ALEMANHA - A Alemanha expressou"grande preocupação" com a ameaça do Presidente russo de uma resposta "militar e técnica" se os países ocidentais não puserem termo a uma política que considerou ser "claramente agressiva".
"A minha preocupação é grande", comentou a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, citada pela agência de notícias France-Presse. Baerbock insistiu que a "grave crise" nas relações com a Rússia só pode ser resolvida através do diálogo.
Num contexto de tensões crescentes sobre a Ucrânia, Putin disse que tomará "medidas de retaliação militares e técnicas adequadas" se o Ocidente mantiver a sua política contra Moscovo.
"Caso se mantenha a linha claramente agressiva dos nossos colegas ocidentais, vamos adotar medidas militares e técnicas adequadas de represálias, reagir firmemente às ações hostis (...). Temos perfeitamente esse direito", declarou Putin na terça-feira (21.12), numa intervenção perante responsáveis militares russos.
A Rússia alega que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) estão a reforçar a sua presença nas fronteiras da Rússia, armando a Ucrânia, conduzindo manobras militares na região e destacando forças para o Mar Negro.
O Ocidente acusa Moscovo de ter concentrado cerca de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia, indiciando uma invasão iminente, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.
Discutir as exigências de Moscovo
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse na quarta-feira (22.12) que a Rússia e os Estados Unidos se vão reunir em janeiro, para discutir as exigências de Moscovo de garantias que impeçam a expansão da NATO para a Europa de Leste, incluindo a Ucrânia.
Lavrov disse ainda que, em janeiro, o seu Governo também iniciará conversações separadas com a Aliança Atlântica para discutir o assunto, acrescentando que as discussões separadas se realizarão sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Na semana passada, Moscovo apresentou uma proposta exigindo que a NATO retirasse o convite de adesão à organização da Ucrânia e de outros países da esfera de influência da antiga União Soviética.
Washington e os seus aliados europeus recusaram aceitar a proposta, mas disseram estar disponíveis para negociações.
LIVERPOOL - Os ministros de Assuntos Estrangeiros dos países do G7 alertaram a Rússia neste domingo (12) sobre as "enormes consequências" de uma possível agressão militar contra a Ucrânia, mostra um esboço de comunicado de seu encontro em Liverpool.
Em nota, eles informam que condenam unanimemente o fortalecimento da presença militar russa na fronteira com a Ucrânia e pedem a Moscou que ajude a acalmar a situação. “A Rússia não deve ter dúvidas de que uma nova agressão militar contra a Ucrânia teria enormes consequências e um alto custo”, afirma o projeto de comunicado, cujo conteúdo foi confirmado por fontes do G7.
A Rússia nega preparar qualquer invasão da Ucrânia diante de denúncias ucranianas e ocidentais que a acusam de reunir tropas na fronteira entre os dois países. Moscou exige compromissos de segurança dos Estados Unidos e da Otan, mas recusa qualquer estabelecimento militar em seu próprio território.
O G7 reúne Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Japão, Canadá e Estados Unidos. Um representante da União Europeia também participa das reuniões. A secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, declarou neste domingo que o G7 também expressou preocupação com "as políticas econômicas coercitivas da China".
Civis temem ataque russo
Enquanto isso, nos arredores de Kiev, os civis se preparam para a possibilidade de um ataque militar russo massivo nas principais cidades ucranianas.
O batalhão de Defesa Territorial de Kiev tem oficialmente 550 membros, mas seus oficiais estimam que possam mobilizar mais de 2 mil reservistas em caso de alerta. Todos são civis: alguns são veteranos da guerra do Donbass, outros são neófitos. Mas todos desejam defender seu país.
O exército ucraniano tem 300 mil homens, em que cerca de um terço está mobilizado na linha de frente de Donbass. No entanto, o país também tem um exército reserva, com 430 mil veteranos que estão nas fileiras militares há sete anos, além de uma Defesa Territorial Civil de cerca de 80 mil cidadãos.
MOSCOU - A Rússia disse nesta quinta-feira que as tensões crescentes em relação à Ucrânia poderiam levar a uma repetição da crise dos mísseis de Cuba, quando o mundo ficou à beira da guerra nuclear.
O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, fez o comentário ao ser indagado por um repórter se a situação atual poderia se tornar algo semelhante ao impasse de 1962 entre os Estados Unidos e a União Soviética em plena Guerra Fria.
"Realmente poderia chegar a esse ponto, sabe?", disse ele, segundo citação da agência de notícias Interfax. "Se as coisas continuarem como estão, é inteiramente possível, pela lógica dos acontecimentos, acordar de repente e se ver em algo semelhante."
A crise cubana foi desencadeada pela instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha caribenha e levou os EUA a imporem um bloqueio naval para impedir a Rússia de enviar mais.
