in-trigeminal-neuralgia/10.1117/12.2650557.short?SSO=1) no decurso do Congresso da SPIE WEST. A SPIE é a maior associação mundial para pesquisa em fotônica. Esse congresso foi no Vale do Silício na Califórnia (US).

A neuralgia do trigêmeo é considerada uma das dores faciais mais graves e comuns e é caracterizada por uma dor paroxística semelhante a um choque elétrico, ou dor aguda, restrita a um ou mais ramos do nervo trigêmeo.

A neuralgia do trigêmeo pode se desenvolver a partir de causas idiopáticas e/ou pode estar relacionada a outras condições, como neoplasias, esclerose múltipla, compressão da raiz do nervo trigêmeo e outros comprometimentos nervosos, sendo que os tratamentos mais utilizados são terapias medicamentosas em altas doses ou cirúrgicas, que, no entanto, podem causar efeitos colaterais.

Um potencial tratamento alternativo ou complementar da  neuralgia do trigêmeo é a terapia a laser de baixa potência, que é conhecida por controlar diferentes tipos de dor, procedimento esse que foi testado por pesquisadores do IFSC/USP como adjuvante à terapia medicamentosa e que mostrou resultados positivos. “Nosso trabalho avaliou os resultados obtidos no tratamento medicamentoso associado à terapia a laser, com base em um relato de caso clínico de um paciente com neuralgia do trigêmeo, sendo que os resultados foram avaliados a cada sessão, quanto à evolução do paciente.”, esclarece o Prof. Vitor Hugo Panhóca, especialista em Dor Orofacial pela EPM-UNIFESP e pesquisador do IFSC/USP, que é coordenador desse estudo juntamente com o Prof. Vanderlei Bagnato, realizado com os  demais coautores deste estudo.

Para este procedimento foram utilizados dois dos aparelhos que aplicam laser e que foram desenvolvidos no IFSC/USP e que já estão sendo comercializados, com aplicações na região dos ramos do nervo trigêmeo, três vezes por semana, conforme protocolo desenvolvido pelos pesquisadores. O resultado clínico observado foi excelente, resultando em redução das dores e administração da dose medicamentosa entre 50 a 100% .

“Em nossa opinião, estes resultados ocorreram devido aos efeitos da fotobiomodulação, proporcionando por meio de vias anti-inflamatórias e analgésicas, alívio da dor neurálgica e promoção também da homeostase celular necessária para o restabelecimento da função tecidual”, conclui Vitor Panhóca.

Equipe precisa de apoio para o financiamento da viagem

 

SÃO CARLOS/SP - Os grupos Ouroboros e Olhares da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) são um dos cinco selecionados, em todo o mundo, para se apresentar, em abril, na Conferência de Comunicação Pública de Ciência e Tecnologia, principal evento internacional na área, organizado pelo PCST, rede global voltada à comunicação de ciência e tecnologia. Para levar a peça teatral "Ciência é vida", que reúne arte cênica, sons vítreos e ciência, a equipe da UFSCar precisa de apoio financeiro para viabilizar a viagem, hospedagem e transporte de seus integrantes.
Vinculado ao Núcleo Ouroboros de Divulgação Científica da UFSCar, o grupo Olhares realiza atividades desde 2009 e conta, atualmente, com seis integrantes das comunidade externa da Universidade, que têm ou não deficiência visual e/ou mobilidade reduzida, e pessoas acima de 60 anos de idade. Junto ao Ouroboros, eles produzem peças teatrais que utilizam o som de instrumentos de vidro para abordarem temas diferentes sobre ciência, saúde e vida, em linguagens que alcançam diferentes públicos.
Na apresentação na Holanda, o grupo mostrará a importância da ciência e do cuidado com o planeta por meio de uma peça que contribuirá com um olhar diverso e inclusivo. "A peça apresenta informações científicas e composições musicais tocadas pelos integrantes do grupo e assim mostram de uma maneira única no mundo a inclusão, na sua essência. Eu sou Química, cientista, se não fossem os músicos, artistas do Olhares, a peça não existiria", explica Karina Lupetti, diretora do Núcleo Ouroboros da UFSCar.
Além de um repertório com espetáculos variados que levam o conhecimento para diferentes locais e públicos, o grupo também é um espaço para socialização e vivência de seus integrantes. "Há 14 anos esse grupo se reúne no Espaço Ventura, no Departamento de Química da UFSCar, um espaço que recebe a todos e mostra possibilidades criativas e o alcance da arte inclusiva para divulgar a ciência. A socialização acontece naturalmente entre os integrantes do Olhares e os alunos, servidores da UFSCar, o que torna a inclusão algo natural, cultural, empoderando por um lado, fortalecendo e gerando empatia por outro. É um movimento bem especial", reflete Lupetti.

