Em São Carlos, situação não é diferente; Espraiado está com nível de água exageradamente abaixo do normal; 43 reservatórios operam, em média, com 30% da capacidade.
SÃO CARLOS/SP - O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Carlos (SAAE) informa que a cidade está dentro do contexto de grave crise hídrica entre os 5.600 municípios brasileiros. De acordo com dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao governo federal, e que monitora a estiagem pelo país, 1.024 cidades estão sob a classificação de seca, entre extrema e severa. Isso representa o contingente de 1/5 das cidades brasileiras. E o registro mais alarmante: o número é quase 23 vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando apenas 45 cidades estavam nesses níveis de seca, ainda segundo informações oficiais do Cemaden.
O monitoramento classifica as cidades em quatro categorias de seca: extrema, severa, moderada e fraca. No total, mais de três mil municípios estão em alguma classificação de seca. Em todo o Brasil, os estados mais afetados, em ordem alfabética, são: Amazonas, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Tocantins. Nestes, todas as cidades estão dentro de alguma classificação. A estiagem prolongada afeta o abastecimento de água potável às populações, isola regiões que dependem do transporte por rio, provoca prejuízos na agricultura e pecuária pelo país inteiro e torna o ar difícil de respirar.
FALTA CHUVA/RESERVATÓRIOS BAIXOS/ALTO CONSUMO - Os 65 dias sem chuva considerável, segundo a Defesa Civil, um dos períodos mais extensos e mais graves da última década e meia em São Carlos, que já provocaram a diminuição dos níveis de água armazenada de grande parte dos 43 reservatórios do SAAE. Alguns deles operam, em média, com apenas 30% da capacidade. Junto a este problema, há também o elevado consumo dos usuários em decorrência das altas temperaturas registradas, apesar de estarmos em pleno inverno.
ESPRAIADO COM VAZÃO REDUZIDA – No Centro de Captação do Espraiado, ao lado do Parque Ecológico de São Carlos, responsável pelo abastecimento de 11% da água consumida em São Carlos inteira, há redução significativa na água captada. A exemplo do que foi divulgado pela autarquia no mês passado, quando em junho de 2023 a vazão média do Centro era de 13.508 metros cúbicos por dia, ou 153,3 litros por segundo, e em junho de 2024, a vazão média era de 11.670 metros cúbicos por dia, ou 135,1 litros por segundo, os números são praticamente os mesmos se comparados com julho de 2023 e julho de 2024. A redução, portanto, permanece ao redor dos significativos 13,6% na captação de água. Vale ressaltar que o SAAE está com máquinas e pessoal realizando trabalho de limpeza e desassoreamento no Espraiado para ajudar na vazão e captação, assim como tem disponibilizado caminhões-pipa para abastecer reservatórios de regiões mais afetadas pelo desabastecimento.
CIDADE ARACY E SANTA FELÍCIA TERÃO POÇOS - Duas das regiões mais populosas de São Carlos, grande Cidade Aracy e grande Santa Felícia, terão, cada uma, um poço profundo que conseguirá produzir 200 m3/h ( 200 mil litros de água, a cada 60 minutos). A licitação para as obras foi aberta pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Carlos (SAAE), no valor total de R$ 16,4 milhões: R$ 4 milhões do Santa Felícia e R$ 12,4 milhões do Cidade Aracy , que tem um valor maior porque também haverá a construção de um reservatório com capacidade para armazenar até 2 milhões e 650 mil litros d’água. Na Santa Felícia, a construção será atrás de um tradicional comércio atacadista. Já na Cidade Aracy, as duas obras (poço e reservatório) serão feitas em área própria do SAAE no Distrito Industrial (Cedrinho). O financiamento é do Banco do Brasil. Um outro reforço para ajudar no abastecimento ainda está em estudos e planejamento na região do Parque dos Timburis, a região mais alta da cidade. Um reservatório apoiado metálico com capacidade para 2.650 m3, um outro reservatório elevado com capacidade para 650 m3, além de um poço de 200 m3 por hora.
O presidente do SAAE, Engenheiro Mariel Olmo, reconhece o momento de gargalo hídrico do qual São Carlos é vítima, assim como as várias cidades paulistas e brasileiras, mas esclarece que a autarquia não tem medido esforços, equipes e recursos para ajustar as situações mais urgentes e emergentes. “Neste instante em que o problema atinge a todos, sem exceção, é importante que paralelamente as ações do SAAE, como o conserto diário de vazamentos visíveis e não visíveis, também haja um empenho individual e coletivo para que consigamos superar este período dramático de crise. É fundamental que ninguém utilize água potável para lavar calçadas, quintais e veículos, e que o uso racional e consciente da água dentro de casa seja levado a sério mais do que nunca”.
