ISRAEL - A terça-feira (23) foi o pior dia para Israel em termos de baixas militares desde que o Estado judeu começou a atacar a Faixa de Gaza em retaliação ao mega-ataque terrorista do grupo palestino Hamas, que comanda a área desde 2007. Vinte e quatro soldados morreram em duas ações separadas.
As perdas aumentam a pressão sobre o governo do Binyamin Netanyahu para achar uma saída para o conflito iniciado há 109 dias. Reportagens sobre as dificuldades militares de Israel e negociações para um cessar-fogo se multiplicam, apesar das negativas do premiê.
Ele mantém o tom desafiador, dizendo no X que apesar de ter tido "um dos piores dias desde que a guerra estourou", Israel "não parará de lutar até a vitória absoluta". "Temos de tirar as lições necessárias e fazer tudo para preservar a vida de nossos guerreiros", afirmou.
Na véspera, um grupo de parentes dos 132 reféns que Israel diz ainda estarem nas mãos do Hamas invadiu o Knesset (Parlamento) para exigir a libertação deles. As mortes dos soldados acentuam a percepção de crise, numa guerra que já é a mais mortífera para Israel em 50 anos.
Em 1973, 2.656 militares morreram na Guerra do Yom Kippur. Até esta terça, as perdas israelenses contabilizadas no atual conflito eram 545, sendo que 217 ocorreram depois que Israel iniciou sua inédita invasão terrestre de Gaza, no fim de outubro.
Os números são pálidos, em termos de fria contabilidade macabra, ante as mortes de palestinos -mas protestos contra elas são minoritários no Estado judeu após o massacre sem precedentes promovido pelo Hamas em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.200 mortos.
Na segunda (22), o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, registrou 195 mortes, sem diferenciar civis de combatentes. Ao todo, ele conta 25.490 falecidos na guerra, uma média de 234 por dia, desde o início dos enfrentamentos.
Dos 24 soldados mortos, 21 caíram quando um prédio em que instalavam explosivos para demolição no sul da faixa foi atingido por uma granada propelida por foguete, famoso RPG na sigla inglesa e arma-símbolo do Hamas. Outros três morreram em uma ação paralela.
O sul tem concentrado alguns dos mais sangrentos combates na guerra desde a virtual obliteração do norte da faixa, onde o Hamas supostamente mantinha seus centros de comando e toda a estrutura de governo sobre o território.
As Forças de Defesa de Israel dizem ter completado o cerco ao centro urbano de Khan Yunis, principal cidade do sul que foi invadida em dezembro por Tel Aviv. O hospital Nasser, o maior ainda em funcionamento em toda a região, é um dos principais alvos das forças -Israel diz que há túneis e infraestrutura do Hamas sob o prédio, como de resto ocorreu em unidades semelhantes na cidade de Gaza e outros pontos ao norte.
A ação tem gerado protestos internacionais acentuados, com a ONU falando em massacre e a OMS (Organização Mundial da Saúde) condenando combates em áreas hospitalares. Israel aponta para a presença de terroristas imiscuídos nessa infraestrutura, o que é verdade, mas é fato igualmente que pacientes são expostos a riscos, o que é proibido pelas leis de guerra.
Além do drama humanitário e as dúvidas sobre o futuro de Gaza, que Israel promete controlar sem dizer o que fará com seus 2,3 milhões de habitantes em termos de status político, há preocupação generalizada com os riscos do espraiamento claro do conflito: de ataques diários do Hezbollah na fronteira norte às ações houthis no mar Vermelho, passando por bombardeios do Irã contra vizinhos.
A pressão vem também dos Estados Unidos, maiores aliados de Israel. Netanyahu causou desconforto na semana passada ao rebater o presidente Joe Biden, que tem mobilizado grandes recursos militares para dissuadir o Irã de escalar a ação de seus prepostos contra Tel Aviv.
Após Biden voltar a dizer que apenas uma solução em que um Estado palestino conviva com o judeu trará paz à região, Netanyahu reafirmou que considera isso impossível em termos de segurança para Israel.
