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RÚSSIA - O Kremlin disse nesta sexta-feira que ataques contra qualquer parte da faixa da Ucrânia que o presidente Vladimir Putin está prestes a anexar serão considerados agressões contra a própria Rússia, acrescentando que a Rússia lutará para tomar a totalidade da região de Donbas, no leste ucraniano.

O presidente Vladimir Putin deve proclamar a anexação de quase um quinto da Ucrânia nesta sexta-feira, intensificando sua guerra de sete meses e levando-a a uma nova fase imprevisível.

Moscou está declarando que as regiões ucranianas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, em grande parte ou parcialmente ocupadas por forças russas ou apoiadas pela Rússia, fazem parte da Rússia.

Questionado por repórteres se um ataque da Ucrânia aos territórios que a Rússia reivindica como sua terra seria considerado um ataque à Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse: "Não seria outra coisa".

Putin afirmou na semana passada que estava disposto a usar armas nucleares para defender a "integridade territorial" da Rússia.

A Rússia está agindo para anexar as regiões depois de realizar o que chamou de referendos nas áreas ocupadas da Ucrânia. Governos ocidentais e Kiev disseram que as votações organizadas às pressas violam a lei internacional e são coercitivas e não representativas.

 

(Reportagem da Reuters)

RÚSSIA - O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência de duas regiões no sul da Ucrânia, Zaporizhzhia e Kherson, segundo decretos presidenciais publicados na noite desta quinta-feira (29), antes de concluir a anexação destes territórios ocupados.

"Ordeno reconhecer a soberania do Estado e a independência" das regiões de Zaporizhzhia e Kherson, informou Putin nestes decretos.

Está prevista para a sexta-feira a anexação formal à Rússia destes dois territórios, assim como os de Donetsk e Lugansk, no leste, sob controle parcial de separatistas pró-russos desde 2014.

Moscou havia admitido a independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk no fim de fevereiro, pouco antes de iniciar sua intervenção militar na Ucrânia.

Em setembro, as regiões de Zaporizhzhia, Kherson, Donetsk e Lugansk organizaram "referendos" de anexação denunciados como ilegítimos pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.

As autoridades pró-russas nestas regiões ocupadas asseguraram que a grande maioria dos eleitores apoiou a anexação, resultados não reconhecidos por Kiev, nem pelas potências ocidentais.

Na tarde desta sexta-feira, o Kremlin organiza uma cerimônia para formalizar sua incorporação à Rússia.

 

 

AFP

Filas de russos que tentam escapar à mobilização militar continuam a entupir as estradas para fora do país.

 

RÚSSIA - As longas filas de russos que procuram escapar à mobilização militar continuavam na quarta-feira a 'entupir' as estradas para fora do país, enquanto Moscovo terá estabelecido gabinetes de recrutamento nas fronteiras, para interceptar alguns destes.

A Ossétia do Norte, região russa que faz fronteira com a Geórgia, decretou estado de "alerta máximo" e anunciou que comida, água, equipamentos de aquecimento e outras ajudas devem ser trazidas para aqueles que passam dias em filas.

No outro lado da fronteira, na Geórgia, voluntários também estão a mobilizar água, cobertores e outros tipos de assistência.

Aquela região russa restringiu a entrada de muitos carros de passageiros no seu território e montou um gabinete de recrutamento na fronteira de Verkhy Lars, referiram agências de notícias russas.

10 mil russos em fuga por dia

De acordo com o Ministério do Interior da Geórgia, cerca de 10.000 cidadãos russos estão a atravessar diariamente a fronteira.

Alguns meios de comunicação divulgaram fotos junto à fronteira, onde era visível uma carrinha preta com as palavras: gabinete de alistamento militar.

Outro gabinete deste género foi estabelecido no lado russo junto à fronteira com a Finlândia, segundo a agência de notícias russa independente Meduza.

O anúncio de Moscovo da mobilização de 300 mil reservistas, feito na semana passada, está a desencadear o êxodo de um grande número de homens russos em idade militar que se recusam a lutar na Ucrânia, alvo de uma ofensiva militar russa desde fevereiro passado.

Embora o Presidente russo, Vladimir Putin, tenha anunciado em 21 de setembro uma mobilização "parcial", muitos russos temem que seja muito mais amplo e arbitrário.

Homens sem formação militar

Na Rússia surgem inúmeros relatos de homens sem formação militar e de todas as idades a receberem avisos para serem mobilizados.

