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Lúpulo usado hoje nas cervejarias do Brasil é quase 100% importado. Pesquisas da USP apontam as variedades da planta que melhor se adaptam ao clima tropical e com maior potencial para a qualidade da cerveja

 

RIBEIRÃO PRETO/SP - Após dois anos estudando a produção nacional do lúpulo, insumo essencial para a fabricação da cerveja, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP afirmam que a planta colhida no Brasil tem qualidade equiparável às cultivadas pelos Estados Unidos e República Tcheca, dois grandes produtores internacionais da planta.

Responsável pelo amargor e aroma característicos da bebida, o lúpulo utilizado hoje pelas cervejarias brasileiras é praticamente 100% importado. Com a demanda em alta, pelo aumento do consumo e da quantidade de cervejarias artesanais, os resultados das pesquisas devem agradar produtores agrícolas e as indústrias que dependem da planta. É o que acredita o coordenador de um dos grupos de estudo do lúpulo nacional, o professor Fernando Batista da Costa.

Conta o professor Costa que, desde meados de 2019, eles cultivam e acompanham o desenvolvimento do lúpulo plantado em área do campus de Ribeirão Preto da USP. Os pesquisadores observam, principalmente, a produção de cones (inflorescência, parte da planta de onde se extrai a substância para preparar a cerveja), em busca da variedade que melhor se adapte às condições de solo e clima, consideradas barreiras para a produção no País, já que a planta é típica de clima temperado.

Mas, se depender dos achados da equipe do professor Costa, o sucesso do lúpulo em terras tropicais é certo, pois, das quatro variedades em estudo, os pesquisadores aprovaram duas, a Chinook e a Cascade, que se desenvolveram e produziram cones em quantidade suficiente para a indústria. “Um lúpulo tão bom quanto o importado”, enfatiza Costa. Além da produção e desenvolvimento dos cones do lúpulo, a equipe estuda a parte fisiológica, verificando a fotossíntese, as trocas gasosas e o estresse oxidativo.

Outra equipe da FCFRP, coordenada pelo professor Leonardo Gobbo Neto, se dedica ao estudo metabolômico do lúpulo, parte que analisa as principais substâncias que dão aroma e sabor à bebida, como os óleos voláteis e os chamados ácidos amargos. Integrante desta equipe, o pesquisador Guilherme Silva Dias diz que está em busca da dosagem ideal do lúpulo nacional para a composição da cerveja, realizando diferentes testes à procura dos “metabólitos do lúpulo que contribuem para o perfil sensorial da bebida pronta”. O professor Gobbo Neto informa que este estudo deve contribuir para que as cervejarias, nacionais e internacionais, consigam produzir o perfil desejado de uma cerveja.

A composição química do lúpulo, comenta Dias, é básica para a fabricação da cerveja porque “é extremamente complexa, contribuindo com o amargor, que é muito importante para compensar o dulçor proveniente do malte e tornar a bebida agradável ao palato”. Além de contribuir para o aroma e a formação de espuma, é responsável ainda pela conservação, atuando “como antioxidante e antimicrobiano, protegendo a cerveja de processos oxidativos e de possíveis contaminações”.

Dias realiza seus estudos em uma variedade de lúpulo cultivada nos Estados Unidos. Segundo o pesquisador, o trabalho já está em fase final e as cervejas, produzidas com o lúpulo cultivado no campus de Ribeirão Preto da USP, “estão prontas para passar por um painel sensorial”. Ele explica que esta é uma etapa de degustação feita por diversas pessoas em eventos específicos, que irá verificar a aceitação da bebida da USP em comparação à bebida que utiliza o mesmo lúpulo importado dos EUA.

 

Produção nacional de lúpulo cresce 110%

O mercado de cervejas artesanais vem se expandindo no Brasil e a proliferação de microcervejarias fez muito cervejeiro repensar a compra de insumos para a produção da bebida. Só em 2019, o Brasil importou 3.600 toneladas de lúpulo, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mas, há cerca de quatro anos, a necessidade de alternativas à importação levou alguns produtores nacionais a iniciar o cultivo do insumo.

No ano passado, a área plantada aumentou 110% em relação a 2019, com o lúpulo ocupando 42 hectares e produzindo 24 toneladas, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo). Esse é o caso de Thiago Cunha, produtor rural pioneiro no plantio de lúpulo em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “Eu resolvi fazer um teste aqui em Ribeirão Preto para ver se o clima era favorável, se a planta se desenvolve bem”, conta o produtor. E o resultado surpreendeu: a boa adaptação ao clima e solo fez o produtor expandir a plantação, que passará dos atuais 500 pés para mil no próximo ano.

Cunha cultiva três espécies de lúpulo, a Comet, a Cascade e a Mantiqueira. Ele conta que as duas primeiras têm alto índice de demanda pelos cervejeiros, ao contrário da Mantiqueira, mas que optou por esta também, já que todas as três se deram “muito bem no clima de Ribeirão Preto”.

O estudo coordenado pelo professor Costa confirma o que o produtor rural observou na prática com a Cascade. As espécies Chinook e Cascade foram as que melhor se adaptaram às condições climáticas da região com “um desenvolvimento adequado”. Outras duas espécies analisadas também cresceram e produziram cones, “porém a quantidade não foi suficiente; não seria também suficiente para a indústria, de acordo com nosso estudo”, adianta.

BRASÍLIA/DF - Ao longo de 20 anos, 41% do Cerrado brasileiro esteve em chamas em algum momento. A área média queimada anualmente, entre 2000 e 2019, foi de 109.138 hectares, o que corresponde a 5,4% dessa vegetação. Os números fazem parte da pesquisa desenvolvida por Vera Laísa Arruda durante o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (PPG-CFL) da Universidade de Brasília.

Em sua dissertação, intitulada Mapeamento de cicatrizes de áreas queimadas no Cerrado usando imagens Landsat, Google Earth Engine e Deep Learning, ela criou uma metodologia capaz de cobrir todo o bioma no país e ainda quantificar quantas vezes cada área queimou no período estudado.

