BRASÍLIA/DF - Imagens divulgadas na sexta-feira, 4, pelo site Metrópoles, mostram o presidente Jair Bolsonaro participando, em setembro do ano passado, de uma reunião com médicos e demais integrantes do que os senadores que compõem a CPI da Covid classificam como “ministério paralelo”. Trata-se de um grupo extraoficial que aconselharia ações a serem tomadas pelo governo no combate à covid-19.
Ao longo de um mês de CPI, integrantes e ex-integrantes do governo Bolsonaro têm negado a existência dessa estrutura, revelada pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em seu depoimento. Mas para o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, as imagens comprovam a atuação do chamado ministério paralelo.
“Não se trata mais de falar que supostamente existe algo. Está comprovado. Esses ataques todos de Bolsonaro só demonstram o desespero do presidente”, disse Aziz à reportagem. “Por que você acha que o ministro (Eduardo) Pazuello disse, aquele dia, que um manda e outro obedece? Porque era assim, ele só executava ordens.”
O vídeo que vazou hoje confirma a tese do gabinete paralelo e explica porque o ministro Pazzuello dizia que a vacinação iniciaria no dia D, na hora H - Ele esperava as determinações do “shadow gabinet”, o gabinete da morte.
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) June 4, 2021
O encontro com Bolsonaro teve a participação do ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, que ficou conhecido como um dos principais defensores da cloroquina, medicação sem nenhuma eficácia no tratamento da doença, e da tese da imunidade de rebanho - pela qual a imunização se daria de forma natural ao passo que a população fosse infectada. O próprio Osmar chegou a pegar covid-19 e ficou uma semana na UTI.
Nas imagens da reunião que ocorreu em 8 de setembro, participantes fazem uma série de críticas e ressalvas à aplicação de vacinas. Osmar Terra é citado como um “guia intelectual” do grupo, com influência direta sobre as decisões do Ministério da Saúde.
Entre os participantes do encontro estão a imunologista Nise Yamaguchi, que prestou depoimento nesta semana à CPI da Covid, em convite feito pela comissão. “Uma honra trabalhar com o senhor neste período” afirmou Nise, referindo-se a Osmar Terra. Aos senadores, a médica negou a existência de um gabinete paralelo e disse que prestava apenas “aconselhamento” ao governo. Disse também que nunca esteve sozinha com o presidente Bolsonaro.
Vacinas
Os trechos divulgados pelo Metrópoles mostram que Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, intermediava os contatos entre o grupo e o Palácio do Planalto. Durante o encontro, o virologista Paolo Zanotto diz que Bolsonaro deve tomar “extremo cuidado” com as vacinas contra a covid-19.
“Não tem condição de qualquer vacina estar realisticamente na fase 3”, afirmou. Naquela ocasião, a Pfizer já havia encaminhado cartas sobre suas vacinas ao Brasil, sem obter respostas do governo brasileiro. “Com todo respeito, eu acho que a gente tem que ter vacina, ou talvez não”, disse o virologista.
Após a divulgação do vídeo, o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que pretende convocar o agora deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e o virologista Paolo Zanotto para prestarem depoimento à comissão.
*Por: André Borges / ESTADÃO
CHINA - A China alertou, na sexta-feira (4), que "tomará as medidas necessárias" para defender suas empresas e acusou Washington de "violar as leis do mercado", depois que o presidente Joe Biden ampliou a lista de empresas que não podem receber investimentos americanos.
O presidente dos Estados Unidos alterou, na quinta-feira (3), um decreto de seu antecessor, Donald Trump, para incluir empresas chinesas ligadas a tecnologias de vigilância que poderiam ser usadas na China contra a minoria muçulmana uigur e contra dissidentes e também no resto do mundo.
"Este decreto autoriza os Estados Unidos a proibir - de maneira seletiva e circunscrita - investimentos americanos em empresas chinesas que violem a segurança ou os valores democráticos dos Estados Unidos e de nossos aliados", explicou a Casa Branca em um comunicado.
A lista afeta empresas ligadas à tecnologia de vigilância chinesa usada para "facilitar a repressão ou graves abusos dos direitos humanos", apontou o comunicado, claramente aludindo aos uigures.
A lista inicial foi estabelecida pelo governo Trump em 12 de novembro e incluía 31 empresas, vistas como fornecedoras ou apoiadoras do complexo militar e de segurança chinês.
Após a ampliação de Biden, passa a ter 59 empresas.
Os americanos - indivíduos e empresas - com participações e outros interesses financeiros nessas empresas devem renunciá-los antes de 2 de agosto.
A lista inclui grandes grupos de vários setores, como a fabricante de telefones Huawei, a petrolífera CNOOC, a China Railway Construction, China Mobile, China Telecom e até a empresa de videovigilância Hikvision.