MANAUS/AM - Estudo publicado na revista científica Global Change Biology mostra que no ano passado houve uma queda de 16% no total de focos de incêndio na Amazônia, além de redução de 22% no desmatamento. Mas mesmo assim, o bioma vem enfrentando outro desafio: os incêndios em áreas de vegetação nativa ainda não afetadas pelo desmatamento. Os incêndios em áreas das chamadas “florestas maduras” cresceram 152% no ano passado, em comparação a 2022.
Ao destrinchar as imagens de satélite, os pesquisadores detectaram que os focos em áreas florestais subiram de 13.477 para 34.012 no período. A principal causa é a seca na Amazônia, cada vez mais frequente e intensa.
Além dos eventos prolongados registrados em 2010 e 2015-2016, que deixam a floresta mais inflamável e provocam a fragmentação da vegetação, o bioma passa por uma nova estiagem no biênio 2023-2024, o que agravou ainda mais a situação.
Tanto que o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que o total de focos de calor no primeiro trimestre de 2024 em toda a Amazônia foi o maior dos últimos oito anos – os 7.861 registros entre janeiro e março, representando mais de 50% das notificações no país (o Cerrado vem em seguida, com 25%). O mais alto número até então havia sido no primeiro trimestre de 2016 – 8.240 para o total do bioma.
“É importante entender onde os incêndios estão ocorrendo porque cada uma dessas áreas afetadas demanda uma resposta diferente. Quando analisamos os dados, vimos que as florestas maduras queimaram mais do que nos anos anteriores. Isso é particularmente preocupante não só pela perda de vegetação e desmatamento na sequência, mas também pela emissão do carbono estocado”, afirma o especialista em sensoriamento remoto Guilherme Augusto Verola Mataveli, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Inpe.
Quando o fogo atinge florestas maduras, alertam os pesquisadores, a resiliência da floresta fica comprometida. Isso afeta, entre outras coisas, sua capacidade de criar um microclima úmido abaixo do dossel das árvores para conter e reciclar a umidade dentro do ecossistema.
Outro ponto destacado pelos cientistas é que a crescente inflamabilidade da floresta torna-se um desafio para os agricultores tradicionais. Eles normalmente usam o fogo controlado como forma de manejo de áreas de subsistência. Isso demanda incentivo a cadeias de produção para que sejam livres dessa prática.
No ano passado, alguns pesquisadores do grupo responsável pelo estudo publicado na revista Global Change Biology já haviam identificado esse aumento de incêndios em “florestas maduras” localizado em uma fronteira emergente de desmatamento no sudoeste do Amazonas, na região de Boca do Acre, entre 2003 e 2019.
“Além da gravidade dos incêndios em áreas de florestas maduras atingirem, por exemplo, árvores mais antigas, com maior potencial de estoque de carbono, contribuindo para o aumento do impacto das mudanças climáticas, há o prejuízo para as populações locais. Manaus é um desses casos, que foi a segunda cidade com a pior qualidade do ar no mundo em outubro do ano passado”, afirma Mataveli.
Outros estados registraram situação semelhante, incluindo o Pará, onde a contagem de focos de calor em florestas maduras em 2023 foi de 13.804 – ante 4.217 casos em 2022.
Uma das piores situações está configurada em Roraima, que concentra mais da metade dos registros de incêndio do bioma. Com a quinta maior população indígena do país – 97.320 pessoas –, o estado viu 14 dos seus 15 municípios decretarem emergência em março por causa do fogo.
A fumaça provocada pelas queimadas provocou a suspensão de aulas. A seca severa tem afetado comunidades indígenas, deixando-as sem acesso a alimentos e expostas a doenças respiratórias, entre outros impactos.
O Ibama/Prevfogo informa que tem atuado, desde novembro do ano passado, em conjunto com outras instituições nas ações de prevenção e no combate aos incêndios, atualmente concentrados em diferentes regiões de Roraima. Segundo o órgão, desde janeiro, são mais de 300 combatentes, além de quatro aeronaves que dão apoio ao trabalho.
Para amenizar o problema, o grupo de cientistas sugere o aumento de operações de comando e controle e a expansão de brigadas de incêndio, além do desenvolvimento constante de sistemas de monitoramento.
“Com o uso de inteligência artificial, podemos tentar desenvolver sistemas que, além de mostrar onde ocorreram os incêndios, façam uma predição dos locais com mais propensão de ocorrer e assim ter áreas mais específicas como foco de prevenção”, complementa Mataveli.