Por exemplo, observou-se que 270.601 km² queimaram de duas a três vezes, 181.612 km² queimaram de quatro a dez vezes e 13.085 km², mais de dez vezes. Isto indica que mudanças do uso da terra têm alterado o regime do fogo, aumentando a frequência da ocorrência dos incêndios florestais, afirma a egressa em seu trabalho, defendido em abril deste ano e publicado no fim de julho.

Segundo ela, o fogo mapeado foi de todos os tipos, tanto manejado quanto criminoso, e há grandes mosaicos de áreas com alta frequência de chamas observadas no meio-norte e norte do bioma, nos estados do Tocantins e Mato Grosso, e a leste, na ilha do Bananal (TO).

Pelos estudos, o fogo predomina em área de vegetação natural (formação florestal, savânica e campestre) e em áreas protegidas, como terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas onde é comum realizar queimadas para limpeza do solo, caça, proteção de aldeias, estimulação de floração/frutificação e rebrota de plantas, eliminação de pragas, entre outros.

A pesquisa da Vera foi uma importante contribuição no desenvolvimento de uma técnica de mapeamento de áreas atingidas por fogo em todo o bioma Cerrado, em nível de detalhes locais. Isto vinha sendo feito, mas em estudos localizados, em menor abrangência espacial, conta o coorientador Eraldo Matricardi, docente do Departamento de Engenharia Florestal (EFL) da UnB.

 

TESTE E VALIDAÇÃO

Vera Laísa desenvolveu uma metodologia semiautomática para o mapeamento de áreas queimadas no Cerrado a partir de imagens do satélite Landsat e do algoritmo Deep Learning, implementado nas plataformas Google Earth Engine e Google Cloud Storage ferramentas de busca e processamento de dados nas nuvens.

Inicialmente, o ano escolhido para testar a técnica foi 2017. Foi obtida uma precisão de 97% a partir de validação com 2.200 pontos. Comprovada a eficiência da metodologia para o mapeamento de cicatrizes de fogo, foi ampliada para os anos de 2000 a 2019 para que se pudesse ter um melhor entendimento do comportamento do fogo no Cerrado a partir da série histórica dos últimos 20 anos.

Sua grande virtude foi usar uma ferramenta nova, criar um algoritmo, aprender a dominá-lo e depois testar esse algoritmo para mapear toda ocorrência de fogo no bioma Cerrado, declara seu orientador, Reginaldo Pereira, professor do EFL e diretor da Fazenda Água Limpa (FAL), estação experimental da UnB.

Segundo ele, Vera foi capaz de responder em sua dissertação a algumas questões que sempre tinham em mente. Por exemplo: quando se trabalha com sensoriamento remoto, como detectar áreas atingidas por fogo no Cerrado utilizando imagens de satélite e qual a precisão de tal mapeamento? Qual o melhor período do ano para detectar áreas queimadas no Cerrado para que as cicatrizes não fiquem mascaradas?

Ela conseguiu detectar também outras informações importantes, como o comportamento do fogo no Cerrado nas duas últimas décadas se passou mais de uma vez em um local, qual a área atingida, a agressividade desse fogo, as fitofisionomias mais atingidas, e as categorias fundiárias com maior incidência de fogo. Então, muitas questões que tínhamos em mente foram sanadas pela Vera com seu trabalho, pontua Pereira.

A egressa da Universidade conta que, como trabalha em um instituto de pesquisa ambiental, já via desde antes a necessidade de se criar uma metodologia robusta e inovadora para mapeamento semiautomático de área queimada no Brasil.

Foi bem desafiador desenvolver uma metodologia nova, com ferramentas inovadoras de aprendizado de máquina. Ao final do projeto, foi muito gratificante ter uma base de dados única para o Cerrado, em uma série temporal longa e com uma boa resolução de dados, comenta a agora mestre em Engenharia Florestal Vera Laísa Arruda.

 

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A pesquisadora frisa que, nas últimas décadas, a ocorrência de fogo tem aumentado no Brasil, e, consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa também tendem a crescer para se ter uma ideia, se fossem contabilizados, apenas os incêndios florestais relacionados ao desmatamento na Amazônia teriam contribuído com um aumento de 21% nos cálculos de emissões anuais de gases do efeito estufa do Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Essa estimativa para o Cerrado ou para o país também pode ser feita agora a partir dos dados produzidos na dissertação de Vera. Os eventos de fogo são uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa e sua recorrência pode alterar a paisagem e o microclima local. Aumentar a emissão desses gases tem efeito direto nas mudanças climáticas globais, declara a egressa da UnB.

As conclusões de seus estudos, segundo ela, destacam a importância da adoção de estratégias de gestão e políticas orientadas para a conservação dos biomas e prevenção de incêndios florestais.

Os atores e gestores devem se preocupar com cenários futuros de mudanças climáticas e maiores riscos de ocorrência de fogo. Além de que devem ser feitas ações para o combate ao desmatamento, pois muitas vezes o fogo é usado para limpeza de áreas desmatadas. Também deve ser feito o incentivo ao uso de práticas agrícolas com tecnologias mais avançadas, para que não se use o fogo também como ferramenta agrícola, recomenda Vera Laísa.

Os resultados da pesquisa iniciada pela Vera são o primeiro passo para a estimativa mais precisa das emissões de gases do efeito estufa provenientes da queima da biomassa de diferentes biomas brasileiros. A partir de agora, estudos complementares poderão se basear nas áreas atingidas por fogo para estimar a quantidade de biomassa consumida em cada incêndio e estimar a quantidade de gases emitidos em cada caso, complementa o professor Eraldo Matricardi.

 

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

A dissertação de Vera já se desdobrou em um artigo escrito em conjunto com o então orientador, o coorientador e mais duas pesquisadoras do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) onde a egressa da UnB atua profissionalmente como analista de pesquisa. O estudo foi publicado na revista Remote Sensing Applications: Society and Environment, de alto impacto internacional equivale ao Qualis A1 no conceito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A metodologia desenvolvida por ela também já serve de base neste momento para o Projeto de Mapeamento Anual de Fogo no Brasil (MapBiomas Fogo), uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. A proposta é produzida por uma rede colaborativa de cocriadores formada por organizações não governamentais (ONGs), universidades e empresas de tecnologia organizados por biomas e temas transversais.

