SÃO PAULO/SP - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que instituições como as Forças Armadas e o Itamaraty deverão atuar como o governo desejar.
"O Itamaraty será aquilo que o governo decidir que ele seja. Como as Forças Armadas serão, como todas as instituições do Estado serão aquilo que o governo quiser que seja", afirmou Lula.
"Não existe política pública ativa e altiva se não tiver um governo ativo e altivo", continuou o ex-presidente.
O petista participou na noite de segunda (22) do lançamento do livro de fotos "O Brasil no Mundo: 8 anos de Governo Lula", de Ricardo Stuckert, que cuida da imagem do ex-presidente há duas décadas. O evento ocorreu no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Na mesma hora, o presidente Jair Bolsonaro (PL), principal adversário de Lula na corrida eleitoral, concedia entrevista ao Jornal Nacional, da Globo.
Lula afirmou ainda que há muitas pessoas conservadoras no Itamaraty e que não é a instituição que define as políticas que serão colocadas na prática.
"Quem define é o governo e é através de políticas do governo que o Itamaraty pode agir mais ou agir menos", disse o petista.
"Se você tem um governo que não define que política que você quer, que não te dá orientação, é muito mais fácil ficar na embaixada servindo drinque ou ir na embaixada dos outros tomar drinque", seguiu Lula.
O ex-presidente afirmou também que o Brasil enfrenta hoje um "empobrecimento de política externa".
"Uma coisa que me dá muito orgulho é que nossa política externa nunca permitiu que a gente falasse grosso com Bolívia, Uruguai, São Tomé e Príncipe ou Timor Leste. Nunca permitiu que a gente falasse grosso, mas também nunca permitiu que a gente falasse fino com os Estados Unidos", disse.
Participaram do evento figuras como os ex-ministros Aloizio Mercadante, Celso Amorim, Jacques Wagner, Guido Mantega, Juca Ferreira, Alexandre Padilha, Luiz Dulci e Fernando Haddad.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que será vice de Lula, também compareceu, assim como o ex- governador Márcio França (PSB), candidato ao Senado por São Paulo na chapa encabeçada por Haddad, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Mais cedo, Lula concedeu entrevista à imprensa internacional em São Paulo.
VICTORIA AZEVEDO / FOLHA de S. PAULO