Aleksandr Kamisentsev, que deixou a sua casa em Saratov e fugiu para a Geórgia, descreveu a situação no lado russo da fronteira como "muito assustadora".

“É tudo muito assustador, lágrimas, gritos, um grande número de pessoas. Há um sentimento de que o governo não sabe como organizá-lo. Parece que eles querem fechar a fronteira, mas ao mesmo tempo têm medo de que os protestos aconteçam e deixam as pessoas saírem”.

Manifestantes munidos de bandeiras georgianas e ucranianas e cartazes como "Russia Kills" [Rússia Mata, em português] saudaram os russos na fronteira esta quarta-feira.

Os russos têm atravessado a fronteira de carro, mota, bicicleta ou a pé. Também há longas filas na fronteira com o Cazaquistão, que recebeu mais de 98 mil russos desde a semana passada. A Rússia tem fronteiras terrestres com 14 países.

 

 

LUSA

SIC NOTÍCIAS

RÚSSIA - A Rússia elevou ainda mais o grau de ameaça nuclear na Guerra da Ucrânia na terça-feira (27), afirmando pela primeira vez com todas as letras que pode atacar o país vizinho com a bomba atômica, "se for forçada".

As palavras, como sempre, partiram de um aliado linha-dura de Vladimir Putin, Dmitri Medvedev, presidente da Rússia de 2008 a 2012 e protegido do chefe que agora é número 2 dele no Conselho de Segurança.

Em seu canal no Telegram, Medvedev foi explícito sobre o emprego de artefatos nucleares contra a Ucrânia —algo antes apenas sugerido por ele e pelo próprio Putin não contra o vizinho, mas contra forças externas que interviessem de forma mais decisiva na guerra iniciada por Moscou em fevereiro.

"Vamos imaginar que a Rússia seja forçada a usar a mais assustadora arma contra o regime ucraniano, que cometeu atos de agressão de larga escala que são perigosos para a própria existência do nosso Estado", disse.

"Eu acredito que a Otan [aliança militar ocidental] não vai interferir diretamente no conflito mesmo nesse cenário. Os demagogos do outro lado do oceano e na Europa não vão morrer num apocalipse nuclear."

O cenário descrito por Medvedev é exposto após os Estados Unidos fazerem suas próprias ameaças em resposta à fala da semana passada de Putin, quando anunciou a mobilização de 300 mil reservistas enquanto promove a anexação de território ocupado na Ucrânia. O movimento visou conter a crise na campanha russa, após a perda de áreas no nordeste do vizinho para Kiev.

O presidente sugeriu que um ataque às novas terras que considera suas será considerado uma ação contra a soberania russa. Dentro da doutrina nuclear do Kremlin, isso ensejaria a resposta com armas nucleares, mesmo que a Rússia seja vítima de um ataque feito com armamento convencional. Putin já vinha fazendo ameaças atômicas desde o início da guerra.

O que Medvedev fez foi dar nome aos bois, repetindo que "certamente isso não é um blefe", como Putin já afirmara. No domingo (25), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, havia dito que deixou explícito ao Kremlin que o emprego da bomba teria consequências "horríveis" —ou seja, retaliação nuclear.

Na segunda (26), o Ministério da Defesa da Rússia fez sua parte no show e divulgou um exercício com parte da frota de bombardeiros estratégicos Tu-160, que podem empregar armas nucleares, com reabastecimento aéreo e testes de prontidão.

Por óbvio, tanto Medvedev quanto Putin blefam um tanto ao falar de apocalipse, já que na origem do conceito de um ataque nuclear está a ideia de que você não o anuncia, justamente para ter alguma janela de tempo e evitar um contra-ataque letal.

Mas suas falas abrem a possibilidade preocupante de preparar terreno para o emprego de armas nucleares táticas, aquelas de menor poder destrutivo e capacidade de contaminar o ambiente, para vencer batalhas contra alvos militares. As especulações apocalípticas são para as bombas estratégicas, aquelas que obliteram cidades inteiras, visando acabar com guerras.

O problema apontado por especialistas é a fronteira entre o uso de uma e de outra arma, algo que não está na doutrina militar russa ou americana. Uma escalada imprevisível é a primeira opção na mesa.