Os dados foram ampliados para todo Brasil e estão disponíveis à sociedade em geral e aos órgãos públicos e ONGs, a fim de apoiar a definição de estratégias e ações de monitoramento, controle e planejamento da prevenção e combate aos incêndios florestais no Cerrado.

Participo também da equipe do MapBiomas Fogo, no qual fizemos o mapeamento de área queimada para todos os biomas do Brasil de 1985 a 2020, com uma grande aplicação da metodologia desenvolvida no meu mestrado. Serviu para criar uma base de dados nova para todo o país, para novos projetos, suporte para prevenção e combate a incêndios e fonte de informação para políticas públicas, conta Vera Laísa.

Do ponto de vista científico, os resultados que estão sendo gerados com a aplicação da metodologia desenvolvida na pesquisa da Vera ampliarão substancialmente o entendimento da ocorrência e propagação do fogo na vegetação nativa e nas áreas antropizadas no Cerrado. Com isso, será possível o desenvolvimento de estudos mais específicos sobre os impactos do fogo na vegetação, animais, socioeconômicos e no ser humano, avalia o professor Eraldo Matricardi.

O Cerrado ocupa uma área de cerca de 2 milhões km², localizada na porção central do país. Matricardi acredita que a metodologia de Vera tem potencial para ser aplicada para os demais biomas brasileiros, com os devidos ajustes às características de cada região.

Além disso, a metodologia poderá ser aplicada a baixo custo por organizações e instituições que desejem desenvolver outros mapeamentos com séries espaço temporais menores, ou mesmo usando dados de satélites que permitam o mapeamento de maiores detalhes na superfície de cada região ou área de interesse, acrescenta.

 

FOGO X INCÊNDIO

Vale lembrar que nem toda chama na vegetação é danosa, e que fogo é diferente de incêndio. Tanto Vera Laísa Arruda como o professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas (ECL/IB) Carlos Henke destacam que o fogo faz parte de um processo natural do Cerrado e também tem seus usos culturais por populações tradicionais. De outro lado estão os incêndios causados por falha ou imperícia de indivíduos, que causam estragos, às vezes irreversíveis, para a vida humana, animal ou vegetal, entre outras consequências.

O fogo [...] é uma característica comum e determinante da vegetação do Cerrado. Porém, a rápida ocupação da região tem mudado o regime natural do fogo (ocorrência e frequência de queimadas) através da conversão de áreas nativas para agricultura ou pastagem, gerando consequências para a estrutura e composição da vegetação. Essas alterações das fitofisionomias, por sua vez, favorecem a ocorrência de incêndios mais intensos e frequentes e, consequentemente, aumentando os impactos causados, ensina Vera Laísa em sua dissertação.

É preciso entender que o incêndio é uma queima descontrolada. Nós, humanos, quando combatemos e fazemos a prevenção, estamos tentando controlar o fogo, e isso é bom. O fogo não é ruim, o incêndio é, porque você perde o controle do fogo, afirma Carlos Henke. Para ele, o ideal é sempre investir em prevenção, que é mais barato e mais seguro que remediar depois.

Não é só combater! Prevenir é sempre melhor que combater os incêndios. Na prevenção você economiza dinheiro e esforço gerencial, expõe menos o brigadista e a população às condições insalubres provocadas pelo incêndio. Também evita acidentes e morte de pessoas e animais e injúrias à vegetação. Contudo, os incêndios estão ocorrendo de forma muito severa ultimamente e ainda ocorrerão, mesmo com todo cuidado, toda a prevenção e o manejo integrado do fogo (MIF). Então, o combate sempre existirá, analisa o professor do ECL.

Henke explica que combater incêndios é complexo, pois demanda investimento em capacitação contínua, equipamentos e tecnologias. As tecnologias progressivamente vão melhorando nossa capacidade de combate. Mas equipamento bom e novo também precisa de manutenção e pessoal capacitado. Às vezes a manutenção é em campo mesmo, não dá tempo de mandar um equipamento para oficina", relata.

"E o combatente precisa ser qualificado para lidar com adversidades, desde realizar adaptações de encaixes hidráulicos até realizar a limpeza de carburador de motobomba, além de ter condições de prestar primeiros socorros a eventuais vítimas (inalação de gases, acidentes com animais peçonhentos, etc.) e realizar resgate de animais. Isso exige habilidades múltiplas de pessoas numa equipe igualmente múltipla. Isso exige constante qualificação, completa o docente.

As tecnologias trazem inovações em equipamentos, mas não apenas isso. Também ajudam no combate a incêndios com agentes químicos, como espumas, umectantes, retardantes de chamas, entre outros. Mas para se chegar ao produto ideal, viável e eficaz, é preciso haver muita pesquisa e tempo para fazer adaptações até ser possível incorporar os novos produtos.

Optar pelo combate químico necessita um nível muito mais elevado de qualificação dos combatentes e das agências, as quais ainda terão que lidar com os impactos negativos dos agentes químicos sobre a biodiversidade e os recursos hídricos. Ainda não estamos preparados, mas não podemos postergar pesquisas nesta área, afirma Carlos Henke, que coordena o Projeto Prometeu na Universidade de Brasília desde 2017.

A iniciativa tem o objetivo de avaliar as tecnologias de retardantes químicos de chamas para o combate aos incêndios florestais no bioma Cerrado e os principais impactos ambientais e institucionais do uso.

Conhecer os impactos negativos do combate químico no Cerrado e sua eficiência e efetividade é o principal objetivo do Projeto Prometeu. A ideia é conduzir experimentos em laboratório e campo nos quais haja o uso de fogo e dos agentes químicos. Durante as queimas, que por vezes duram apenas minutos, e no acompanhamento dos impactos sobre solos e flora, que podem perdurar por anos, o Projeto Prometeu tenta elucidar várias perguntas deste quebra-cabeças enorme que é o combate aos incêndios, esclarece o professor do IB.

