Barreiras estruturais e sociais impõem limitações às pessoas com deficiência
SÃO CARLOS/SP - Praias, shopping centers, academias, escolas, universidades. Nesses locais, já ouvimos frases como "aqui não é lugar para pessoa com deficiência frequentar" ou "essa pessoa tem que procurar um lugar adequado pra ela". Falas e pensamentos como esses expressam o capacitismo, ou seja, a discriminação de pessoas com deficiência. Para ajudar a combater essa prática, a campanha "Discriminação não cabe na UFSCar. Aprenda, ensine: Violência é crime" aborda agora o assunto. A iniciativa é da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
"Capacitismo é a prática de colocar sobre um único sujeito toda uma responsabilidade de pertencimento que, na verdade, deve ser coletiva e interdependente entre as pessoas que constituem e constroem diariamente uma determinada realidade (escolar, profissional, familiar, cultural, de lazer, de esporte etc.). Assim, se uma pessoa com deficiência acessa um ambiente e, nele, não tem autonomia, não se trata de uma incapacidade pessoal e/ou incompetência. Se essa pessoa enfrenta barreiras nesse lugar, é certo que ele não está organizado de maneira interdependente e cooperativa para a coparticipação, corresponsabilização e emancipação coletiva", explica Leonardo Santos Amâncio Cabral, professor do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar.
"Muitas vezes, esse preconceito não é percebido nem por quem pratica e nem por quem é vítima, tornando assim muito difícil de combater", completa Jorgeane da Mota Trindade de Oliveira, autista e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da UFSCar. "Mas posso dizer que o mais difícil é a sociedade subestimar a capacidade da pessoa com deficiência não lhe dando oportunidades. Além disso, a tendência é colocar essa pessoa como preguiçosa, sem força de vontade, 'não faz porque não quer'. Toda deficiência traz suas limitações. Nós não somos apenas um diagnóstico, o diagnóstico não define nossas capacidades, mas as barreiras impostas pela sociedade. No Brasil o que mais sofremos são com as barreiras atitudinais", explica a estudante da UFSCar.
"O autismo é caracterizado por déficits persistentes na comunicação social e na interação, e déficits na comunicação social", explica a pesquisadora. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM 5, citado por ela, o autismo é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, isso quer dizer que ele precisa estar presente ainda no início da infância do indivíduo. Ainda de acordo com o DSM 5, o autismo é classificado em três níveis de suporte: o nível 1 exige apoio, no nível 2 apoio substancial, e no nível 3 apoio muito substancial.
"Sendo nível de suporte 1, passei no vestibular depois da sétima tentativa. Era uma criança quieta e muito calada. Isso, na década de 1980 e 1990, era o esperado. Mas sempre tive uma ingenuidade e sinceridade muito sem filtro, comum em nós autistas. Não sentia falta de estar com muitas pessoas. Na minha graduação assim como na época de escola, eu passava mal com os barulhos, sempre com ânsia de vômito e dor de barriga. Um cansaço que parece que nunca vai acabar. Sempre estava na biblioteca, estudando e lendo. Porém, crescer sentindo tanta coisa e sempre tentando me igualar a meus pares trouxe muito sofrimento e adoecimento", conta Oliveira. "Apenas com o diagnóstico do meu filho em 2018 foi levantada a possibilidade de eu também ser autista. Naquela época, eu estava tomando cinco medicações - para dormir, acordar, para ansiedade, depressão e modulador de humor", continua.
Segundo ela, "é comum que profissionais da área de Saúde Mental incorram em equívocos nos diagnósticos quando a pessoa é do nível 1 de suporte. Foi o que aconteceu comigo. Mas em 2020, quando eu tinha 40 anos, consegui passar com uma psiquiatra que tem especialidade em atender pessoas autistas e outras condições. Foi uma consulta de quase três horas. Fiquei muito cansada, e eu havia falado a ela que estava exausta. Ela concluiu dizendo: 'Você é uma pessoa autista, nível 1 de suporte e provavelmente com altas habilidades - nunca avaliei para isso. Sinto muito que você tenha passado por tantos profissionais que não conseguiram ver que você é uma pessoa autista.' O diagnóstico não mudou quem eu sou, mas mudou meu olhar sobre mim e sobre minhas potencialidades, me ver além da deficiência".
