BRUXELAS - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aumentará sua força de manutenção da paz em Kosovo se houver uma escalada das tensões com a vizinha Sérvia, disse o chefe da aliança na quarta-feira (17), às vésperas de negociações mediadas pela União Europeia (UE) entre os vizinhos dos Bálcãs ocidentais.
"Temos agora uma missão significativa, uma presença militar no Kosovo perto de 4 mil soldados", disse Jens Stoltenberg em entrevista coletiva após conversas com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, que estava ao lado dele, em Bruxelas.
"Se necessário, vamos mover forças, implantá-las onde for necessário e aumentar nossa presença. Já aumentamos a presença no norte. Estamos prontos para fazer mais."
As tensões entre Sérvia e Kosovo aumentaram este mês quando o governo kosovar disse que obrigará os sérvios que vivem no norte, que são apoiados por Belgrado e não reconhecem as instituições de Kosovo, a começar a usar placas de carros emitidas em Pristina.
A situação se acalmou depois que o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, sob pressão dos Estados Unidos e da União Européia, concordou em adiar a regra das placas de carros até 1º de setembro e as forças de paz da Otan supervisionaram a remoção dos bloqueios de estradas estabelecidos pelos sérvios.
No entanto, Vucic disse na entrevista coletiva na Otan que as conversas com Kurti na quinta-feira, que serão mediadas pela UE, serão difíceis porque os dois lados discordam em quase tudo.
Kurti, que se reuniu com Stoltenberg mais tarde, sublinhou a determinação de Kosovo em se tornar membro da Otan.
"As ameaças, riscos e desafios que a Otan enfrenta no atual ambiente de segurança também são sentidos por nosso país", disse ele a repórteres, ligando os problemas à influência da Rússia.
RÚSSIA - A Otan exigiu, nesta quarta-feira (17), uma "inspeção urgente" da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na usina de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, alvo de ataques dos quais russos e ucranianos se acusam mutuamente, aumentando o temor de um desastre nuclear. Kiev alertou que qualquer cenário é possível, enquanto suas equipes de resgate participam de exercícios simulados de agressões a instalações nucleares e suas tropas reforçam uma contraofensiva na Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
A explosão em um depósito militar russo na Crimeia, na terça-feira (16), é parte de uma tentativa ucraniana de enfraquecer as bases de retaguarda russas, no sul da Ucrânia. O exército russo revelou que um depósito militar perto de Djankoi, no norte da região anexada pela Rússia, tinha "sido danificado em consequência de um ato de sabotagem", sem, no entanto, nomear os responsáveis.
Em um vídeo obtido pela agência de notícias AFP, é possível ver nuvens de fumaça, das quais surgem bolas de fogo. “Várias infraestruturas civis, incluindo uma linha de alta tensão, uma central elétrica, uma linha ferroviária, bem como várias casas foram danificadas”, informou o exército russo.
As explosões ocorrem uma semana depois que outro aeródromo militar russo foi danificado, em Saki, na Crimeia. Moscou mencionou, então, um acidente, enquanto especialistas e imagens de satélite pareciam revelar o resultado de um ataque ucraniano. Pelo menos nove aviões foram destruídos, segundo o analista dinamarquês Oliver Alexander.
Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Crimeia tem servido como base logística para as forças russas. A ofensiva no sul da Ucrânia, que permitiu a Moscou conquistar grandes extensões de território nas primeiras semanas da guerra, começou por esta região.
O Instituto Norte-Americano para o Estudo da Guerra (ISW) analisa que esses ataques a posições russas na Crimeia sejam "parte de uma contraofensiva ucraniana coesa destinada a recuperar o controle da margem ocidental do Dnipro". As forças de Kiev também dispararam contra pontes que atravessam esse rio, com o objetivo de impedir o abastecimento e o reforço das tropas russas presentes na região de Kherson, prossegue o relatório americano.
Nesta quarta-feira, a Ucrânia ameaçou derrubar a ponte Kerch, construída por Moscou para conectar a Rússia à península anexada da Crimeia. "Esta ponte é uma estrutura ilegal e a Ucrânia não deu permissão para a sua construção", escreveu o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, no Telegram.
Neste 175º dia da guerra, o governador pró-ucraniano da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, relatou vários bombardeios russos que deixaram pelo menos dois mortos e treze feridos nas regiões separatistas do leste da Ucrânia.
Infraestruturas são alvo
Ao mesmo tempo, os russos miram nas infraestruturas ucranianas, como as redes de abastecimento de água. É o que destaca Franck Galland, especialista em questões de segurança relacionadas aos recursos hídricos.
