BRASÍLIA/DF - Divulgado no dia internacional da onça-pintada, o censo mapeou 564.425 hectares da região de fronteira entre o Brasil e na Argentina, que representa o maior núcleo remanescente de onças-pintadas na Mata Atlântica em nível mundial. Ao todo, foram instalados 215 pontos de amostragem nos dois países. Foram observadas mais de 693 mil imagens, sendo 2.523 fotografias de onças-pintadas adultas. Essa é a maior área já monitorada desde o início do censo em 1995.
O monitoramento desde ano aponta uma ligeira queda nos números absolutos na comparação com o resultado de 2018, quando a estimativa era de 84 a 125 (com média de 105) indivíduos no território. O estudo não registrava queda populacional desde 2005. Porém, essa situação não é considerada crítica pelos pesquisadores, mas desperta preocupação e alerta nas instituições e organizações que trabalham pela conservação da onça-pintada.
A caça, desmatamento, atropelamentos e redução de seu habitat são as principais ameaças da espécie. O dado mostra que apesar dos nossos esforços em atividades de pesquisa, conscientização, trabalhos em conjunto com as comunidades locais e articulações internacionais precisamos ir além para que estes animais sobrevivam. A onça-pintada é considerada uma espécie indicadora da qualidade da biodiversidade local. Portanto, o resultado deixa evidente que cuidar dessa espécie é cuidar da nossa própria qualidade de vida, comenta Felipe Feliciani, analista de conservação do WWF-Brasil.
A região do Corredor Verde entre Brasil e Argentina tem capacidade estimada para aproximadamente 250 onças-pintadas. Ou seja, há espaço para expansão das populações, completa Feliciani.
O Projeto Onças do Iguaçu desenvolve os trabalhos de pesquisa e conscientização no Brasil e de acordo com a coordenadora executiva do projeto, Yara Barros, o trabalho de conservação começa no controle das ameaças. Concentrar esforços nas ações de conservação no Corredor Verde vai aos poucos afastando a possibilidade de extinção local desse felino fantástico, mas o caminho é longo. Onde tem onça tem vida, e é orgulho e responsabilidade desta região manter uma população tão importante do maior carnívoro das Américas, comenta Barros.
Embora os números apresentem um alerta, o diretor geral da Fundação Vida Silvestre Argentina, Manuel Jaramillo, lembra que a situação já foi pior. É possível revertê-los, já que os primeiros levantamentos da espécie registraram entre 30 e 54 indivíduos. O mais importante agora é entender que precisamos dos esforços da comunidade, dos órgãos ambientais e do governo para continuar crescendo e assim se comprometendo a retomar a tendência de crescimento populacional da onça-pintada em um dos habitats de maior potencial para a espécie, diz Jaramillo.
Restam menos de 300 onças-pintadas em toda a Mata Atlântica e o Corredor Verde abriga cerca de um terço delas, e é a região com o habitat mais adequado para a espécie no bioma. No entanto, a conservação desses felinos depende de ações intensas e constantes de conservação. Assim, é imperativo que sejam mitigadas as ameaças à espécie na região, e que seja priorizada a manutenção da integridade do que resta se seu hábitat, além de aumento da conectividade com áreas adequadas.
História
Nos últimos 18 anos os projetos Yaguareté (Argentina) e Projeto Onças do Iguaçu monitoram a flutuação da população da espécie na região do Corredor Verde.
Entre 1990 e 1995 o pesquisador Peter Crawshaw, falecido neste ano, estimou que a região abrigava entre 400 e 800 onças-pintadas. Mas, no final da década passada, a população apresentou um declínio alarmante, e a estimativa em 2005 era de que em toda a área do Corredor Verde houvessem apenas cerca de 40 onças-pintadas, um cenário desanimador e preocupante. No Parque Nacional do Iguaçu, em 2009 estimavam-se entre 9 a 11 onças-pintadas, e a espécie estava perto da extinção local.
No entanto, nos últimos quinze anos observou-se uma tendência de importante crescimento da população. Em 2016 a população estimada para o Corredor Verde era de em média 90 animais (entre 71 e 107), e passou para 105 (entre 84 e 125) em 2018. Para o Parque Nacional do Iguaçu a estimativa média do Censo 2018 foi de 28 onças-pintadas (entre 23 e 34) e agora em 2020 voltou para 24 animais na média.
