BRASÍLIA/DF - O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), líder do PT na Câmara, entrou com ação no Tribunal de Contas da União (TCU) para interromper o processo de privatização da Petrobras. A ação foi protocolada na sexta-feira (19/8).
O documento encaminhado à Justiça por Reginaldo pede para o TCU investigar os procedimentos feitos pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para iniciar a venda da petroleira e a responsabilidade de integrantes do poder Executivo, como o próprio presidente Bolsonaro, o ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo a petição assinada pelo parlamentar, há lesão do erário e fraude às leis do País.
"O modelo proposto pelo governo, que vem sendo analisado pelos técnicos, prevê a conversão de ações preferenciais da companhia (priorizadas na distribuição de dividendos, mas sem direito a voto) em ações ordinárias (com direito a voto na assembleia de acionistas), uma simples e célere transação acionária que já seria suficiente para diluir a participação da União na empresa", disse o parlamentar na petição.
Rafael Felice - Correio Braziliense
BELO HORIZONTE/MG - Candidato à Presidência da República pelo PT, Lula esteve na noite de 5ª feira (18) em Belo Horizonte em comício de campanha. Em seu discurso, defendeu a criação dos ministérios da Igualdade Racial, da Pequena Empresa, além de um ministério para os povos indígenas. Ele ainda afirmou que o ministro dessa pasta será um indígena.
“A gente vai dizer para os indígenas, não vai mais ter garimpo ilegal na terra de vocês. Se preparem, indígenas do Brasil, porque eu vou criar o Ministério dos Povos Originários. E um indígena, ou uma indígena, será ministro nesse país. Se preparem, porque a Funai [Fundação Nacional do Índio] não será mais dirigida por um branco dos olhos verdes. Será dirigida por uma mulher ou um homem indígena”, disse Lula.
O candidato do PT à Presidência da República também disse que pretende “reconstruir” outros ministério caos seja eleito.
“Se preparem que a gente vai reconstruir o Ministério da Igualdade Racial. A gente vai reconstruir o Ministério da Mulher, o Ministério da Pequena Empresa. Se preparem mais, porque mais coisa vai acontecer neste país”.
O ex-presidente, que tenta voltar ao Palácio do Planalto após 12 anos, também afastou qualquer possibilidade de privatizar bancos públicos, os Correios e a Petrobras.
SÃO PAULO/SP - Como todo mundo já sabia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi conclamado nesta quinta-feira (21), como candidato à presidência da República. O evento ocorreu em um hotel no centro da capital paulista.
Na verdade, a convenção só existe para cumprir os tramites da legislação eleitoral, pois a escola é feita há um bom tempo atrás, tanto é que Lula, isso mesmo, o candidato não compareceu ao evento. O petista está em viagem ao Nordeste, quem o representou foi a presidente do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffmann (PT).
Após este evento, o PT vai se reunir com os partidos PV e PCdoB, que formam a Federação Brasil da Esperança, para os tramites legais e confirmar a candidatura de Lula do grupo. Já a convenção nacional do PSB de Geraldo Alckmin, será apenas no dia 28 de julho em Brasília, onde levará o nome do ex-psdebista como vice na chapa de Lula. A convenção do PSOL, será em São Paulo, no final do mês.
CONVENÇÕES:
Segundo o art. 87 do Código Eleitoral, só podem concorrer às eleições os candidatos que estiverem filiados a um partido político. Uma vez que cada partido político possui inúmeros filiados, é necessário escolher entre eles, em convenção partidária, os que serão candidatos a cargos eletivos.
Convenções partidárias são reuniões de filiados a um partido político para julgamento de assuntos de interesse do grupo ou para escolha de candidatos e formação de coligações (união de dois ou mais partidos a fim de disputarem eleições). Conforme estabelece a Lei n° 13.165/2015, Lei da Reforma Política, as convenções devem ocorrer no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano eleitoral.
Caso o estatuto do partido não possua normas para escolha e substituição dos candidatos nem para formação de coligações, o órgão de direção nacional do partido deverá estabelecê-las e publicá-las no Diário Oficial da União até 180 dias antes das eleições.