Financiamento
Para que o Núcleo Ouroboros consiga levar todos os integrantes para a apresentação em Rotterdam, várias ações estão sendo realizadas para o alcance do recurso financeiro necessário para aquisição de passagens, hospedagem e transporte do grupo. Pessoas físicas, empresas e demais iniciativas podem colaborar com qualquer valor. As contribuições podem ser feitas pelo Pix (CPF) 264.946.188-80 e o contato pode ser feito com a diretora Karina Lupetti, pelo telefone (16) 98142-0117.
"É um desafio nesse pós pandemia estarmos juntos e o grupo mostrar o mesmo empenho de sempre. É um grupo valente, comprometido, que cumpre seus objetivos, atinge suas metas e continua seguindo, inspirando os públicos que têm a oportunidade de vê-lo. Então, quem puder contribuir, convidar, apoiar, vai ver o quão potente é a arte inclusiva para educar, divulgar a ciência. O apoio não é só para a apresentação internacional, mas vai possibilitar a continuidade do projeto mesmo. Quem sabe, conseguir abranger mais pessoas, atender mais públicos, tudo é possível, mas os apoios são fundamentais", conclui Lupetti.
A edição do Na Pauta Entrevista tem uma matéria especial que aborda as ações do Grupo da UFSCar e está acessível no canal UFSCar Oficial no YouTube (https://bit.ly/3yFkqF8).

SÃO CARLOS/SP - O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) recebe no próximo dia 24 deste mês, às 10h30, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas”, o recém-empossado presidente do CNPq, Prof. Ricardo Galvão.

Em sua visita ao Campus USP de São Carlos, Ricardo Galvão será o palestrante do primeiro colóquio que o IFSC/USP fará este ano, subordinado ao tema “O papel do CNPq no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia”, onde serão apresentadas, com detalhes, as ações e programas do CNPq, o histórico de sua contribuição nos últimos anos, bem como o recente aumento no valor da bolsas e perspectivas futuras.

Este colóquio terá transmissão ao vivo pelo Canal Youtube do IFSC/USP - https://www.youtube.com/@IFSCUSP1/live

Artigo de Marcia Cominetti, docente no Departamento de Gerontologia da UFSCar, reflete sobre fatores determinantes para um envelhecimento saudável

 

SÃO CARLOS/SP - Envelhecer é sinônimo de doença? O que é envelhecimento saudável, e quais atitudes e cuidados são determinantes para chegarmos a ele? Como é possível viver com autonomia e independência nessa fase da vida? Ou seja, como morrer jovem o mais tarde possível?
Essas são algumas questões que norteiam o texto do mês de março da coluna "EnvelheCiência", produzida por Marcia Regina Cominetti, docente no Departamento de Gerontologia (DGero) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com o Instituto da Cultura Científica (ICC) da Instituição. A iniciativa visa divulgar informações - baseadas em evidências científicas - sobre o processo de envelhecimento, tornando assim o conhecimento e as descobertas importantes da área disponíveis para um público mais amplo.
Na publicação do mês - "Envelhecer é sinônimo de doença?" -, a cientista esclarece conceitos de grande relevância dentro da temática, como senescência e senilidade.
Também menciona como a dupla, alimentação e atividade física constante, é determinante para um envelhecimento saudável, convidando leitores e leitoras a pensarem nesse processo como um investimento de longo prazo na saúde.
O artigo na íntegra está disponível para leitura no site do ICC (https://www.icc.ufscar.br/pt-br/projetos/sementes-da-cultura-cientifica/coluna-envelheciencia/envelhecer-e-sinonimo-de-doenca).
Mais informações sobre o projeto EnvelheCiência estão disponíveis em https://www.icc.ufscar.br/pt-br/projetos/sementes-da-cultura-cientifica/coluna-envelheciencia.