Segundo Yara Barros, o crescimento da população de onças-pintadas no Corredor Verde nos últimos 15 anos tem sido possível também graças a esforços a esforços coletivos numerosas instituições dos dois países se uniram em ações que envolvem desde fiscalização para redução das ameaças, como a caça, até ações de engajamento, coexistência, manejo e pesquisa. Outro fator foi a mudança no uso do solo: muitas propriedades que criavam gado agora se dedicam ao plantio de soja e milho, o que reduziu um pouco os conflitos, comenta Barros.
Na Mata Atlântica, a espécie segue criticamente ameaçada de extinção. A conservação da onça-pintada vai muito além da proteção uma única espécie. A conservação bem-sucedida dessa espécie é fundamental e mantém florestas, estoques de carbono, biodiversidade, disponibilidade hídrica e patrimônio nacional e cultural. Esses esforços não apenas protegem toda a vida selvagem em toda a paisagem da onça-pintada, mas ajudam a diversificar as oportunidades econômicas das comunidades locais e contribuem para a mitigação e adaptação das mudanças climáticas globais.
Paraguai
Pela primeira vez, o Paraguai fez um monitoramento do felino. Com a mesma metodologia utilizada por Argentina e Brasil, o trabalho de monitoramento foi realizado na Reserva Natural da Floresta Mbaracayú e na Reserva Natural do Morombí, próximas a fronteira do Brasil na região ao sul de Mato Grosso do Sul no Brasil, e o resultado foi de uma população de 12 onças-pintadas. Situação que mostra a necessidade de ações urgentes para reconectar as reservas, que incluem a restauração de florestas. A troca de experiências faz parte dos esforços trinacionais de conservação do WWF-Paraguai, WWF-Brasil e Fundación Vida Silvestre Argentina.
O censo
O estudo é desenvolvido via cooperação internacional entre o WWF-Brasil, Fundación Vida Silvestre Argentina, Parque Nacional do Iguaçu, Parque Nacional Iguazú, Projeto Onças do Iguaçu (Instituto Pró-carnívoros) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
As fotografias de onças obtidas nas 215 estações de monitoramento são separadas e individualizadas através de uma análise detalhada do padrão das manchas de cada onça, únicas em cada animal. Posteriormente, por meio de programas estatísticos, é feito um cruzamento de informações com base na quantidade de hectares que foram cobertos com a amostragem e na quantidade de onças-pintadas diferentes que foram cadastradas. Com base nessa análise estatística, é possível obter faixas populacionais que indicam o número mínimo e máximo de indivíduos que a população poderia ter, uma vez que por questões metodológicas e estatísticas da pesquisa não é possível obter dados exatos.
MOEDA/MG - Milhares de orquídeas devem deixar a paisagem do vale da Serra da Moeda ainda mais vibrante nos próximos meses. A cadeia de montanhas localizada na Serra do Espinhaço, além de emoldurar o cerrado mineiro, é um atrativo turístico para todos os gostos e idades.
A região recebeu 3 mil orquídeas nativas e puras da Mata Atlântica e Cerrado. Entre elas, nove são consideradas espécies ameaçadas de extinção. A iniciativa é do projeto Orquídeas Brasileiras que, desde fevereiro deste ano, vem introduzindo as flores nas árvores e rochas da região.
As espécies, além da exuberância, contribuem para a preservação e valorização das espécies típicas do local. De acordo com o projeto, as flores atraem insetos que polinizam as próprias orquídeas e outras plantas. Esses insetos, por sua vez, atraem predadores, ativando o ecossistema e mantendo o equilíbrio natural da área.
A expectativa é que as flores se reproduzam. “Certo é que a meta de 3 mil plantas será facilmente ultrapassada”, comemora o responsável técnico pelo projeto, Reginaldo de Vasconcelos Leitão, que é geógrafo especialista em orquídeas.
Entenda as etapas do projeto
O projeto Orquídeas Brasileiras, iniciativa do empreendimento Boavista, vem sendo realizado desde o primeiro semestre de 2019 e foi dividido em cinco etapas. A primeira, o diagnóstico, envolveu uma visita ao Vale da Serra da Moeda para análise e conhecimento técnico da área.
Na sequência, uma seleção das espécies foi realizada em orquidários profissionais. A preferência foi dada às espécies nativas e puras da região, bem como a polinização e reprodução em laboratório. Foi observado, também, a boa interação com a flora local.
