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SÃO PAULO/SP - O jogo diplomático em torno da grave crise de segurança no Leste Europeu ganhou novos matizes na sexta (28), com os Estados Unidos elevando o alarme acerca do risco de uma invasão russa da Ucrânia e ironizando o tom menos agressivo adotado pelo país de Vladimir Putin.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que "embora nós não acreditemos que o presidente Putin tinha tomado uma decisão final de usar suas forças contra a Ucrânia, ele claramente tem agora essa capacidade".

Já o chefe do Estado-Maior da Forças Armadas americanas, Mike Milley, disse que a movimentação militar russa em torno da Ucrânia é a maior desde a Guerra Fria, o que parece um exagero dados exercícios anteriores de Moscou. Uma guerra, disse, seria "horrível", sobre o que há pouca dúvida.

Para dar mais dramaticidade, a Casa Branca fez vazar a repórteres um relato de inteligência segundo o qual o Kremlin já despachou até estoques de sangue para tratar de feridos em hospitais de campanha montados em seu território. Não há confirmação disso.

Horas após as declarações, o presidente Joe Biden disse que vai transferir tropas americanas para o Leste Europeu "no curto prazo". O democrata já havia informado, no início da semana, que cerca de 8.500 soldados estavam em prontidão para envio imediato à Europa.

Mais cedo, numa pouco usual entrevista online, na qual usou termos francos para falar da crise, o embaixador americano em Moscou, John Sullivan, afirmou que, "se eu coloco uma arma na mesa e digo que venho em paz, isso é ameaçador, e é isso que nós vemos agora".

Ele se refere ao envio de um contingente de 100 mil a 175 mil soldados russos, além de equipamentos, às fronteiras ucranianas para pressionar o Ocidente a aceitar um pacto de estabilidade no Leste Europeu.

Antes, o chanceler russo, Serguei Lavrov, havia repetido que seu país não pretende invadir a Ucrânia, como dizem Kiev e os membros da Otan, a aliança militar de 30 países liderada pelos EUA, apesar de as opções militares terem sido explicitadas. "No que depender da Rússia, não haverá guerra. Nós não queremos uma guerra. Mas não iremos permitir que [o Ocidente] ignore rudemente e pise nos nossos interesses", completou, ao falar com rádios russas.

Seu tom foi seguido por Aleksandr Lukachenko, ditador da Belarus, que recebeu apoio de Putin para esmagar a oposição contrária a mais uma eleição roubada no país, em 2020.

Tropas russas estão na Belarus em manobras militares que —em conjunto com outras na Crimeia anexada em 2014 e em regiões a leste da Ucrânia— permitem em tese ataques coordenados por três frentes contra o regime de Kiev. "Guerra é uma coisa ruim e terrível. Não haverá vitória numa guerra, todos iremos perder, por isso nós não queremos guerras, já tivemos demais", afirmou Lukachenko em Minsk. Ele comparou a situação com 1941, quando os nazistas invadiram a União Soviética, da qual tanto a Belarus quanto a Ucrânia faziam parte.

"Hoje, a vida é totalmente diferente do que era em 1941. As pessoas eram mais simples, tinham uma vida mais simples e não confortável como a nossa hoje. Deus proíba o início de uma guerra, porque uma das primeiras coisas que teremos de fazer será deixar nossa vida confortável para trás e enfrentar a dureza da guerra. Quem quer isso? Ninguém."

Sullivan, por sua vez, afirmou que os EUA esperam um retorno do Kremlin em relação à resposta formal dada pelo governo de Joe Biden às demandas russas para estabilizar a situação.

Putin quer que a Otan volte a seu formato de 1997, anterior ao início de sua expansão a leste, que aproximou tropas e armas das fronteiras russas. Historicamente, o centro-norte europeu é a avenida pela qual exércitos invadiram a Rússia —suecos no século 18, franceses no 19, alemães duas vezes no 20.

Além disso, há o componente político, já que o Kremlin vê risco de agitação interna se países antes aliados se tornarem democracias ocidentais. Por isso, mantém a firme aliança com a Belarus e, em 2014, interveio para evitar que o golpe contra o governo pró-Moscou em Kiev tornasse o país parte da Otan.

Deu certo até aqui. A Crimeia foi anexada, e o leste do país, o Donbass, virou um protetorado de separatistas russos étnicos. Uma solução para a questão pendente está no plano russo.