BRASÍLIA/DF - A paixão pela ciência uniu o destino das pesquisadoras Ester Sabino, 63 anos, e Jaqueline Goes, de 33 anos. De gerações distintas, elas participaram do primeiro sequenciamento genético do novo coronavírus no Brasil. O mapeamento genético do vírus realizado em apenas 48 horas – enquanto a média mundial é de cerca de 15 dias –, gerou uma repercussão inesperada na equipe de especialistas.

Em entrevistas exclusivas à Agência Brasil, Ester e Jaqueline falaram sobre as perspectivas e valorização de suas carreiras e da ciência no país, no Dia Internacional da Mulher. Ampliar a divulgação da ciência no país e garantir investimentos para a produção científica estão entre os principais pontos defendidos pelas duas pesquisadoras.

Ingra Morales, Érica Manuli, Ester Sabino, Flávia Sales, Jaqueline Goes participaram do sequenciamento do coronavírus no Brasil.

Equipe de pesquisadoras que mapeou o genoma do SARS-CoV-2. Da esquerda para a direita: Ingra Morales, Érica Manuli, Ester Sabino, Flávia Sales e Jaqueline Goes - Almir R. Ferreira/ SCAPI IMT

Jaqueline é biomédica e coordenadora da Rede Colaborativa de Sequenciamento Genético no Brasil (Rede SEQV Br). Ela defende regulamentar a profissão no país e lembra que as bolsas de pesquisa ficaram quase dez anos sem reajuste. Em fevereiro o governo anunciou aumento de 25% a 200% nos valores pagos.

"Trata-se o pesquisador como se ele fosse um estudante, mas esquece-se que ele já é um profissional graduado. Não faz sentido ganhar R$ 1.500 para desenvolver pesquisa, que é algo tão importante para o país. Essa desvalorização do cientista também impacta na produção, porque muitas vezes o cientista está ali, mas não está em condições ideais. Nem de moradia, nem de alimentação, nem de apoio psicológico e, obviamente, isso vai impactar na produtividade dele dentro da pesquisa" pontuou.

Além da regulamentação profissional, Jaqueline defende a modernização da legislação brasileira para assegurar, por exemplo, mais agilidade na importação de insumos para a pesquisa.

"O Brasil não produz [insumos] e toda a ciência brasileira é pautada pelas importações de produtos produzidos fora do país. Isso faz com que tudo encareça porque esses materiais são importados em dólar ou euro".

"Também é necessário considerar a cadeia logística [para importação], pois a gente cansa de receber reagentes que ficam na alfândega por 15 dias, 20 dias, muitas vezes em temperatura inadequada", acrescentou.

A imunologista e professora do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ester Sabino também defende o aporte de mais verbas para atividades de pesquisa e diz que na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro houve uma “guerra contra ciência”.

“Hoje realmente a área de ciência precisa de muito apoio para poder continuar crescendo do jeito que estava antes desses últimos quatro anos, quando houve uma guerra contra a ciência. O valor das bolsas [de ensino e pesquisa] caíram, os estudantes vivem muito mal e isso tem um grande impacto”, ressaltou a professora.

Segundo Ester Sabino, gerações inteiras de pesquisadores se perdem, já que muitos talentos vão para o exterior em virtude da falta de investimento e perspectivas na área.

“A ciência é uma coisa de longo prazo. Sinto falta de pessoas mais novas que eu, que já estivessem fazendo os seus grupos, senão vamos ter de novo uma falta de pesquisadores. Essa leva [de pesquisadores] que foi formada pode cair de novo, como aconteceu na década de 60”, avalia.

Carreira

Com mais de 30 anos desenvolvendo pesquisa no país, Ester Sabino lembra das dificuldades do início da carreira, no final da década de 1970.

“Quando eu entrei para fazer medicina, tudo era muito mais difícil que agora. Tinha muito cientista indo embora do Brasil. Não me lembro de nenhum professor falando de iniciação científica. Se fazia muito pouca pesquisa na faculdade de medicina”.