“Antes do conflito, Mariupol havia investido maciçamente em redes para abastecimento de água. Hoje, estes investimentos estão todos parados e a infraestrutura existente foi destruída. Mesmo se houver paz amanhã, a cidade levará cerca de 20 anos para se reconstruir”, explicou em entrevista à RFI o autor de "War and Water” (edições Robert Laffont). “A população não é abastecida e os hospitais, sem água, não podem tratar dos feridos”, acrescenta.
Medo de acidente nuclear
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que é "urgente autorizar uma inspeção pela AIEA" na usina nuclear de Zaporíjia. Ele também pediu a "retirada de todas as forças russas" da maior central elétrica da Europa, controlada por Moscou desde o início de março. A ocupação russa da usina de Zaporíjia "representa uma ameaça séria para as instalações [e] aumenta o risco de um acidente ou um incidente nuclear", alertou.
Ciberataque
Nesta terça-feira (16), o operador público ucraniano de usinas nucleares Energoatom denunciou um ciberataque russo "sem precedentes" contra o seu site, afirmando, no entanto, que a operação na usina não foi interrompida. O grupo de piratas russos "People's Cyber Army" usou 7,25 milhões de robôs de internet que atacaram o site Energoatom por três horas, garantiu a empresa ucraniana, mas sem "impacto considerável".
A Ucrânia deve se preparar para "todos os cenários" na usina nuclear de Zaporíjia, ocupada por tropas russas e alvo de repetidos bombardeios, alertou o ministro do Interior ucraniano, Denys Monastyrsky, nesta quarta-feira.
Moscou e Kiev se acusam mutuamente por esses ataques que visam a usina. "Ninguém poderia imaginar que as tropas russas iriam disparar contra reatores nucleares usando tanques. Era algo impensável", afirmou o ministro durante uma viagem a Zaporíjia, cidade localizada a cerca de cinquenta quilômetros desta instalação nuclear.
Preparação para acidentes nucleares
Dezenas de equipes de resgate ucranianas participaram, nesta quarta-feira, de exercícios de primeiros socorros em caso de acidente nuclear em Zaporíjia. Equipados com máscaras de gás e roupas de proteção, eles treinaram para retirar os feridos e limpar os veículos contaminados.
"Devemos nos preparar para todos os cenários possíveis", disse Monastyrsky, acusando a Rússia de ser um "estado terrorista”. De acordo com a mesma fonte, “enquanto a Rússia controlar a usina nuclear de Zaporíjia, há grandes riscos".
O chefe do operador nuclear ucraniano Energoatom, Petro Kotin, estima que até 500 soldados russos, bem como cerca de cinquenta veículos militares, incluindo blindados e tanques, estejam na usina nuclear de Zaporíjia neste momento. “O pior é que, nas últimas duas ou três semanas, eles colocaram esses veículos na sala de máquinas das unidades 1 e 2", onde a eletricidade é produzida, disse Kotine, ex-diretor da instalação.
RÚSSIA - O exército russo chamou de "ato de sabotagem" a explosão desta terça-feira no depósito de munições de uma base militar na Crimeia, península anexada pela Rússia.
O depósito militar, perto de Dzhankoi, ao norte da Crimeia, "foi danificado na manhã de 16 de agosto por um ato de sabotagem", afirma um comunicado militar, citado por agências de notícias russas, que não aponta os responsáveis pela ação.
"Infraestruturas civis, como uma linha de alta tensão, uma central elétrica, uma ferrovia e várias casas também foram danificadas", explicou o Exército em seu comunicado.
Por volta das 03h15 GMT (00h15 no horário de Brasília), um incêndio ocorreu em um depósito temporário de munição em uma base russa no distrito norte de Dzhankoi.
"Após o incêndio, ocorreu uma detonação de munições", disse o Ministério da Defesa russo.
O governador da Crimeia, Sergei Aksionov, que foi ao local, indicou que dois civis ficaram feridos e que a retirada dos habitantes de um município vizinho estava em andamento.
"A manhã perto de Dzhankoi começou com explosões", disse o assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak no Twitter. "A Crimeia, em um país normal, é o Mar Negro, as montanhas, a diversão e o turismo. Mas a Crimeia ocupada pelos russos é de explosões de depósitos de munição e um alto risco de morte para invasores e ladrões", afirmou.
O chefe da administração presidencial ucraniana, Andriy Yermak, comemorou no Telegram "um trabalho de ourives das forças armadas ucranianas em uma operação de 'desmilitarização'" que continuará, segundo ele, "até a completa libertação dos territórios ucranianos".