*Com informações da Agência Fapesp
MANAUS/AM - A seca que atinge o estado do Amazonas já afeta 633 mil pessoas, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil do estado no inicio desta semana. Das 62 cidades do estado, 59 estão em situação de emergência por causa da estiagem. O município de Canutama está em estado de alerta e apenas nos municípios de Presidente Figueiredo e Apuís a situação é de normalidade.
De acordo com a Defesa Civil, 158 mil famílias foram afetadas pela seca deste ano. Em razão da estiagem, o governador Wilson Lima decretou, em setembro, situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado.
No período de janeiro a 21 de outubro foram registrados 17.691 focos de calor no Amazonas. Somente em outubro, até o momento, foram 3.060 focos, mais do que o dobro do mesmo período do ano passado, quando foram notificados 1.200.
Em Manaus, a seca é a pior registrada em 121 anos. A cota do Rio Negro, nesta segunda-feira, está em 12,89m, a menor registrada desde 1902, quando começaram as medições do volume do rio. O recorde de alta já medido foi de 30,02 metros em 16 de junho de 2021.
Na semana passada, o governo federal disponibilizou cerca de R$ 100 milhões para ações emergenciais de dragagem de trechos do rio em pontos críticos, próximos à cidade de Itacoatiara e Manaus. A região tem cerca de 2,3 milhões habitantes e o objetivo é evitar o desabastecimento de itens básicos. O Ministério dos Portos e Aeroportos informou que os órgãos competentes já deram início aos trâmites para a contratação emergencial da dragagem, que deverá começar nos próximos dias, ainda nesta segunda quinzena de outubro.
“As embarcações que operam no terminal graneleiro (Hermasa Itacoatiara/grãos) e nos principais terminais de contêineres da Zona Franca (Chibatão e Superterminais) estão com capacidade reduzida. A dragagem vai impedir impactos no valor do frete e no prazo para disponibilização de produtos que são escoados pelas hidrovias do Arco Norte”, informou a pasta.
Também na semana passada, a Marinha, por meio do Navio de Assistência Hospitalar Soares de Meirelles, em ação conjunta com o Exército e autoridades locais, distribuiu mais de 6 mil cestas básicas e 1,1 mil caixas de água mineral em municípios da região do Alto Solimões. A distribuição começou pelo município de Tabatinga, perto da fronteira com a Colômbia e o Peru.
Segundo a Marinha, o navio é “o principal meio de transporte para distribuição de cestas básicas e suprimentos essenciais na região”. A embarcação deve percorrer 1.350 quilômetros, incluindo os municípios de Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins.
Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
ARGENTINA - Uma seca histórica deteriorou a situação econômica da Argentina – que já era difícil -, acelerou a inflação e deve levar o país à recessão neste e no próximo ano. Economistas apontam que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 deverá ficar entre 2,5% e 3%, enquanto a inflação poderá chegar a 110%. Eles também afirmam que o déficit fiscal voltará a crescer, fazendo com que o país quebre o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Estamos prevendo uma queda de 3% no PIB neste ano e, se tudo for bem, uma inflação de 110%”, diz o economista Lorenzo Sigaut Gravina, diretor da consultoria Equilibra.
O Itaú Unibanco também projeta recuo de 3% em 2023 e de 2% em 2024, além de inflação de 100% neste ano. “A seca foi um golpe muito duro. Complicou o plano de Sergio Massa (ministro de Economia). Os desequilíbrios econômicos são muito grandes, e as correções foram pequenas nos últimos meses”, diz o economista Juan Barboza, do Itaú.
A seca reduzirá a produção de soja em 45% em relação ao esperado, resultando na pior colheita das últimas 15 safras. A de trigo deverá cair em 50%, na pior safra desde 2010, e a de milho, em 35%, segundo dados da Bolsa de Comércio de Rosário.
O problema se torna ainda mais delicado porque o setor agroindustrial responde por cerca de 65% das exportações da Argentina, que vive uma escassez de dólares. Com a queda da produção agrícola, US$ 20 bilhões (o equivalente a 23% das vendas ao exterior em 2022) deixarão de ingressar no país.
A inflação tem batido recordes mesmo com o governo controlando preços de produtos essenciais. Quase 2 mil produtos estão com o preço congelado, e outros 49,8 mil não podem ter reajuste superior a 3,2% por mês.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
CORUMBÁ/MS - A seca continua que massacra o Pantanal desde 2019 vem impondo uma emergência tão extrema sobre os animais da região que jacarés estão tendo de recorrer ao canibalismo para sobreviver.