Putin ainda pediu que a Ucrânia nunca faça parte da Otan. As demandas foram recusadas pelos EUA e também pela aliança, como seria previsível, mas há pontos em que pode haver avanços: controle de armas nucleares e mecanismos de monitoramento mútuo de exercícios militares.

A partir daí, é possível que haja acordos menos públicos envolvendo a reabertura de negociações sobre o status do Donbass, o que a Ucrânia já iniciou nesta semana em reunião com Rússia, Alemanha e França, que deixe subentendido que a admissão na Otan será inviável.

Na sexta, Putin falou sobre o tema por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron, que busca algum protagonismo no imbróglio —ele tentará a reeleição em abril. Na ligação, o russo reforçou que as respostas dos EUA e da Otan não abordaram as principais preocupações de Moscou e que estudaria com atenção as propostas e depois decidiria sobre novas ações.

O líder do Kremlin também falará com o chinês Xi Jinping na semana que vem, durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Boicotada diplomaticamente pelo Ocidente, a competição terá basicamente Putin como estrela estrangeira nas tribunas. Desde novembro, Xi vem reiterando seu apoio à Rússia na disputa da Ucrânia, exortando os países a cooperarem militar e politicamente.

Na frente europeia, a pressionada Alemanha, vista como ambígua na crise por depender do gás natural russo, negocia a ampliação de seu contingente na base multinacional da Otan que comanda em Rukla, na Lituânia. O país também recebeu nesta sexta quatro caças F-16 adicionais da Força Aérea da Dinamarca —sem Aeronáutica própria, as ex-repúblicas soviéticas do Báltico dependem de proteção dos aliados.

Já o Reino Unido, com o premiê Boris Johnson envolto em uma grave crise doméstica, tenta assumir protagonismo no assunto. O escritório de Boris disse, em comunicado divulgado nesta sexta, que ele viajará à região da Ucrânia, sem, no entanto, especificar qual o destino da viagem e quando ela acontecerá.

Uma porta-voz do premiê disse que ele instará Vladimir Putin a "voltar atrás" em sua suposta intenção de invadir a Ucrânia a fim de "evitar um banho de sangue" durante a próxima conversa por telefone entre os dois líderes, cuja data também não foi divulgada. A chanceler britânica, Liz Truss, deve viajar para a Rússia nas próximas duas semanas para conversar com seu homólogo Sergei Lavrov.

Em mais uma frente de desgaste na relação entre os dois países, os EUA pediram que o Conselho de Segurança da ONU se reúna na próxima segunda (31) para discutir o que chamam de "comportamento ameaçador" da Rússia no entorno ucraniano. A diplomacia russa prontamente sinalizou que trabalha para convocar uma votação que impeça a reunião do colegiado.

O vice-embaixador russo na ONU, Dmitri Polianski, disse que isso seria uma espécie de golpe de relações públicas. "Não me lembro de outra ocasião em que um membro do Conselho de Segurança propôs discutir suas próprias alegações e suposições infundadas como ameaça à ordem internacional", afirmou ele.

Para a Ucrânia, uma das consequências sentidas em meio ao imbróglio está na área econômica. Antevendo o prejuízo, o presidente Volodimir Zelenski disse nesta sexta que uma nova escalada na tensão não pode ser descartada, mas criticou o que descreveu como "pânico" em torno do assunto.

"Não considero a situação agora mais tensa do que antes. Há um sentimento internacional de que há guerra aqui, mas não é o caso."

 

 

IGOR GIELOW / FOLHA

PARIS - Os diálogos entre Rússia e Ucrânia em Paris, em pleno recrudescimento das tensões na fronteira entre os dois países, "não foram simples" e vão continuar em uma nova rodada dentro de duas semanas em Berlim, anunciou na quarta-feira (26) o enviado do Kremlin, Dmitri Kozak.

"Precisamos de uma pausa adicional. Esperamos que este processo tenha resultados em duas semanas", acrescentou Kozak durante coletiva de imprensa após se reunir por oito horas com conselheiros diplomáticos de Ucrânia, França e Alemanha.

"A próxima reunião está prevista para a segunda semana de fevereiro em Berlim", confirmou uma fonte do governo alemão.

Em uma declaração conjunta, o chamado Quarteto da Normandia, criado em 2014 para buscar uma saída para a crise na Ucrânia, reafirmou seu apoio aos acordos de paz de Minsk "como base de trabalho" e comprometeu-se a tentar "mitigar" as divergências.