Formas de deficiência e estigma
O autismo é apenas uma forma de deficiência, que pode ser física, intelectual e sensorial, como explica o docente da UFSCar. Além disso, há as pessoas com deficiências múltiplas, quando estão combinadas duas ou mais deficiências. "Então, o indivíduo pode ter deficiência intelectual e ser pessoa com deficiência física", exemplifica o professor. Além disso, temos as pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) que não são pessoas com deficiência, mas com os mesmos direitos legais de pessoa com deficiência", esclarece o professor.
"Estamos lidando com pessoas que historicamente foram estigmatizadas, infantilizadas, coisificadas, objetificadas, colocadas como exóticas na sociedade. Muitas vezes as pessoas com deficiência, mesmo enquanto adultas, não são vistas como adultas: elas são infantilizadas e, inclusive, assexuadas, como se elas também não tivessem gênero, como se elas não fossem capazes. Isso se enquadra na discriminação, no capacitismo, pois elas podem construir uma família, serem autônomas, serem excelentes profissionais. Hoje, temos uma ascensão de pessoas com deficiência ingressando nas instituições de Ensino Superior e, ainda assim, a perspectiva de muitos professores tem sido atravessada pelo capacitismo, pela falta de informação, pelo estranhamento da diferença e isso vai impactando os métodos e as formas de avaliar o sujeito profissional nas diversas áreas do conhecimento. Então, é importante falarmos de capacitismo para pensarmos como podemos garantir os direitos humanos das pessoas com deficiência, inclusive nos ambientes educacionais, profissionais, de lazer, culturais e em todas as outras dimensões sociais que todos devemos ter acesso e que é uma condição constitucional".
A estudante da UFSCar concorda: "Como se tratam de condições 'invisíveis', e até mesmo pelo estigma da condição, são pessoas que podem ter um sentimento de inadequação e ter uma certa dificuldade em fazer e manter amigos. Na realidade, não é uma dificuldade em fazer e manter amigos, são cérebros que não veem muito sentido em coisas que a maioria vê. Isso não dá o direito a ninguém de recriminar a forma de ser e estar no mundo daquela pessoa. Mas entendo que esse assunto é difícil para pessoas que não são neurodivergentes ou não tenham outra deficiência compreender. É algo que levará algum tempo para que possamos chegar num denominador comum, o respeito a todos".
"Nada sobre nós sem nós"
Para o professor da UFSCar, "o próprio fato de hoje estarmos falando sobre capacitismo em agendas anuais que demarcam o dia da pessoa com deficiência já é um avanço. Parece pouco, mas essa vitrine que tem sido representada e valorizada, inclusive, nas mídias sociais por pessoas com e sem deficiência falando sobre as pessoas com deficiência. O lema Nada sobre nós sem nós', que nasce na década de 1960 com os movimentos estudantis, norteou a elaboração da Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência em 2006, que foi referendada no Brasil em 2009. Assim, as pessoas com deficiências têm conquistado seus protagonismos em suas próprias histórias, nos diversos espaços da sociedade, inclusive com políticas de ações afirmativas", celebra o professor.
Mas ainda há muito por fazer. Para ele, os principais desafios têm a ver com a transformação cultural sobre a compreensão do que é ser alguém com deficiência. "Recentemente, uma pessoa de uma instituição jurídica entrou em contato comigo pedindo indicação de uma pessoa com deficiência para dar uma palestra sobre os direitos dessa população. Foi um pedido a 'toque de caixa'. Então, indiquei uma pessoa com mestrado acadêmico e com carreira profissional de mais de 10 anos. Porém, ao saberem que essa pessoa utiliza cão-guia, desconsideraram-na com o argumento de que sua passagem aérea seria mais cara e os trâmites seriam mais burocráticos. É como se a pessoa com deficiência fosse mais cara, inclusive, o que não é verdade. Esse ato pode ser considerado discriminação com base na deficiência. Muitas coisas têm mais a ver com acessibilidade atitudinal do que qualquer outra coisa. Não se trata de questão financeira, patrimonial etc.", exemplifica.