Uma coisa já sabemos: os dados gerados são muito importantes e é necessário que os gestores estejam cientes da complexidade inerente ao combate químico, pois alguns produtos químicos funcionam bem, outros nem tanto. Porém, em algum grau, os efeitos adversos sempre incidirão sobre o ambiente, sobre as sociedades e sobre as finanças públicas, arremata Henke.

 

DOCUMENTÁRIO

 Essa complexidade das queimadas florestais e a necessidade da formação sólida dos combatentes e do uso de diferentes ferramentas de apoio às operações são detalhadas no recém-lançado documentário Fogo na Mata, fruto do Projeto Prometeu.

BRASÍLIA/DF - Divulgado no dia internacional da onça-pintada, o censo mapeou 564.425 hectares da região de fronteira entre o Brasil e na Argentina, que representa o maior núcleo remanescente de onças-pintadas na Mata Atlântica em nível mundial. Ao todo, foram instalados 215 pontos de amostragem nos dois países. Foram observadas mais de 693 mil imagens, sendo 2.523 fotografias de onças-pintadas adultas. Essa é a maior área já monitorada desde o início do censo em 1995.

O monitoramento desde ano aponta uma ligeira queda nos números absolutos na comparação com o resultado de 2018, quando a estimativa era de 84 a 125 (com média de 105) indivíduos no território. O estudo não registrava queda populacional desde 2005. Porém, essa situação não é considerada crítica pelos pesquisadores, mas desperta preocupação e alerta nas instituições e organizações que trabalham pela conservação da onça-pintada.

A caça, desmatamento, atropelamentos e redução de seu habitat são as principais ameaças da espécie. O dado mostra que apesar dos nossos esforços em atividades de pesquisa, conscientização, trabalhos em conjunto com as comunidades locais e articulações internacionais precisamos ir além para que estes animais sobrevivam. A onça-pintada é considerada uma espécie indicadora da qualidade da biodiversidade local. Portanto, o resultado deixa evidente que cuidar dessa espécie é cuidar da nossa própria qualidade de vida, comenta Felipe Feliciani, analista de conservação do WWF-Brasil.

A região do Corredor Verde entre Brasil e Argentina tem capacidade estimada para aproximadamente 250 onças-pintadas. Ou seja, há espaço para expansão das populações, completa Feliciani.

O Projeto Onças do Iguaçu desenvolve os trabalhos de pesquisa e conscientização no Brasil e de acordo com a coordenadora executiva do projeto, Yara Barros, o trabalho de conservação começa no controle das ameaças. Concentrar esforços nas ações de conservação no Corredor Verde vai aos poucos afastando a possibilidade de extinção local desse felino fantástico, mas o caminho é longo. Onde tem onça tem vida, e é orgulho e responsabilidade desta região manter uma população tão importante do maior carnívoro das Américas, comenta Barros.

Embora os números apresentem um alerta, o diretor geral da Fundação Vida Silvestre Argentina, Manuel Jaramillo, lembra que a situação já foi pior. É possível revertê-los, já que os primeiros levantamentos da espécie registraram entre 30 e 54 indivíduos. O mais importante agora é entender que precisamos dos esforços da comunidade, dos órgãos ambientais e do governo para continuar crescendo e assim se comprometendo a retomar a tendência de crescimento populacional da onça-pintada em um dos habitats de maior potencial para a espécie, diz Jaramillo.

Restam menos de 300 onças-pintadas em toda a Mata Atlântica e o Corredor Verde abriga cerca de um terço delas, e é a região com o habitat mais adequado para a espécie no bioma. No entanto, a conservação desses felinos depende de ações intensas e constantes de conservação. Assim, é imperativo que sejam mitigadas as ameaças à espécie na região, e que seja priorizada a manutenção da integridade do que resta se seu hábitat, além de aumento da conectividade com áreas adequadas.

 

História

Nos últimos 18 anos os projetos Yaguareté (Argentina) e Projeto Onças do Iguaçu monitoram a flutuação da população da espécie na região do Corredor Verde.

Entre 1990 e 1995 o pesquisador Peter Crawshaw, falecido neste ano, estimou que a região abrigava entre 400 e 800 onças-pintadas. Mas, no final da década passada, a população apresentou um declínio alarmante, e a estimativa em 2005 era de que em toda a área do Corredor Verde houvessem apenas cerca de 40 onças-pintadas, um cenário desanimador e preocupante. No Parque Nacional do Iguaçu, em 2009 estimavam-se entre 9 a 11 onças-pintadas, e a espécie estava perto da extinção local.

No entanto, nos últimos quinze anos observou-se uma tendência de importante crescimento da população. Em 2016 a população estimada para o Corredor Verde era de em média 90 animais (entre 71 e 107), e passou para 105 (entre 84 e 125) em 2018. Para o Parque Nacional do Iguaçu a estimativa média do Censo 2018 foi de 28 onças-pintadas (entre 23 e 34) e agora em 2020 voltou para 24 animais na média.

Segundo Yara Barros, o crescimento da população de onças-pintadas no Corredor Verde nos últimos 15 anos tem sido possível também graças a esforços a esforços coletivos numerosas instituições dos dois países se uniram em ações que envolvem desde fiscalização para redução das ameaças, como a caça, até ações de engajamento, coexistência, manejo e pesquisa. Outro fator foi a mudança no uso do solo: muitas propriedades que criavam gado agora se dedicam ao plantio de soja e milho, o que reduziu um pouco os conflitos, comenta Barros.

Na Mata Atlântica, a espécie segue criticamente ameaçada de extinção. A conservação da onça-pintada vai muito além da proteção uma única espécie. A conservação bem-sucedida dessa espécie é fundamental e mantém florestas, estoques de carbono, biodiversidade, disponibilidade hídrica e patrimônio nacional e cultural. Esses esforços não apenas protegem toda a vida selvagem em toda a paisagem da onça-pintada, mas ajudam a diversificar as oportunidades econômicas das comunidades locais e contribuem para a mitigação e adaptação das mudanças climáticas globais.