"Apesar de todas as diferenças de interpretação", os participantes concordaram em que "todas as partes devem manter o cessar-fogo" no leste da Ucrânia "em virtude dos acordos", acrescentou o enviado russo.

Kozak destacou, no entanto, que a situação no leste da Ucrânia, onde separatistas pró-russos autoproclamaram em 2014 duas repúblicas, e a tensão ao longo da fronteira russo-ucraniana são "dois assuntos diferentes".

O encontro em Paris visava a uma desescalada da tensão após uma série de conversas entre Rússia e Estados Unidos. Washington acusa Moscou de preparar um ataque iminente, após ter enviado milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia.

A Presidência francesa avaliou que o resultado da reunião representa "um bom sinal" obtido em "condições difíceis".

A próxima reunião em Berlim também ocorrerá no nível de conselheiros diplomáticos, já que, segundo Kozak, uma cúpula de mandatários "não está na agenda".

"Esperamos que nossos interlocutores compreendam nossos argumentos e que em duas semanas consigamos resultados", acrescentou.

"Nós queremos manter este diálogo", disse, por sua vez, o negociador ucraniano, Andrii Yermak, destacando que a declaração desta quarta-feira "é o primeiro documento significativo" que as duas partes conseguem acordar "desde dezembro de 2019".

Desde os acordos de Minsk de 2015, o front se estabilizou e os combates diminuíram. Mas a solução política para o conflito, que deixou mais de 13.000 mortos, está estagnada.

 

 

AFP

WASHINGTON - Os Estados Unidos estão em negociações com países e empresas produtoras de energia de todo mundo por conta de um potencial desvio de fornecimento para a Europa caso a Rússia venha a invadir a Ucrânia, afirmaram autoridades do governo Biden nesta terça-feira.

Ao falar a jornalistas em uma teleconferência, as autoridades não ofereceram nomes de países ou empresas específicas com as quais estão negociando para garantir um fluxo ininterrupto de energia para a Europa para o restante do inverno, mas disseram que há uma ampla gama de fornecedores, inclusive exportadores de gás natural liquefeito (GNL).

A Reuters reportou no início do mês que autoridades do Departamento de Estado estavam discutindo planos de contingência com empresas de energia para garantir o fornecimento estável para a Europa caso o conflito entre Rússia e Ucrânia interrompa o fornecimento vindo da Rússia.

"Estamos trabalhando para identificar volumes adicionais de gás natural não-russo de várias áreas do planeta: do norte da África e Oriente Médio e dos Estados Unidos", afirmou uma autoridade sênior em condição de anonimato.

"Proporcionalmente, estamos em discussões com grandes produtores de gás natural pelo mundo para entender suas capacidades e disposição para expandir temporariamente a produção de gás natural para alocar os volumes aos compradores europeus", disse a autoridade.

EUA - Cerca de 8.500 soldados dos Estados Unidos estão em alerta máximo para serem mobilizados em meio à crescente tensão na Ucrânia, segundo anunciou o Pentágono.

Enquanto isso, a Rússia nega planejar uma ação militar contra a Ucrânia, apesar de reunir aproximadamente 100.000 soldados nas proximidades deste país.

Está programada para esta segunda-feira, uma videochamada entre o presidente americano, Joe Biden, e aliados europeus para discutir uma estratégia das potências ocidentais diante da agressão russa.

O Pentágono diz que ainda não foi tomada uma decisão definitiva sobre o envio de tropas. Isso só aconteceria se a aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidir empregar forças de de reação rápida, "ou se outras situações se desenrolarem" no que diz respeito às tropas russas, segundo explicou o secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby. Não há planos de ação na própria Ucrânia, acrescentou.

"Isso está provando a seriedade com que os EUA levam seu compromisso com a Otan", disse Kirby.

Alguns membros da Otan, incluindo Dinamarca, Espanha, Bulgária e Holanda, já estão enviando caças e navios de guerra para a Europa Oriental, como um reforço na defesa na região.

No fim de semana, cerca de 90 toneladas de "ajuda letal" dos EUA, incluindo munição para "defensores da linha de frente", chegaram à Ucrânia.

Além do presidente Biden, a videochamada de segunda-feira incluirá o primeiro-ministro britânico Boris Johnson; o presidente francês Emmanuel Macron; o chanceler alemão Olaf Scholz; o primeiro-ministro italiano Mario Draghi; o presidente polonês Andrzej Duda; e o secretário-geral da Otan Jens Stoltenberg.