A terceira etapa contempla o processo de aclimatação, para o desenvolvimento e fortalecimento das mudas geradas. A quarta, por sua vez, foi a introdução das espécies à natureza, em fevereiro deste ano.
A quinta e última ainda está em andamento. “A quinta fase será monitorar o desempenho dessas orquídeas até que estejam totalmente independentes de cuidados como limpeza, regas, adubação e controle de pragas”, explica Reginaldo.
Conheça algumas espécies do projeto
Entre as adotadas para reintegrar a flora local, de acordo com o geógrafo, está a orquídea considerada símbolo do projeto, a Hoffmannseggella milerii (ex Laelia milerii). Espécie oficialmente ameaçada de extinção, ela é simbólica das serras mineiras.
“Foi necessário buscarmos plantas adultas, que seriam as matrizes, com colecionadores para fazermos a polinização e gerar frutos. A previsão é que uma nova geração de mudas seja iniciada ainda neste ano”, pontuou.
RIO DE JANEIRO/RJ - A infância é o período da vida em que começamos a explorar e entender como o mundo funciona de forma mais consciente. O melhor é que todo esse aprendizado pode vir do simples ato de brincar.
Segundo o pediatra Kenneth R. Ginsburg, as brincadeiras “contribuem para o bem-estar cognitivo, físico, social e emocional”. Mas esse não é um privilégio limitado às crianças humanas: os animais, quando filhotes, também precisam brincar para se desenvolverem bem.
Cientistas afirmam que determinadas espécies têm brincadeiras voltadas apenas para a diversão e outras que ajudam na preparação para os futuros desafios que vão enfrentar na vida. De acordo com a BBC Earth, os cavalos, por exemplo, começam a brincar logo depois que nascem. “Assim que eles conseguem andar, aprendem imediatamente a galopar e saltitar, aprimorando suas habilidades motoras para quando forem adultos.”
Brincar também ensina lições sobre caça e sobrevivência aos animais, e isso pode ser observado tanto na vida doméstica quanto na selvagem. Quando um gatinho se assusta ao perseguir ratos de pelúcia, ele está treinando para se defender e não ser surpreendido por alguma ameaça durante a vida adulta. Antes de se tornarem caçadores completos, falcões praticam com alvos que se assemelham a presas reais. Já os golfinhos nadam atrás de círculos de ar para melhorar seu sonar.
Mas não para por aí. Outra habilidade tão importante para os humanos quanto para os animais desenvolvida por meio de brincadeiras é a socialização. As espécies que vivem em matilhas, rebanhos ou grandes grupos costumam brincar de luta, o que favorece a capacidade física deles e situa cada um dentro da hierarquia da comunidade.
Muitos animais ainda têm suas habilidades sociais melhoradas aprendendo a ser pais competentes. Chimpanzés fêmeas, por exemplo, são capazes de carregar gravetos e cuidar deles como se fossem seus filhotes de verdade, emulando o afeto que receberam das próprias mães até que realmente se reproduzam.
Roanna Azevedo / HYPENESS
SÃO PAULO/SP - As praias, dunas e areais do Brasil vêm sendo modificados nos últimos 36 anos. É o que mostra a mais nova análise do MapBiomas a partir de imagens de satélite entre 1985 e 2020. A redução foi de 15%, ou cerca de 70 mil hectares. Há 36 anos, eram 451 mil hectares; em 2020, apenas 382 mil hectares. Além de dunas, praias e areais, o estudo que o MapBiomas apresentou no dia 27 de outubro, pelo YouTube, também avalia a dinâmica das áreas de manguezais, apicuns (áreas salinizadas desprovidas de vegetação) e da aquicultura/salicultura.
A preservação das praias e dunas é essencial para o controle da erosão costeira e preservação da faixa litorânea e sua biodiversidade. A praia e a duna normalmente protegem os manguezais das ações das ondas. Criam um ambiente calmo, onde a lama pode ser depositada e colonizada pela vegetação de mangue.
Os motivos para diminuição das superfícies de dunas, praias e areais continentais são variados: desde a revegetação do topo das dunas, ocupação por empreendimentos aquícolas e salineiros, até a expansão de espécies invasoras. A diminuição das faixas de praias e dunas também pode ser explicada em parte pela forte pressão imobiliária. Há, ainda, a baixa proteção: apenas 40% desse tipo de depósito está protegido em alguma unidade de conservação. Entre os casos de ocupação por usos da terra, chama a atenção o avanço dos pinheiros sobre campos dunares no Rio Grande do Sul em áreas que fazem limite com florestas plantadas e a expansão da estrutura aquícola/salineira na região costeira do Rio Grande do Norte.