Durante as convenções será sorteado, em cada circunscrição, o número com o qual cada candidato irá concorrer (identificação numérica). Aos partidos políticos fica garantido o direito de manter os números concedidos à sua legenda na eleição anterior e aos candidatos, o direito de manter os números que lhes foram atribuídos na eleição anterior para o mesmo cargo. Deputados federais, estaduais ou distritais, assim como vereadores, podem solicitar novo número ao órgão de direção de seu partido, independentemente do sorteio (Lei n° 9.504/1997, art. 8°, § 1°, e art. 15, § 2°).
SÃO PAULO/SP - O ex-presidente e atual candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um evento no teatro Tuca, da PUC-SP, na noite desta terça-feira (31). No local, alfinetou o PSDB e ainda ironizou as tentativas de Jair Bolsonaro recusar o resultado das eleições deste ano. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
O evento marcou o lançamento do livro “Querido Lula: Cartas a um presidente na prisão”. Em um discurso de aproximadamente 40 minutos, o petista comentou sobre adversários políticos e não perdeu a oportunidade de atacar o atual discurso de Bolsonaro.
“Vocês estão lembrados que uma vez um senador do PFL, o Jorge Bornhausen, disse que era preciso acabar com ‘essa desgraça do PT’. O PFL acabou. E agora quem acabou foi o PSDB. E o PT continua forte, crescendo e continua um partido que conseguiu compor a maior frente de esquerda já feita neste país”, disse Lula no evento.
“Me prenderam achando que a gente ia ficar mais fraco e a verdade é que vocês fizeram eu sair da cadeia muito mais forte do que eu entrei. Eles achavam que iam nos tirar, que iam banir o PT”, completou.
Durante a atual campanha, Lula já conversou com alguns nomes do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro Aloysio Nunes, que declarou apoio ao petista já no primeiro turno das eleições de 2022.
O atual presidente, Jair Bolsonaro, também não escapou das alfinetadas de Lula. “Não adianta o Bolsonaro dizer que vai dar golpe, que ‘só Deus me tira daqui’. Como eu acredito que a voz do povo é a voz de Deus, a voz do povo vai tirar ele de lá”, afirmou.
O evento ainda contou com a ex-presidente Dilma Rousseff e com Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo. Artistas também estiveram no local, como Zélia Duncan, Denise Fraga, Camila Pitanga, Cleo Pires e Tulipa Ruiz.
SÃO PAULO/SP - Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) aposta na candidatura do seu ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) para contar com um palanque forte em São Paulo, as articulações partidárias na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes ainda reproduzem, até o momento, a polarização entre PT e PSDB – que perdurou até as eleições de 2018.
Com a retaguarda da máquina estadual, o governador Rodrigo Garcia (PSDB), pré-candidato à reeleição, já consolidou o apoio de seis partidos. Fecharam com o tucano agremiações bolsonaristas como o Progressistas e o Patriota, além de MDB, União Brasil, Avante e Podemos.
O PL de Bolsonaro está rachado em São Paulo. Apesar da pressão da cúpula nacional para que a sigla suba no palanque de Tarcísio, o atual governador recebeu no último dia 8 de abril o apoio de sete deputados estaduais, três federais, 42 prefeitos e 80 vereadores do partido. Na prática, isso significa que o tucano tem apoio de praticamente toda a estrutura política do PL paulista, que elegeu 42 prefeitos em 2020.
O ex-ministro da Infraestrutura deve, porém, contar com o tempo de TV do PL em São Paulo. Até agora, tem apoio do PSC e espera a adesão do PTB.
O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) consolidou alianças com as principais legendas do campo da esquerda: PSOL, PCdoB, PV e Rede. O petista também mantém conversas avançadas com o Solidariedade, que anunciou apoio a Lula na eleição presidencial. “A velha polarização entre PT e PSDB este ano só deve sobreviver em São Paulo e no Rio Grande do Sul”, disse o deputado Emídio de Souza (PT).
O ex-governador Márcio França, que tenta viabilizar uma candidatura na articulação que envolve PT e PSB, não fechou com nenhum partido até o momento. Em 2018, quando era governador e disputou a reeleição, o pessebista teve 15 partidos em seu palanque.
Tempo
O PSDB aposta na capilaridade das alianças com prefeitos e na exposição na TV para alavancar Garcia nas pesquisas de intenção de voto. Pelas contas dos tucanos, o governador terá em torno de cinco minutos diários na TV e no rádio, ante dois minutos de Haddad e um minuto de Tarcísio.