Segundo ela, na década de 1950 a faculdade de medicina no Brasil era considerada uma das dez melhores do mundo, mas sem investimentos, cientistas brasileiros começaram a deixar o país a partir da década de 60.

“Quando entrei na faculdade, em 1978, já não tinha ninguém [fazendo pesquisa científica]”, lembra.

O trabalho com sequenciamento genômico começou nos anos 80, com o então recém-descoberto vírus HIV transmissor da Aids. De lá, a pesquisadora passou a atuar com doenças transmissíveis pelo sangue, seguindo para estudos sobre doenças tropicais, como a Doença de Chagas.

“Fui fazendo as coisas à medida que conseguia recursos para estudar. A ciência é muito dependente de recursos, nem sempre o que eu quero estudar é o que tem recurso disponível. Então, parte do que eu faço tem a ver com o tema para o qual consigo esses recursos”, explicou.

“Eu acho que precisamos encontrar um jeito para que a pesquisa fique menos dependente dos solavancos da economia. Essa é uma área considerada extremamente necessária e os fundos deveriam ser mantidos de forma estável”, defende.

Segundo a pesquisadora, a experiência acumulada com o sequenciamento de outros vírus permitiu que a análise do DNA do SARS-CoV-2, nome científico do novo coronavírus, fosse agilizada pela equipe.

“Estávamos muito preocupados com isso, em fazer testes que dessem respostas rápidas. Era nisso que estávamos trabalhando antes de a pandemia chegar. Então quando chegou o vírus, estávamos preparados com essa tecnologia”, conta.

Apesar dos constantes avanços e retrocessos na produção científica brasileira, a imunologista se mantém otimista com as perspectivas para a profissão no país.

"Nós ficamos viciados em fazer ciência, a gente quer saber. A atividade em si te dá essa alegria: conversar, trocar ideias, fazer novos estudos. Isso dá muito prazer. Só que, por outro lado, é preciso ser resistente, estudar muito", contou.

"Espero que a gente volte ao patamar do que estava sendo feito antes porque é sempre bom trabalhar no seu próprio país. As pessoas pensam que lá fora é mais fácil. Realmente tem uma infraestrutura melhor, mas nem sempre é fácil viver em outra cultura e aqui você faz sempre a diferença", assegurou.

Representatividade

A repercussão do trabalho com o sequenciamento genômico do SARS-CoV-2 chegou a assustar Jaqueline. No entanto, a opção da pesquisadora foi de encarar o momento como oportunidade de ampliar o conhecimento científico para a população.

"Quando eu comecei a ter reconhecimento eu fiquei muito preocupada. Primeiro em relação a como seria todo esse processo de exposição e segundo porque eu não tinha feito nada sozinha. Então tinha toda uma equipe por trás que trabalhou bastante, mas que acabou não tendo tanto destaque quanto eu tive. Então eu tinha muito medo de me posicionar, eu tinha muito medo de aparecer na mídia. Aos poucos eu fui entendendo que era necessário estar presente, para aproximar a ciência da população", assegurou.

Como resultado do trabalho, Jaqueline Góes foi uma das cientistas escolhidas pela fabricante de brinquedos Mattel para ser homenageada com a boneca Barbie. Ela foi a representante brasileira junto com outras cinco cientistas da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.

"Quando eu recebi a notícia, minha primeira reação foi rejeitar [a homenagem]. Em um primeiro momento, eu não quis aliar meu nome a uma marca que havia me trazido muitas frustrações na infância. A Barbie é uma boneca de cor branca e eu não me enxergava em um modelo inacessível", disse.

Ela conta que, em seguida, faz uma outra releitura da proposta e começou a entender que aquilo poderia mudar paradigmas: "a presença de uma boneca negra, cientista, brasileira poderia mudar o imaginário das crianças no Brasil".

"É esse o papel da representatividade que hoje eu estou tentando realmente me apropriar para tentar mudar vidas, transformar a vida de meninas como eu", acrescentou.  