 

Paraguai

Pela primeira vez, o Paraguai fez um monitoramento do felino. Com a mesma metodologia utilizada por Argentina e Brasil, o trabalho de monitoramento foi realizado na Reserva Natural da Floresta Mbaracayú e na Reserva Natural do Morombí, próximas a fronteira do Brasil na região ao sul de Mato Grosso do Sul no Brasil, e o resultado foi de uma população de 12 onças-pintadas. Situação que mostra a necessidade de ações urgentes para reconectar as reservas, que incluem a restauração de florestas. A troca de experiências faz parte dos esforços trinacionais de conservação do WWF-Paraguai, WWF-Brasil e Fundación Vida Silvestre Argentina.

 

O censo

O estudo é desenvolvido via cooperação internacional entre o WWF-Brasil, Fundación Vida Silvestre Argentina, Parque Nacional do Iguaçu, Parque Nacional Iguazú, Projeto Onças do Iguaçu (Instituto Pró-carnívoros) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

As fotografias de onças obtidas nas 215 estações de monitoramento são separadas e individualizadas através de uma análise detalhada do padrão das manchas de cada onça, únicas em cada animal. Posteriormente, por meio de programas estatísticos, é feito um cruzamento de informações com base na quantidade de hectares que foram cobertos com a amostragem e na quantidade de onças-pintadas diferentes que foram cadastradas. Com base nessa análise estatística, é possível obter faixas populacionais que indicam o número mínimo e máximo de indivíduos que a população poderia ter, uma vez que por questões metodológicas e estatísticas da pesquisa não é possível obter dados exatos.

MOEDA/MG - Milhares de orquídeas devem deixar a paisagem do vale da Serra da Moeda ainda mais vibrante nos próximos meses. A cadeia de montanhas localizada na Serra do Espinhaço, além de emoldurar o cerrado mineiro, é um atrativo turístico para todos os gostos e idades.

A região recebeu 3 mil orquídeas nativas e puras da Mata Atlântica e Cerrado. Entre elas, nove são consideradas espécies ameaçadas de extinção. A iniciativa é do projeto Orquídeas Brasileiras que, desde fevereiro deste ano, vem introduzindo as flores nas árvores e rochas da região.

As espécies, além da exuberância, contribuem para a preservação e valorização das espécies típicas do local. De acordo com o projeto, as flores atraem insetos que polinizam as próprias orquídeas e outras plantas. Esses insetos, por sua vez, atraem predadores, ativando o ecossistema e mantendo o equilíbrio natural da área.

A expectativa é que as flores se reproduzam. “Certo é que a meta de 3 mil plantas será facilmente ultrapassada”, comemora o responsável técnico pelo projeto, Reginaldo de Vasconcelos Leitão, que é geógrafo especialista em orquídeas.

 

Entenda as etapas do projeto

O projeto Orquídeas Brasileiras, iniciativa do empreendimento Boavista, vem sendo realizado desde o primeiro semestre de 2019 e foi dividido em cinco etapas. A primeira, o diagnóstico, envolveu uma visita ao Vale da Serra da Moeda para análise e conhecimento técnico da área.

Na sequência, uma seleção das espécies foi realizada em orquidários profissionais. A preferência foi dada às espécies nativas e puras da região, bem como a polinização e reprodução em laboratório. Foi observado, também, a boa interação com a flora local.

A terceira etapa contempla o processo de aclimatação, para o desenvolvimento e fortalecimento das mudas geradas. A quarta, por sua vez, foi a introdução das espécies à natureza, em fevereiro deste ano.

A quinta e última ainda está em andamento. “A quinta fase será monitorar o desempenho dessas orquídeas até que estejam totalmente independentes de cuidados como limpeza, regas, adubação e controle de pragas”, explica Reginaldo.

 

Conheça algumas espécies do projeto

Entre as adotadas para reintegrar a flora local, de acordo com o geógrafo, está a orquídea considerada símbolo do projeto, a Hoffmannseggella milerii (ex Laelia milerii). Espécie oficialmente ameaçada de extinção, ela é simbólica das serras mineiras.

“Foi necessário buscarmos plantas adultas, que seriam as matrizes, com colecionadores para fazermos a polinização e gerar frutos. A previsão é que uma nova geração de mudas seja iniciada ainda neste ano”, pontuou.

RIO DE JANEIRO/RJ - A infância é o período da vida em que começamos a explorar e entender como o mundo funciona de forma mais consciente. O melhor é que todo esse aprendizado pode vir do simples ato de brincar.

Segundo o pediatra Kenneth R. Ginsburg, as brincadeiras “contribuem para o bem-estar cognitivo, físico, social e emocional”. Mas esse não é um privilégio limitado às crianças humanas: os animais, quando filhotes, também precisam brincar para se desenvolverem bem.

Cientistas afirmam que determinadas espécies têm brincadeiras voltadas apenas para a diversão e outras que ajudam na preparação para os futuros desafios que vão enfrentar na vida. De acordo com a BBC Earth, os cavalos, por exemplo, começam a brincar logo depois que nascem. “Assim que eles conseguem andar, aprendem imediatamente a galopar e saltitar, aprimorando suas habilidades motoras para quando forem adultos.”

Brincar também ensina lições sobre caça e sobrevivência aos animais, e isso pode ser observado tanto na vida doméstica quanto na selvagem. Quando um gatinho se assusta ao perseguir ratos de pelúcia, ele está treinando para se defender e não ser surpreendido por alguma ameaça durante a vida adulta. Antes de se tornarem caçadores completos, falcões praticam com alvos que se assemelham a presas reais. Já os golfinhos nadam atrás de círculos de ar para melhorar seu sonar.

Mas não para por aí. Outra habilidade tão importante para os humanos quanto para os animais desenvolvida por meio de brincadeiras é a socialização. As espécies que vivem em matilhas, rebanhos ou grandes grupos costumam brincar de luta, o que favorece a capacidade física deles e situa cada um dentro da hierarquia da comunidade.

Muitos animais ainda têm suas habilidades sociais melhoradas aprendendo a ser pais competentes. Chimpanzés fêmeas, por exemplo, são capazes de carregar gravetos e cuidar deles como se fossem seus filhotes de verdade, emulando o afeto que receberam das próprias mães até que realmente se reproduzam.