“As alianças partidárias estão polarizadas entre o Rodrigo na centro-direita e o Haddad na esquerda”, disse o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi. “O apoio da máquina faz a diferença. Márcio França agora está sem ela. A situação do Tarcísio é mais difícil”, avaliou o cientista político Rodrigo Prando, do Mackenzie.
Pedro Venceslau / ESTADÃO
SÃO PAULO/SP - Favorável ao diálogo para o ex-tucano Geraldo Alckmin ser vice na chapa presidencial do petista Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal e secretário-geral do PT, Paulo Teixeira (SP), adota postura pragmática e defende a composição, criticada por outros integrantes do partido.
"Ao mesmo tempo que o nome dele [Alckmin] entra no debate, temas fundamentais para o nosso projeto estão sendo discutidos sem que haja uma mudança nas agendas do PT", diz ele ao jornal Folha de S.Paulo.
Teixeira, que integrou a oposição ao ex-governador de São Paulo, admite que sejam dados "todos os passos possíveis na direção de derrotar o bolsonarismo", o que inclui a aliança com Alckmin, cujas tratativas foram reveladas pela coluna em novembro. "Nossas divergências ficaram no passado."
Em entrevista à Folha de S.Paulo no domingo (16), o ex-presidente do PT e deputado federal Rui Falcão (PT) disse que "Lula não precisa de uma muleta eleitoral" e que o ex-tucano representa uma contradição a tudo o que o partido fez e quer fazer caso volte a ocupar a Presidência.
Contemporizando com a frase "no PT é proibido proibir", Teixeira afirma que o debate não pode ser interditado e que é preciso ouvir "as preocupações trazidas por aqueles que resistem" à ideia. O importante, ressalta, é que o programa da legenda não sofra recuos.
O parlamentar argumenta ser necessário deixar diferenças de lado em nome de uma frente democrática para derrotar tanto o presidente Jair Bolsonaro (PL), que ele classifica como de extrema direita, quanto o que chamou de "outra cepa do bolsonarismo", o ex-juiz e presidenciável Sergio Moro (Podemos).
Nesta quarta-feira (19), Lula defendeu a dobradinha com o ex-governador e disse que, de sua parte, "não existe nenhum problema de fazer aliança com Alckmin e ter ele de vice".
PERGUNTA - O que está sendo feito para conciliar as alas do partido favoráveis e contrárias à chapa com Alckmin?
PAULO TEIXEIRA - Antes de entrar nisso, é preciso falar dos esforços para construir a aliança para disputar a eleição e governar o Brasil. Isso envolve debates com PSB, PC do B, PSOL, Solidariedade, PV, Rede e, por que não dizer, segmentos do MDB que querem apoiar o presidente Lula.
O segundo esforço é o de oferecer uma proposta de reconstrução nacional, com um programa elaborado pelo PT e os partidos aliados. E o terceiro é em torno da formação de uma federação com siglas como PSB, PC do B e PV, ainda que saibamos que as alianças que faremos não necessariamente estarão nesse formato.
Constituída a aliança, é preciso que ela tenha uma agenda. Estamos falando em valorizar o mundo do trabalho, rever o enfraquecimento sindical pela reforma trabalhista, fortalecer o salário-mínimo e enfrentar os temas da emergência climática, da fome, do desemprego e do baixo crescimento econômico.
São agendas nas quais os governos Lula e Dilma Rousseff foram muito bem, com responsabilidade fiscal e manutenção de direitos. Muito diferente dessa agenda retrógrada que veio depois.
E como a questão da vice se insere nesse debate?
PT - A definição da vaga de vice não deve preceder a esse roteiro que apresentei. Em primeiro lugar, ela não deve representar um rebaixamento programático, nada que comprometa ou prejudique o programa. Os partidos da aliança concordam com nosso projeto de reconstrução nacional, com atuação do Estado para estimular o crescimento, instituições públicas robustas, fortalecimento dos sindicatos.
A aliança que está sendo construída tem como missão a consolidação da escolha democrática feita na Constituição de 1988. Estamos diante de um risco profundo, com ameaças à democracia brasileira por este governo [Bolsonaro]. Para fazer frente a isso, precisamos construir uma frente democrática que garanta a manutenção do pacto constitucional.