Enquanto o drama se desenrola e Netanyahu diz seguir em frente, relatos acerca de um cessar-fogo se tornaram quase diários. O site americano Axios afirma que Israel ofereceu ao Hamas dois meses de pausa nos combates em troca da libertação de todos os reféns -houve uma pausa de uma semana no ano passado, na qual a maioria presumida dos civis foram soltos, restando militares com os terroristas.
O The Wall Street Journal, por sua vez, publicou reportagem afirmando que cinco Estados árabes, incluindo a crucial Arábia Saudita, ofereceram um acordo para estabelecer relações diplomáticas com Israel em troca da criação da Palestina. Hoje, ela é uma protonação governada pela Autoridade Nacional Palestina de forma precária na Cisjordânia, com Gaza nas mãos do Hamas.
Já a rede americana CNN disse que Netanyahu ofereceu exílio para toda a liderança do Hamas ainda em Gaza em troca da soltura dos reféns. Hoje, a chefia do grupo mora primordialmente no Qatar, mas transita pela Turquia, Rússia, Líbano e outros países. Até aqui, Tel Aviv negou condições para cessar-fogo.
"Não haverá cessar-fogo que deixe reféns em Gaza e o Hamas, no poder", disse nesta terça o porta-voz do governo Eylon Levy.
POR FOLHAPRESS
ISRAEL - Uma pessoa morreu e ao menos 17 ficaram feridas na segunda-feira (15) em ataques na região central de Israel. As autoridades afirmaram que os dois suspeitos, palestinos e moradores da Cisjordânia ocupada, entraram em território israelense de maneira ilegal.
O ataque ocorreu na cidade de Ra'anana, localizada a 20 km de Tel Aviv, por volta das 13h30 no horário local (9h30 em Brasília). Segundo a polícia, os criminosos roubaram um carro e atropelaram pedestres em três locais. Eles ainda esfaquearam civis. Os suspeitos moram na região de Hebron, na Cisjordânia, e foram detidos pela polícia após o atentado.
O hospital Meir, em Kfar Saba, informou que uma mulher de aproximadamente 70 anos chegou à unidade em estado grave e morreu apesar dos esforços de ressuscitação. Em relatório inicial, os serviços de resgate disseram que ao menos outras 13 pessoas tinham sido atropeladas e que duas delas estavam em estado grave. Mais tarde, o número de feridos aumentou para 17.
Pelo menos sete crianças e adolescentes foram atingidos, de acordo com o jornal The Times of Israel. Um adolescente de 16 anos passava por cirurgia, sedado e entubado, devido a um traumatismo craniano.
Avi Bitton, comandante da polícia, descreveu o caso como um "atentado terrorista muito grave" e disse que a inteligência não descarta a participação de mais pessoas. Dezenas de policiais patrulhavam e faziam buscas na região de Ra'anana após os crimes.
Os suspeitos foram identificados como Mahmoud Zidat, 44, e seu sobrinho Ahmed Zidat, 25. Segundo investigação preliminar da polícia, mencionada pelo jornal israelense Haaretz, o suspeito esfaqueou uma mulher e assumiu o controle do carro dela. O suspeito perdeu o controle do veículo após atropelar as primeiras vítimas, mas ainda conseguiu roubar outro carro, com o qual continuou a atropelar pedestres.
As tensões em Israel e nos territórios palestinos aumentaram desde o ataque do Hamas no dia 7 de outubro, no qual terroristas mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram mais de 200, a maioria civis, em território israelense, de acordo com balanço de Tel Aviv.
Em resposta, Israel declarou guerra e faz bombardeios diários que devastam grande parte da Faixa de Gaza, matando mais de 24 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde local, e expulsando quase toda a população de 2,3 milhões de palestinos de suas casas. Um "bloqueio total" imposto por Tel Aviv restringiu o fornecimento de alimentos, combustível e medicamentos ao território.
POR FOLHAPRESS
ISRAEL - Israel intensificou na segunda-feira (8) os bombardeios no sul da Faixa de Gaza, atingindo cerca de 30 alvos do Hamas, segundo Tel Aviv, após as Forças Armadas do país afirmarem ter "concluído o desmantelamento" da estrutura militar do grupo terrorista na região norte do território palestino.
