Artigo aponta caminhos da educação para o empreendedorismo baseada em atividades
SÃO CARLOS/SP - Em meio à crise da Covid-19, as universidades foram forçadas a mudar. A educação a distância se tornou a norma e surgiram desafios relacionados à infraestrutura, saúde mental, sobrecarga cognitiva e adaptação das atividades. Além dessas mudanças, as universidades precisaram se tornar mais empreendedoras, desenvolvendo tecnologias e treinando mais talentos que pudessem lidar com o momento de escassez e crise global.
Essas mudanças foram sistematizadas no artigo online "Educação remota em empreendedorismo: uma resposta às restrições Covid-19", escrito por professores da linha de pesquisa "Inovação e Empreendedorismo", do grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) "i-Context: Inovação, Cocriação, Território e Experiência", vinculado à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O texto tem a autoria dos professores Cesar Alves Ferragi, do Departamento de Geografia, Turismo e Humanidades (DGTH-So), Francisco Trivinho-Strixino, do Departamento de Física, Química e Matemática (DFQM-So), André Coimbra Félix Cardoso, do Departamento de Administração (DAdm-So), todos do Campus Sorocaba da UFSCar, além de Artur Tavares Vilas Boas Ribeiro, da Universidade de São Paulo (USP).
O artigo teve como objetivo responder a questão "como desenvolver programas de aprendizagem experiencial de empreendedorismo sob as restrições da aprendizagem remota?". O problema foi debatido como estudo de caso no curso Master in Business Innovation (MBI) ofertado pela UFSCar. Para desenvolver o caso, o método usado foi a pesquisa-ação participativa. "Os dados foram coletados por meio de pesquisas em sala de aula - durante 108 aulas -, entrevistas em profundidade e sessões de reflexão. Os resultados demonstram estratégias eficazes para lidar com a sobrecarga cognitiva em ambientes online, como misturar formatos síncronos e assíncronos, atividades ao vivo em grupo, exercícios baseados em pares, entre outros", descrevem os professores.
"A literatura atual já destacou que a educação para o empreendedorismo é mais eficaz quando baseada em atividades", afirmam os autores. "Os alunos alcançam um aprendizado significativo por meio de planejamento de negócios, simulações, trabalho em start-ups, liderança de organizações estudantis e construção de um negócio real", complementam.
Para os pesquisadores, educar alunos pela prática via educação a distância agrava os desafios da universidade e, embora as primeiras respostas estejam sendo publicadas sobre educação para o empreendedorismo em formatos remotos, a literatura atual ainda é limitada, daí a importância do artigo.
Em sintonia com as pesquisas atuais sobre aprendizagem remota durante a Covid-19, os desafios estão sendo superados na UFSCar. O MBI, por exemplo, expandiu turmas e aprimorou métodos. Hoje, o curso já conta com 383 alunos distribuídos por em 15 turmas distintas ao longo de 7 anos, em 4 cidades - São Paulo, Campinas, Sorocaba e São Carlos -, sendo que 24 empresas foram criadas por seus ex-alunos.
"Esse programa de MBI brasileiro se destacou durante a pandemia não apenas por adaptar o programa ao modelo presencial online como também por abrir novas turmas em quatro localidades diferentes no estado de São Paulo em 2020", afirma o professor Cesar Ferragi, coordenador do MBI em São Paulo.
As pré-inscrições para as novas turmas, com início previsto para agosto de 2021, estão abertas em www.mbiufscar.com.
O artigo "Entrepreneurship education going remote: a response to Covid-19 restrictions" está disponível, em Inglês, no site https://bit.ly/3sjOG44.