A doutoranda da UFSCar reforça a necessidade de transformação do meio em algo acolhedor, sem barreiras. "Somos pessoas com deficiência (no caso do autismo para fins legais), fazemos parte da sociedade e interagimos com o meio. Mas o meio ainda está em transformação, ainda não é acolhedor a todos os corpos e mentes diferentes. É um meio que precisa se transformar para acolher a todos de maneira equitativa, do contrário, a deficiência do meio em nos atender sempre será nossa principal barreira para poder estar onde queremos estar".
E como as pessoas podem contribuir para combater o capacitismo e cultivar uma cultura mais acolhedora para pessoas com deficiência? "Informação", responde a doutoranda da UFSCar. "Essa é a palavra que para a comunidade PcD [sigla frequentemente utilizada para Pessoa com Deficiência] se torna uma das mais importantes na luta contra o capacitismo. Todos nós, em algum grau, fomos ou somos capacitistas. Para combater isso, busque informação. Se tem dúvida sobre o assunto, pergunte à própria pessoa com deficiência; se tiver vergonha de perguntar, procure pessoas que trabalham ou conhecem nossa luta. Mas nunca deduza que você conhece mais da deficiência dessa pessoa do que ela própria. Seja qual for o diagnóstico dela, esse diagnóstico faz parte da vida dela, um ou vários profissionais habilitados lhe deram o diagnóstico. Alunos, funcionários e professores, acolham o diferente, tentem conhecer esse universo tão singular e rico que é o das pessoas com deficiência. Vão se surpreender!".
Serviço
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei nº 13.146), em seu Art. 2º, considera pessoa com deficiência "aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas".
Ainda segundo a Lei, discriminar pessoa com deficiência é crime. Por isso, em caso de emergência, acione a Polícia Militar pelo Disque 190. Se o crime já aconteceu, procure uma autoridade policial para registrar a ocorrência.
Sobre a campanha "Discriminação não cabe na UFSCar"
A campanha "Discriminação não cabe na UFSCar. Aprenda, ensine: Violência é crime" é uma estratégia para realizar um movimento educativo com a comunidade, a fim de que todas as pessoas possam perceber o quanto são violentas em suas atitudes cotidianas, mudando seu comportamento. Ela também tem o papel de mostrar que qualquer ato de violência é passível de investigação e punição perante a lei.
A Campanha apresenta temas diversos: racismo, transfobia, machismo, gordofobia, etarismo, assédio e capacitismo. Os conteúdos estão sendo veiculados no Portal da UFSCar e nas redes da UFSCar Oficial no Facebook e Instagram (@ufscaroficial), além de contar com a participação da Rádio UFSCar. "Somos uma comunidade humana e plural. Combater todos os tipos de violência é importante para garantir o convívio pacífico e, mais que isso, permitir que as diferentes visões de mundo se encontrem e permitam, com isso, a construção de um conhecimento plural, diverso, elaborado a partir de diferentes pontos de vista, experiências e culturas. Não é possível viver em uma sociedade de paz sem combater todos os tipos de violência", afirma o Secretário Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (SAADE), Vinícius Nascimento.
"Cada pessoa da comunidade UFSCar precisa se enxergar como um instrumento dessa transformação. A mudança exige o trabalho diário, a partir do diálogo franco e do forte engajamento de todas e todos", conclui Ana Beatriz de Oliveira, Reitora da Universidade.
Publicado pela EdUFSCar, obra tem autoria de Andreza Aruska de Souza Santos
SÃO CARLOS/SP - Um olhar dirigido para o Brasil no final do ciclo de crescimento econômico patrocinado pela exportação de commodities, entre os anos de 2002 e 2013, com foco nos locais onde essas matérias exportadas são produzidas. Essa história, com base em pesquisa, está contada nas páginas da obra "Memória Seletiva - o patrimônio cultural e o extrativismo no Brasil", de autoria de Andreza Aruska de Souza Santos e publicada pela Editora da Universidade Federal de São Carlos (EdUFSCar).