Os líderes da União Europeia Ursula von der Leyen e Charles Michel também irão participar da chamada.

Enquanto isso, Boris Johnson alertou que investigações de serviços de inteligência sugerem que a Rússia está planejando um ataque-relâmpago à capital ucraniana, Kiev.

"A inteligência é muito clara de que existem 60 grupos de batalha russos nas fronteiras da Ucrânia, o plano para um ataque-relâmpago que poderia derrubar Kiev é algo à vista de todos ", disse Johnson.

"Precisamos deixar bem claro para o Kremlin, para a Rússia, que esse seria um passo desastroso."

 

Retirada de funcionários das embaixadas

O governo Biden recomendou a funcionários da embaixada e seus parentes que deixassem a Ucrânia no domingo. Kiev, por sua vez, classificou a decisão como "prematura" e "uma demonstração de cautela excessiva".

O Reino Unido também começou a retirar funcionários de sua embaixada, com cerca de metade deles já programados para sair de Kiev. A decisão veio um dia depois de o departamento de relações exteriores britânico acusar o presidente russo, Vladimir Putin, de planejar colocar um líder pró-Moscou no governo da Ucrânia.

O nome apontado para essa função, segundo o governo britânico, é do ex-deputado ucraniano Yevhen Murayev — que chamou essa alegação de "estúpida" em uma entrevista à agência de notícias Reuters. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou no Twitter que o departamento britânico estava fazendo "circular desinformação".

Quando o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se encontrou na semana passada com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o russo expressou a esperança de que "as emoções diminuam".

Mas as negociações diplomáticas não conseguiram aliviar as tensões, e a moeda da Rússia — o rublo — perdeu muito valor. Os EUA e seus aliados ameaçaram novas sanções econômicas se os militares russos agirem contra a Ucrânia.

ALEMANHA - A Alemanha expressou"grande preocupação" com a ameaça do Presidente russo de uma resposta "militar e técnica" se os países ocidentais não puserem termo a uma política que considerou ser "claramente agressiva".

"A minha preocupação é grande", comentou a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, citada pela agência de notícias France-Presse. Baerbock insistiu que a "grave crise" nas relações com a Rússia só pode ser resolvida através do diálogo.

Num contexto de tensões crescentes sobre a Ucrânia, Putin disse que tomará "medidas de retaliação militares e técnicas adequadas" se o Ocidente mantiver a sua política contra Moscovo.

"Caso se mantenha a linha claramente agressiva dos nossos colegas ocidentais, vamos adotar medidas militares e técnicas adequadas de represálias, reagir firmemente às ações hostis (...). Temos perfeitamente esse direito", declarou Putin na terça-feira (21.12), numa intervenção perante responsáveis militares russos.

A Rússia alega que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) estão a reforçar a sua presença nas fronteiras da Rússia, armando a Ucrânia, conduzindo manobras militares na região e destacando forças para o Mar Negro.

O Ocidente acusa Moscovo de ter concentrado cerca de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia, indiciando uma invasão iminente, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.

 

Discutir as exigências de Moscovo

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse na quarta-feira (22.12) que a Rússia e os Estados Unidos se vão reunir em janeiro, para discutir as exigências de Moscovo de garantias que impeçam a expansão da NATO para a Europa de Leste, incluindo a Ucrânia.

Lavrov disse ainda que, em janeiro, o seu Governo também iniciará conversações separadas com a Aliança Atlântica para discutir o assunto, acrescentando que as discussões separadas se realizarão sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Na semana passada, Moscovo apresentou uma proposta exigindo que a NATO retirasse o convite de adesão à organização da Ucrânia e de outros países da esfera de influência da antiga União Soviética.

Washington e os seus aliados europeus recusaram aceitar a proposta, mas disseram estar disponíveis para negociações.

LIVERPOOL - Os ministros de Assuntos Estrangeiros dos países do G7 alertaram a Rússia neste domingo (12) sobre as "enormes consequências" de uma possível agressão militar contra a Ucrânia, mostra um esboço de comunicado de seu encontro em Liverpool.

Em nota, eles informam que condenam unanimemente o fortalecimento da presença militar russa na fronteira com a Ucrânia e pedem a Moscou que ajude a acalmar a situação. “A Rússia não deve ter dúvidas de que uma nova agressão militar contra a Ucrânia teria enormes consequências e um alto custo”, afirma o projeto de comunicado, cujo conteúdo foi confirmado por fontes do G7.