As ofensivas indicam uma nova fase na guerra iniciada em 7 de outubro, quando extremistas da facção romperam barreiras e assassinaram aproximadamente 1.200 pessoas em Israel. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse ao americano The Wall Street Journal que as forças do país passarão para uma "etapa menos intensa" no norte de Gaza, enquanto ações "mais direcionadas" se concentrarão nas regiões central e sul do território.
O governo de Israel disse em nota que a transição começaria em breve, mas sem estabelecer uma data. Segundo o New York Times, autoridades israelenses disseram sob condição de anonimato que esperam concluir a transição até o fim de janeiro, mas que o cronograma pode mudar.
"A guerra mudou de etapa", afirmou o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari. "Mas a transição será feita sem nenhuma cerimônia. Não são anúncios dramáticos."
Autoridades americanas disseram esperar que a nova fase da guerra concentre missões de grupos menores das forças de elite israelense, que entrariam e sairiam dos centros populacionais de Gaza para encontrar e matar líderes do Hamas, resgatar reféns e destruir túneis, segundo o New York Times.
Também dizem acreditar que o número de tropas israelenses no norte de Gaza caiu para menos da metade dos cerca de 50 mil soldados que estavam na região no mês passado, durante o auge da campanha.
Embora Israel tenha a intenção de reduzir o escopo da ofensiva, o premiê Binyamin Netanyahu voltou a descartar o fim da guerra no domingo (7). Ao dar início à reunião semanal do gabinete de guerra, ele afirmou que os enfrentamentos seguirão até que o país tenha alcançado todos os seus objetivos, incluindo a "eliminação completa" do Hamas e das ameaças militares em Gaza, além da devolução ou resgate dos reféns ainda mantidos em cativeiros.
Já nesta segunda, Tel Aviv disse ter atingido "alvos significativos" do Hamas em ataques feitos por caças. Os alvos incluíram instalações subterrâneas, depósitos de armas e outras infraestruturas do Hamas. As ações ajudaram as forças que estão "manobrando na área a continuar lutando", disse comunicado divulgado pelo governo.
Uma incursão militar no sul de Israel teria descoberto um túnel usado por terroristas próximo a uma escola de Khan Yunis, maior cidade da região sul do território. Armas, explosivos, equipamentos para comunicação e documentos teriam sido apreendidos em outras infraestruturas localizadas ao lado de residências civis.
Segundo o Times of Israel, durante a operação, vários foguetes foram disparados contra as tropas, que, em resposta, direcionaram fogo de tanques e um ataque aéreo contra a célula terrorista responsável. Em outra região de Khan Yunis, as tropas se envolveram em batalhas com terroristas escondidos na cidade, direcionando ataques de drones enquanto caças as apoiavam pelo alto.
O Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, disse nesta segunda que 73 palestinos foram mortos em Gaza nas últimas 24 horas. Ainda segundo o órgão, no total mais de 23 mil pessoas morreram em ataques atribuídos a Israel desde o começo da guerra, e ao menos 58 mil ficaram feridas.
Sob pressão internacional em razão desses óbitos, de civis em sua maioria, autoridades israelenses anunciaram no dia 1º a retirada de parte de suas tropas de Gaza. Embora a maioria dos soldados deva voltar à vida civil, relatos na imprensa israelense sugerem que pode haver um deslocamento de efetivo para reforçar a fronteira norte com o Líbano, onde tropas com frequência trocam fogo com extremistas do Hezbollah, grupo extremista islâmico que assim como o Hamas é patrocinado pelo Irã.
As escaramuças diárias ficaram mais tensas depois de 2 de janeiro, quando Israel matou Saleh al-Arouri, o número dois da ala política do Hamas, em um ataque com drone no sul de Beirute, território controlado pelo Hezbollah. O grupo extremista jurou vingança, e o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou que Tel Aviv tentava arrastar o Líbano para a guerra contra os palestinos.
Apesar das ameaças, outro comandante do Hezbollah foi morto em um ataque atribuído a Israel nesta segunda. Líderes da facção o identificaram como Wissam al-Tawil, um dos chefes da força de elite do grupo Radwan. Eles disseram que ele e outro combatente foram atingidos em um bombardeio na região de Majdal Selm, no sul libanês.