A possibilidade de ser Alckmin o vice dialoga com o que o sr. propõe?
PT - O PT, em primeiro lugar, tem critérios para a escolha de um vice. Na minha opinião, os critérios são: que não seja alguém do PT seguindo o exemplo de 2002, na escolha do José Alencar [PL] e que venha do Sudeste, para alcançar um eleitorado com perfil mais conservador. Cumpridos esses critérios, na minha opinião, o nome do Alckmin não pode sofrer qualquer restrição por parte do PT.
O Alckmin fez um movimento interessante: saiu do PSDB e não foi construir a terceira via. Está fazendo um diálogo com o Lula, conhece o programa e os propósitos do Lula. E acho que o PT não pode ter nenhum tipo de veto ou reserva a uma chapa com Alckmin, que também precisa ser amadurecida com os partidos do arco de alianças.
Vê Geraldo alinhado aos debates propostos pelo PT, por exemplo, em relação à reforma trabalhista?
PT - O movimento que ele faz em direção à candidatura do Lula é também em direção a algo conhecido, já que todo o país conhece as posições do PT em relação aos principais assuntos. E, ao mesmo tempo que o nome dele entra no debate, temas fundamentais para o nosso projeto estão sendo discutidos sem que haja uma mudança nas agendas do PT.
O ex-presidente do PT Rui Falcão fez críticas a essa chapa em entrevista à Folha de S.Paulo e outros líderes do partido também são contra. O que o partido faz para equacionar essas questões?
PT - No PT, nenhum debate pode ser interditado. No PT é proibido proibir. E é assim desde que o PT foi fundado, com debate caloroso, ideias circulando. Mas também temos que dialogar com as preocupações trazidas por aqueles que resistem. É por isso que estou reafirmando a necessidade de não haver nenhum rebaixamento programático.
Além disso, creio que essa aliança democrática progressista, que é de esquerda, mas também com alcance para o campo democrático, vai criar uma onda no Brasil que possa levar [Lula] à vitória e afastar qualquer ameaça de ruptura com o sistema democrático que este presidente [Bolsonaro] representa.
Seu raciocínio é o de que essa chapa teria maior legitimidade, afastando, por exemplo, o risco de impeachment?
PT - Acho que devemos entrar na campanha com o espírito de que vamos criar um movimento de mudança no Brasil, de fortalecimento democrático, que vai oferecer oportunidades de trabalho, reduzir a desigualdade social, valorizar o salário-mínimo, fortalecer o SUS e a educação pública, cessar o desmatamento da Amazônia.
As condições para isso estão dadas. Temos que transformar essa aliança num movimento político que contagie a sociedade brasileira, que leve o Lula à Presidência e uma grande bancada ao Congresso Nacional.
A história não nos perdoará se nós errarmos e Bolsonaro não for derrotado, ou não for derrotada a outra cepa do bolsonarismo, que é o morismo. Por isso defendo que possamos dar todos os passos possíveis na direção de derrotar o bolsonarismo e o ultraliberalismo que está destruindo a economia brasileira.
O sr., assim como outros vários petistas, já fez duros ataques a Alckmin quando ele era governador de São Paulo e candidato à Presidência pelo PSDB. Como conciliar a posição crítica do passado com a chance real de uma aliança?
PT - É inegável que nós estivemos em campos opostos com o PSDB, que fizemos uma dura oposição ao governo do Alckmin e que tivemos divergências ao longo das nossas histórias. Entretanto, nós temos hoje um governo que permite a morte de 620 mil brasileiras e brasileiros [por Covid], que destrói a Amazônia, que entrega o patrimônio nacional e que representa um risco de uma ruptura com o sistema democrático.
Então, tenho que saudar o reencontro dessas forças para recuperar a escolha democrática da Constituição de 1988. As nossas divergências ficaram no passado. O que agora vai nos unir é derrotar este governo da destruição nacional e colocar no lugar o da reconstrução nacional.
Se essa composição for resultado de um amadurecimento do presidente Lula e dos partidos aliados, vejo com bons olhos. Creio que o PT não terá dificuldade em aprová-la. Precisamos formar uma aliança para ganhar as eleições e reconstruir o Brasil.
