NOVA DÉLHI - Hindus e muçulmanos se enfrentaram no Estado indiano de Haryana uma semana após o início da violência durante uma procissão hindu em um bairro muçulmano, com uma tumba e vários veículos incendiados e lojas saqueadas, disse a polícia na segunda-feira.
Pelo menos sete pessoas morreram nos confrontos, incluindo o clérigo de uma mesquita incendiada na semana passada no distrito de Gurugram.
A violência tem se espalhando e continuava nesta segunda-feira, quando várias pessoas atearam fogo a uma tumba muçulmana, disseram policiais. Ninguém ficou ferido, acrescentaram.
"Houve três incidentes de vandalismo em lojas no distrito. Seis pessoas foram presas", disse Mayank Mishra, superintendente adjunto da polícia no distrito de Panipat, a 200 km de onde a turbulência começou na semana passada.
A tensão entre os integrantes da comunidade hindu, majoritária na Índia, e a minoria muçulmana tem emergido periodicamente em violência mortal por gerações.
A atual turbulência ocorre num momento em que alguns membros da comunidade muçulmana dizem que são tratados injustamente pelo governo do Partido Bharatiya Janata, liderado pelo primeiro-ministro, Narendra Modi. O governo rejeita as acusações.
Apesar dos últimos problemas, um magistrado de Gurugram suspendeu as ordens restritivas em vigor desde a semana passada, dizendo que "a normalidade voltou".
Mas para muitos muçulmanos os confrontos trouxeram medo.
Alguns deixaram as cidades para retornar às suas aldeias ou foram morar com amigos e parentes em outras áreas, segundo a mídia. Alguns muçulmanos em Gurugram dizem que homens vêm às suas comunidades e os ameaçam com violência, a menos que saiam.
Por Sakshi Dayal / REUTERS
FRANÇA - Cinco países europeus pediram nesta terça-feira o fim dos confrontos em Jerusalém, após a violência desencadeada no fim de semana nos arredores de um local sagrado.
Os Emirados Árabes e a China não aderiram à declaração, apesar de estarem entre os países que convocaram a reunião de emergência do Conselho de Segurança, realizada a portas fechadas.
"A violência deve parar imediatamente. E as baixas civis devem ser evitadas de forma prioritária", pede o comunicado, assinado por Irlanda, França, Estônia, Noruega e Albânia. "O status quo dos lugares sagrados deve ser totalmente respeitado."
A reunião ocorreu após dias de violência em torno do complexo da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, local conhecido pelos judeus como Monte do Templo, onde 170 pessoas ficaram feridas no fim de semana.
Os cinco países condenaram "todos os atos de terrorismo" e o lançamento de um foguete ontem da Faixa de Gaza para a região sul de Israel. A Força Aérea israelense respondeu nesta terça-feira com um ataque ao enclave palestino, o primeiro em três meses.
"A deterioração da situação de segurança ressalta a necessidade de restaurar um horizonte político para um processo de paz verdadeiro", acrescenta o documento.
O enviado de paz da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, reiterou seu apelo para que se evite qualquer provocação que possa agravar a tensão entre israelenses e palestinos.
ISRAEL - Militantes palestinos dispararam mais foguetes em regiões comerciais de Israel na quinta-feira (13) enquanto o governo israelense mantém uma pesada campanha de bombardeios na Faixa de Gaza e acumula tanques e tropas na fronteira do enclave.
Após quatro dias, os conflitos além das fronteiras não mostram sinais de diminuição, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a campanha "irá levar mais tempo". Autoridades de Israel afirmam que o grupo Hamas, que comanda Gaza, precisa receber um forte golpe de dissuasão antes que qualquer acordo de cessar-fogo seja atingido.
A violência também se espalhou por comunidades mistas de judeus e árabes em Israel, uma nova frente no conflito. Sinagogas foram atacadas e os conflitos estouraram nas ruas de algumas cidades, levando o presidente de Israel a alertar para a possibilidade de guerra civil.
Pelo menos 103 pessoas foram mortas em Gaza, incluindo 27 crianças, nos últimos quatro dias, segundo autoridades médicas palestinas. Na quinta-feira apenas, 49 palestinos foram mortos no enclave, maior número diário desde segunda-feira.
Sete pessoas foram mortas em Israel: um soldado que patrulhava a fronteira de Gaza, cinco civis israelenses, entre eles duas crianças, e um trabalhador indiano, disseram autoridades.