Ataques israelenses já mataram mais de 130 combatentes do Hezbollah em território libanês desde o começo da guerra contra o Hamas, em 7 de outubro. Outros 19 foram mortos na Síria. A facção, contudo, tem evitado expandir o conflito -o último combate aberto entre ambos os lados ocorreu em 2006. Mas os acontecimentos recentes aumentam o temor de que a guerra Israel-Hamas se espalhe.
Na semana passada, Gallant, o ministro da Defesa israelense, disse que há "um curto espaço de tempo para que se chegue a um entendimento diplomático" com o Hezbollah. Antes, o líder do grupo extremista, xeque Hassan Nasrallah, havia dito ser inevitável uma resposta a Tel Aviv após o ataque do dia 2 na capital libanesa.
Os Estados Unidos e aliados do G7, o grupo que reúne algumas das principais economias do mundo, estão buscando uma saída rápida da fase militar do conflito de Gaza, disse a Itália em comunicado nesta segunda, enquanto o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e os seus homólogos da União Europeia rodam o Oriente Médio numa tentativa de arrefecer a crise.
Blinken se reuniu com autoridades dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita nesta segunda, antes de seguir para Israel. Ele busca, segundo Washington, dar início a esforços de paz que são necessários para evitar uma propagação do conflito.
O americano iniciou um esforço diplomático de cinco dias no Oriente Médio por Jordânia e Qatar no domingo (7), em sua quarta visita à região desde os ataques de 7 de outubro. "Este é um momento de profunda tensão. Trata-se de um conflito que pode facilmente se transformar em uma metástase, causando ainda mais insegurança e sofrimento", afirmou Blinken.
POR FOLHAPRESS
CISJORDÂNIA - Oito palestinos foram mortos em um tiroteio realizado pelas forças israelenses na Cisjordânia ocupada, entre sábado à noite e domingo de manhã, conforme informou o Ministério da Saúde palestino. Cinco dessas mortes ocorreram em Jenin, onde cerca de seis pessoas também ficaram feridas.
Dezenas de palestinos participaram do funeral das cinco vítimas em Jenin neste domingo. A cidade foi invadida no sábado à noite por um grande contingente de tropas israelenses, em mais uma operação militar que tem ocorrido quase diariamente na região, considerada a mais tensa da Cisjordânia recentemente.
Nesta ocasião, as tropas israelenses invadiram várias casas na zona rural e arredores, enfrentando-se em confrontos armados com palestinos, resultando na morte a tiros de quatro palestinos, incluindo um menor.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram em comunicado que "cinco terroristas foram eliminados" e "21 pessoas procuradas foram presas" durante essa operação, mencionando que o apoio aéreo visava um "esquadrão terrorista armado que ameaçava as forças da IDF". Essas alegações ainda não foram verificadas de forma independente.
Após o ataque surpresa do Hamas contra o território israelense, chamado de 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou instalações do grupo armado na Faixa de Gaza a partir do ar, em uma operação denominada 'Espadas de Ferro'. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, concordando com a oposição na criação de um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra.
ISRAEL - O Exército de Israel declarou na segunda-feira (20) que suas tropas na Faixa de Gaza prenderam "mais de 300 terroristas" e extraíram informações importantes deles, incluindo a localização de túneis, esconderijos de armas e informações sobre as táticas do grupo terrorista palestino Hamas.
"Até o momento, prendemos mais de 300 membros de organizações terroristas durante a operação terrestre [na Faixa de Gaza], que foram levados para o território israelense para posterior interrogatório. As informações que surgem do interrogatório de terroristas são muito valiosas, pois levam à eliminação de milicianos e à preservação da segurança de nossas forças", relatou o porta-voz militar israelense em comunicado.
O texto detalha que, durante os interrogatórios, os milicianos capturados "forneceram a localização de túneis subterrâneos e depósitos de armas dos terroristas, além de expor os métodos de ataque do inimigo e seus esforços para se assimilarem à população civil".
Além disso, o Exército também observou que as informações obtidas levaram à identificação de mais de 300 novos alvos na Faixa de Gaza e à eliminação de outros cem.