Mesmo o uso de bombas táticas é controverso, pois depende muito do terreno para ter eficácia sem exigir muitas detonações —aí sim amplificando o risco de desastre ambiental. Bombas táticas têm capacidade destrutiva variável, usualmente em torno de 5 quilotons, um terço da potência da ogiva lançada sobre Hiroshima em 1945.

Mas há modelos com um décimo disso, acomodáveis em maletas. Pensando num conflito centrado na Europa na Guerra Fria, a URSS acumulou um arsenal que especialistas creem ser de até 2.000 bombas táticas, ante 200 americanas. Só que isso não é controlado por acordos, então ninguém sabe exatamente.

Já as armas estratégicas são reguladas, com cerca de 1.600 para cada lado signatário do tratado Novo Start, ironicamente assinado pelos russos por Medvedev em 2009. EUA e Rússia controlam 90% do arsenal nuclear do mundo.

 

 

IGOR GIELOW / FOLHA de S. PAULO

UCRÂNIA - A Ucrânia anunciou, na segunda-feira (26), que está investigando uma suposta vala comum no nordeste do país, perto da fronteira russa, dez dias depois da descoberta de mais de 440 sepulturas e de uma vala comum na mesma região.

O local onde está localizada a suposta vala comum é uma fazenda industrial, que fica perto da cidade de Kozacha Lopan, a menos de três quilômetros da fronteira com a Rússia.

Durante a ocupação russa da região nos últimos meses, o Exército russo escondeu seus tanques lá.

Autoridades ucranianas disseram nesta segunda-feira que encontraram "até 100 corpos", sem dar mais detalhes.

No domingo (25), o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse ao canal americano CBS News que "mais duas valas comuns, grandes valas comuns, com centenas de pessoas", foram encontradas enterradas, mas não disse onde.

No início de setembro, as tropas ucranianas lançaram uma contraofensiva, com a qual recuperaram grandes extensões de território nesta região.

A suposta vala comum permanece, contudo, ao alcance do fogo da artilharia russa. Além disso, as equipes ucranianas ainda trabalham na desminagem, o que impossibilita que as equipes científicas realizem buscas neste momento.

De acordo com Lyudmila Vakulenko, chefe da administração local de Kozacha Lopan, o Exército ucraniano fez uma primeira tentativa de recuperar a cidade dos russos em abril, mas falhou.

Após a libertação da cidade, "os militares me disseram que tinham visto um local onde os soldados eram enterrados, mas não me disseram quantas" sepulturas havia, disse Vakulenko, nesta segunda-feira.

As autoridades ucranianas suspeitam de que tropas russas tenham enterrado soldados e civis ucranianos e russos lá.

Em meados de setembro, as autoridades ucranianas encontraram mais de 440 sepulturas e uma vala comum perto de Izium, em uma floresta de pinheiros nos arredores desta cidade do nordeste reconquistada por Kiev.

Desde o início de sua intervenção militar na Ucrânia, a Rússia negou repetidamente que suas tropas tivessem cometido quaisquer abusos. O Kremlin chamou a descoberta de centenas de túmulos em Izium de "mentiras".

 

 

AFP

RÚSSIA - Os referendos de anexação pela Rússia começaram na sexta-feira (23) em regiões da Ucrânia controladas total ou parcialmente por Moscou, num processo denunciado por Kiev e o Ocidente. As votações, consideradas um “simulacro” pelo governo ucraniano, são o prenúncio de uma provável escalada do conflito.

Os referendos começaram às 7h no horário local e poderão ser realizados até 27 de setembro nas regiões separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk (leste), e em áreas sob ocupação russa nas regiões de Kherson e Zaporíjia (sul). As votações são idealizadas há meses por Moscou, mas o calendário parece ter sido acelerado após a contra-ofensiva ucraniana, que obrigou o Exército russo a recuar no nordeste do país.

As consultas populares foram anunciadas pelo presidente Vladimir Putin no início da semana, que chegou a ameaçar com ataques nucleares para defender o que considera ser territórios russos.

De antemão, não há qualquer dúvida sobre o resultado destes referendos, organizados às pressas. O pleito foi criticado com veemência pelo governo ucraniano e seus apoiadores ocidentais, que acusam Moscou de repetir a estratégia utilizada na península da Crimeia em 2014, para assumir o controle de faixas inteiras de território ucraniano.

"Realizar este referendo é um passo histórico. Estamos voltando para casa", celebrou o líder da região separatista pró-Rússia de Donetsk, Denis Pushilin, em um vídeo publicado na manhã de sexta-feira no Telegram.