O PT considera ser possível dialogar com a base de Bolsonaro ou vê essa como uma causa perdida
PT - Nós não podemos entrar nessa campanha de salto alto. Temos que entrar sem o "já ganhou", com humildade. E a humildade é promover esse diálogo que estamos propondo, um diálogo aberto e respeitoso, que recepciona aqueles que querem vir e têm boas intenções de caminhar juntos conosco.
Acho que, ainda que as pesquisas indiquem que o Lula tem muita chance de ganhar no primeiro turno, nós temos que notar que são pesquisas.
A campanha não começou de fato e haverá um esforço da extrema direita e da direita, representadas respectivamente por Bolsonaro e Moro, para derrotar o presidente Lula. São craques em mentiras e manipulações.
Por isso acho que todo esforço na direção de construir uma frente democrática, com conteúdo forte, que possa criar um movimento político no Brasil, nós temos que fazer. São três desafios: derrotar [o bolsonarismo], impedir um golpe e conseguir governar o Brasil.
O PT admite a possibilidade de fazer autocrítica em relação à corrupção, tema amplamente explorado pelos adversários e comprovado em vários casos?
PT - O PT fortaleceu as instituições brasileiras para combater a corrupção. Agora, o grande desvio ali na Lava Jato foi tentar associar o PT a essa corrupção. Uma coisa é a existência de corrupção, que é um mal que tem que ser combatido, mas ele está presente na atividade pública e na atividade privada.
Os governos Lula e Dilma combateram a corrupção, e o grande desvio da Lava Jato foi querer associar essa corrupção aos dois presidentes. Tanto foi um erro que as sentenças contra o presidente Lula foram anuladas e a presidenta Dilma nem sequer responde a processo. O grande pecado da Lava Jato foi se politizar. O juiz virou ministro. Por outro lado, acho que devemos aperfeiçoar os instrumentos de combate à corrupção e avaliá-los.
E Dilma, associada à recessão econômica, deve ser lembrada na campanha?
PT - A Dilma é uma mulher honesta, séria e que sempre trabalhou para melhorar a vida do povo. Nós temos que sempre incluí-la nos nossos projetos. O Brasil viveu em 2015 o auge da crise mundial, em decorrência da situação na China. Aqui no Brasil, isso coincidiu com uma crise política, com o candidato derrotado na eleição de 2014 [Aécio Neves, do PSDB] recusando-se a aceitar o resultado da eleição e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, trabalhando para sabotar o governo. Não vamos esconder tudo o que fizemos pelo nosso país.
Fernando Haddad (PT) pontua bem nas pesquisas para governador em São Paulo, mas Márcio França (PSB), que é um potencial aliado do PT, mantém sua pré-candidatura. Vê saída para o impasse?
PT - Os entendimentos entre o França e o Haddad são o de que seria candidato aquele que estivesse mais bem colocado nas pesquisas, e o outro sairia ao Senado.
O Haddad ganhou uma dianteira e acho que deve ser o candidato a governador. O PT é muito forte em São Paulo, o Haddad foi prefeito e ministro com desempenho positivo e foi candidato a presidente. Por essas razões, acho que ele deveria ser o candidato.
A oportunidade da eleição do Haddad é muito grande. E o governo de São Paulo apoiando o governo Lula [caso ambos se elejam] traria grande estabilidade ao Brasil. Que é tudo o que não temos com este atual presidente da República.
SÃO PAULO/SP - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com a ex-presidente Dilma Rousseff, durante a tarde de quinta-feira, 13, em São Paulo. Este é o primeiro encontro dos petistas neste ano. O local não foi informado pela assessoria de imprensa do ex-presidente. Segundo fontes no PT, o encontro se deu para discutir o cenário eleitoral de 2022.
A presidente do partido Gleisi Hoffmann e o ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, também participaram do encontro.
Dilma reside em Porto Alegre, onde também vive sua família. No mês passado, não esteve no jantar do Grupo Prerrogativas promovido para premiar Lula e realizar o primeiro encontro público entre o petista e o ex-governador Geraldo Alckmin, que articula uma aliança para ser vice na chapa do ex-presidente. Alckmin foi a favor do impeachment de Dilma.
Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou que houve um "ruído de comunicação" que fez com que o convite não chegasse a Dilma e assumiu a responsabilidade pelo equívoco.