Um militar de alta patente explicou nesta segunda-feira, durante uma videoconferência, que esses interrogatórios deram às forças "muitas informações que elas não tinham antes e novas maneiras de operar".
O oficial também informou que a ofensiva israelense causou baixas significativas em muitos dos 24 batalhões nos quais, segundo ele, o braço armado do Hamas está dividido e estimou em "alguns milhares" o número de terroristas mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra, sem fornecer números específicos.
Israel declarou guerra ao Hamas em 7 de outubro, após um ataque do grupo terrorista que incluiu disparos de foguetes e a infiltração de cerca de 3.000 milicianos que massacraram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram mais de 240.
Os militares israelenses contra-atacaram imediatamente com forças aéreas e navais e, desde o final de outubro, também com uma ofensiva terrestre, durante a qual 66 soldados foram mortos.
Em 45 dias de guerra, a ofensiva israelense deixou mais de 13.000 mortos na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde local, que estima, no entanto, que, devido a milhares de pessoas sob os escombros, o número de mortos já supera 16.000.
Além disso, há dezenas de milhares de feridos, principalmente crianças, mulheres e idosos, assim como mais de 1,7 milhão de pessoas deslocadas — mais de dois terços da população total — que vivem em meio a uma grave crise humanitária devido à escassez de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível.
por AFP
ISRAEL - O embaixador de Israel na ONU rejeitou na quinta-feira a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança que apela a pausas e corredores humanitários urgentes e alargados em Gaza, argumentando que a medida "está desligada da realidade e sem significado".
"Independentemente do que o Conselho decida, Israel continuará a agir de acordo com a lei internacional, enquanto os terroristas do hamas nem sequer lerão a resolução, muito menos a cumprirão", escreveu Gilad Erdan na plataforma X (antigo Twitter).
De acordo com o diplomata, Israel "continuará a agir até que o hamas seja destruído e os reféns sejam devolvidos".
"É lamentável que o Conselho continue a ignorar, a não condenar, ou mesmo a mencionar, o massacre levado realizado pelo hamas em 07 de outubro, que conduziu à guerra em Gaza. É realmente vergonhoso", acrescentou Erdan.
A estratégia do hamas, de acordo com o embaixador de Israel, consiste "em deteriorar deliberadamente a situação humanitária na Faixa de Gaza e aumentar o número de vítimas palestinas, a fim de motivar a ONU e o Conselho de Segurança a travar Israel", mas "isso não vai acontecer", assegurou.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou hoje uma resolução que "apela a pausas e corredores humanitários extensos e urgentes durante um número suficiente de dias" para permitir a entrega de ajuda humanitária aos civis em Gaza.
A resolução, da autoria de Malta, recebeu 12 votos a favor e três abstenções: Estados Unidos, Reino Unido e Rússia.
Os Estados Unidos e o Reino Unido justificaram a sua abstenção com o fato de a resolução não condenar claramente os ataques terroristas do hamas.
A resolução tem um forte ângulo humanitário, com especial destaque para a situação das crianças em Gaza.
O texto, que enfatiza a situação das crianças em quase todos os parágrafos, "exige que todas as partes respeitem as suas obrigações ao abrigo do direito internacional, especialmente no que diz respeito à proteção dos civis, em particular das crianças".
Também "apela" à "libertação imediata e incondicional de todos os reféns detidos pelo Hamas e outros grupos, especialmente crianças".
Apesar das resoluções do Conselho de Segurança serem vinculativas, isso não impede que alguns países as ignorem.
Em resposta à adoção desta resolução, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelense instou o Conselho de Segurança e a comunidade internacional a exigir "a rápida libertação de todos os reféns israelenses, conforme estipulado na resolução".
"Não há espaço para tréguas humanitárias prolongadas enquanto 239 raptados estiverem nas mãos de terroristas do Hamas", argumentou o porta-voz, Lior Haiat, na plataforma X.
Para o analista Richard Gowan, do International Crisis Group (ICG), apesar de o Conselho de Segurança ter conseguido superar um bloqueio de 40 dias acerca da guerra em Gaza e adotar uma resolução sobre o assunto, a medida provavelmente não terá qualquer impacto significativo.