Um vídeo recente mostrou centenas de animais aglomerados em uma lagoa quase inteiramente de lama na região do Porto Esperança, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
O vídeo foi registrado por Calixto Andreta Júnior, gerente de fazendas da região, e mostra os animais em posição de alerta, somente com a cabeça para fora da água: segundo especialistas escutados por reportagem do G1, a postura é uma forma de se protegerem de possíveis ataques canibais.
A falta de alimento e a seca pode levar os jacarés a começarem a matar e comer os animais mais fracos e desnutridos do grupo.
O vídeo, registrado em local a cerca de 420 km da capital, Campo Grande, foi enviado para o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (GRETAP-MS), grupo técnico que coordena resgates e atendimentos aos animais silvestres da região.
Os especialistas vêm realizando operação de alimentação e ajuda aos animais em parceria com Polícia Militar Ambiental (PMA-MS), e devem ir ao local.
Os jacarés são adaptados para sobreviver às sazonalidades do Pantanal, com momentos de cheia e seca ao longo do ano: a seca continua que vem ocorrendo na região desde 2019 por conta das mudanças climáticas, porém, ameaça severamente a vida dos animais. Segundo a PMA-MS, se os jacarés não conseguirem chegar a um rio, serão resgatados e transportados por uma força tarefa especial.
VITOR PAIVA / Hypeness
ITÁLIA - Uma seca histórica na Itália pode colocar em risco 30% da produção agrícola do país, alertou o Ministro delle Politiche Agricole Alimentari e Forestali, Stefano Patuanelli, aos legisladores na última quarta-feira (13), ameaçando a produção de alimentos básicos como azeite, arroz arbóreo e tomate.
A última pesquisa do governo mostra que a Itália perdeu quase um quinto de seu abastecimento de água de 1991 a 2020, em comparação com 1921 a 1950, disse Patuanelli a membros da câmara baixa do parlamento italiano, de acordo com a Associated Press.
Os dados sugerem que a Itália pode sofrer perdas adicionais de até 40% das fontes de água disponíveis nas próximas décadas, o que Patuanelli descreveu como um “desperdício lento, mas implacável de água”.
Como as temperaturas acima da média e a falta de chuvas afetarão a bacia do Pó, o rio mais longo da Itália que atravessa o norte do país, é particularmente preocupante porque a área é responsável por um terço da produção agrícola nacional, segundo o ministro.
A seca pode afetar o cultivo das culturas que crescem na área, afirmou Patuanelli, nomeando tomate, milho e arroz (a área do Pó é um dos principais produtores de arroz arbóreo, o grão preferido para fazer risoto), além da produção do presunto, um símbolo da região.
O analista de mercado da Mintec, Kyle Holland, disse ao Guardian que a produção italiana de azeite pode cair entre 20% e 30% em relação ao ano passado, observando que os níveis de umidade do solo são criticamente baixos, o que também pode afetar o número de damascos, pêssegos e peras produzidos na região, segundo um especialista em azeite que conversou com o jornal britânico.
A conta é de US$ 3 bilhões (R$ 16,23 bilhões na cotação atual). Isso é o quanto os agricultores italianos já perderam em meio à seca, de acordo com o principal lobby agrícola da Itália, o Coldiretti, que observou que os agricultores também tiveram de enfrentar preços altíssimos de energia por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Na semana passada, a Itália declarou estado de emergência na bacia do rio Pó e áreas vizinhas, pois o nível da água do rio caiu para as medições mais baixas registradas em 70 anos. A água está tão baixa que em março um veículo militar do tempo da Segunda Guerra Mundial, abandonado no rio por tropas alemãs em retirada, ressurgiu no leito seco.
Embora as secas ocorram historicamente de forma cíclica na Itália, pesquisas indicam que elas ocorrerão com mais frequência nos próximos anos e “com consequências cada vez mais devastadoras”, disse Patuanelli. Ele acrescentou que os efeitos da seca foram agravados pela má infraestrutura hídrica do país, que perde cerca de 42% da água potável, em grande parte por causa de canos velhos.
O primeiro-ministro Mario Draghi disse, também na semana passada, afirmou que “não há dúvida” de que as mudanças climáticas contribuíram para a seca”. Naquele período, 11 pessoas morreram nos Alpes italianos depois que uma geleira derretida causou uma avalanche.
Carlie Porterfield / FORBES BRASIL
SÃO PAULO/SP - A seca que atinge o Brasil há vários meses ameaça o abastecimento de eletricidade do país, muito dependente de suas hidrelétricas, aumenta o custo da energia e põe em risco a produção agrícola e a recuperação da economia.