Ela foi debelada quando o líder soviético Nikita Khrushchev concordou em desmantelar e retirar as armas em troca de uma promessa do presidente norte-americano John F. Kennedy de não voltar a invadir a ilha.
O temor russo em relação à Ucrânia, que deseja se filiar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é que a aliança militar liderada pelos Estados Unidos instale mísseis em solo ucraniano e os mire contra a Rússia. A Otan diz que é uma aliança defensiva e que tais preocupações não se justificam.
EUA - Oficiais de agências de inteligência dos Estados Unidos concluíram que a Rússia tem um plano pronto para uma possível invasão militar da Ucrânia, e que 70 mil soldados russos estão mobilizados próximos à fronteira do país para a operação, que poderia potencialmente ocorrer já no próximo ano.
A movimentação militar russa ampliou a tensão entre a Casa Branca e o Kremlin, e será tema de uma videoconferência entre o presidente americano, Joe Biden, e o presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira (7/12).
A estimativa do ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, sobre soldados russos na região de fronteira é ainda maior. Ele afirmou na sexta-feira que haveria 94,3 mil soldados russos próximos da Ucrânia e na península da Crimeia, e alertou que uma "escalada de grandes proporções" poderia ocorrer em janeiro.
Oficiais de inteligência dos Estados Unidos e ex-diplomatas americanos afirmaram à agência de notícias Associated Press que Putin está claramente se preparando para uma possível invasão.
Documentos da inteligência americana mencionados pelo jornal The New York Times neste sábado indicam que o plano de Moscou envolveria 175 mil soldados, em até 100 batalhões táticos e com o uso de armas pesadas e artilharia, entre outros equipamentos militares.
Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, disse haver "evidências de que a Rússia fez planos para movimentos agressivos e significativos contra a Ucrânia".
A Ucrânia é uma ex-república soviética sobre a qual Putin tem pretensões expansionistas. Em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia, que estava sob controle ucraniano desde 1954. A Rússia tem também apoiado movimentos separatistas no leste da Ucrânia, em um conflito que já dura sete anos e deixou mais de 14 mil mortos.
Incerteza sobre ataque
Ainda não está claro, porém, se Putin já decidiu invadir a Ucrânia. Segundo o documento, o plano russo envolve movimentar as suas tropas em idas e vindas na região da fronteira leste da Ucrânia "para ofuscar intenções e criar incerteza".
Uma das preocupações de Putin é que a Ucrânia seja admitida como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No final de novembro, o presidente russo disse que um eventual envio de tropas da aliança militar para o território ucraniano seria atravessar uma "linha vermelha" e motivaria uma forte reação russa.
Um oficial da inteligência americana relatou ao New York Times que oficiais russos sugeriram realizar operações de informação dentro da Ucrânia para descrever as lideranças do país como marionetes do Ocidente e contra os interesses do país.
Riscos para Putin
Uma eventual invasão da Ucrânia acarretaria também riscos para Putin. Analistas afirmam que as Forças Armadas da Ucrânia teriam hoje poucas chances de derrotar as forças russas, mas ressaltam que elas estão hoje mais preparadas do que no passado e ofereceriam maior resistência.
O principal dano, porém, ocorreria por meio de sanções aplicadas à Rússia por países europeus, os Estados Unidos e outras nações, que afetariam a economia russa.
RIGA - A Ucrânia pediu à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na quarta-feira que prepare sanções econômicas contra a Rússia para deter uma possível invasão de dezenas de milhares de soldados russos concentrados na região de fronteira entre os dois países.
O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, disse que fará o pedido aos chanceleres da Otan reunidos pelo segundo dia na Letônia para debater como reagir ao fortalecimento militar russo e evitar o que pode ser a crise mais perigosa nas relações com a Rússia desde a Guerra Fria.
"Pediremos aos aliados que se unam à Ucrânia montando um pacote de dissuasão", disse Kuleba aos repórteres ao chegar para as conversas em Riga.
Isto deveria incluir o preparo de sanções econômicas contra a Rússia, caso Moscou "decida escolher a pior opção", disse Kuleba, acrescentando que a Otan também deveria fortalecer a cooperação militar e de defesa com o governo ucraniano.
A Ucrânia não é uma integrante da Otan, mas a aliança militar liderada pelos Estados Unidos se diz comprometida a preservar a soberania da ex-República soviética, que se inclina para o Ocidente desde 2014 e pretende se filiar tanto à Otan quanto à União Europeia.
Isto revolta a Rússia e levou o presidente Vladimir Putin a dizer na terça-feira que seu país está pronto com uma arma hipersônica recém-testada caso a Otan cruze suas "linhas vermelhas" e instale mísseis na Ucrânia.