Temendo que a pior de troca de hostilidades na região em anos possa sair ainda mais do controle, os Estados Unidos estão mandando seu enviado, Hady Amr. Iniciativas por uma trégua mediadas por Egito, Catar e a Organização das Nações Unidas ainda não geraram nenhum sinal de progresso.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta quinta-feira o fim da escalada da violência, dizendo que gostaria de ver uma redução significativa dos ataques de foguetes.
Militantes dispararam salvas de foguetes em Tel Aviv e cidades próximas, com o sistema antimísseis chamado de Doma de Ferro interceptando muitos deles. Comunidades próximas à fronteira de Gaza e da cidade de Beersheba, na região desértica no sul do país, também foram alvos dos disparos.
Cinco israelenses ficaram feridos após um foguete atingir um prédio próximo a Tel Aviv na quinta-feira.
Três foguetes também foram disparados a partir do Líbano para Israel, mas caíram no Mar Mediterrâneo, segundo as Forças Armadas do país. O ataque pareceu um gesto de solidariedade com Gaza por grupos palestinos no Líbano, e não o início de uma nova ofensiva.
Em Gaza, aviões militares israelenses atingiram um prédio residencial de seis andares que, segundo eles, pertencia ao Hamas. Netanyahu disse que Israel já atingiu um total próximo a 1.000 alvos de militantes no território palestino.
Aeronaves israelenses também atacaram uma central de Inteligência do Hamas e quatro apartamentos pertencentes a comandantes do grupo, segundo as Forças Armadas, acrescentando que as casas eram utilizadas para planejar e dirigir ataques a Israel.
*Por Nidal al-Mughrabi e Jeffrey Heller - Repórteres da Reuters
ISRAEL - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apelou no sábado (24) à calma após os maiores confrontos em anos em Jerusalém, entre judeus de extrema-direita, palestinos e forças de segurança.
"Queremos, acima de tudo, fazer respeitar a lei e a ordem pública (...) Exigimos agora que a lei seja respeitada e peço calma a todas as partes", disse Netanyahu num comunicado.
"Mantemos a liberdade de culto, como todos os anos, para todos os residentes e visitantes de Jerusalém", assegurou, em uma referência às orações na esplanada das Mesquitas, terceiro lugar sagrado do islamismo, na Cidade Velha de Jerusalém. De meados de abril até meados de maio, ocorre o mês de jejum muçulmano, chamado de Ramadã.
Netanyahu, que fez as declarações após uma reunião de urgência com responsáveis pela segurança, também evocou o agravamento da violência. Na sexta-feira (23) à noite foram lançados cerca de trinta foguetes a partir da Faixa de Gaza em direção ao sul de Israel.
Em represália, tanques, aviões de combate e helicópteros atacaram, segundo o Exército, posições do Hamas, o movimento islâmico que controla, desde 2007, o enclave palestino sob bloqueio do Estado hebreu.
"Em relação à Faixa de Gaza, dei ordem para estarmos prontos para todos os cenários", afirmou o primeiro-ministro israelense.
Uma trégua frágil entre Israel e o Hamas está em vigor, depois de três guerras em 2008, 2012 e 2014.
Nas últimas noites foram registrados confrontos em Jerusalém. Na noite de quinta (22), os confrontos entre judeus de extrema-direita, palestinos e a polícia deixaram mais de 120 feridos.
Segundo a agência de notícias espanhola EFE, a crescente tensão na considerada Cidade Santa pelas três regiões monoteístas já se estendeu a Gaza e à Cisjordânia, com o lançamento de foguetes e protestos.
*Por RTP
MSF foi forçada a suspender atividades médicas na província de Pibor depois que a maioria da equipe precisou abandonar a região por segurança
MUNDO - Conflitos intensos na Grande Pibor, no leste do Sudão do Sul, provocou a evasão em massa de comunidades inteiras na região. Em busca de segurança, milhares de habitantes fugiram para as zonas florestais e de mata intensa. O aumento recente de combates intercomunitários levou a organização médico-humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) a suspender as atividades na província após a maioria dos profissionais fugir para regiões mais remotas em busca de segurança.
A violência, que aparenta ser um ressurgimento de tensões intercomunitárias, eclodiu no dia 15 de junho nos arredores de Manyabol, enquanto homens armados avançaram em direção ao vilarejo de Gumuruk nos dias conseguintes. Há relatos de que comunidades inteiras fugiram à medida que os confrontos se aproximavam. Em Pibor, que fica em local mais distante, MSF chegou a receber naquele período três pacientes baleados no centro de atenção primária à saúde.