"Por conta do Parque Nacional de Lençóis Maranhenses e da Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses, o Maranhão lidera na proteção de dunas/praias e manguezais, respectivamente", afirma Pedro Walfir, coordenador geral do tema zona costeira do MapBiomas. A quase totalidade (98% - 99 mil hectares) de suas praias, dunas e areais, 96% (24 mil hectares) de seus apicuns e 86% (398 mil hectares) dos manguezais do Maranhão são protegidos por Unidades de Conservação. "Portanto, o Maranhão é o estado com maior extensão de ambientes costeiros protegidos por UCs do país e um dos mais conservados", explica Pedro Walfir.
De 1985 e 2020, as áreas de manguezal no país permaneceram relativamente estáveis, passando de 946 mil hectares para 981 mil hectares. Entretanto, a partir do ano 2000 até 2020 observa-se uma retração de 2% nas áreas de manguezal. No Brasil, mais de 78% da área de manguezais está concentrada na costa Amazônica, que se estende do Amapá até o Maranhão, abrigando os mais bem preservados e extensos manguezais do continente. Por outro lado, é na região Nordeste e Sudeste, menores em extensão, onde os manguezais encontram-se mais ameaçados. Em ambas, de 2000 a 2020, ações antrópicas diretas foram responsáveis por 13% das mudanças desta cobertura.
O mangue é o berçário de inúmeras espécies marinhas: 70 a 80% dos peixes, crustáceos e moluscos que a população consome precisam do bioma em alguma fase de suas vidas. Diversas espécies de peixes economicamente importantes utilizam os mangues como área de reprodução e depois voltam para o mar.
Nesse contexto, a criação de Unidades de Conservação em zonas costeiras protegendo manguezais foi de uma importância indubitável. O Brasil possui 340 (13%) do total de suas 2544 Unidades de Conservação na zona costeira. Atualmente 75% da área de manguezais no país encontram-se dentro de Unidades de Conservação, o que deve contribuir para a preservação futura deste que é um dos mais ameaçados ecossistemas do planeta.
Do ponto de vista ecossistêmico, os apicuns estão intrinsicamente relacionados aos manguezais que tendem a crescer sobre essas planícies de maré hipersalina - daí a importância de sua conservação para o futuro dos manguezais. Atualmente pouco mais da metade dos apicuns (56%) também está em unidades de conservação. Por outro lado, o atual uso de boa parte dos apicuns brasileiros para a produção de sal e camarões apresenta um risco para a conservação de manguezais. Por serem áreas descampadas e planas, os apicuns são preferidos para a produção comercial de sal e crustáceos, em especial camarões. De 1985 a 2020, a área de aquicultura e salicultura teve um salto de 39%, passando de 36 mil hectares para 59 mil hectares. Já os apicuns tiveram uma redução de 12% entre 2000 e 2020, passando de 65 mil hectares para 57 mil hectares.
Também chama a atenção que 8% da aquicultura nacional se encontre dentro de Unidades de Conservação. “Nestes casos, é importante checar se essas atividades estão em áreas que permitem exploração comercial e se seguem à risca a legislação brasileira”, adverte César Diniz, coordenador técnico do mapeamento de Zona Costeira do MapBiomas. O mapeamento mostra que o estado cuja área de aquicultura/salinas mais ocorre em Unidades de Conservação é o Rio Grande do Norte (2,5%, ou 1039 hectares), estado que concentra 67% da área salineira/aquícola do país.
Confira mais destaques dos dados da Zona Costeira aqui.
SÃO PAULO/SP - Estrela da franquia de filmes “Anaconda”, a sucuri se tornou um dos animais mais temidos e perigosos do imaginário popular. Cruéis, gigantescas e implacáveis, elas são conhecidas por não pouparem suas vítimas, principalmente os seres humanos.
Mas será que na vida real ela faz jus à fama que tem na ficção? É o que desvendamos abaixo!
Como é a sucuri e onde ela pode ser encontrada?
A sucuri é uma das maiores cobras do mundo e pode viver até os 30 anos. Seu nome é de origem tupi e seu habitat natural é a América do Sul, mais precisamente países como Brasil, Equador, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Argentina.