Após o desencontro, a ex-presidente tem recebido desagravos do partido. No dia 4, a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, publicou uma nota de solidariedade a Dilma.
"Toda solidariedade à presidenta de honra da Fundação Perseu Abramo, Dilma Rousseff, primeira mulher eleita e reeleita presidenta do Brasil, exemplo de coragem, integridade e de luta por um Brasil verdadeiramente soberano e democrático, sem machismo, xenofobia, sem racismo, sem misoginia, sem lgbtfobia. O golpe contra Dilma foi um golpe contra a democracia, contra todas e todos nós", diz a nota.
Luiz Vassallo / ESTADÃO
SÃO PAULO/SP - O ex-presidente Lula afirmou na quinta-feira (2) que o PT "errou muita coisa" e que o cantor Mano Brown estava certo quando disse, em 2018, que o partido não estava mais conseguindo falar com a população.
Lula deu as declarações ao participar do podcast Podpah. Em mais de duas horas de conversa, em clima de descontração, o petista criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) - chamado por ele de "anomalia política"--, questionou o fim do Bolsa Família e disse que atualmente é "moda se dizer ignorante".
Ao ser questionado sobre o momento do PT, disse que não se pode "sair da periferia" e que é necessário ir ao povo onde está.
O cantor Mano Brown disse em comício em 2018 que o partido não tinha conseguido "falar a língua do povo". Questionado sobre isso, Lula disse que o artista aliado estava certo. "Ir na porta de banco, vai na porta de fábrica, vai nos bairros. Conversar com o povo."
Sobre erros nos mandatos petistas, disse: "Acho que o PT errou muita coisa, deve ter errado, deve ter deixado de fazer coisas". Mas não detalhou quais são os erros que considera que o partido cometeu.
O ex-presidente disse que até quando se recebe vaia é preciso entender os motivos. Ele reclamou, porém, de quem pede que o PT faça autocrítica e disse que isso cabe aos adversários. "Nunca vi ninguém pedir para o Fernando Henrique Cardoso fazer autocrítica."
Sobre a eleição de 2022, reafirmou que ainda vai decidir se será candidato, mas se disse disposto a voltar. Criticou outros possíveis adversários, como João Doria (PSDB) - afirmou que, por ser rico, o tucano não tem conhecimento sobre a situação da população.
Também falou sobre a possibilidade de alianças em eventual governo e comparou com as circunstâncias da Alemanha, onde o social-democrata Olaf Scholz só conseguiu um acordo para assumir o governo após conversar com partidos que tinham sido adversários.
Lula, porém, não citou diretamente o nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que vem sendo cotado para uma aliança em que seria vice na chapa do petista em 2022.
O ex-presidente disse que o Auxílio Brasil, criado por Bolsonaro, é uma bobagem criada visando só a eleição e que o pobre é tratado "como papel higiênico". Comparou o atual governo com uma "tempestade de maldades".
No programa, Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para presidente em 2022, também falou sobre o período na prisão e voltou a criticar as autoridades da Operação Lava Jato. Ele passou 580 dias preso entre 2018 e 2019, em decorrência de condenação por corrupção e lavagem de dinheiro. As sentenças foram anuladas neste ano no Supremo Tribunal Federal, que considerou parcial o ex-juiz Sergio Moro.
Lula disse que pretende pedir indenização pelas medidas que sofreu em decorrência da investigação. "Eu ainda vou pensar bem, mas em algum momento eu vou processar, porque nem que seja um tataraneto meu um dia ainda vai ganhar um processo por essa sacanagem que fizeram comigo."
O petista afirmou que que nunca imaginou que iria sofrer acusações da maneira como ocorreu na Lava Jato.
SÃO PAULO/SP - O ex-juiz Sergio Moro respondeu, nas redes sociais, à provocação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que culpou o ex-ministro por problemas na Petrobras e atribuiu a ele culpa pela alta nos combustíveis.
Ao Painel, no domingo (14), Gleisi afirmou que quer travar um debate econômico com Moro e disse que ele foi responsável por entregar a Petrobras a interesses norte-americanos.
"Ele fragilizou a Petrobras e mudaram com essa ação dele a política de preço e desestruturam o marco regulatório do pré-sal", disse a petista.