Os separatistas encarregados dos procedimentos eleitorais em Donetsk indicaram que, "por razões de segurança", já que os combates permanecem, a votação seria organizada principalmente de porta em porta durante quatro dias. As seções de votação abrirão "apenas no último dia", ou seja, em setembro 27.

Serão 450 e 461 seções nas regiões de Donetsk e Lugansk, respectivamente, 394 em Zaporíjia e 198 em Kherson. Vários locais de votação também foram abertos na Rússia para permitir o voto de "refugiados" que fugiram dos combates, segundo agências de notícias russas.

 

Aceleração dos planos

Os moradores das regiões separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk, que já declararam "independência", devem decidir se querem ou não fazer parte da Rússia. Já em Kherson e Zaporíjia, parcialmente ocupadas pelas forças russas, a pergunta feita é: "Você quer se separar da Ucrânia, criar estados independentes e se tornar parte da Rússia?"

O presidente da câmara baixa do Parlamento russo, Vyacheslav Volodin, exortou na sexta-feira seus "compatriotas" – os pró-russos da Ucrânia – a "escolher integrar a Rússia". "Nós vamos apoiá-los", disse.

Mesmo que a anexação dessas quatro áreas não seja reconhecida pela comunidade internacional, ela marcará um ponto de virada na ofensiva que a Rússia lidera na Ucrânia desde 24 de fevereiro. Na quarta-feira, o presidente Vladimir Putin decretou uma mobilização parcial de russos em idade de combate, que envolverá pelo menos 300 mil pessoas.

Acusando os ocidentais de querer "destruir" a Rússia, Putin também ameaçou usar "todos os meios", incluindo os nucleares – declarações que foram fortemente condenadas pelos Estados Unidos e a União Europeia.

 

"Combustível no fogo" 

Até a China, próxima de Moscou, tomou distância da Rússia após o anúncio dos referendos, pedindo “respeito à integridade territorial dos Estados”. A Rússia também se viu isolada no Conselho de Segurança da ONU, onde o secretário de Estado americano, Anthony Blinken, liderou acusações nesta quinta-feira.

"O fato de o presidente Putin ter escolhido esta semana, quando a maioria dos líderes mundiais se reúne na ONU, para adicionar combustível ao fogo que ele começou demonstra seu total desrespeito à Carta da ONU", disse Blinken, que se recusou a se encontrar com seu colega russo, Sergei Lavrov.

"A ordem internacional que tentamos salvar aqui está sendo destruída diante de nossos olhos. Não podemos deixar o presidente Putin se safar", adicionou ele, na reunião convocada pela presidência francesa.

Lavrov, presente na sala do conselho, onde também discursou, não estava sentado na mesma mesa dos demais ministros, sendo substituído por um deputado.

 

(Com informações da AFP)

RFI

RÚSSIA - Rússia e Ucrânia realizaram uma inesperada troca de prisioneiros nesta quarta-feira, a maior desde o início da guerra, envolvendo quase 300 pessoas, incluindo 10 estrangeiros e os comandantes que lideraram a longa campanha de defesa ucraniana na cidade de Mariupol no início deste ano.

Os estrangeiros libertados incluem dois britânicos e um marroquino que haviam sido condenados à morte em junho depois de serem capturados lutando pela Ucrânia. Também foram libertados outros três britânicos, dois norte-americanos, um croata e um sueco.

O momento e a magnitude da troca foram uma surpresa, já que o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma mobilização parcial de tropas no início do dia, em uma aparente escalada do conflito que começou em fevereiro. Separatistas pró-Rússia também disseram no mês passado que os comandantes de Mariupol iriam a julgamento.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que a troca --que envolveu a ajuda da Turquia e da Arábia Saudita-- estava em preparação há muito tempo e envolveu intensa negociação. Sob os termos do acordo, 215 ucranianos --a maioria dos quais capturados após a queda de Mariupol-- foram libertados.

Em troca, a Ucrânia enviou de volta 55 russos e ucranianos pró-Moscou, além de Viktor Medvedchuk, líder de um partido pró-Rússia banido que enfrentava acusações de traição.

"Esta é claramente uma vitória para nosso país, para toda a nossa sociedade. E o principal é que 215 famílias podem ver seus entes queridos seguros e em casa", disse Zelenskiy em um discurso em vídeo.