A sucuri é da família Boidae e faz parte de um grupo de serpentes com hábitos noturnos e semiaquáticos. Elas são extremamente rápidas e habilidosas debaixo d’água, podendo ficar até 30 minutos sem respirar.
As espécies de sucuri
Quatro espécies de sucuri foram reconhecidas e catalogadas até hoje. Três delas estão presentes no Brasil e todas vivem perto de rios, lagos ou córregos, atacando animais aquáticos para se alimentar, dentre eles, aves, peixes, capivaras e jacarés. As espécies são:
Eunectes notaeus: Também conhecida como sucuri-amarela, é encontrada aqui no Brasil na zona do Pantanal.
Eunectes murinus: Além de ter uma coloração diferente, a sucuri-verde é maior que a amarela e mais conhecida também. Ela pode ser encontrada em áreas alagadas do Cerrado e na região amazônica.
Eunectes deschauenseei: Chamada de sucuri-malhada, essa espécie habita a Guiana Francesa e, em terras brasileiras, a Ilha de Marajó e a Amazônia.
Eunectes beniensis: É popularmente conhecida como sucuri-da-bolívia por ser muito comum no Chaco boliviano, uma enorme região caracterizada por florestas e selvas.
Qual é o tamanho da sucuri?
A sucuri é a maior cobra do Brasil e segunda maior do mundo, perdendo apenas para a píton. Diferentemente da maioria dos animais vertebrados, os machos são menores e mais leves do que as fêmeas. Mas existe um motivo para isso: machos muito grandes podem ser confundidos com fêmeas, o que interfere no acasalamento. Por isso, eles precisam ser pequenos e grandes o suficiente para competir uns com os outros durante o processo reprodutivo.
Mas o tamanho das sucuris está longe dos 12 ou 15 metros de comprimento popularizados pela ficção. Na verdade, as verdes podem atingir 5 metros (fêmeas) e pesar cerca de 32 kg. Já seus espécimes machos costumam não ter muito mais que 7 kg. As sucuris-amarelas são um pouco menores, medindo de 3,7 a 4 metros. No caso das sucuris-malhadas e sucuris-da-bolívia, o comprimento médio é de “apenas” 3 metros.
A sucuri é uma cobra venenosa?
Diferentemente do que as pessoas podem pensar, essa cobra não tem dentes inoculadores de veneno e, portanto, não é venenosa. Mas sua mordida é forte o suficiente para dominar as presas.
O estilo de caça da sucuri é por constrição. Isso significa que ela se enrola em torno de suas vítimas, estrangulando os vasos sanguíneos delas até que fiquem sem oxigênio. É para isso que utilizam sua forte musculatura, e não para quebrar os ossos dos animais dos quais se alimentam, como muitos acreditam.
A sucuri ataca seres humanos?
É verdade que sucuris podem ameaçar a vida e atacar pessoas, mas seres humanos não fazem parte da dieta dessas cobras. A fama de assassinos perigosos que esses animais têm surgiu a partir de tradições e contos folclóricos dos povos sul americanos, sendo, mais tarde, reproduzidos e popularizados por filmes de terror e aventura nas selvas.
Os seres humanos não são objeto de caça das sucuris. Ao contrário, eles são seus maiores predadores, seja pelo medo do perigo e do suposto realismo fantástico que elas apresentam ou pela comercialização de sua pele, altamente desejada no mercado.
*Por: Roanna Azevedo / HYPENESS
CHINA - Uma cúpula das Nações Unidas com a missão de proteger a biodiversidade, a COP15, foi aberta na segunda-feira (11/10) na China e está sendo realizada majoritariamente por meio de presença online.
A sessão na cidade chinesa de Kumming foi aberta pela chefe de biodiversidade da ONU, Elizabeth Maruma Mrema. Segundo ela, o mundo não alcançou os avanços necessários estabelecidos para o período de 2011 a 2020 e ainda não foi capaz de proteger os ecossistemas essenciais para o bem-estar da espécie humana. "Chegou a hora da verdade", ressaltou Mrema.
"Embora tenha havido algum sucesso e progresso, não houve avanços necessários para deter a perda contínua de diversidade vegetal e animal na Terra", advertiu Mrema. "Devemos tomar medidas nesta década para deter e reverter a perda de biodiversidade e colocar a biodiversidade num caminho de recuperação até 2030 o mais tardar."