"O Conselho de Segurança levou um mês para adotar uma resolução (...), mas temo que isto seja principalmente um dispositivo para aliviar tensões", escreveu o analista, também na plataforma X.
Gowan recordou que o Conselho de Segurança também apelou a um cessar-fogo em guerras desde os Balcãs à Síria "com pouco ou nenhum impacto".
"A resolução foi redigida de uma forma que não coloca nenhuma pressão política real sobre Israel, mas os Estados Unidos provavelmente instarão Israel a mostrar mais flexibilidade nas questões de ajuda para satisfazer a opinião global", disse Gowan à agência Associated Press (AP).
"O conselho não passará deste texto para um apelo a um cessar-fogo, a menos que os fatos mudem significativamente no terreno", avaliou ainda.
ISRAEL - O grupo com 34 pessoas que aguarda em Khan Younis, na Faixa de Gaza, para voltar ao Brasil ficou fora da terceira lista de estrangeiros autorizados nesta sexta-feira (3) a deixar a região pela passagem de Rafah. A passagem foi aberta na quarta-feira (1º) para permitir que os portadores de passaportes estrangeiros possam sair do território palestino bombardeado por Israel.
Os países contemplados desta vez foram Alemanha, Estados Unidos, Itália, Indonésia, México e Reino Unido. No total, passaram para o Egito 571 pessoas, dentre as quais 367 norte-americanos e 127 britânicos. A liberação é resultado de um acordo entre o governo do Catar com Israel, Egito e o Hamas.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou por telefone na quinta-feira (2), com Sameh Shoukry, chanceler do Egito. Segundo o Itamaraty, Vieira reiterou o pedido da liberação para os brasileiros para que possam entrar em território egípcio e serem repatriados. Com esse já foram cinco contatos do ministro com as autoridades egípcias, sendo um deles de maneira presencial.
"Ainda não há previsão concreta para a saída dos brasileiros. O Brasil continuará a fazer gestões junto às autoridades locais até que se dê a saída dos brasileiros em Gaza", afirmou o Itamaraty ao R7.
Wael Abou Mohssen, porta-voz da administração da parte palestina da passagem de Rafah, informou em um comunicado que dois ônibus com um total de "cem passageiros portadores de nacionalidades estrangeiras" cruzaram a fronteira para o Egito na quinta-feira pela manhã.
O número exato de pessoas que serão autorizadas a entrar hoje em território egípcio é desconhecido, embora o Ministério das Relações Exteriores egípcio tenha estimado em 7.000, de 60 nacionalidades, o total de palestinos com passaporte estrangeiro e de cidadãos de outros países que devem chegar ao país africano.
Voo com brasileiros repatriados da Cisjordânia chega a Brasília
Outro grupo de brasileiros resgatados na Cisjordânia chegou à Base Aérea de Brasília na manhã de quinta-feira (2). Os 32 brasileiros viajaram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que fez uma parada no Recife, onde desembarcaram 6 repatriados e, de lá, seguiu até a capital da República com os 26 restantes. Dos repatriados, 12 são homens, 9 são mulheres e 11 são crianças.
Para voltarem ao Brasil, os repatriados foram levados de 11 cidades da Cisjordânia até Jericó, de onde cruzaram a fronteira com a Jordânia e seguiram até Amã, capital jordaniana. De lá, eles embarcaram no voo da FAB.
Segundo o governo federal, uma vez em solo brasileiro, as pessoas são encaminhadas para as suas cidades de origem. Confira:
• Brasília: 2 pessoas
• Rio de Janeiro: 3 pessoas
• Foz do Iguaçu: 8 pessoas
• São Paulo: 5 pessoas
• Porto Alegre: 1 pessoa
• Florianópolis: 4 pessoas
• Recife: 3 pessoas
• Fortaleza: 3 pessoas
• Curitiba: 2 pessoas
• Goiânia: 2 pessoas
Todas as repatriações foram comandadas pela Operação Voltando em Paz, em oito voos vindos de Israel e um da Jordânia. Todos foram comandados pela FAB.