A Rússia nega preparar qualquer invasão da Ucrânia diante de denúncias ucranianas e ocidentais que a acusam de reunir tropas na fronteira entre os dois países. Moscou exige compromissos de segurança dos Estados Unidos e da Otan, mas recusa qualquer estabelecimento militar em seu próprio território.

O G7 reúne Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Japão, Canadá e Estados Unidos. Um representante da União Europeia também participa das reuniões. A secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, declarou neste domingo que o G7 também expressou preocupação com "as políticas econômicas coercitivas da China".

 

Civis temem ataque russo

Enquanto isso, nos arredores de Kiev, os civis se preparam para a possibilidade de um ataque militar russo massivo nas principais cidades ucranianas.

O batalhão de Defesa Territorial de Kiev tem oficialmente 550 membros, mas seus oficiais estimam que possam mobilizar mais de 2 mil reservistas em caso de alerta. Todos são civis: alguns são veteranos da guerra do Donbass, outros são neófitos. Mas todos desejam defender seu país.

O exército ucraniano tem 300 mil homens, em que cerca de um terço está mobilizado na linha de frente de Donbass. No entanto, o país também tem um exército reserva, com 430 mil veteranos que estão nas fileiras militares há sete anos, além de uma Defesa Territorial Civil de cerca de 80 mil cidadãos.

MOSCOU - A Rússia disse nesta quinta-feira que as tensões crescentes em relação à Ucrânia poderiam levar a uma repetição da crise dos mísseis de Cuba, quando o mundo ficou à beira da guerra nuclear.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, fez o comentário ao ser indagado por um repórter se a situação atual poderia se tornar algo semelhante ao impasse de 1962 entre os Estados Unidos e a União Soviética em plena Guerra Fria.

"Realmente poderia chegar a esse ponto, sabe?", disse ele, segundo citação da agência de notícias Interfax. "Se as coisas continuarem como estão, é inteiramente possível, pela lógica dos acontecimentos, acordar de repente e se ver em algo semelhante."

A crise cubana foi desencadeada pela instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha caribenha e levou os EUA a imporem um bloqueio naval para impedir a Rússia de enviar mais.

Ela foi debelada quando o líder soviético Nikita Khrushchev concordou em desmantelar e retirar as armas em troca de uma promessa do presidente norte-americano John F. Kennedy de não voltar a invadir a ilha.

O temor russo em relação à Ucrânia, que deseja se filiar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), é que a aliança militar liderada pelos Estados Unidos instale mísseis em solo ucraniano e os mire contra a Rússia. A Otan diz que é uma aliança defensiva e que tais preocupações não se justificam.

EUA - Oficiais de agências de inteligência dos Estados Unidos concluíram que a Rússia tem um plano pronto para uma possível invasão militar da Ucrânia, e que 70 mil soldados russos estão mobilizados próximos à fronteira do país para a operação, que poderia potencialmente ocorrer já no próximo ano.

A movimentação militar russa ampliou a tensão entre a Casa Branca e o Kremlin, e será tema de uma videoconferência entre o presidente americano, Joe Biden, e o presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira (7/12).

A estimativa do ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, sobre soldados russos na região de fronteira é ainda maior. Ele afirmou na sexta-feira que haveria 94,3 mil soldados russos próximos da Ucrânia e na península da Crimeia, e alertou que uma "escalada de grandes proporções" poderia ocorrer em janeiro.

Oficiais de inteligência dos Estados Unidos e ex-diplomatas americanos afirmaram à agência de notícias Associated Press que Putin está claramente se preparando para uma possível invasão.

Documentos da inteligência americana mencionados pelo jornal The New York Times neste sábado indicam que o plano de Moscou envolveria 175 mil soldados, em até 100 batalhões táticos e com o uso de armas pesadas e artilharia, entre outros equipamentos militares.

Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, disse haver "evidências de que a Rússia fez planos para movimentos agressivos e significativos contra a Ucrânia".

A Ucrânia é uma ex-república soviética sobre a qual Putin tem pretensões expansionistas. Em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia, que estava sob controle ucraniano desde 1954. A Rússia tem também apoiado movimentos separatistas no leste da Ucrânia, em um conflito que já dura sete anos e deixou mais de 14 mil mortos.