“Foi extremamente traumático. Vi sinais de medo e uma tristeza profunda no olhar das pessoas, por causa dos ataques recorrentes. Os confrontos chegaram ao vilarejo Lawo, a cerca de duas horas da cidade de Pibor. Os combatentes estão invadindo espaços de criação de gado, incendiando casas, destruindo e saqueando propriedades. Tratei pacientes que ainda tinham balas alojadas no corpo, mas, por causa do medo, eles tiveram que fugir para a mata antes que pudéssemos continuar a ajudá-los. E, agora, não sabemos o paradeiro deles”, diz Regina Marko, enfermeira de MSF.
Os confrontos agora se aproximam da cidade de Pibor e a maioria dos habitantes escolheu se refugiar nas zonas de mata mais intensa, incluindo profissionais de MSF oriundos da região. “Membros da nossa equipe fugiram com a família, com medo de serem mortos e de perder seus entes queridos. Sem equipe, não podemos manter o centro de saúde em funcionamento. Estamos muito preocupados, porque as pessoas estão sem nenhum acesso à assistência médica no momento em que mais precisam”, diz Ibrahim Muhammad, coordenador-geral de MSF no Sudão do Sul. “Se os confrontos persistirem, é muito provável que tenhamos mais feridos. A estação da malária chegará em breve e, sem abrigo adequado, as pessoas estarão ainda mais expostas a doenças mortais. Isso agrava uma situação nutricional que já é alarmante, sobretudo entre crianças com menos de cinco anos. Assim que o contexto permitir, iremos retomar nossas atividades médicas na região.”
Em 2019, MSF tratou mais de 32 mil pacientes no centro de saúde de Pibor. A maioria deles sofria de malária, infecções respiratórias e diarreia. Esse novo surto de violência, que levou ao deslocamento de milhares de pessoas, pode ter um impacto terrível sobre o estado de saúde das crianças. Os indicadores da semana passada mostram tendências preocupantes – mais de 70% das crianças com menos de cinco anos tratadas no centro de MSF tinham malária, em comparação com 43% no mesmo período do ano passado. As taxas mais recentes de desnutrição – 6% de desnutrição aguda grave – entre crianças tratadas no centro são um indicador de uma crise alimentar aguda alarmante e iminente.
Essa nova onda de confrontos dificulta o acesso ágil e seguro de organizações humanitárias a uma comunidade que se recupera das inundações devastadoras que ocorreram no fim de 2019. E, agora, a pandemia de COVID-19 ameaça ainda mais o acesso de uma comunidade, após décadas de guerra, a uma infraestrutura de saúde já frágil. Se não mitigados, esses fatores são ideais para uma situação humanitária terrível.
Desde o início do ano, MSF alertou repetidamente sobre a situação cada vez pior na área administrativa da Grande Pibor, após uma série de episódios de violência brutais. Em março, a equipe de MSF tratou mais de 45 pessoas baleadas na província após um novo pico nos confrontos intercomunitários, e 83 pacientes feridos foram atendidos em Pieri e Lankien em apenas cinco dias, entre 9 e 13 de março. Há um mês outro episódio de violência em Pieri tirou a vida de um profissional de MSF e deixou vários outros feridos. MSF está profundamente preocupada com o fato de que esse padrão de violência coloque novamente essa região do leste do Sudão do Sul em um epicentro de violência extrema, como mostrou um relatório de 2012 da organização sobre os horrores da violência intercomunitária.
“A população fica cada vez mais vulnerável diante desses confrontos contínuos. São os civis que pagam o preço mais alto desse ciclo de violência feroz, forçados a se deslocar constantemente, perdendo suas casas e meios de subsistência, quando não são feridos ou mortos. Os civis precisam ser protegidos e as organizações humanitárias precisam ter acesso efetivo à região para garantir um nível adequado de atendimento médico e assistência à população afetada e às pessoas feridas”, acrescenta Ibrahim Muhammad.
MSF no Sudão do Sul
MSF trabalha na região que hoje constitui a República do Sudão do Sul desde 1983 e, a partir de 2005, na área administrativa da Grande Pibor. Atualmente, MSF possui 16 projetos em seis estados: Aburoc, Akobo, Agok, Bentiu, Aweil, Fangak, Lankien, Leer, Maban, Mundri, Malakal, Pieri, Pibor, Yambio, Yei Ulang e outras operações de emergência COVID-19 em Juba.
MSF responde a emergências, incluindo pessoas deslocadas internamente na Proteção de Civis das Nações Unidas, situações alarmantes de nutrição e picos de doenças como sarampo, malária, diarreia aquosa aguda e leishmaniose visceral, além de fornecer serviços de saúde básicos e especializados.
Sobre Médicos Sem Fronteiras
Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos.
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