Carlos Eduardo Bafutto, do R7, e Natalie Machado, da Record TV
ISRAEL - Uma família de 18 pessoas, incluindo avós e netos, foi morta na madrugada desta terça-feira (31) em um ataque aéreo israelita que atingiu um abrigo onde eles estavam, em Al-Zawayda, na Faixa de Gaza.
A notícia foi divulgada pela Al Jazeera e confirmada pelo exército israelense. Os bombardeios israelenses em Gaza também mataram nove pessoas em Rafah.
O exército israelense informou que suas tropas atacaram cerca de 300 alvos na Faixa de Gaza nas últimas horas, incluindo instalações militares subterrâneas do grupo Hamas. Um dos comandantes do Hamas foi morto no ataque.
Desde que expandiu as operações terrestres na Faixa de Gaza, o exército israelense avançou em direção à cidade de Gaza, chegando aos arredores na segunda-feira.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou na segunda-feira que o avanço das tropas no terreno "está a acontecer em passos medidos, mas poderosos, alcançando um progresso sistemático".
A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro com um ataque do grupo islamita palestino em solo israelense, que fez 1.400 mortos e mais de 5.400 feridos. Desde então, o exército israelense tem bombardeado Gaza em retaliação e, na sexta-feira, alargou as operações terrestres. No total, os ataques israelenses já fizeram mais de 8.300 mortos e mais de 21.000 feridos.
ISRAEL - Uma das quatro reféns soltas pelo Hamas desde que o grupo terrorista invadiu o território israelense, em 7 de outubro, Yocheved Lifshitz, 85, descreveu na terça-feira (24) sua experiência durante os 17 dias que passou em cativeiro na Faixa de Gaza.
"Passei pelo inferno", disse ela à imprensa em um hospital de Tel Aviv, ainda visivelmente cansada. Ela ressaltou, porém, que foi bem tratada durante o período, e seu relato indica que a facção mantém uma operação estruturada, que inclui médicos, paramédicos e seguranças.
Ela e Nurit Cooper, 79, foram soltas na segunda-feira (23) após negociações mediadas pelo Qatar e pelo Egito. Apenas outras duas pessoas da cifra dos mais de 200 indivíduos sequestrados divulgada por Tel Aviv foram libertadas desde o início da guerra -as americanas Judith e Natalie Raanan, mãe e filha, em 20 de outubro.
Lifshitz é moradora de Nir Oz, um dos kibutzim próximos à fronteira com Gaza atacados pelos terroristas em sua incursão ao território do início do mês. Segundo a Kan, emissora pública israelense, acredita-se que um terço dos 400 residentes do kibutz foram mortos ou sequestrados na data. Autoridades de Israel não confirmaram o número, mas estimam que cerca de 1.400 de seus cidadãos morreram durante o ataque.
A israelense contou que a chegada dos terroristas a Nir Oz pegou os moradores de surpresa. "Invadiram nossas casas. Agrediram as pessoas e sequestraram outras, idosas ou jovens, sem distinção." Ela foi uma das sequestradas, e conta que foi praticamente jogada sobre uma moto que a levou até um local próximo da fronteira com Gaza.
"Minhas pernas estavam de um lado e o resto do meu corpo, de outro" durante a viagem, disse Lifshitz, acrescentando que teve seu relógio e joias roubadas durante o percurso. "Bateram em mim. Não quebraram minhas costelas, mas doeu, e fiquei com dificuldade para respirar."
Já dentro de Gaza, o grupo de reféns foi levado à rede de túneis subterrâneos construída pelo Hamas. Acredita-se que o local, que a israelense descreve como uma "teia de aranha", sirva de esconderijo para membros da facção e armamentos.
Lifshitz diz ter andado por quilômetros debaixo da terra até chegar a um grande salão subterrâneo onde havia cerca de 25 pessoas. Ela e outros quatro moradores de Nir Oz foram então separados e postos em uma sala diferente. Cada um deles tinha um guarda próprio, que os vigiava 24 horas por dia, e um médico visitava o grupo dia sim, dia não.
"Se não tinham exatamente o mesmo remédio, eles nos traziam um equivalente. E eles cuidaram bem dos feridos", disse ela. "Quando chegamos lá, eles antes de tudo disseram que acreditavam no Alcorão e que não pretendiam nos machucar."