 

 

Roanna Azevedo / HYPENESS

SÃO PAULO/SP - As praias, dunas e areais do Brasil vêm sendo modificados nos últimos 36 anos. É o que mostra a mais nova análise do MapBiomas a partir de imagens de satélite entre 1985 e 2020. A redução foi de 15%, ou cerca de 70 mil hectares. Há 36 anos, eram 451 mil hectares; em 2020, apenas 382 mil hectares. Além de dunas, praias e areais, o estudo que o MapBiomas apresentou no dia 27 de outubro, pelo YouTube, também avalia a dinâmica das áreas de manguezais, apicuns (áreas salinizadas desprovidas de vegetação) e da aquicultura/salicultura.

A preservação das praias e dunas é essencial para o controle da erosão costeira e preservação da faixa litorânea e sua biodiversidade. A praia e a duna normalmente protegem os manguezais das ações das ondas. Criam um ambiente calmo, onde a lama pode ser depositada e colonizada pela vegetação de mangue.

Os motivos para diminuição das superfícies de dunas, praias e areais continentais são variados: desde a revegetação do topo das dunas, ocupação por empreendimentos aquícolas e salineiros, até a expansão de espécies invasoras. A diminuição das faixas de praias e dunas também pode ser explicada em parte pela forte pressão imobiliária. Há, ainda, a baixa proteção: apenas 40% desse tipo de depósito está protegido em alguma unidade de conservação. Entre os casos de ocupação por usos da terra, chama a atenção o avanço dos pinheiros sobre campos dunares no Rio Grande do Sul em áreas que fazem limite com florestas plantadas e a expansão da estrutura aquícola/salineira na região costeira do Rio Grande do Norte.

"Por conta do Parque Nacional de Lençóis Maranhenses e da Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses, o Maranhão lidera na proteção de dunas/praias e manguezais, respectivamente", afirma Pedro Walfir, coordenador geral do tema zona costeira do MapBiomas.  A quase totalidade (98% - 99 mil hectares) de suas praias, dunas e areais, 96% (24 mil hectares) de seus apicuns e 86% (398 mil hectares) dos manguezais do Maranhão são protegidos por Unidades de Conservação. "Portanto, o Maranhão é o estado com maior extensão de ambientes costeiros protegidos por UCs do país e um dos mais conservados", explica Pedro Walfir.

De 1985 e 2020, as áreas de manguezal no país permaneceram relativamente estáveis, passando de 946 mil hectares para 981 mil hectares. Entretanto, a partir do ano 2000 até 2020 observa-se uma retração de 2% nas áreas de manguezal. No Brasil, mais de 78% da área de manguezais está concentrada na costa Amazônica, que se estende do Amapá até o Maranhão, abrigando os mais bem preservados e extensos manguezais do continente. Por outro lado, é na região Nordeste e Sudeste, menores em extensão, onde os manguezais encontram-se mais ameaçados. Em ambas, de 2000 a 2020, ações antrópicas diretas foram responsáveis por 13% das mudanças desta cobertura.

O mangue é o berçário de inúmeras espécies marinhas: 70 a 80% dos peixes, crustáceos e moluscos que a população consome precisam do bioma em alguma fase de suas vidas. Diversas espécies de peixes economicamente importantes utilizam os mangues como área de reprodução e depois voltam para o mar.

Nesse contexto, a criação de Unidades de Conservação em zonas costeiras protegendo manguezais foi de uma importância indubitável. O Brasil possui 340 (13%) do total de suas 2544 Unidades de Conservação na zona costeira.  Atualmente 75% da área de manguezais no país encontram-se dentro de Unidades de Conservação, o que deve contribuir para a preservação futura deste que é um dos mais ameaçados ecossistemas do planeta.  

Do ponto de vista ecossistêmico, os apicuns estão intrinsicamente relacionados aos manguezais que tendem a crescer sobre essas planícies de maré hipersalina - daí a importância de sua conservação para o futuro dos manguezais. Atualmente pouco mais da metade dos apicuns (56%) também está em unidades de conservação. Por outro lado, o atual uso de boa parte dos apicuns brasileiros para a produção de sal e camarões apresenta um risco para a conservação de manguezais. Por serem áreas descampadas e planas, os apicuns são preferidos para a produção comercial de sal e crustáceos, em especial camarões. De 1985 a 2020, a área de aquicultura e salicultura teve um salto de 39%, passando de 36 mil hectares para 59 mil hectares. Já os apicuns tiveram uma redução de 12% entre 2000 e 2020, passando de 65 mil hectares para 57 mil hectares.

Também chama a atenção que 8% da aquicultura nacional se encontre dentro de Unidades de Conservação. “Nestes casos, é importante checar se essas atividades estão em áreas que permitem exploração comercial e se seguem à risca a legislação brasileira”, adverte César Diniz, coordenador técnico do mapeamento de Zona Costeira do MapBiomas.  O mapeamento mostra que o estado cuja área de aquicultura/salinas mais ocorre em Unidades de Conservação é o Rio Grande do Norte (2,5%, ou 1039 hectares), estado que concentra 67% da área salineira/aquícola do país.

Confira mais destaques dos dados da Zona Costeira aqui.

 

 

MAPBIOMAS

SÃO PAULO/SP - Estrela da franquia de filmes “Anaconda”, a sucuri se tornou um dos animais mais temidos e perigosos do imaginário popular. Cruéis, gigantescas e implacáveis, elas são conhecidas por não pouparem suas vítimas, principalmente os seres humanos.

Mas será que na vida real ela faz jus à fama que tem na ficção? É o que desvendamos abaixo!

 

Como é a sucuri e onde ela pode ser encontrada?

A sucuri é uma das maiores cobras do mundo e pode viver até os 30 anos. Seu nome é de origem tupi e seu habitat natural é a América do Sul, mais precisamente países como Brasil, Equador, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Argentina.

A sucuri é da família Boidae e faz parte de um grupo de serpentes com hábitos noturnos e semiaquáticos. Elas são extremamente rápidas e habilidosas debaixo d’água, podendo ficar até 30 minutos sem respirar.

