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UFSCar atua no desenvolvimento de sensor portátil para detecção de microrganismos presentes em ambiente hospitalar

Escrito por  Ago 03, 2020

Tecnologia capaz de identificar doenças bacterianas em 30 minutos pode ser testada para Covid-19

 

SÃO CARLOS/SP - Pensando em minimizar os riscos de infecções hospitalares, o pesquisador Filippo Ghiglieno, do Departamento de Física (DF) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com a empresária e pesquisadora Gabriela Byzynski, desenvolveu a patente de invenção intitulada "Leitor e sensor de microrganismos baseados em alterações de propriedades eletromagnéticas de etiqueta RFID", capaz de identificar doenças bacterianas ao redor de pacientes hospitalizados e permitindo soluções mais imediatas em processos infecciosos.
Para o desenvolvimento da tecnologia, os pesquisadores observaram os ambientes hospitalares e a relação de microrganismos e infecções presentes em colchões, cabeceiras, maçanetas, equipamentos etc., buscando uma técnica que apresentasse resultado rápido - diferente das existentes que levam até duas semanas (período em que o microrganismo já alterou seu comportamento). A partir dos testes laboratoriais, o desenvolvimento resultou em uma tecnologia que funciona como um "glicosímetro" - medidor de taxas de glicemia - através de uma caixa com leitor e etiqueta descartável, onde é inserida a amostra do leito do paciente (deposição química de compostos coletados) que, em contato com o solvente a uma distância de aproximadamente 30 centímetros, permite identificar em até 30 minutos o patógeno/bactéria presente naquele ambiente. 
Levando cerca de nove meses para ser desenvolvida, a ideia da invenção surgiu durante uma pesquisa de pós-doutorado realizada em 2017 por Byzynski, que atuava com sensores e inspirou-se no monitoramento de ambiente. Na ocasião, ela firmou parceria com Margarete de Almeida, da área de Microbiologia, criando a startup Nanochemtech Solutions, sediada no Parque Tecnológico de São José do Rio Preto, com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Prova da originalidade e sucesso da ideia é que a proposta foi vencedora do Startup Day Lide Futuro - Rio Preto em 2018, concorrendo com outras startups do Estado.
De acordo com Byzynski, o principal diferencial desta tecnologia se refere à sua portabilidade (de fácil manuseio), além da rapidez em oferecer um resultado seletivo. Isso porque as técnicas semelhantes no mercado identificam a presença de resíduos orgânicos - pele, cabelo, sujeira etc. -, mostrando que há contaminação, mas não descrevem especificamente o que está acontecendo a redor do paciente. "Ele está sendo contaminado por quê? O teste se mostrou efetivo, por exemplo, na identificação da bactéria da pneumonia que é preocupante no cenário hospitalar. Essa especificidade de saber qual bactéria ou microrganismo está presente é muito importante", ressalta.
Atualmente, o grupo realiza testes em instituições hospitalares parceiras nas cidades de São Paulo e São José do Rio Preto com o objetivo de validar a amostragem e seu tempo de coleta e verificando novo potencial na identificação de fungos. Com isso, a startup busca licenciar a tecnologia para empresas que atuem em sua fabricação e beneficiem o maior número de pessoas, inclusive, no mercado mundial. "O nosso modelo de negócios prevê a venda dos kits às instituições hospitalares para utilização de enfermeiros e técnicos, e na prestação de serviços, ou seja, com equipe responsável pelo monitoramento transmitindo os dados para a instituição. Dependendo do comportamento da tecnologia no Brasil, podemos abranger ainda mais as características de microrganismos em outros lugares do mundo", explica Byzynski.
Além disso, a situação pandêmica - causada pelo novo Coronavírus - trouxe novos desafios à ciência e o estudo de doenças. Em razão disso, a inventora explica que o grupo também articula parceiros para a realização de testes para monitoramento de microrganismos pouco conhecidos como os causadores da Covid-19, adaptando a tecnologia e modificando a superfície do biossensor, mas utilizando os mesmos princípios, ou seja: identificando os vírus seletivamente através de bioreceptores específicos que transmitem sinal eletromagnético na presença do microrganismo. "O sonho de todo pesquisador que trabalha nessa área é a identificação rápida de problemas. Agora com a pandemia, as pessoas já entendem que, quando estamos dentro de um ambiente, tudo o que tocarmos possuirá algum microrganismo, bactéria, fungos ou vírus. Saber que há a presença de resíduos é uma coisa, mas ter conhecimento do tipo de comorbidade que atinge um paciente com a imunidade baixa pode alterar o percurso do processo infeccioso", conclui.
Esta tecnologia disponível para licença está na vitrine da Agência de Inovação (AIn) da UFSCar, em http://inovacao.ufscar.br/vitrine-de-tecnologia, e o trabalho da startup está descrito no site https://nanochemtechsolutions.com/.

Redação

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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