 

Incerteza sobre ataque

Ainda não está claro, porém, se Putin já decidiu invadir a Ucrânia. Segundo o documento, o plano russo envolve movimentar as suas tropas em idas e vindas na região da fronteira leste da Ucrânia "para ofuscar intenções e criar incerteza".

Uma das preocupações de Putin é que a Ucrânia seja admitida como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No final de novembro, o presidente russo disse que um eventual envio de tropas da aliança militar para o território ucraniano seria atravessar uma "linha vermelha" e motivaria uma forte reação russa.

Um oficial da inteligência americana relatou ao New York Times que oficiais russos sugeriram realizar operações de informação dentro da Ucrânia para descrever as lideranças do país como marionetes do Ocidente e contra os interesses do país.

 

Riscos para Putin

Uma eventual invasão da Ucrânia acarretaria também riscos para Putin. Analistas afirmam que as Forças Armadas da Ucrânia teriam hoje poucas chances de derrotar as forças russas, mas ressaltam que elas estão hoje mais preparadas do que no passado e ofereceriam maior resistência.

O principal dano, porém, ocorreria por meio de sanções aplicadas à Rússia por países europeus, os Estados Unidos e outras nações, que afetariam a economia russa.

RIGA - A Ucrânia pediu à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na quarta-feira que prepare sanções econômicas contra a Rússia para deter uma possível invasão de dezenas de milhares de soldados russos concentrados na região de fronteira entre os dois países.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, disse que fará o pedido aos chanceleres da Otan reunidos pelo segundo dia na Letônia para debater como reagir ao fortalecimento militar russo e evitar o que pode ser a crise mais perigosa nas relações com a Rússia desde a Guerra Fria.

"Pediremos aos aliados que se unam à Ucrânia montando um pacote de dissuasão", disse Kuleba aos repórteres ao chegar para as conversas em Riga.

Isto deveria incluir o preparo de sanções econômicas contra a Rússia, caso Moscou "decida escolher a pior opção", disse Kuleba, acrescentando que a Otan também deveria fortalecer a cooperação militar e de defesa com o governo ucraniano.

A Ucrânia não é uma integrante da Otan, mas a aliança militar liderada pelos Estados Unidos se diz comprometida a preservar a soberania da ex-República soviética, que se inclina para o Ocidente desde 2014 e pretende se filiar tanto à Otan quanto à União Europeia.

Isto revolta a Rússia e levou o presidente Vladimir Putin a dizer na terça-feira que seu país está pronto com uma arma hipersônica recém-testada caso a Otan cruze suas "linhas vermelhas" e instale mísseis na Ucrânia.

RÚSSIA - A Rússia se queixou à Uefa, a entidade reguladora do futebol europeu, depois que a Ucrânia apresentou a nova camisa de sua seleção com um mapa que inclui a Crimeia, disse o ministro russo dos Esportes na quarta-feira (9).

A Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia em 2014. Moscou considera a península parte da Rússia, mas esta é reconhecida internacionalmente como parte da Ucrânia.

Autoridades russas já classificaram a medida como uma provocação, enquanto autoridades ucranianas dizem que o uniforme contém símbolos que unem a população do país. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, publicou nesta quarta-feira (9) no Instagram uma selfie na qual aparece com a camisa.

"A União Russa de Futebol apelou à Uefa para receber explicações", disse o ministro russo dos Esportes, Oleg Matytsin, segundo citação da agência de notícias Tass. "Expressamos nossa preocupação com o uniforme da seleção ucraniana."

A frente da camisa amarela mostra as fronteiras do país em branco. Um slogan na parte superior das costas diz "Glória à Ucrânia!". Dentro da camisa há um slogan que declara "Glória aos heróis!"

As duas frases são usadas na Ucrânia como uma saudação militar oficial.

As relações entre Moscou e Kiev se deterioraram acentuadamente após a anexação da Crimeia e o início de uma rebelião separatista com apoio russo no leste da Ucrânia no mesmo ano.

A Ucrânia enfrenta a Holanda em sua primeira partida da Euro 2020 no dia 13 de junho em Amsterdã, e ainda encara Áustria e Macedônia do Norte no Grupo C.

A Rússia confronta a Bélgica em seu jogo de abertura em casa em São Petersburgo em 12 de junho e depois joga contra Dinamarca e Finlândia.

 

 

 

*Por Gabrielle Tétrault-Farber / REUTERS

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