 

As espécies de sucuri

Quatro espécies de sucuri foram reconhecidas e catalogadas até hoje. Três delas estão presentes no Brasil e todas vivem perto de rios, lagos ou córregos, atacando animais aquáticos para se alimentar, dentre eles, aves, peixes, capivaras e jacarés. As espécies são:

Eunectes notaeus: Também conhecida como sucuri-amarela, é encontrada aqui no Brasil na zona do Pantanal.

Eunectes murinus: Além de ter uma coloração diferente, a sucuri-verde é maior que a amarela e mais conhecida também. Ela pode ser encontrada em áreas alagadas do Cerrado e na região amazônica.

Eunectes deschauenseei: Chamada de sucuri-malhada, essa espécie habita a Guiana Francesa e, em terras brasileiras, a Ilha de Marajó e a Amazônia.

Eunectes beniensis: É popularmente conhecida como sucuri-da-bolívia por ser muito comum no Chaco boliviano, uma enorme região caracterizada por florestas e selvas.

 

Qual é o tamanho da sucuri?

A sucuri é a maior cobra do Brasil e segunda maior do mundo, perdendo apenas para a píton. Diferentemente da maioria dos animais vertebrados, os machos são menores e mais leves do que as fêmeas. Mas existe um motivo para isso: machos muito grandes podem ser confundidos com fêmeas, o que interfere no acasalamento. Por isso, eles precisam ser pequenos e grandes o suficiente para competir uns com os outros durante o processo reprodutivo.

Mas o tamanho das sucuris está longe dos 12 ou 15 metros de comprimento popularizados pela ficção. Na verdade, as verdes podem atingir 5 metros (fêmeas) e pesar cerca de 32 kg. Já seus espécimes machos costumam não ter muito mais que 7 kg. As sucuris-amarelas são um pouco menores, medindo de 3,7 a 4 metros. No caso das sucuris-malhadas e sucuris-da-bolívia, o comprimento médio é de “apenas” 3 metros.

 

A sucuri é uma cobra venenosa?

Diferentemente do que as pessoas podem pensar, essa cobra não tem dentes inoculadores de veneno e, portanto, não é venenosa. Mas sua mordida é forte o suficiente para dominar as presas.

O estilo de caça da sucuri é por constrição. Isso significa que ela se enrola em torno de suas vítimas, estrangulando os vasos sanguíneos delas até que fiquem sem oxigênio. É para isso que utilizam sua forte musculatura, e não para quebrar os ossos dos animais dos quais se alimentam, como muitos acreditam.

 

A sucuri ataca seres humanos?

É verdade que sucuris podem ameaçar a vida e atacar pessoas, mas seres humanos não fazem parte da dieta dessas cobras. A fama de assassinos perigosos que esses animais têm surgiu a partir de tradições e contos folclóricos dos povos sul americanos, sendo, mais tarde, reproduzidos e popularizados por filmes de terror e aventura nas selvas.

Os seres humanos não são objeto de caça das sucuris. Ao contrário, eles são seus maiores predadores, seja pelo medo do perigo e do suposto realismo fantástico que elas apresentam ou pela comercialização de sua pele, altamente desejada no mercado.

 

 

 

*Por: Roanna Azevedo / HYPENESS

CHINA - Uma cúpula das Nações Unidas com a missão de proteger a biodiversidade, a COP15, foi aberta na segunda-feira (11/10) na China e está sendo realizada majoritariamente por meio de presença online.

A sessão na cidade chinesa de Kumming foi aberta pela chefe de biodiversidade da ONU, Elizabeth Maruma Mrema. Segundo ela, o mundo não alcançou os avanços necessários estabelecidos para o período de 2011 a 2020 e ainda não foi capaz de proteger os ecossistemas essenciais para o bem-estar da espécie humana. "Chegou a hora da verdade", ressaltou Mrema.

"Embora tenha havido algum sucesso e progresso, não houve avanços necessários para deter a perda contínua de diversidade vegetal e animal na Terra", advertiu Mrema. "Devemos tomar medidas nesta década para deter e reverter a perda de biodiversidade e colocar a biodiversidade num caminho de recuperação até 2030 o mais tardar."

A cúpula online reúne as partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD, na sigla em inglês), que discutem novas metas para proteger os ecossistemas até 2030. Cerca de 1 milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção devido à invasão humana de habitats naturais, superexploração, poluição, disseminação de espécies invasoras e mudanças climáticas.

A CBD foi ratificada por 195 países – os EUA não estão entre os signatários – e pela União Europeia, e as partes se reúnem a cada dois anos. A reunião da COP15 deste ano era para originalmente ter sido realizada em 2020, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.

A COP15 tem duas partes, com a primeira começando nesta segunda-feira e terminando nesta sexta-feira. A parte das decisões globais acontece entre 25 de abril e 8 de maio de 2022, presencialmente, em Kunming.

As discussões sobre a biodiversidade na COP15 transcorrem separadamente da cúpula do clima, a COP26, marcada para o próximo mês em Glasgow, na Escócia – essa ocorre anualmente e é atendida por países signatários da Convenção da ONU sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), selada em 1994.

 

O que está acontecendo na COP15?

As partes representantes da CBD estão se reunindo para a primeira rodada de negociações para definir uma estrutura de proteção da biodiversidade pós-2020. O debate tem como base as definições anteriores, estabelecidas pelo Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 da CBD.

Em 2010, em Aichi, no Japão, foram aprovados 20 objetivos para salvaguardar a biodiversidade e reduzir as pressões humanas até 2020. Nenhum foi cumprido.

A nova estrutura definirá metas para a proteção dos ecossistemas. Em debate está o plano "30 aos 30", que visa dar a 30% das terras e oceanos o status de proteção até o fim desta década – uma medida apoiada por uma ampla coalizão de nações. A CBD visa também reduzir pela metade o uso de produtos químicos na agricultura e interromper a criação de resíduos plásticos.

É esperado que o tratado seja finalizado durante a segunda rodada. Mas divisões acentuadas permanecem quanto às metas de ação urgente para a próxima década e lançam dúvidas sobre se o objetivo de "viver em harmonia com a natureza" até 2050 pode ser alcançado.