UCRÂNIA - "Se morrermos, acontecerá em um segundo e não sofreremos", diz Anastasia, moradora de Marganets. Nesta cidade ucraniana, a poucos quilômetros da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pelas tropas russas, a população vive com medo constante.
Nos últimos dias, Kiev e Moscou se acusaram mutuamente de realizar bombardeios no complexo da usina nuclear, a maior da Europa.
Na quinta-feira, os ataques danificaram alguns sensores de nível de radioatividade.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou para a gravidade da situação.
Marganets está a apenas 13 quilômetros de Zaporizhzhia. A cidade, localizada no topo de uma colina, permanece sob controle ucraniano e dela é possível ver, do outro lado do rio Dnieper, a usina nuclear construída nos tempos soviéticos.
"Se morrermos, acontecerá em um segundo e não sofreremos. Me tranquiliza saber que meu filho e minha família não sofrerão", diz Anastasia, 30 anos, fazendo compras.
- "Coisas terríveis" -
A usina nuclear de Zaporizhzhia está na linha de frente desde que foi tomada pelas tropas russas no início de março, dias após o Kremlin ordenar a invasão da Ucrânia.
Em Marganets, os militares ucranianos aconselham a não se aproximar da margem do rio Dnieper, por medo de que o inimigo atire da margem oposta, a cerca de 6 quilômetros de distância.
A cidade, que tinha cerca de 50.000 habitantes antes da guerra, tem um centro animado onde as pessoas vivem suas vidas diárias além dos pensamentos sombrios e rumores persistentes sobre o estado dos seis reatores da usina.
"Estou com medo por meus pais e por mim. Quero viver e aproveitar a vida nesta cidade", diz Ksenia, de 18 anos, que atende clientes em um café na principal rua comercial.
"O medo é constante. E as notícias dizem que a situação na usina é muito tensa, então cada segundo que passa é terrível. Você tem medo de dormir, porque coisas horríveis acontecem à noite", acrescenta.
Em Marganets e Nikopol, outra cidade a uma curta distância rio abaixo, 17 pessoas foram mortas esta semana em ataques noturnos, segundo autoridades locais.
A Ucrânia acusa a Rússia de disparar do outro lado do rio e de dentro do complexo nuclear.
As tropas ucranianas se abstêm de responder por medo de desencadear uma catástrofe.
Na sexta-feira, um alto funcionário ucraniano disse à AFP que as tropas russas estão até "atirando em algumas áreas da usina para dar a impressão de que a Ucrânia está fazendo isso".
Uma situação que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu como "chantagem nuclear".
"Acho que os russos estão usando a usina como um ás, para perseguir seus próprios objetivos", diz Anton, de 37 anos.
A Ucrânia foi em 1986 cenário do desastre nuclear de Chernobyl, 530 quilômetros a noroeste de Marganets.
Naquele ano, um reator nuclear explodiu, liberando radiação na atmosfera. Cerca de 600.000 pessoas foram alistadas como "liquidadores", encarregados de descontaminar a terra ao redor da usina.
O número oficial de mortos é de apenas 31, mas algumas estimativas falam de dezenas de milhares e até centenas de milhares de mortes.
Em Marganets existe um monumento a esses "liquidadores".
Ao lado da cratera aberta por um foguete que caiu em Marganets à noite, Sergei Volokitin, de 54 anos, relembra aqueles tempos.
"Depois que me formei trabalhei na mina, e na minha equipe havia duas pessoas que eram liquidadores", lembra.
"Sabíamos tudo o que acontecia lá. Conhecemos os efeitos da radiação e quais serão as consequências se algo acontecer".
UCRÂNIA - O representante chinês na Organização das Nações Unidas (ONU), Zhang Jun, alertou o Conselho de Segurança de que um acidente na central nuclear de Zaporizhia poderá ser mais grave do que o ocorrido em Fukushima, em 2011.
Segundo comunicado da missão chinesa na ONU, Zhang lembrou, nessa quinta-feira (11), que Zaporizhia, no Leste da Ucrânia, é a maior central nuclear da Europa e disse que não quer que "o mesmo risco" se repita.
O acidente nuclear de Fukushima, no Japão, ocorreu em 11 de março de 2011, depois de intenso terremoto de 9 graus na escala Richter, que provocou ondas de cerca de 15 metros de altura e matou quase 18 mil pessoas.
Em reunião de emergência do Conselho de Segurança, convocada pela Rússia, o representante chinês apelou a russos e ucranianos que exerçam "contenção, atuem com prudência, evitem tomar medidas que comprometam a segurança nuclear".