A cúpula online reúne as partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD, na sigla em inglês), que discutem novas metas para proteger os ecossistemas até 2030. Cerca de 1 milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção devido à invasão humana de habitats naturais, superexploração, poluição, disseminação de espécies invasoras e mudanças climáticas.
A CBD foi ratificada por 195 países – os EUA não estão entre os signatários – e pela União Europeia, e as partes se reúnem a cada dois anos. A reunião da COP15 deste ano era para originalmente ter sido realizada em 2020, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.
A COP15 tem duas partes, com a primeira começando nesta segunda-feira e terminando nesta sexta-feira. A parte das decisões globais acontece entre 25 de abril e 8 de maio de 2022, presencialmente, em Kunming.
As discussões sobre a biodiversidade na COP15 transcorrem separadamente da cúpula do clima, a COP26, marcada para o próximo mês em Glasgow, na Escócia – essa ocorre anualmente e é atendida por países signatários da Convenção da ONU sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), selada em 1994.
O que está acontecendo na COP15?
As partes representantes da CBD estão se reunindo para a primeira rodada de negociações para definir uma estrutura de proteção da biodiversidade pós-2020. O debate tem como base as definições anteriores, estabelecidas pelo Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 da CBD.
Em 2010, em Aichi, no Japão, foram aprovados 20 objetivos para salvaguardar a biodiversidade e reduzir as pressões humanas até 2020. Nenhum foi cumprido.
A nova estrutura definirá metas para a proteção dos ecossistemas. Em debate está o plano "30 aos 30", que visa dar a 30% das terras e oceanos o status de proteção até o fim desta década – uma medida apoiada por uma ampla coalizão de nações. A CBD visa também reduzir pela metade o uso de produtos químicos na agricultura e interromper a criação de resíduos plásticos.
É esperado que o tratado seja finalizado durante a segunda rodada. Mas divisões acentuadas permanecem quanto às metas de ação urgente para a próxima década e lançam dúvidas sobre se o objetivo de "viver em harmonia com a natureza" até 2050 pode ser alcançado.
Quando alguns cientistas pediram por uma proteção mais ambiciosa para 50% da biodiversidade da Terra, houve oposição, especialmente de Brasil e África do Sul. Outras fontes de tensão envolvem o financiamento: as nações em desenvolvimento pedem aos países ricos que custeiem as transições ecológicas – um tema que será abordado em negociações em Genebra em janeiro.
Os líderes globais até agora não conseguiram atingir uma única meta para conter a destruição da vida selvagem e dos ecossistemas na última década, de acordo com um relatório devastador da ONU divulgado na semana passada.
Perda de biodiversidade
Outros estudos e relatórios também dão conta da perda mundial de biodiversidade.
Em junho passado um estudo indicava que o Mediterrâneo sofreu em 30 anos um "colapso" da sua biodiversidade, que está gravemente ameaçada. Em maio outro estudo alertou que apenas 17% dos rios do mundo correm livres, o que acarreta riscos para os ecossistemas.
Em abril, outro estudo denunciou que apenas 2% a 3% da superfície terrestre permanece intacta do ponto de vista ambiental, 10 vezes menos do que anteriormente estimado. Outros estudos também recentes têm denunciado índices "sem precedentes" de extinção de espécies, e o declínio acelerado da natureza.
E, há dois anos, um relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos concluiu que cerca de 1 milhão de espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção.
Conheça os cuidados que devem ser tomados para não colocar a saúde dos bichinhos em risco nos passeios de longa distância
SÃO PAULO/SP - Com o avanço da vacinação contra a covid-19, aos poucos a vida vai voltando ao normal e as pessoas já começam a planejar viagens. E quem tem pet na família, precisa tomar uma série de cuidados para garantir uma viagem segura e tranquila para o bichinho. Com a finalidade de ajudar nesta tarefa, a Eixo SP Concessionária de Rodovias apresenta dicas de como transportar os animais de maneira adequada nos passeios de longas distâncias.
Assim como as crianças, os pets também precisam de atenção especial nos veículos. O transporte correto dos pets varia de acordo com o tamanho e a espécie. Alguns exemplos de itens seguros são as caixas de transportes, cinto de segurança especial para animais e até mesmo cadeiras e assentos específicos. Eles devem ser colocados sempre no banco de trás do veículo.
As caixas servem para gatos e cachorros de pequeno ou médio porte e devem ter um tamanho adequado ao bichinho, serem ventiladas e possuir trava para fechamento das portas. Também é recomendado que a caixa possua alguma alça para se prender ao cinto de segurança durante as viagens. Para os cães um pouco maiores, os cintos de segurança adaptados funcionam muito bem.