RÚSSIA - A Rússia se queixou à Uefa, a entidade reguladora do futebol europeu, depois que a Ucrânia apresentou a nova camisa de sua seleção com um mapa que inclui a Crimeia, disse o ministro russo dos Esportes na quarta-feira (9).
A Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia em 2014. Moscou considera a península parte da Rússia, mas esta é reconhecida internacionalmente como parte da Ucrânia.
Autoridades russas já classificaram a medida como uma provocação, enquanto autoridades ucranianas dizem que o uniforme contém símbolos que unem a população do país. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, publicou nesta quarta-feira (9) no Instagram uma selfie na qual aparece com a camisa.
"A União Russa de Futebol apelou à Uefa para receber explicações", disse o ministro russo dos Esportes, Oleg Matytsin, segundo citação da agência de notícias Tass. "Expressamos nossa preocupação com o uniforme da seleção ucraniana."
A frente da camisa amarela mostra as fronteiras do país em branco. Um slogan na parte superior das costas diz "Glória à Ucrânia!". Dentro da camisa há um slogan que declara "Glória aos heróis!"
As duas frases são usadas na Ucrânia como uma saudação militar oficial.
As relações entre Moscou e Kiev se deterioraram acentuadamente após a anexação da Crimeia e o início de uma rebelião separatista com apoio russo no leste da Ucrânia no mesmo ano.
A Ucrânia enfrenta a Holanda em sua primeira partida da Euro 2020 no dia 13 de junho em Amsterdã, e ainda encara Áustria e Macedônia do Norte no Grupo C.
A Rússia confronta a Bélgica em seu jogo de abertura em casa em São Petersburgo em 12 de junho e depois joga contra Dinamarca e Finlândia.
*Por Gabrielle Tétrault-Farber / REUTERS
FRANÇA - A França começou as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 (Catar) de forma pouco convincente. Na quarta-feira (24), empatou por 1 a 1 em casa com a Ucrânia. Outro resultado surpreendente foi o triunfo da Turquia sobre a Holanda.
O atacante Griezmann abriu o placar, no primeiro tempo, para a França com um chute de meia distância, mas o zagueiro Kimpembe marcou um gol contra após o intervalo para dar aos visitantes um ponto valioso.
O resultado deixou a equipe comandada pelo técnico Didier Deschamps e a Ucrânia empatados no Grupo D com Finlândia e Bósnia, que ficaram no 2 a 2 no outro jogo da chave.
Os franceses, atuais campeões mundiais, enfrentam o Cazaquistão no próximo domingo (28) e a Bósnia na quarta-feira (31).
O veterano capitão Burak Yilmaz marcou três vezes na vitória de 4 a 2 da Turquia sobre a Holanda.
Yilmaz fez dois gols no primeiro tempo no Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, e a partida parecia resolvida quando Hakan Calhanoglu fez o terceiro no começo do segundo tempo, mas dois gols em dois minutos (aos 30 e aos 31) deram aos holandeses a esperança de uma recuperação épica.
No entanto, uma cobrança de falta impressionante de Yilmaz garantiu os pontos à Turquia.
“Fomos descuidados e não estávamos totalmente focados”, disse o capitão holandês Wijnaldum. “A Turquia também tornou difícil para nós nos defendermos”, completou.
Nos outros jogos do dia das Eliminatórias europeias para a Copa do Mundo, Portugal venceu o Azerbaijão por 1 a 0 no Grupo A, a Bélgica bateu o País de Gales por 3 a 1 no Grupo E e a Eslovênia garantiu outra surpresa, ao derrotar a Croácia por 1 a 0 pelo Grupo H.
*Por Mark Gleeson / REUTERS
KYIV - O Serviço de Segurança do Estado da Ucrânia (SBU) disse na terça-feira que impediu um ataque cibernético em grande escala por hackers russos visando dados confidenciais do governo.
A SBU disse que o objetivo era “obter acesso a dados confidenciais das mais altas instituições do poder estatal da Ucrânia” e acusou o Serviço Federal de Segurança Russo (FSB) de estar por trás dos hackers que, segundo ele, realizaram o ataque.
Kiev já havia acusado Moscou de orquestrar grandes ataques cibernéticos como parte de uma “guerra híbrida” contra a Ucrânia, mas a Rússia nega. O FSB não comentou imediatamente a última acusação.
A SBU não disse se algum dano foi causado no último incidente.
Em fevereiro, as autoridades cibernéticas ucranianas acusaram redes russas não identificadas de ataques a sites de segurança e defesa ucranianos e de tentar disseminar documentos maliciosos por meio de um sistema baseado na web.
A Ucrânia e a Rússia estão em desacordo desde a anexação da Crimeia da Ucrânia pela Rússia em 2014 e o envolvimento em um conflito na região oriental de Donbass, que Kiev diz ter matado 14.000 pessoas.
*Reportagem de Pavel Polityuk / REUTERS
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