Nesta semana, o futuro chanceler federal alemão, Olaf Scholz, defendeu a vacinação obrigatória.
lf (AFP, AP)
SUÍÇA - Organização Mundial da Saúde afirma que combinação entre baixa cobertura vacinal e pouca testagem é terreno fértil para surgimento de novas cepas como a ômicron, com dezenas de mutações. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que há uma combinação tóxica mundo afora para fazer com que novas variantes do coronavírus como a ômicron surjam e se espalhem.
“Globalmente, temos uma mistura tóxica de baixa cobertura vacinal e muito pouca testagem – uma receita para alimentar e amplificar variantes”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na quarta-feira (01/11).
“É por isso que pedimos a países que assegurem o acesso equitativo a vacinas, testes e tratamentos em todo o mundo”, apelou.
“Precisamos usar as ferramentas que já temos para evitar a transmissão e salvar vidas da delta [a variante altamente dominante no mundo]. E se fizermos isso, também evitaremos a transmissão e salvaremos vidas da ômicron.”
A variante ômicron
A ômicron foi detectada inicialmente em amostras coletadas na África do Sul e no vizinho Botsuana na primeira metade de novembro e reportada à OMS no dia 24. Desde então, casos foram confirmados em mais de 20 países mundo afora. A variante levou à imposição de restrições de viagem e abalou previsões econômicas.
Por conter mais de 30 mutações na chamada proteína spike (S), que o coronavírus usa para se prender a células humanas e infectá-las, a ômicron foi classificada como uma “variante de preocupação” pela OMS. A organização disse que a cepa representa um risco global muito alto e provavelmente se disseminará pelo mundo.
Segundo a OMS, ainda deve levar várias semanas para se ter clareza se a nova variante é mais transmissível, se resulta em casos mais graves de covid-19 e se as vacinas atuais são eficazes contra ela. Ainda não foram reportadas mortes associadas à ômicron.
Entretanto, a descoberta da variante ressaltou como, após dois anos desde o surgimento do coronavírus, a luta global contra a pandemia ainda está longe de acabar.
Tedros afirmou que a OMS está levando a ômicron “extremamente a sério”, mas acrescentou que as mutações não deveriam ser uma surpresa. “É isso que vírus fazem. E é o que esse vírus vai continuar a fazer enquanto permitirmos que ele continue se espalhando”, disse
“Quanto mais este vírus circular, mais infecções haverá. Quanto mais infecções, mais pessoas vão morrer, e isso é algo que pode ser evitado.”
Dose de reforço
Nesta quarta-feira, os Estados Unidos confirmaram seu primeiro caso de infecção pela ômicron, num viajante totalmente vacinado contra a covid-19, vindo da África do Sul e que se recupera de sintomas leves.
No mesmo dia, Anthony Fauci, o principal especialista dos EUA em doenças infecciosas, ressaltou que adultos totalmente imunizados devem tomar uma dose de reforço assim que possível. Há alguns meses, especialistas mundo afora ainda questionavam a necessidade de um reforço para todos.
“Nossa experiência com variantes como a delta é que, mesmo que a vacina não seja especialmente desenhada para ela, quando se tem um nível de resposta imune alto o suficiente, a proteção se alastra”, disse Fauci.
Até agora, 59% da população americana foi completamente vacinada contra a covid-19. Mais de 40 milhões de pessoas já receberam uma dose de reforço no país.
Chefe da UE sugere vacinação obrigatória
Em meio a preocupações com o aumento das transmissões da variante ômicron, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta quarta-feira que as nações da União Europeia (UE) devem considerar a possibilidade de impor a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 a suas populações.
O índice de vacinação no bloco europeu é relativamente baixo, de 66%, o que pode ter ajudado a impulsionar o aumento acentuado das infecções registrado nas últimas semanas em muitos dos 27 Estados-membros da UE. Muitas pessoas ainda resistem em aceitar voluntariamente as doses.
Diversas nações europeias decidiram reimpor restrições para conter as transmissões, como a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos e a exigência da apresentação de comprovante de vacinação ou de teste negativo para o acesso a determinados serviços.
Como as decisões sobre as políticas de vacinação cabem aos governos de cada país, Von der Leyen lançou um apelo para que os governos ao menos cogitem impor a obrigatoriedade da imunização.
“É compreensível e apropriado que tenhamos essa discussão agora. Como podemos motivar e, potencialmente, pensar em vacinação obrigatória dentro da União Europeia?”, sugeriu Von der Leyen. “Um terço da população europeia não está vacinada. Ou seja, 150 milhões de pessoas. Isso é muito.”
Nesta semana, o futuro chanceler federal alemão, Olaf Scholz, defendeu a vacinação obrigatória.
lf (AFP, AP)
Jornalista/Radialista
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