Segundo a médica veterinária Mariana Motta, é importante ressaltar que o correto é utilizar as guias peitorais durante o transporte e jamais as guias de pescoço, pois em caso de acidente o animal poderá sofrer lesões graves e até morrer. No caso de animais pequenos, como hamsters e pássaros, a recomendação é levá-los dentro da gaiola, presa com o cinto de segurança e coberta por um pano fino. Isso ajuda a diminuir o estresse do animal.
Outra observação da veterinária é evitar temperaturas altas dentro do carro. O calor dificulta a respiração do pet e ainda pode deixá-los estressados. Se o carro tiver ar condicionado, a recomendação é deixá-lo ligado para manter uma temperatura agradável. Se não tiver, a orientação é deixar as janelas um pouco abertas para o ambiente ficar mais ventilado ou, então, viajar em horários mais amenos.
A alimentação do pet é outro detalhe importante. A recomendação é procurar um médico veterinário antes da viagem para que ele possa indicar uma medicação contra enjoos e vômitos. “O ideal é que os animais possam comer e beber durante a viagem. Muitos têm medo do pet passar mal e sujar o carro, mas com medicação é possível evitar esse quadro”, afirma.
Paradas para descanso
Programar paradas rápidas durante a viagem para que o trajeto seja menos estressante para o animal é outro detalhe que não pode ser deixado de lado. Segundo a veterinária, o recomendável é fazer paradas dentro de um intervalo aproximado de duas horas e meia para o animal fazer suas necessidades, beber um pouco de água e caminhar um pouco, sempre usando a coleira. De acordo com Mariana, isso ajuda a desestressar.
No caso de gatos, que não andam de coleira, a melhor opção é deixá-los dentro da caixa de transporte e levar uma caixa com areia para que eles possam fazer as necessidades dentro do carro mesmo.
Mariana lembra ainda que nas viagens é sempre possível alguma fiscalização da Polícia Rodoviária. Por isso, é importante manter a carteirinha de vacinação atualizada, especialmente com a vacina contra raiva, que é obrigatória. Outro documento que é recomendado levar nas viagens é a Guia de Trânsito Animal (GTA), emitida pelos médicos veterinários.
BRASÍLIA/DF - Mais de 370 milhões de indígenas vivem em todo o mundo e, para eles, espera-se que os impactos das mudanças climáticas sejam precoces e graves devido à sua localização em ambientes de alto risco.
Para enfrentar esses desafios, esses povos estão mobilizando seu conhecimento profundo dos territórios que são sua fonte de sustento há gerações. O conhecimento indígena opera em uma escala espacial e temporal muito mais precisa do que a ciência e inclui a compreensão de como lidar e se adaptar à variabilidade e tendências ambientais.
É por isso que pesquisadores defendem o uso dessa sabedoria no combate às mudanças climáticas. Intitulado como "Envolvendo a Transformação: Usando Rodadas Sazonais para Antecipar a Mudança Climática", ele deve ser publicado ainda neste mês na revista científica Human Ecology.
Quem está por trás do projeto é Karim-Aly Kassam, professor de Estudos Ambientais e Indígenas da Universidade Cornell, nos EUA. Em parceria com alunos e outros professores, o pesquisador se uniu a comunidades indígenas e rurais de todo o mundo para desenvolver calendários ecológicos que integram sistemas culturais locais com sistemas sazonais indicadores.
ESPANHA - A lava incandescente tem efeito devastador de imediato, mas em médio prazo revela-se um fertilizante no mar. Um estudo concluiu que a vida marinha se recuperou em três anos, após a erupção do vulcão Tagoro, nas Ilhas Canárias. A lava e os gases libertaram nutrientes que favoreceram o aumento de (micro-organismos aquáticos), atraindo mais peixes, crustáceos e cefalópodes, como polvos e lulas.
O vulcão Tagoro, que entrou em erupção debaixo de água perto da ilha de El Hierro, vizinha de La Palma, em outubro de 2011, foi o objeto de estudo do Instituto Espanhol de Oceanografia e da Universidade de Las Palmas em Gran Canaria.
Tagoro
Tagoro permaneceu em atividade quase seis meses, o que causou alterações na temperatura, acidez e composição química da água do Mar de las Calmas. A vida marinha existente nesse recanto do Atlântico e que atraía os adeptos do mergulho foi exterminada.