Tropas russas controlam atualmente Zaporizhia, que tem sido alvo de bombardeios nesta semana, com Kiev e Moscovu a trocando acusações sobre os recentes incidentes de segurança na central.
O diplomata chinês manifestou apoio à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para desempenhar "papel ativo" na promoção de questões de segurança e proteção nuclear.
Zhang Jun pediu também à Rússia e à Ucrânia que removam "obstáculos" à visita de uma equipe de especialistas da AIEA a Zaporizhia.
Ele afirmou que, após cinco meses de guerra e conhecendo os problemas de segurança que o conflito representa para as instalações nucleares, somente com o restabelecimento da paz os riscos nucleares podem ser eliminados.
Na mesma reunião, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse que análises preliminares indicam não haver "ameaça imediata" à segurança nuclear após ataques a Zaporizhia, mas alertou que a situação é grave e "pode mudar" rapidamente.
UCRÂNIA - A Ucrânia responderá ao bombardeio de uma cidade pelos russos e precisa avaliar como infligir o máximo dano possível à Rússia para encerrar a guerra rapidamente, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na quarta-feira (10).
A Ucrânia disse que 13 pessoas morreram e 10 ficaram feridas após a Rússia disparar foguetes contra Marhanets a partir do território de uma usina nuclear que foi capturada na região de Dnipropetrovsk.
"As forças armadas da Ucrânia, nossa inteligência e nossas agências de aplicação da lei não deixarão sem resposta o bombardeio russo de hoje na região de Dnipropetrovsk", disse Zelenskiy em um discurso em vídeo.
O ataque, segundo ele, ressaltou a necessidade de os aliados fornecerem armas mais poderosas aos militares ucranianos.
"Quanto mais perdas os ocupantes sofrerem, mais cedo poderemos liberar nossa terra e garantir a segurança da Ucrânia", disse.
"Isto é o que todos que defendem nosso Estado e ajudam a Ucrânia devem pensar - como infligir as maiores perdas possíveis aos ocupantes para encurtar a guerra."
UCRÂNIA - Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas por bombardeamentos russos no distrito ucraniano de Nikopol, na região de Dnipro, no sul do país.
"O inimigo atingiu o distrito duas vezes com o Grad MLRS [sistema de lançamento múltiplo de mísseis], disparando 80 mísseis contra bairros residenciais", disse hoje Valentyn Reznichenko, chefe da Administração Militar Regional de Dnipro.
Os russos "lançaram um ataque deliberado e insidioso enquanto as pessoas dormiam em suas casas. As comunidades de Marhanets e Myrove foram atacadas", disse o responsável na plataforma Telegram.
Em Marhanets, dez pessoas morreram e outras 11 ficaram feridas. Dez moradores foram hospitalizados, sendo que sete estão em estado grave.
Mais de 20 blocos de apartamentos, um centro de serviços administrativos, o palácio da cultura, duas escolas, o edifício da Câmara Municipal e várias outras instalações administrativas foram danificados, disse Reznichenko.
Uma linha de transmissão elétrica foi afetada, deixando vários milhares de moradores de Marhanets sem energia. Equipas de emergência e eletricistas estão a realizar reparações, acrescentou o responsável.
"Uma mulher foi morta em Vyshchetarasivka, na comunidade de Myrove. A sua casa foi completamente destruída por um projétil inimigo", disse Reznichenko.
Nesta área, um casal ficou ferido, enquanto 11 casas particulares e gasodutos foram danificados. Cerca de mil pessoas ficaram sem abastecimento de gás natural.
A vizinha região de Zaporijia, já controlada em parte por tropas russas, sofreu nos últimos dias fortes ataques que tentam deter uma contraofensiva ucraniana.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
LUSA
KIEV - A Rússia mobilizou forças terrestres, ataques aéreos e artilharia em uma ofensiva devastadora que visa completar a captura do leste da Ucrânia, mas Kiev disse que suas tropas estão resistindo ferozmente.
Combates intensos foram relatados nesta terça-feira em localidades da linha de frente perto da cidade de Donetsk, no leste, onde autoridades ucranianas disseram que tropas russas estavam lançando ondas de ataques enquanto tentam tomar o controle da região industrializada de Donbas.
"A situação na região é tensa --bombardeios são constantes em toda a linha de frente... O inimigo também está usando muitos ataques aéreos", disse Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donetsk, uma das duas que compõem Donbas, à TV ucraniana.
"O inimigo não está tendo sucesso. A região de Donetsk está resistindo."