Quando alguns cientistas pediram por uma proteção mais ambiciosa para 50% da biodiversidade da Terra, houve oposição, especialmente de Brasil e África do Sul. Outras fontes de tensão envolvem o financiamento: as nações em desenvolvimento pedem aos países ricos que custeiem as transições ecológicas – um tema que será abordado em negociações em Genebra em janeiro.

Os líderes globais até agora não conseguiram atingir uma única meta para conter a destruição da vida selvagem e dos ecossistemas na última década, de acordo com um relatório devastador da ONU divulgado na semana passada.

 

Perda de biodiversidade

Outros estudos e relatórios também dão conta da perda mundial de biodiversidade.

Em junho passado um estudo indicava que o Mediterrâneo sofreu em 30 anos um "colapso" da sua biodiversidade, que está gravemente ameaçada. Em maio outro estudo alertou que apenas 17% dos rios do mundo correm livres, o que acarreta riscos para os ecossistemas.

Em abril, outro estudo denunciou que apenas 2% a 3% da superfície terrestre permanece intacta do ponto de vista ambiental, 10 vezes menos do que anteriormente estimado. Outros estudos também recentes têm denunciado índices "sem precedentes" de extinção de espécies, e o declínio acelerado da natureza.

E, há dois anos, um relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos concluiu que cerca de 1 milhão de espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção.

Conheça os cuidados que devem ser tomados para não colocar a saúde dos bichinhos em risco nos passeios de longa distância

 

SÃO PAULO/SP - Com o avanço da vacinação contra a covid-19, aos poucos a vida vai voltando ao normal e as pessoas já começam a planejar viagens. E quem tem pet na família, precisa tomar uma série de cuidados para garantir uma viagem segura e tranquila para o bichinho. Com a finalidade de ajudar nesta tarefa, a Eixo SP Concessionária de Rodovias apresenta dicas de como transportar os animais de maneira adequada nos passeios de longas distâncias.

Assim como as crianças, os pets também precisam de atenção especial nos veículos. O transporte correto dos pets varia de acordo com o tamanho e a espécie. Alguns exemplos de itens seguros são as caixas de transportes, cinto de segurança especial para animais e até mesmo cadeiras e assentos específicos. Eles devem ser colocados sempre no banco de trás do veículo.

As caixas servem para gatos e cachorros de pequeno ou médio porte e devem ter um tamanho adequado ao bichinho, serem ventiladas e possuir trava para fechamento das portas. Também é recomendado que a caixa possua alguma alça para se prender ao cinto de segurança durante as viagens. Para os cães um pouco maiores, os cintos de segurança adaptados funcionam muito bem.

Segundo a médica veterinária Mariana Motta, é importante ressaltar que o correto é utilizar as guias peitorais durante o transporte e jamais as guias de pescoço, pois em caso de acidente o animal poderá sofrer lesões graves e até morrer. No caso de animais pequenos, como hamsters e pássaros, a recomendação é levá-los dentro da gaiola, presa com o cinto de segurança e coberta por um pano fino. Isso ajuda a diminuir o estresse do animal.

Outra observação da veterinária é evitar temperaturas altas dentro do carro. O calor dificulta a respiração do pet e ainda pode deixá-los estressados. Se o carro tiver ar condicionado, a recomendação é deixá-lo ligado para manter uma temperatura agradável. Se não tiver, a orientação é deixar as janelas um pouco abertas para o ambiente ficar mais ventilado ou, então, viajar em horários mais amenos. 

A alimentação do pet é outro detalhe importante. A recomendação é procurar um médico veterinário antes da viagem para que ele possa indicar uma medicação contra enjoos e vômitos. “O ideal é que os animais possam comer e beber durante a viagem. Muitos têm medo do pet passar mal e sujar o carro, mas com medicação é possível evitar esse quadro”, afirma.

 

Paradas para descanso

Programar paradas rápidas durante a viagem para que o trajeto seja menos estressante para o animal é outro detalhe que não pode ser deixado de lado. Segundo a veterinária, o recomendável é fazer paradas dentro de um intervalo aproximado de duas horas e meia para o animal fazer suas necessidades, beber um pouco de água e caminhar um pouco, sempre usando a coleira. De acordo com Mariana, isso ajuda a desestressar.

No caso de gatos, que não andam de coleira, a melhor opção é deixá-los dentro da caixa de transporte e levar uma caixa com areia para que eles possam fazer as necessidades dentro do carro mesmo.

Mariana lembra ainda que nas viagens é sempre possível alguma fiscalização da Polícia Rodoviária. Por isso, é importante manter a carteirinha de vacinação atualizada, especialmente com a vacina contra raiva, que é obrigatória. Outro documento que é recomendado levar nas viagens é a Guia de Trânsito Animal (GTA), emitida pelos médicos veterinários.

BRASÍLIA/DF - Mais de 370 milhões de indígenas vivem em todo o mundo e, para eles, espera-se que os impactos das mudanças climáticas sejam precoces e graves devido à sua localização em ambientes de alto risco.

Para enfrentar esses desafios, esses povos estão mobilizando seu conhecimento profundo dos territórios que são sua fonte de sustento há gerações. O conhecimento indígena opera em uma escala espacial e temporal muito mais precisa do que a ciência e inclui a compreensão de como lidar e se adaptar à variabilidade e tendências ambientais.

É por isso que pesquisadores defendem o uso dessa sabedoria no combate às mudanças climáticas. Intitulado como "Envolvendo a Transformação: Usando Rodadas Sazonais para Antecipar a Mudança Climática", ele deve ser publicado ainda neste mês na revista científica Human Ecology.

Quem está por trás do projeto é Karim-Aly Kassam, professor de Estudos Ambientais e Indígenas da Universidade Cornell, nos EUA. Em parceria com alunos e outros professores, o pesquisador se uniu a comunidades indígenas e rurais de todo o mundo para desenvolver calendários ecológicos que integram sistemas culturais locais com sistemas sazonais indicadores.

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