 

 

Por Valentyn Ogirenko e Aziz El Yaakoubi / REUTERS

COREIA DO NORTE - A Coreia do Norte disse, esta quarta-feira de manhã, que nunca forneceu armas ou munições à Rússia, ao contrário do que foi noticiado no final de agosto e corroborado por autoridades militares do Reino Unido e dos Estados Unidos.

Num comunicado, publicado na agência estatal KCNA, o regime de Pyongyang afirmou que "os Estados Unidos e outras forças hostis falaram de uma 'violação de resolução', espalhando rumores sobre 'acordos de armas' entre a República Popular Democrática da Coreia e a Rússia".

"Nunca exportamos armas ou munições antes e não estamos a planear fazê-lo", reafirmou a agência, citando uma fonte do ministério de Defesa Nacional norte-coreano.

No final de agosto, o New York Times noticiou que Moscovo estava a comprar projéteis e foguetes à Coreia do Norte. Mais tarde, o Ministério da Defesa do Reino Unido confirmou, num dos seus relatórios diários sobre a guerra na Ucrânia, que o Kremlin estava a comprar armas à Coreia do Norte, dada a ausência de armamento e a impossibilidade de comprar a outros países, por causa das sanções impostas pelo Ocidente.

Também o Pentágono declarou, no início de setembro, que a Rússia estava a negociar a compra de milhões de mísseis para usar na Ucrânia.

A Coreia do Norte deixou clara a sua tentativa de deitar por terra as informações avançadas pelos EUA, apelando ao país "que feche a boca" e que "pare de fazer circular tais rumores, que parecem direcionados a danificar a imagem" da Coreia do Norte.

As relações diplomáticas entre a Coreia do Norte e a Rússia mantêm-se próximas, depois de décadas de alianças que começaram quando os dois países eram comunistas e a União Soviética apoiou o regime comunista na península da Coreia. A Coreia do Norte é, além da Síria e da própria Rússia, um dos únicos países a reconhecer a autonomia das autoproclamadas repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk, cujo reconhecimento pelo Kremlin ajudou a dar início à invasão na Ucrânia.

Os norte-coreanos também ofereceram enviar 100.000 soldados para combater do lado dos russos.

A guerra na Ucrânia já fez mais de 5.900 mortos entre a população civil ucraniana, segundo contam os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a organização adverte que o real número de mortos civis poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar mortos em zonas ocupadas ou sitiadas pelos russos - em Mariupol, por exemplo, estima-se que tenham morrido milhares de pessoas.

 

 

NOTÍCIAS AO MINUTO

RÚSSIA - O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou, esta quarta-feira, a mobilização parcial de cidadãos russos para reforçar o contigente militar destacado na Ucrânia.

Trata-se da primeira comunicação dirigida ao país desde o início da invasão russa da Ucrânia. Vladimir Putin anunciou a "mobilização parcial" de cidadãos russos na Ucrânia. O chefe de Estado adiantou que, para já, se tratam de reservistas com experiência militar relevante.

De acordo com o ministério de Defesa da Rússia, serão mobilizados, de imediato, 300 mil reservistas, dos cerca de 25 milhões de que o país dispõe.

A três dias de se completarem sete meses de guerra na Ucrânia, Vladimir Putin justificou a decisão com a necessidade de "defender a soberania e a integridade territorial do país".

Esta nova diretriz surge dias após os militares ucranianos terem reconquistado vários territórios no leste da Ucrânia, naquela que é a maior contra-ofensiva dos últimos meses. Em resposta, Putin abre, assim, caminho a uma nova escalada do conflito.

No discurso que foi transmitido na televisão, o líder do Kremlin acusou, uma vez mais, o Ocidente de querer destruir a Rússia e de usar "chantagem nuclear".

"A chantagem nuclear também foi usada. Estamos a falar não só do bombardeamento da central nucelar de Zaporíjia, incentivado pelo Ocidente, que ameaça causar uma catástrofe nuclear, mas também de declarações de altos representantes dos países da NATO sobre a possibilidade e permissibilidade de usar armas de destruição em massa contra a Rússia: armas nucleares", salientou.

Putin garantiu que irá defender a Rússia e recordou que o país possui "várias armas de destruição", algumas mais avançadas do que aquelas que os países da NATO possuem.

Em resposta à ameaça à integridade territorial do nosso país, para proteger a Rússia e o nosso povo, vamos usar, sem dúvida, todos os meios de que dispomos. Não se trata de 'bluff'.