Na segunda (15), Moro compartilhou a notícia nas redes sociais e afirmou que a Petrobras foi saqueada durante "foi saqueada durante o governo do PT com bilhões de dólares em prejuízo".
"A empresa quase quebrou. Transformar bandidos em heróis e atribuir culpa a quem combateu o crime é estratégia para se alterar a verdade e inverter valores. Não vão enganar o povo brasileiro", escreveu o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
BRASÍLIA/DF - Além da aposta na candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, o Partidos dos Trabalhadores (PT) decidiu priorizar pela primeira vez em sua história a eleição de uma bancada na Câmara dos Deputados. A legenda deve deixar em segundo plano as disputas para o Senado e para os governos estaduais.
Os motivos são a necessidade de formar uma bancada que garanta a governabilidade e ajude a impedir a tramitação de pedidos de impeachment, caso Lula seja eleito, ou uma posição de força caso o petista seja derrotado. Além disso, pesa na decisão a repartição dos recursos públicos dos fundos eleitoral e partidário, cuja maior parte é dividida entre as legendas de acordo com o número de representantes de cada uma eleitos para a Câmara dos Deputados.
Essa é a primeira vez que o PT prioriza a eleição de deputados. Para tanto, a legenda definiu uma primeira lista de candidatos nos Estados, incluindo nomes como o ex-governador de Minas Fernando Pimentel e políticos recém-chegados, como o ex-deputado do PSOL Jean Wyllys. “A Câmara virou fundamental para a governabilidade e para dar racionalidade à política”, disse Pimentel, que confirmou a candidatura a deputado.
“O Jean Wyllys será candidato em São Paulo”, contou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. No mesmo Estado, o partido pretende lançar o vereador Eduardo Suplicy a deputado. “Ainda não está definido se a deputado federal ou estadual”, disse Suplicy ao Estadão. Desde quando se elegeu senador pela primeira vez, em 1990, Suplicy sempre concorreu para o Senado.
Em São Paulo
Dois ex-candidatos ao governo paulista também devem concorrer à Câmara: Luis Marinho e Alexandre Padilha.
“O PT tem como estratégia fortalecer as chapas para deputados federais. Fizemos uma rodada com todos os diretórios estaduais e colocamos que essa é uma prioridade do partido. Precisamos ter força na Câmara”, afirmou Gleisi Hoffmann.
Lula e a direção do PT procuraram ainda figuras conhecidas do partido, como o ex-deputado federal José Genoino, que declinou da candidatura – ele pretende continuar fazendo “trabalho de base”. Outra recusa – ao menos por enquanto – a participar do “projeto 2022” veio da ex-presidente Dilma Rousseff.
Nordeste
Na semana passada, Lula esteve no Nordeste. “Aqui no Piauí ele conversou com líderes de nove partidos. Disse que precisava de uma bancada não só do PT, mas também de aliados”, afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). No Estado, apesar de ocupar o Executivo, o partido ainda não definiu se terá candidato ao governo ou se apoiará o senador Marcelo Castro (MDB).
Além de candidatar medalhões para a Câmara, o PT decidiu investir em nomes novos para atrair eleitores que abandonaram a sigla e migraram para o PSOL nas últimas eleições, como aconteceu no Rio. Ali os candidatos do PSOL obtiveram mais votos do que os petistas.
Em 2018, o PT elegeu só Benedita da Silva como deputada, enquanto o PSOL obteve quatro cadeiras. Agora, o PT decidiu apoiar Marcelo Freixo (PSB) para o governo do Estado e apostar na professora e escritora Elika Takimoto para a Câmara.
Em Minas, a sigla ainda não definiu se terá candidato ao governo. Depois do Nordeste é para lá que Lula vai no dia 15 – sua primeira viagem a Minas desde que recuperou os direitos políticos. Serão três dias em Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora, com agenda ainda não definida.
O deputado federal Reginaldo Lopes, que coordena a frente pró-Lula em Minas, desistiu de concorrer ao governo e vai se lançar ao Senado. “A prioridade do PT em 2022 será formar uma base no Congresso. Acreditamos que podemos voltar aos 90 deputados federais de 2002. Hoje são 54.” Segundo ele, o partido “não vai lançar candidatos a governador para marcar posição”.
*Por: Marcelo Godoy e Pedro Venceslau / ESTADÃO
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