MUNDO - Porta de entrada de produtos brasileiros na Europa, a Holanda tornou-se o terceiro maior destino das exportações feitas pelo Brasil ao dobrar as suas importações de soja e aumentar também significativamente as compras de petróleo e combustíveis.
De janeiro a agosto, os produtores de soja do Brasil embarcaram mais de US$ 1 bilhão a portos holandeses, o dobro do valor registrado em igual período do ano passado (US$ 532 milhões), segundo as estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Na soma de petróleo e combustíveis, outros US$ 834 milhões foram exportados para a Holanda no período - no caso, três vezes mais do que nos oito primeiros meses de 2019.
Ex-secretário de Comércio Exterior, e atualmente estrategista de comércio exterior do banco Ourinvest, Welber Barral diz que a competitividade da logística holandesa faz com que o país seja escolhido como o ponto de desembaraço de produtos distribuídos ao restante da Europa.
"O correto é você colocar União Europeia. A Holanda é só a porta de entrada. É o porto, é a logística, é a questão financeira. Por isso, a gente analisa a Europa", observa o especialista, acrescentando que as exportações da Holanda, como são produtos que entram e logo saem, chegam a ser o equivalente a 130% do PIB holandês.
Ainda que os embarques para a Holanda tenham caído 7,5% nos últimos oito meses, o declínio é inferior ao das exportações à Argentina, cujo recuo foi de 25,4% em razão, sobretudo, do impacto mais forte da pandemia na pauta de comércio dos parceiros do Mercosul.
Destinos novos no top 10
Se a Holanda centraliza cargas distribuídas para a Europa, Cingapura é um megahub portuário de onde são despachados produtos a outros 600 portos, especialmente no sudeste asiático e na Oceania. Neste ano, o país ingressou na lista dos dez maiores destinos dos produtos brasileiros, ocupando a nona posição no acumulado desde janeiro.
Como deve inaugurar no ano que vem o maior terminal de contêineres do mundo, é grande a chance de Cingapura seguir entre as principais rotas das exportações brasileiras. Até o ano passado, era apenas o décimo sexto destino, mas subiu sete posições em razão, principalmente, do aumento de 86% dos embarques de petróleo e seus combustíveis.
O Canadá, para onde o Brasil vende mais ouro, aço semiacabado e açúcar neste ano, também entrou no top 10 das exportações brasileiras - agora na sexta posição. No ano passado, o vizinho dos Estados Unidos estava em décimo primeiro lugar.
Depois da China, que, de janeiro a agosto, comprou US$ 5,8 bilhões a mais do Brasil, em relação aos oito primeiros meses de 2019, Cingapura e Canadá são os destinos que, individualmente, mais contribuíram para o País amenizar o impacto da pandemia no comércio exterior.
*Por: Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis / ESTADÃO