Lifshitz contou que, além dos medicamentos, seus sequestradores ainda forneceram produtos de higiene. Ela e seus companheiros de cárcere eram alimentados com as mesmas provisões escassas que seus guardas recebiam: uma única refeição diária de pão árabe, dois tipos de queijo e pepino.
A israelense foi entregue pelo próprio Hamas à Cruz Vermelha na segunda-feira, mas não está claro se era o próprio grupo ou outra das facções palestinas que a manteve como refém nas últimas semanas. Um vídeo documentando a soltura dela, filmado e divulgado por terroristas, a mostra cumprimentando um de seus sequestradores, cujo rosto estava coberto por uma máscara, e repetindo a palavra hebraica "shalom", que significa tanto adeus como paz.
Questionada sobre porque ela fez aquilo pela agência de notícias Reuters, ela respondeu que os sequestradores haviam tratado os reféns com gentileza e satisfeito todas as suas necessidades.
Seu neto, Daniel Lifshitz, explicou à mesma agência que a avó é ativista e atuava ajudando palestinos de Gaza a receberem tratamentos médicos em Israel, encontrando-os na principal fronteira entre o Estado judeu e o território palestino e levando-os de carro até hospitais.
Ele também afirmou que sua avó permanecerá no hospital por enquanto, acrescentando que ela "precisará de muito tempo para se recuperar disso, mesmo parecendo forte." Tanto o marido de Lifshitz, Oded, 83, quanto o marido de Cooper, Amiram, 85, continuam detidos em Gaza segundo as informações disponíveis.
RIO DE JANEIRO/RJ - Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro terminou, na segunda-feira (23), com a morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, acusado de ser um dos líderes da milícia na Zona Oeste da capital. Mas o fato acabou ficando em segundo plano depois que criminosos atearam fogo em 35 ônibus e um trem na região.
O governador do estado, Cláudio Castro, disse que há um plano de contingência em andamento e que a polícia vai garantir que não ocorram mais ataques ao transporte público da cidade. Até agora, foram confirmadas 12 prisões de suspeitos de envolvimento nos incêndios. Esses suspeitos, segundo o governador, foram presos por prática de terrorismo.
“Estes criminosos estão presos por ações terroristas. E por isso estão sendo encaminhados imediatamente para presídios federais. Porque são locais de terroristas. Nossas forças de segurança estão unidas e ativas. A população pode dar um voto de confiança. Porque essa luta é para libertar a população das facções que tentam tomar o poder do Rio de Janeiro”, afirmou.
Em coletiva de imprensa, na noite desta segunda-feira, Castro admitiu que as forças de segurança foram pegas de surpresa. “Essa ação [dos criminosos] não teve nenhuma coordenação. E quando não há coordenação, não tem inteligência que consiga pegar. A partir do momento que nós soubemos, a polícia foi toda para as ruas, tanto que fez as prisões”, afirmou.
“A inteligência vem trabalhando e estamos agindo para prender o miliciano Zinho [líder da organização e irmão de Faustão]. Esperamos que consigamos ter sucesso nas próximas horas. Estamos todos de prontidão para garantir que a vida volte ao normal o mais rápido possível”, acrescentou Castro.
Operações contra milícias
Segundo a polícia, o homem morto hoje, conhecido como Faustão, era o número dois na hierarquia da milícia em Santa Cruz e Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O líder Zinho (Luis Antônio da Silva Braga), líder da mesma organização, Tandera (chefe de outra milícia) e Abelha (líder do Comando Vermelho) também são procurados, segundo Cláudio Castro.
O governador disse que o maior desafio que o país enfrenta hoje é a segurança pública. E que, por isso, é necessário que haja uma mobilização de todos os estados para enfrentar os criminosos.
“O problema da segurança pública é muito maior do que o Rio de Janeiro. Quando as investigações mostram que criminosos de outros estados estão aqui, quando armas e drogas que são roubadas em São Paulo aparecem no Rio, tudo isso prova que é um problema do Brasil inteiro. Essas organizações não são pontuais, são máfias nacionais”.
Por Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil
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