Neste dia do cantor, celebrado em 13 de julho, conheça a história de artistas anônimos que dividem seus sonhos com outras profissões enquanto não alcançam o sucesso
SÃO PAULO/SP - Considerada um celeiro da música sertaneja, Goiânia atrai artistas anônimos de todo o Brasil que querem tentar a sorte no mundo do show business, inspirados em nomes que se despontaram a partir da cidade, como Jorge e Mateus, Bruno e Marrone, Leandro e Leonardo e Zezé Di Camargo e Luciano. Enquanto a fama não vem, essas pessoas precisam ganhar a vida e ocupam os mais diversos cargos em empresas revelando seus talentos para seus colegas entre um intervalo e outro no trabalho. Um deles é o técnico de segurança do trabalho da Toctao Engenharia, Diogo Freitas, 29 anos, que saiu da cidade de Corrente, no interior do Piauí, em 2012, em busca de mais oportunidades para mostrar sua vocação musical em Goiânia.
Enquanto o sonho não se realiza, ele ganha seu sustento na construção civil, mas sem desistir de sua jornada ao sucesso. “Goiás é o estado onde encontramos grandes cantores que são inspiração para mim, como Zé Neto e Cristiano e Henrique e Juliano. Apesar de ser difícil ganhar esse espaço, eu nunca desisti de cantar profissionalmente”, disse Diogo, que sempre cantou pelas cidades por onde passou. “Eu nasci em Goiânia, mas ainda criança mudei com minha família para Uberlândia, depois para o Maranhão e o Piauí, até retornar para Goiás em busca do meu sonho de cantar”, completa.
Na infância, Diogo Freitas participava de shows de calouros e cantava em algumas festas das empresas onde seu pai trabalhava. Em Goiânia, passou a cantar em alguns bares e restaurantes. Porém, uma grande motivação para ele seguir buscando seu espaço na música surgiu dentro de um canteiro de obras da Toctao, quando ele se encontrou o auxiliar de almoxarifado Gilson Silva.
“Descobri que tínhamos um sonho em comum e, desde o ano passado, começamos a pensar alguns projetos para cantarmos juntos”, detalha Diogo. Gilson, 25 anos, disse que seu sonho de virar músico surgiu ainda na adolescência, aos 12 anos, quando tocava violão na igreja. Desde então, foi aprendendo a tocar uma variedade de instrumentos musicais, como contrabaixo, teclado, bateria e ukulele. “Toda pessoa que começa a cantar tem esse desejo de se tornar profissional e estou lutando para isso”, disse. “Com essa parceria, espero alcançar esse objetivo”, completa Gilson.
Barreira
Diogo e Gilson são influenciados pela música sertaneja, principalmente pelas duplas Zezé di Camargo e Luciano, Zé Neto e Cristiano e Henrique e Juliano. Gilson ainda gosta de clássicos da MPB, como Djavan, Gilberto Gil e Zeca Baleiro. Com o projeto inspirado nesses grandes nomes, a dupla teve que interromper alguns passos do planejamento com a pandemia. “Infelizmente, o coronavírus acaba interferindo porque não podemos fazer algumas participações em bares e restaurantes. Já íamos começar a nos preparar para ensaiar quando chegou a Covid-19”, afirma Gilson.
“Apesar disso, esse momento permite estudar e aperfeiçoar alguns pontos. Agora, por exemplo, estou focado em treinar para ser a segunda voz e deixar o Diogo com a primeira”, detalha o auxiliar de almoxarifado que busca um espaço no cenário musical goiano. Diogo e Gilson também aproveitam alguns momentos durante o almoço no trabalho para tocar e já ir afinando a dupla.
Música para divertir
Outro que também se aventura com a música é o encarregado de carpintaria e ferragem José Adriano Sousa. Porém, ele toca violão e canta com apenas um objetivo: animar as pessoas e vê-las comemorando felizes. “Eu costumo tocar apenas para colegas e familiares. Nunca tive o sonho de ser um cantor profissional, mas de ver as pessoas alegres quando eu canto”, disse o pernambucano que trabalha em um canteiro de obras da Brasal Incorporações.
José Adriano se inspira nas bandas e artistas do forró nordestino, como Wesley Safadão, Aviões do Forró e Saia Rodada, mas o encarregado de carpintaria também gosta de ouvir e tocar músicas sertanejas, principalmente Henrique e Juliano e Gusttavo Lima. Apesar de ouvir esses grandes talentos, a grande motivação para começar a tocar veio da família. “Desde os 10 anos, via o meu pai tocando e isso despertou o meu interesse. Aos 16 anos, comprei meu teclado e comecei a brincar com os meus amigos e, desde então, não parei”, conta.