Os militares ucranianos disseram que repeliram ataques terrestres na direção das cidades de Bakhmut e Avdiivka e destruíram unidades de reconhecimento russas, inclusive perto de Bakhmut.
A Rússia deu uma avaliação diferente. O líder checheno Ramzan Kadyrov afirmou que suas forças capturaram uma fábrica para Moscou nos limites da cidade de Soledar, e outras forças apoiadas pela Rússia disseram que estavam no processo de "limpar" a vila fortemente fortificada de Pisky.
Alguns dos lugares que a Rússia está atacando, como Pisky, são assentamentos fortemente fortificados entrecruzados com túneis e trincheiras onde as forças ucranianas estão há muito entrincheiradas.
A Reuters não pôde verificar os relatos do campo de batalha de nenhum dos lados.
A inteligência militar britânica, que está ajudando a Ucrânia, disse que o avanço da Rússia em direção à cidade de Bakhmut foi sua operação de maior sucesso em Donbas nos últimos 30 dias, mas que conseguiu avançar apenas cerca de 10 quilômetros. Acrescentou que as forças russas em outras áreas não ganharam mais de 3 km no mesmo período.
A Rússia, como parte do que chama de "operação militar especial", afirmou que planeja assumir o controle total de Donbas em nome das forças separatistas pró-Kremlin, enquanto autoridades russas instaladas em partes do sul da Ucrânia disseram que planejam avançar com referendos para aderir à Rússia.
A Ucrânia, que diz que a Rússia está realizando uma guerra de agressão não provocada ao estilo imperialista, está apostando em sofisticados sistemas de foguetes e artilharia fornecidos pelo Ocidente para degradar as linhas de suprimentos e logística russas.
Kiev, que fez progressos modestos nas últimas semanas na retomada de alguns assentamentos em alguns lugares, também está recebendo ajuda ocidental quando se trata de inteligência, treinamento e logística, e espera poder lançar uma contraofensiva mais ampla no sul da Ucrânia para desalojar as forças de Moscou.
O presidente da Ucrânia, Volodymr Zelenskiy, disse em entrevista ao Washington Post que deseja que o Ocidente imponha uma proibição de viagens geral a todos os russos, incluindo aqueles que fugiram da Rússia desde 24 de fevereiro, e que eles "vivam em seu próprio mundo até que mudem sua filosofia".
Por Pavel Polityuk / REUTERS
UCRÂNIA - A administração russa instalada na cidade ocupada de Energodar acusou a Ucrânia de ter bombardeado a central nuclear de Zaporizhzhia, controlada pela Rússia, avançou a agência TASS.
"Hoje, durante a mudança de turno dos trabalhadores da central, por volta das 15h00, unidades nacionalistas dispararam sobre a zona da central a partir do território controlado pelo regime ucraniano", referem as forças invasoras acrescentando que o ataque provocou um incêndio na central e cortou duas linhas de abastecimento de energia necessárias ao seu funcionamento.
Por outro lado, a Energoatom, empresa que opera a central nuclear, afirma que o ataque foi lançado por um bombardeamento russo e acusa Moscovo de "provocação", através de uma mensagem partilhada no Telegram.
A empresa acusa os russos de encenar um ataque e disparar na direção da central.
Recorde-se que ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
RÚSSIA - Moscou acusou, os Estados Unidos de estarem “diretamente envolvidos” na guerra na Ucrânia, através do fornecimento do apoio de inteligência e ao coordenar, os ataques com mísseis do exército ucraniano.
O líder da inteligência militar ucraniana, Vadym Skibitsky, falou a um jornal britânico sobre parcerias entre agentes ucranianos e norte-americanos. E com isso, o porta-voz da Defesa russo, Igor Konashénkov, apontou as declarações, como provas de que EUA e Ucrânia coordenam as operações dos lança-foguetes móveis HIMARS.
“A administração de Joe Biden é diretamente responsável por todos os ataques de mísseis aprovados por Kiev em áreas residenciais e infraestruturas civis em áreas povoadas de Donbass e outras regiões que causaram a morte de muito civis“, disse o Ministério de Defesa da Rússia em comunicado.
Já Vadym Skivitsky negou que os EUA interfiram ou apontem os alvos a serem atingidos, mas não descartou que ambos os países troquem informações antes de cada ataque.
Segundo fontes a posição oficial dos Estados Unidos sobre estarem envolvidos na guerra é de total apoio econômico e logístico aos ucranianos. Nesta semana, os EUA anunciaram um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia, de 550 milhões de dólares, que inclui projéteis e lança-foguetes HIMARS.
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