Ela é formada em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), com mestrado em Estudos Globais, doutorado em Antropologia Social, e atual diretora do Brazil Institute no King's College London. O livro que está sendo lançado é resultado da pesquisa de doutorado da autora realizada na University of St Andrews (Reino Unido), com 18 meses de trabalho de campo.
De acordo com a pesquisadora, o Brasil é conhecido internacionalmente por seus processos participativos, como o orçamento participativo em Belo Horizonte, conferências urbanas e até mesmo seus protestos, como os de junho de 2013. Mas, a maioria dos exemplos vem de grandes cidades, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Em cidades pequenas e médias, a relação das pessoas em espaços participativos é diferente, onde há um processo de intimidação que vem de uma rede de apoio e de sobrevivência que gera uma codependência em economias mais informais e com menos residentes. Nesse contexto, o licenciamento ambiental, que exige negociação com comunidades atingidas, como no caso da mineração, foi examinado. "Eu olhei o processo de licenciamento de obras minerarias em Ouro Preto. Como a sociedade civil dialoga com empresas e poder público, para negociar mitigações de danos, eu explico o processo de dependência da mineração, as relações sociais locais, os vínculos econômicos, o déficit habitacional e as divisões sociais - tudo isso aparece durante as negociações e impede resultados melhores. Eu olho a construção da memória nacional por meio de Ouro Preto e a seletividade dessa memória. Dessa forma, a ligação da mineração com a cultura e o desenvolvimento fica literalmente cimentada em monumentos, casarões, estátuas", explicou Santos.
Ainda segundo a autora, a mineração do passado deixou esse legado material no local, e a do presente preserva esse legado usando a cultura como mecanismo de compensação para danos ambientais, como exemplo citado por ela, a de Inhotim, em Brumadinho. Esses monumentos não são nem próximos e nem proporcionais ao dano, mas geram essa memória seletiva positiva da mineração. "Localmente, essa memória é contestada, mas contestar e protestar não é uma opção a todos. A pobreza, a informalidade, a dependência econômica de uma grande indústria, tudo isso silencia", complementou.
Para ela, a exploração de minério tem alto impacto ambiental. A mitigação desse impacto com medidas compensatórias ou até mesmo embargo de obras passa por mecanismos participativos com comunidades afetadas e poder público. A pobreza, a dependência municipal das arrecadações minerais, tudo isso gera uma intimidação e cooptação.
Diante de todo esse estudo, a autora faz as considerações. "A democracia participativa precisa se atentar para as desigualdades econômicas e sociais. Não é possível imaginar que as pessoas vão corrigir injustiças, como as ambientais e econômicas, se elas impedem as pessoas de fazer uma participação efetiva. É necessário que os municípios diversifiquem a economia, invistam em fundos soberanos, para que haja uma menor dependência econômica das empresas para que possa ocorrer uma discussão mais justa, efetiva e proporcional. A pobreza e a dependência econômica geram uma pauta de luto e protesto, mas não conseguem gerar, na mesma proporção, uma capacidade de mobilização e de manutenção dessa mobilização. Assim, injustiças em acordos minerários acontecem, com enormes danos ambientais e sociais, como nos casos de Mariana, Brumadinho e Maceió", finalizou.
O livro "Memória Seletiva - o patrimônio cultural e o extrativismo no Brasil" pode ser adquirido no site da EdUFSCar (www.edufscar.com.br), onde há mais informações.
Pesquisadores pedem indicação de local e data da ocorrência
SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa de iniciação científica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ainda em fase inicial, pretende investigar os efeitos da descarga elétrica proveniente de raios na fauna do solo. Segundo os pesquisadores, invertebrados podem responder a campos elétricos formados por linhas de transmissão de alta voltagem, mas não há estudos verificando diretamente o efeito de raios em organismos de solo como formigas, aranhas, besouros e outros.
