SANTOS/SP - Pelo menos 33 golfinhos da espécie conhecida como doninha foram encontrados mortos em praias da Baixada Santista no período de pouco mais duas semanas, de 30 de setembro a 15 de outubro. As mortes podem ter relação com o aumento na poluição do mar e também devido à pesca com rede.
Outro motivo apontado por especialistas seria a estação do ano, já que a primavera marca o nascimento de filhotes, o que pode acarretar um maior número de encalhes, já que esses animais acabam ficando mais vulneráveis.
Só neste ano já foram achados mortos 183 animais nas praias do litoral de São Paulo, de acordo com o Instituto Gremar, responsável por trecho do Programa de Monitoramento das Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Como esse tipo de espécie se aproxima da costa para reproduzir, a expectativa dos especialistas é a de que o número deste ano supere o total de perdas do ano passado, quando houve 235 mortes de doninhas. Em 2020, haviam sido 173.
O Instituto Gremar aponta que a toninha é uma das menores espécies de golfinho do mundo e exista apenas na América do Sul, especificamente entre o Espírito Santo, no Brasil, e o Golfo San Matias, na Argentina.
Está criticamente em perigo, segundo a lista oficial das espécies brasileiras ameaçadas. Apelidada de “golfinho invisível” por ser animal raro e muito tímido, ela não salta para fora da água como outros golfinhos.
A presença das doninhas é comum nesta época em águas rasas do litoral, próximas da costa, porque se trata de período de reprodução. Entre os seus alimentos estão peixes como sardinha, pescadinha e manjuba, o que atrai também pescadores adeptos de redes para a prática. Como esse animal tem focinho longo, acaba ficando preso às redes de pesca.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está monitorando a situação das toninhas e diz estar apoiando parceiros que buscam a conservação da espécie.
Francisco Lacerda / ISTOÉ DINHEIRO