A biomédica explica que a atuação em busca de informações essenciais para a produção de medicamentos e vacinas a fez ocupar um espaço diferente do imaginava quando ingressou no curso de biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

"Comecei a entender a questão da representatividade, o quanto isso era importante para mostrar as pessoas. E, principalmente, pessoas negras: elas podiam sim alcançar esse espaço, de sucesso acadêmico", conta Jaqueline, ao concluir: "Hoje [ocupo espaço] de ser uma porta-voz da ciência, principalmente como representante feminina e negra para mostrar que a ciência está a disposição da sociedade de forma saudável, inclusiva, diversa", completou.

 

 

Por Heloisa Cristaldo – Repórter da Agência Brasil

Investigação incide sobre ação das variantes da protease

 

SÃO CARLOS/SP - Desde 2016 que os laboratórios do CIBFar, um CEPID da FAPESP alocado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) sob a coordenação do Prof. Glaucius Oliva, desenvolvem um trabalho ativo voltado ao desenvolvimento de novos medicamentos para o combate a diversos vírus, com uma atuação intensa que foi concentrada no desenvolvimento de candidatos antivirais para o vírus Zika até o ano de 2020, ano em que todos os esforços passaram a estar concentrados no combate à pandemia da COVID-19. Uma vez mais, o CIBFar tomou a frente científica com o objetivo de encontrar novos fármacos para o tratamento dessa doença.

Em um desses projetos, liderado pelo pesquisador Andre Schützer de Godoy, o CIBFar tem buscado compreender como funcionam as proteases virais, que são fundamentais para o ciclo do vírus. Desde 2020 que a equipe do CIBFar tem obtido bastante sucesso nas pesquisas nessa área, sendo que em 2021, entre outros estudos que foram feitos, emergiu o primeiro trabalho utilizando o Sincrotron brasileiro, o SIRIUS (https://revistapesquisa.fapesp.br/foi-uma-honra-sermos-os-primeiros-usuarios-externos-do-sirius/). Agora, o grupo tenta entender como novos medicamentos desenvolvidos contra esses alvos afetam as proteases em um nível estrutural, e também tentar entender como variantes do Coronavírus que já estão em circulação podem comprometer a eficácia desses medicamentos.

O que é a protease e como ela age

O Coronavírus é usualmente conhecido pela imagem de uma esfera coberta por espinhas (as chamadas Spikes). De fato, essa imagem mais não é do que uma espécie de envelope que contém no seu interior o material genético do vírus. “Quando esse vírus chega nas células e após as Spikes reconhecerem os receptores, ele “joga” esse material genético dentro delas, sequestrando toda a “maquinaria celular”. Esse material produz algumas proteínas que são essenciais para a sobrevivência e disseminação do vírus pelo organismo, sendo que dentre essas proteínas está a protease. Essa é a proteína que se transformou em um alvo óbvio para o desenvolvimento de novos medicamentos contra a doença, como os dois medicamentos aqui estudados”, pontua Andre Godoy.

Novos medicamentos e a ameaça das variantes da protease

O “Paxlovid” e o “Ensitrelvir” foram os dois medicamentos lançados mundialmente em finais do ano passado para combater a COVID-19. O primeiro, lançado pela Pfizer e já contando com a aprovação do FDA e da ANVISA, e o segundo, desenvolvido pela farmacêutica japonesa Shionogi, mas ainda sem aprovação pelas principais agências mundiais, têm como ponto negativo o alto custo para os pacientes. Apesar de diferentes, ambos os fármacos agem no mesmo alvo do vírus - a protease. O trabalho que a equipe desenvolveu foi exatamente sobre o princípio ativo desses dois medicamentos, tendo sua equipe buscado nos bancos de dados genômicos - cerca de 7 milhões de genomas - as variantes que existem dessa protease próximas ao sítio ativo - apenas 16 - produzido cada uma delas em laboratório e verificando como elas se comportam frente aos medicamentos.