O estudo será conduzido pela graduanda do curso de bacharelado em Gestão e Análise Ambiental, Marcela de Oliveira Gonçalves, com orientação dos docentes Vandoir Bourscheidt e Marcel Okamoto Tanaka, ambos do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm). Para realizar o trabalho, os pesquisadores procuram locais que tenham sido atingidos por raios em São Carlos e região nos últimos meses; dessa forma, gostariam de contar com a ajuda da comunidade para encontrar um local adequado, uma vez que, para o estudo proposto, o raio precisa ter atingido diretamente o solo não pavimentado. Seriam locais de interesse, portanto, lavouras, pastagens, e outras áreas descobertas.
Qualquer pessoa que obtenha a informação requisitada pode participar da pesquisa. Para isso, basta informar o local e a data da ocorrência para a estudante Marcela Gonçalves, pelo WhatsApp (69) 98467-2802 ou pelo e-mail marcelaoliveira@
BRASÍLIA/DF - Sonhos, expectativas e escolhas. Tudo isso deve vir à tona, entre 22 e 25 de janeiro, para quem deseja ingressar em uma universidade pública no ano que vem. É nesse período que os estudantes que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vão concorrer a 264.254 vagas em 127 instituições públicas, para o primeiro ou até para o segundo semestre de 2024, via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o principal portão de entrada no ensino superior gratuito no Brasil. As datas e as informações foram divulgadas nesta sexta (29), pelo Ministério da Educação.
O resultado do processo seletivo está previsto para ser divulgado no dia 30 de janeiro, pelo Portal Único de Acesso. A matrícula dos selecionados deve ocorrer no período de 1º a 7 de fevereiro de 2024.
Uma novidade nesta edição é que o Sisu terá somente uma etapa de inscrição de candidatos às vagas nas instituições participantes para o ano. Serão ofertadas vagas de cursos com início previsto das aulas para o primeiro e o segundo semestre de 2024. Ingressar no segundo semestre leva em conta as vagas disponíveis e a ordem de classificação dos candidatos.
Segundo o MEC, o candidato não poderá escolher em qual semestre irá ingressar, já que isso depende da classificação no curso. Se selecionado, o candidato deverá realizar a matrícula na universidade no período indicado no edital.
O ingresso do estudante no curso, no entanto, dependerá da sua colocação em relação às vagas disponíveis e da ocupação efetiva das vagas pelos estudantes que estiverem mais bem colocados no curso pretendido. Assim, será a classificação do candidato que definirá o início do seu curso, no primeiro ou segundo semestre, conforme edital específico de cada instituição de ensino superior.
A condição para participar do processo seletivo do Sisu é que o candidato tenha participado da edição de 2023 do Enem e não tenha zerado a prova de redação. Quem participou do exame como treineiro não pode concorrer às vagas pelo Sisu.
O edital prevê que o candidato possa se inscrever no processo seletivo do Sisu em até duas opções de vaga.
Uma novidade no Sisu deste ano é que todos os candidatos se inscrevam primeiramente na modalidade de ampla concorrência .
Em seguida, é prevista a reserva de vagas ofertadas pela Lei de Cotas e pelas políticas de ações afirmativas das instituições de ensino. A ideia é que beneficie os candidatos realmente demandantes de política compensatória para acesso ao ensino superior.
Outra novidade é que a lista de espera possa ser utilizada durante todo o ano pelas instituições de educação superior participantes, para preenchimento das vagas eventualmente não ocupadas na chamada regular.
Segundo o MEC, o candidato que não for selecionado na chamada regular poderá manifestar interesse em participar da lista de espera, no período de 30 de janeiro a 7 de fevereiro, também pelo Portal Único de Acesso.
Inscrição: 22 a 25 de janeiro de 2024.
Resultado: 30 de janeiro de 2024.
Matrícula dos selecionados: 1º a 7 de fevereiro de 2024.
Manifestação de interesse na lista de espera: 30 de janeiro a 7 de fevereiro de 2024.
Por Luiz Cláudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil
Inscrições estão abertas e podem ser feitas pela Internet
SÃO CARLOS/SP - Acontece de 29 de julho a 2 de agosto de 2024, a XI Bienal da Matemática, promovida desde 2002 pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e considerada um dos eventos mais importantes de divulgação e disseminação do conhecimento matemático no Brasil.