A falta de chuvas nas regiões sudeste e centro-oeste do país é a pior em quase um século, segundo o governo brasileiro, e a situação não deve melhorar: o inverno é caracterizado por chuvas fracas nessas regiões.
No sul do Brasil, o principal culpado é o fenômeno climático La Niña, explica à AFP Pedro Luiz Cortês, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
Ativo de setembro até o início de maio, o fenômeno pode retomar no final de setembro, quando normalmente começa o período de chuvas. "Na prática, nós vamos ter de um ano e meio a dois anos de período seco atingindo a região sul", prevê o pesquisador.
Em relação ao centro-oeste, Cortês aponta para um déficit pluviométrico de quase uma década devido ao "desmatamento da Amazônia, que abaixa a umidade na atmosfera e reduz as chuvas na região central", problema que pode se tornar "crônico".
A estiagem afeta o funcionamento do setor hidrelétrico, que contribui com 63,8% do potencial de produção de energia elétrica do Brasil, com grande parte das usinas localizadas nessas duas regiões.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível médio dos reservatórios dessas usinas caiu no final de maio para 32%, o pior desde a crise hídrica de 2015, comprometendo sua capacidade de produção de energia nos meses por vir.
No dia 1º de junho, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou até novembro "situação crítica de escassez de recursos hídricos" na bacia do Paraná, zona de maior potencial hidrelétrico do país.
Isso permitirá modificar temporariamente as regras de captação de água. "Num primeiro momento", porém, "a necessidade de restrições para usos consuntivos como a irrigação e o abastecimento humano não é vislumbrada", diz a resolução da ANA.
Mas, para preservar suas reservas, o setor elétrico quer flexibilizar as regras de vazão mínima das barragens, o que pode ter um impacto negativo sobre outros usos dos recursos, como transporte fluvial ou irrigação.
Para salvar os reservatórios e evitar um apagão gigantesco ou racionamento como o de 2001, ainda fresco na memória dos brasileiros, o governo também passou a solicitar usinas térmicas disponíveis.
"Mas as usinas termelétricas são fontes secundárias. Mesmo somadas a outras fontes de eletricidade, como o crescente parque eólico, dificilmente compensarão as hidrelétricas se o consumo de energia aumentar significativamente com a retomada da atividade econômica", afirma Pedro Luiz Cortês, para quem a urgência agora é sensibilizar a população.
De qualquer forma, os brasileiros sentirão os efeitos da crise no bolso: em função do maior custo operacional das termelétricas, a Agência Nacional de Energia Elétrica, após um primeiro reajuste em maio, acionou a bandeira vermelha de patamar 2, o maior existente, para junho, uma taxa adicional de R$ 6,24 a cada 100 kWh consumidos.
A seca também atinge importantes regiões agrícolas e ameaça as lavouras de cana-de-açúcar, café, laranja,milho e soja, pressionando seus preços.
Aves e suínos, alimentados com rações de cereais e oleaginosas, também devem custar mais, alerta André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A indústria, por sua vez, "já segue muito afetada pelo encarecimento das matérias-primas e a questão da energia é mais um desafio", ressalta o especialista.
A consultoria MB Associados projeta alta de 5,8% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano, acima do teto estabelecido pelo governo.
Essa pressão inflacionária pode levar o Banco Central a voltar a aumentar suas taxas de juros.
Já o PIB, após ter caído 4,1% em 2020, pode crescer este ano na mesma proporção.
Mas para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, "a recuperação da economia (...) em andamento" pode ter seu ritmo "atrasado" pela questão energética e pela chegada iminente da terceira onda da covid-19.
*Por: AFP
BELO HORIZONTE/MG - Para tentar conter a alta no número de casos de covid-19, a prefeitura de Belo Horizonte (MG) determinou uma “lei seca”. A partir de segunda-feira, 7, fica proibido o consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes.
O decreto, publicado hoje, 4, no Diário Oficial, também altera o funcionamento do comércio na capital mineira. Padarias e lanchonetes poderão funcionar diariamente, entre 5h e 22h, com consumo no local liberado, exceto de bebidas alcoólicas).
Já restaurantes, cantinas, sorveterias, bares e similares podem funcionar de segunda a sábado, entre 11h e 22h, para consumo no local, exceto de bebidas alcoólicas.
A venda de bebidas alcoólicas nestes estabelecimentos para consumo em casa está permitida.
Até ontem, Belo Horizonte somava 55.039 casos confirmados do novo coronavírus e 1.675 mortes em decorrência de complicações da doença.
*Por: CATRACA LIVRE
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