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Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia de Vladimir Putin invade a Ucrânia AFP

Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia de Vladimir Putin invade a Ucrânia

Escrito por  Fev 14, 2023

RÚSSIA - “Tomei a decisão de realizar uma operação militar especial”. Com estas palavras, o presidente russo, Vladimir Putin, inicia, em 24 de fevereiro de 2022, a invasão da vizinha, Ucrânia, desencadeando o pior conflito no continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

Em um contexto de tensões crescentes com o Ocidente, o presidente russo lança as hostilidades pouco antes das 06h locais (00h de Brasília), com um anúncio surpresa pela televisão.

O objetivo é a “desmilitarização e desnazificação da Ucrânia”, afirma, em um tom duro, o chefe do Kremlin, reiterando as acusações infundadas de um “genocídio” orquestrado pela Ucrânia no leste russófono do país e denunciando uma política “agressiva” da Otan.

Dois dias antes, Putin havia declarado a “independência” de territórios separatistas ucranianos no Donbass, que Kiev combate com armas desde 2014.

O presidente russo ameaça o Ocidente com “consequências nunca vistas” em caso de interferência.

 

– “Invasão de grande amplitude” –

Fortes explosões são ouvidas nos céus da ex-república soviética. Os ataques têm como alvo a capital, Kiev, Kramatorsk (quartel-general do exército ucraniano no leste) e Kharkiv, a segunda maior cidade do país, situada perto da fronteira russa. Também em Odessa, na costa do Mar Morto, e Mariupol, o principal porto.

De uma ponta a outra do país ouvem-se sirenes de alertas aéreos.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, denuncia o início de uma “invasão de grande amplitude”.

Desde o amanhecer, os ucranianos se aglomeram no metrô de Kiev, transformado em abrigo. “Acordei com o barulho das bombas. Arrumei umas sacolas e parti”, contou à AFP Maria Kashkoska, de 29 anos, encolhida, em estado de choque.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, promete “vencer”, proclama a lei marcial e pede, em um vídeo no Facebook, que seus 40 milhões de concidadãos “não entrem em pânico”.

 

– Às portas de Kiev –

Na primeira hora da manhã, blindados russos entram em solo ucraniano pelo norte – vindos de Belarus, aliada de Moscou -, sul e leste.

Com uma “superioridade aérea total” sobre a Ucrânia – limitada em recursos antiaéreos apesar da crescente ajuda militar do Ocidente -, o exército russo avança rumo a Kiev, onde se impõe um toque de recolher.

A Rússia quer “decapitar o governo ucraniano” e instalar dirigentes favoráveis a Moscou, segundo análise de fontes militares ocidentais.

Forças russas transportadas de helicóptero atacam o aeroporto militar de Gostomel, às portas da capital ucraniana.

Com o passar das horas, tropas procedentes da península ucraniana da Crimeia – anexada em 2014 por Putin – avançam no sul e tomam o controle de Genishesky, na região de Kherson.

No nordeste, ocorrem violentos combates em Kharkiv, aonde chegam paraquedistas russos.

“Não achei que isto fosse acontecer enquanto estivesse viva”, disse à AFP Olena Kurilo, de 52 anos, o rosto coberto por vendas, devido aos ferimentos sofridos em um ataque. “Farei tudo pela Ucrânia, tanto quanto puder”, assegurou esta professora de Chuhuiv, perto de Kharkiv.

 

– Putin, “pária” internacional –

Críticas chovem nos países ocidentais.

O presidente americano, Joe Biden, anuncia um arsenal de sanções econômicas e financeiras com o objetivo de transformar o líder do Kremlin em “um pária no cenário internacional”.

Os Estados Unidos, diz Biden em tono solene, vão defender “a menor polegada de território da Otan”, mas não vão enviar tropas à Ucrânia, que não é membro da Aliança Atlântica. O Pentágono anuncia o envio de 7.000 soldados adicionais à Alemanha, elevando a 90.000 o número de militares americanos na Europa.

As Forças Armadas dos países da Otan são colocadas em prontidão.

Dirigentes da União Europeia (UE) adotam sanções financeiras “maciças” contra a Rússia.

A China, rara voz dissonante e que mantém vínculos estreitos com Moscou, diz “entender as preocupações” da Rússia.

 

– Zelensky, o comandante-em-chefe –

À noite, a Ucrânia denuncia que a usina nuclear de Chernobyl, perto de Belarus, cenário do pior acidente nuclear da história, em 1986, caiu nas mãos dos invasores.

A Rússia afirma ter destruído mais de 70 instalações militares, entre elas 11 aeródromos. A Ucrânia diz ter derrubado cinco aviões russos e um helicóptero.

Ao final deste primeiro dia de guerra, Volodimir Zelensky lamenta a morte de “137 heróis” ucranianos e decreta mobilização militar.

O presidente apresenta seu país como o “escudo da Europa” frente à Rússia e aponta para a falta de ajuda de seus aliados ocidentais. “Quem está pronto para lutar conosco? Não vejo ninguém”, diz, lamentando a recusa da Otan de enviar tropas à Ucrânia.

Assumindo o papel de comandante-em-chefe, usando roupas militares, o ex-comediante de 44 anos jura que permanecerá na capital com seu governo e inicia, assim, um poderoso movimento de resistência militar.

 

– Pânico nos mercados –

As bolsas europeias caem até 5% e os preços das commodities disparam. Os investidores se preocupam com possíveis interrupções no fornecimento de gás e petróleo, dos quais a Rússia é um os principais produtores.

Os temores com as exportações russas e ucranianas fazem os preços do trigo dispararem em um nível inédito.

 

– Fluxo de refugiados –

A ofensiva russa força cerca de 100.000 ucranianos a deixarem suas casas. Vários milhares correm para as fronteiras da UE, especialmente com Polônia, Hungria e Romênia.

O conflito provoca o êxodo mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial.

 

 

 

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Redação

 Jornalista/Radialista

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