O chefe de Estado disse ainda que vai aumentar o fabrico de armamento e abrir novas fábricas.

 

Reações Internacionais ao discurso de Putin

O discurso do líder do Kremlin era aguardado desde ontem, mas acabou por ser adiado para a manhã desta quarta-feira.

Vários líderes ocidentais já criticaram este novo passo de Moscovo e consideram que representa um sinal de que a invasão está a falhar.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, já garantiu que o apoio da União Europeia à Ucrânia irá "permanecer firme".

Entretanto, a embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Bridget Brink, garantiu que os norte-americanos vão apoiar a Ucrânia "pelo tempo que for necessário". 

Já Mark Rutte, chefe do governo dos Países Baixos, disse considerou que a moiblização militar da Rússia é um "sinal de pânico" por parte de Moscovo.

Ben Wallace, ministro da Defesa do Reino Unido, partilha da mesma opinião e referiu que este anúncio é a "admissão de que a invasão está a falhar".

"A quebra do presidente Putin das suas próprias promessas de não mobilizar partes da população e a anexação ilegal de partes da Ucrânia são uma admissão de que a sua invasão está a falhar", salientou, num post feito na mesma rede social.

De salientar que, após o discurso de Putin, a procura de voos para sair da Rússia disparou, de acordo com dados do Google Trends.

 

Zelensky já reagiu ao discurso de Vladimir Putin

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já reagiu publicamente às declarações, dizendo não acreditar que Putin use as armas nucleares.

"Eu não acredito que ele vá usar essas armas (nucleares). Eu não acho que o mundo vá permitir que ele as use", disse, numa entrevista à estação de televisão alemã Bild TV.

O chefe de Estado ucraniano voltou a salientar que o homólogo russo quer afogar "a Ucrânia em sangue".

 

 

RFI

RÚSSIA - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu, esta terça-feira, que para a “paz ser estabelecida na Ucrânia”, a Rússia terá de devolver o território invadido, incluindo a Crimeia, anexada em 2014.

Em entrevista à estação norte-americana PBS, o líder turco foi questionado sobre se “uma solução” para o conflito passaria por dar à Rússia o território invadido. A resposta foi clara: “Não, sem dúvida que não”.

“Quando falamos de um acordo recíproco, é sobre isto que nos referimos. Se for estabelecida uma paz na Ucrânia, claro, o regresso do território que foi invadido tornar-se-á realmente importante. Isto é o que se espera. Isto é o que se pretende. [O presidente russo] Putin deu alguns passos. Nós demos certos passos”, asseverou.

Já quando pressionado sobre a Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014, Erdogan revelou que já “pediu” a Putin que devolvesse o território “aos seus legítimos proprietários”. “Desde 2014, temos vindo a falar com o meu querido amigo Putin sobre isto, e foi o que lhe pedimos. Pedimos-lhe que devolvesse a Crimeia aos seus legítimos proprietários. Infelizmente não foi dado qualquer passo em frente”, explicou.

Erdogan recusou dizer quem considerava estar “em vantagem” na guerra, afirmando que “pessoas estão a morrer e, no final de contas, ninguém vai ganhar”. “Tudo o que queremos fazer e queremos ver é o fim desta batalha com paz. Seja Putin, seja [Volodymyr Zelensky], sempre o pedi e recomendei”, disse à estação.

Segundo o presidente turco, a Rússia e a Ucrânia terão concordado em "trocar 200 prisioneiros na sequência de um acordo entre as partes". Erdogan não deu outros pormenores sobre este acordo, nem sobre as pessoas envolvidas - civis ou soldados.

Para o chefe de Estado turco, que se encontrou com Putin na semana passada em Samarcanda, no Uzbequistão, o presidente russo "quer acabar com esta guerra o mais rápido possível".

Sublinhe-se que em agosto, Erdogan encontrou-se primeiro com Putin na cidade russa de Sochi e, duas semanas depois, com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Lviv.

Antes, em julho, a diplomacia turca teve um importante papel no desbloqueio da exportação de cereais ucranianos e de fertilizantes russos, com Istambul a servir de cenário para a assinatura de acordos sobre a exportação de cereais e de produtos agrícolas através do Mar Negro, firmados pela Ucrânia, Rússia, Turquia e as Nações Unidas.

 

 

Márcia Guímaro Rodrigues / NOTÍCIAS AO MINUTO

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