O vulcão subaquático matou os peixes após a erupção, conforme a temperatura da água subiu e os níveis de oxigénio caíram.
As investigações, que se concentraram à volta da cratera, revelaram que a área fora do raio de 200 metros da chaminé vulcânica, estava repleta de vida, ao fim de três anos após a erupção.
"A lava é rica em ferro, além de magnésio e silicatos, e isso fornece nutrientes para a água", diz Carolina Santana González, oceanógrafa da Universidade de Las Palmas, em Gran Canaria, citada no The Guardian.
Além de registar um aumento de fitoplâncton, havia também peixes adultos, lulas e polvos, mas os cientistas lembram que se perdeu biodiversidade.
"Isso acontece quase imediatamente. A lava fertiliza a água e a área se recupera em curto espaço de tempo. No caso da ilha de El Hierro, a vida marinha restaurou-se quase completamente em três anos", afirmou Santana González.
"É como um incêndio florestal. Ele destrói tudo, mas ao mesmo tempo fornece nutrientes para um novo crescimento. A diferença é que a vida marinha se recupera muito mais rápido do que uma floresta", acrescentou.
Em El Hierro, as análises químicas perto do cone do vulcão demonstraram que a concentração de ferro era quase 30 vezes mais que o nível normal.
As águas ao redor do vulcão também eram ricas em dióxido de carbono, que diminui os níveis de pH e, assim, ajuda os microorganismos a absorver o ferro, diz o estudo.
Embora o ferro oxide na água e se forme em outros compostos, a baixa atividade vulcânica existente em El Hierro manteve a emissão desse nutriente.
Os cientistas também destacam o fenômeno que ocorre quando a lava empurra a água do fundo do mar, rica em nutrientes, para a superfície, facilitando a difusão desses nutrientes nas redondezas.
"Não podemos parar a natureza, mas a natureza possui mecanismos de regeneração rápidos e eficazes", diz Eugenio Fraile Nuez, responsável pelo monitoramento do vulcão La Palma, do navio do Instituto de Oceanografia atracado ao largo da costa onde a lava está caindo no mar.
"É por isso que não é uma catástrofe ambiental, mas muito pelo contrário: vulcões são vida", afirma.
MATO GROSSO DO SUL - A maior planície úmida do planeta está mais seca. A diferença entre o total da área coberta por água e campos alagados registrada na cheia de 1988/1989 e na de 2018 é de 29%. Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos. Estes e outros dados foram apresentados em um webinar na quarta-feira, 29 de setembro, no canal do MapBiomas no Youtube.
Mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo. De todos os biomas brasileiros, o Pantanal foi o que mais queimou nos últimos 36 anos: 57% de seu território foi queimado pelo menos uma vez no período, ou 86.403 km². Áreas de vegetação campestre e savanas foram as mais afetadas, respondendo por mais de 75% das áreas queimadas. Ao todo, 93% do fogo no período ocorreu em vegetação nativa; apenas 7% ocorreu em área antrópica. Em 2020 foram mais de 2,3 milhões de hectares queimados, desde 1985 esse valor só é menor do que a área queimada de 1999, com 2,5 milhões de hectares.
"A conservação do Pantanal, sua cultura e seu uso tradicional dependem dos ciclos de inundações e dos rios que nascem na região do Planalto, onde ficam as cabeceiras da Bacia do Alto Paraguai", explica Eduardo Rosa, do MapBiomas. Enquanto 83,8% da planície estava coberta por vegetação nativa em 2020, no planalto, isso ocorreu em apenas 43,4% do território. Pastagens degradadas, a falta de florestas que protegem nascentes e rios, a construção de hidrelétricas, afetam o fluxo dos rios, que também sofrem com a deposição de sedimentos que reduzem a vazão da água, no planalto e na planície.
O uso antrópico no Pantanal cresceu 261% entre 1985 e 2020, ganhando 1,8 milhão de hectares. Nesse período, a área de pastagens na Bacia do Alto Paraguai dobrou, de 15,9% em 1985 para 30,9% em 2020. A agricultura, por sua vez, quadruplicou, passando de 1,2% em 1985 para 4,9% em 2020. Já a formação savânica, caiu de 24,4% em 1985, para 18% em 2020. Em 2020, 40% da Bacia do Alto Paraguai possui uso agropecuário.
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