A edição, que será realizada no campus sede da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), marca o retorno do evento ao Estado de São Paulo depois de uma década. A Bienal é composta por atividades diferenciadas, criativas e desafiadoras, fomentando a investigação e a curiosidade entre os seus participantes.
Nesta edição, acontecem palestras didáticas sobre os famosos sete Problemas do Milênio, selecionados pelo Clay Mathematics Institute em 2000, para celebrar a Matemática no novo milênio. O evento, que envolve a participação de centenas de atuantes na área de Matemática, também contará com minicursos, oficinas, mesas-redondas e exposições voltadas para estudantes e professores dos mais variados níveis e modalidades de ensino.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas até 15/7/2024. Já o prazo de submissão de trabalhos será entre 2/1 até 24/4. Mais informações e as inscrições em https://sbm.org.br/xi-
BRASÍLIA/DF - A maioria dos estudantes, professores e gestores de escolas que começaram a implementar o Novo Ensino Médio disse estar insatisfeita com o novo modelo. Os jovens também reclamam que o ofertado pelas redes de ensino não tem correspondido ao que é demandado. Os resultados fazem parte de pesquisa que está sendo realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A pesquisa entrevistou 2,4 mil professores, gestores e estudantes que atuaram ou estudaram em escolas públicas estaduais que implementaram o Novo Ensino Médio na 1ª série no ano de 2022. As entrevistas foram feitas de forma presencial ou por telefone, entre 23 de junho e 6 de outubro de 2023.
Os dados divulgados são apenas uma parte da pesquisa cujo relatório final deverá ser concluído em janeiro de 2024.
Os resultados mostram que 56% dos estudantes, 76% dos docentes e 66% dos gestores estão insatisfeitos com as mudanças promovidas pelo Novo Ensino Médio. Na outra ponta, 40% dos estudantes, 17% dos docentes e 26% dos gestores disseram estar satisfeitos. Os demais estavam ausentes, não sabem ou não responderam.
O novo modelo, aprovado em 2017, começou a ser implementado em 2022 e causou uma série de polêmicas. Após uma consulta pública, o modelo está sendo novamente discutido no Congresso Nacional e poderá ser votado pela Câmara dos Deputados esta semana.
Pelo Novo Ensino Médio, parte das aulas passa a ser comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. Entre as opções, está em dar ênfase às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A oferta de itinerários, no entanto, depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.
A pesquisa mostra que 86% dos estudantes elegeram a Formação Técnica e Profissional como uma das áreas de seu interesse, mas apenas 27% dos gestores informaram ofertar disciplinas ou cursos deste tipo em suas escolas.
Para os gestores, o maior desafio para a implementação, apontado por 74% dos entrevistados, é a formação continuada para docentes e gestores. Dois a cada três gestores (67%) apontaram também como desafio a adequação da infraestrutura. A mesma porcentagem considera um desafio a obtenção de apoio técnico e aquisição e elaboração de material didático.
Os professores também consideram a formação que receberam inadequada. Para 59% deles, a formação para implementar a BNCC foi inadequada e para 64% a formação para implementar os itinerários formativos deixou a desejar.
Segundo a coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, a pesquisa foi feita para subsidiar as tomadas de decisão do Ministério da Educação (MEC) e os estados.
“Eu acho que essa pesquisa traz justamente isso, subsídios para melhorar. Não é porque implementou e se gastou muitos recursos para implementar dessa forma que não se pode mudar. Tem que ir avaliando e ir melhorando”, defende.
Rebeca Otero ressalta que é preciso levar em consideração esse descompasso entre o que está sendo possível ofertar e o que está sendo demandado para que sejam criadas condições para melhor atender tanto estudantes quanto os professores e gestores.
“Para além da disputa política que a gente vê em cima do tema, temos que ver que são estudantes, são os nossos jovens, e é a vida deles que está em jogo, e a dos profissionais, dos docentes e gestores. É importante trazer a voz deles nesse momento”, ressalta Rebeca Otero.
Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
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