Dois medicamentos concentrados em um só

“Nesta pesquisa encontramos duas coisas muito interessantes. A primeira foi que algumas dessas variantes já em circulação parecem ser resistentes a um desses medicamentos, ou seja, podem comprometer a eficácia no tratamento da COVID-19 por meio da geração de resistência. Além disso, observamos que uma mesma variante não parece ser resistente a ambos os medicamentos. Em virtude de os dois fármacos serem ligeiramente diferentes do ponto de vista estrutural - e aqui falamos do aspecto químico – esses dados podem indicar que a combinação dos dois fármacos possa ser um boa maneira de evitar resistência”, sublinha o pesquisador acrescentando ainda  que a caracterização estrutural dessas variantes foi realizada através de cristalografia de raios-x, onde se utilizou novamente o SIRIUS para esse fim. Dessa forma, a equipe de Andre Godoy conseguiu resolver as questões relacionadas com as sete principais variantes que mostravam resistência aos medicamentos, sendo que isso permitiu compreender em um nível molecular o que provocava a resistência.

O pesquisador do CIBFar admite que este é um trabalho bastante importante, sublinhando a forte parceria que foi feita com o SIRIUS e cujos resultados foram obtidos há cerca de seis meses. Em termos clínicos e através deste trabalho, Andre Godoy acredita que se abrem portas para que, no futuro, se possam realizar estudos e pesquisas que promovam a combinação destes dois medicamentos - ou de outros com as mesmas características - em um só, de forma que se evite a formação de linhagens resistentes. “O CIBFar vai permanecer muito atento a estas variantes resistentes de protease, embora elas não constituam uma preocupação ou ameaça em larga escala, por enquanto”, conclui o pesquisador.

 (CONFIRA AQUI O ARTIGO CIENTIFICO)

https://www.jbc.org/article/S0021-9258(23)00136-9/fulltext#secsectitle0065

Atividade acontece no dia 14/2 e é aberta ao público

 

SOROCABA/SP - No dia 14 de fevereiro, será realizado o evento Global Women's Breakfast (GWB), com o tema "Quebrando barreiras na Ciência". A iniciativa é da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), com o objetivo de discutir a questão da disparidade de gênero na Ciência, e irá acontecer simultaneamente em diversos países.
No Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a atividade será presencial, a partir das 9 horas, na sala 122 do edifício ATLab. O encontro terá a presença das professoras Marcia Rizzutto, da Universidade de São Paulo (USP), e Mônica Cotta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O evento é aberto ao público interessado, mas as vagas são limitadas. As inscrições devem ser feitas neste formulário online (bit.ly/3kNqgk9). Mais informações sobre o GWB estão no site https://iupac.org/gwb.

SÃO CARLOS/SP - Um grupo de pesquisadores pertencentes ao Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP) e Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale da Paraíba (UNIVAP/São José dos Campos), desenvolveu recentemente uma pesquisa que resultou no desenvolvimento de uma nova abordagem que ajuda a estimar a taxa de sobrevida dos pacientes sujeitos a transplantes do fígado.

A técnica, chamada de “espectroscopia de fluorescência óptica”, utiliza um sistema composto por fibras ópticas que emite luz laser de cor violeta. Bastando apenas um contato com o local especifico do corpo do paciente, o novo sistema consegue excitar as moléculas que se encontram presentes no órgão e coletar a fluorescência produzida na forma de um conjunto de padrões que fornecem uma espécie de “impressão digital” do que está acontecendo no órgão, em tempo real.

A pesquisa foi desenvolvida com procedimentos de transplante realizados na Unidade Especial de Transplante de Fígado (UETF), do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP), sendo que a análise dos dados coletados ficou a cargo do Laboratório de Biofotônica do Departamento de Física e Ciência dos Materiais, Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), financiado pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica – CEPOF (programa CePID/FAPESP) e o INCT de Óptica Básica e Aplicada às Ciências da Vida (CNPq/FAPESP).

A coleta de dados abrangeu 15 enxertos provenientes exclusivamente de doadores falecidos, após morte encefálica oficializada e informada de acordo com os protocolos vigentes. O monitoramento dos enxertos deu-se durante as etapas do transplante que envolveram a perfusão fria - fase em que o sangue do órgão é substituído no doador por uma solução de preservação resfriada, e a reperfusão quente, quando a solução de perfusão, perfundindo o órgão, é substituída novamente por sangue, já no paciente receptor.

O que acontece com um órgão transplantado ou sujeito a cirurgia

Quando um órgão é transplantado, ou sujeito a uma cirurgia, acontece uma alteração metabólica bastante acentuada, já que um número expressivo de biomoléculas são alteradas. No caso de um transplante - e aqui nos reportamos ao fígado –, o órgão deve ter suas condições metabólicas preservadas de modo a permanecer viável para o transplante. Isto significa que há um padrão de “normalidade” para a emissão de fluorescência que a técnica usa como referência. Quando a resposta de fluorescência se mostra diferente desse “normal”, é possível correlacionar tal mudança com alterações indesejadas no órgão transplantado, que podem indicar que este não é mais viável para o procedimento. Assim, a nova técnica está correlacionada com a sobrevida do paciente.

O pesquisador José Dirceu Vollet Filho, pós-doutorando do Departamento de Física e Ciência dos Materiais (IFSC/USP), que é o primeiro autor do trabalho que foi publicado em meados do ano passado sobre este tema, comenta: “Este estudo vem sendo desenvolvido desde 2006, quando foram elaboradas as primeiras investigações clínicas. Até a etapa presente, viemos aprendendo o passo-a-passo, a reconhecer os padrões do que é esperado, ou não, em termos da resposta óptica para o tecido transplantado, pois ela reflete as condições desse tecido. Com isso, espera-se obter parâmetros ópticos que sirvam como referência para desenvolver instrumentos de monitoramento em tempo real da qualidade e viabilidade do órgão transplantado. Por um lado, monitorar a qualidade das perfusões fria e quente por meio da luz deverá auxiliar a prever problemas de isquemia e má perfusão, que podem comprometer o órgão transplantado. Por outro, associar a fluorescência do tecido a parâmetros bioquímicos mensuráveis por análises clínicas bem estabelecidas deverá acelerar e aumentar a segurança de procedimentos de transplante, já que essa fluorescência reflete as moléculas presentes, e pode indicar desequilíbrios bioquímicos indesejados. Normalmente, as informações bioquímicas usadas para determinar a viabilidade do órgão dependem de análises laboratoriais mais invasivas e demoradas. Por isso, a correlação dessas informações com a luz, obtidas em tempo real por meio de uma fibra óptica, poderá vir a tornar as decisões dos cirurgiões mais rápidas e seguras, oferecendo mais elementos de análise do procedimento de transplante enquanto ele ocorre e, com isso, reduzindo riscos ao paciente receptor.”

Apoiando os profissionais de saúde

Técnicas ópticas para diagnósticos em geral têm-se mostrado excelentes, porque são rápidas, e o desenvolvimento das técnicas de análise espectral, como neste caso concreto de transplantes de fígado, têm demonstrado uma grande segurança. “É uma técnica muito boa e eficaz não só para o acompanhamento de todo o processo de remoção do órgão do doador, como também no acompanhamento do desenrolar dos procedimentos do transplante para o paciente receptor”, sublinha o Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, coordenador do Grupo de Óptica do IFSC/USP e do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), alocado no mesmo Instituto, acrescentando que este processo é uma técnica de biópsia óptica não-invasiva e que, entre outras funções, serve para identificar muitas anomalias em diversos órgãos do corpo humano, sendo uma ferramenta de apoio aos profissionais de saúde.

Sendo uma técnica relativamente nova para este tipo de procedimentos, Bagnato afirma sua convicção do grupo estar contribuindo para que os transplantes ocorram cada vez com mais sucesso. “O processo utiliza uma fibra óptica que transmite uma luz, coletando seguidamente uma resposta do fígado transplantado através de fluorescência. Para obter essa resposta basta encostar a fibra óptica no local exato do corpo do paciente e obter os dados, fornecendo ao corpo médico as oportunidades de desenvolver as ações necessárias”, finaliza Bagnato.

Assinam este artigo científico os pesquisadores: José Dirceu Vollet-Filho (IFSC/USP, Juliana Ferreira-Strixino (IFSC/USP e UNIVAP/São José dos Campos), Rodrigo Borges Correa (FMRP/USP), Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP), Orlando de Castro e Silva Júnior (FMRP/USP) e Cristina Kurachi (IFSC/USP).

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