O governo Biden indicou que deseja "consolidar e fortalecer" o decreto assinado por Donald Trump "para proibir os investimentos americanos no complexo militar-industrial da República Popular da China".
Da mesma forma, a medida visa "garantir que os investimentos americanos não apoiem as empresas chinesas que ameaçam a segurança ou os valores dos Estados Unidos e de nossos aliados", disse a Casa Branca.
- Ofensiva e consenso -
Sem surpresa, Pequim reagiu com irritação.
Questionado em entrevista coletiva, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, considerou que as medidas "violam as leis do mercado" e "prejudicam não apenas os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas, mas também os interesses de investidores globais, incluindo investidores americanos".
"A China tomará as medidas necessárias para defender vigorosamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas", alertou.
Desde que chegou à Casa Branca, o democrata Joe Biden tem sido inflexível sobre a China. É uma das poucas questões em que sua política segue a linha de Trump, que lançou uma verdadeira ofensiva contra Pequim.
O assunto levanta consenso no Capitólio dos Estados Unidos. Os senadores republicanos Tom Cotton e Marco Rubio, junto com os democratas Gary Peters e Mark Kelly, divulgaram uma carta bipartidária esta semana exigindo que o governo estabeleça uma nova lista.
"O governo dos Estados Unidos deve continuar a agir com coragem para bloquear a depredação econômica do Partido Comunista Chinês contra nossa base industrial", observaram.
Durante o mandato de Trump, o conflito comercial levou a tarifas recíprocas adicionais sobre muitos produtos, o que teve um impacto na economia global.
Mas Pequim e Washington assinaram uma trégua em janeiro de 2020, pouco antes de o mundo ser paralisado pela pandemia da covid-19.
*Por: AFP
SÃO CARLOS/SP - A Câmara Municipal de São Carlos aprovou na terça-feira (01), por unanimidade, duas leis propostas pelo vereador Bruno Zancheta (PL), sendo elas: Projeto de Lei nº 193, que institui o “Dia do Autor Literário São-Carlense” e o Projeto de Lei nº 215, que institui a “Banca de Troca de Livros”.
O principal objetivo, segundo o parlamentar, é o incentivo à leitura: “Nosso principal intuito é o contínuo incentivo à leitura e acesso ao conhecimento que advém dos livros”, frisou o vereador.
Ele destacou a importância da aprovação desta lei: “Essa foi uma sugestão de servidores da educação que foi prontamente acatada. Agora, lutaremos para que ela seja implantada e realmente aconteça, pois como professor, sei o poder que a leitura e o conhecimento têm na vida das pessoas”, completou Bruno Zancheta.
Depois de aprovada pelo legislativo, as leis serão encaminhadas ao Prefeito Municipal para que sejam sancionadas e promulgadas.
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontrará com a principal negociadora republicana de gastos com infraestrutura nesta sexta-feira conforme os dois tentam chegar a um acordo que satisfaça seus respectivos campos, hoje profundamente divididos.
Biden se reunirá com a senadora Shelley Moore Capito poucos dias depois de ter proposto descartar sua proposta de aumento de impostos corporativos para preservar a esperança em um pacto bipartidário.
A situação continuava indefinida –e desafiadora– antes das conversas desta sexta-feira. Biden corre o risco de criar divisões entre os democratas, alguns dos quais acreditam que ele pode estar cedendo demais aos republicanos.
Biden aventou a possibilidade de desistir de seu plano de elevar os impostos corporativos a até 28% durante uma reunião com Capito no Salão Oval na quarta-feira, disseram fontes. Ao invés disso, ele propôs estabelecer uma taxa mínima de 15% para garantir que todas as empresas paguem impostos.
Mesmo assim, a oferta mais recente da Casa Branca para um projeto de lei de infraestrutura de cerca de 1 trilhão de dólares ainda é quatro vezes superior ao que os republicanos estão dispostos a gastar.
Líderes republicanos endossaram cerca de 257 bilhões em gastos novos, mas nem querem ouvir falar de grandes aumentos de impostos para financiar a construção de estradas, pontes, aquedutos e outros projetos.
*Por Jarrett Renshaw e Trevor Hunnicutt / REUTERS
EUA - O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou ontem (3) que os Estados Unidos doarão quase 19 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para o consórcio global de vacinas Covax Facility.
A proposta de Biden é de que estas doses sejam compartilhadas entre países do sul e do sudeste asiático (7 milhões); América Latina e Caribe (6 milhões) e da África (5 milhões). O Brasil é citado entre os mais de 14 países latino-americanos e caribenhos que dividirão, entre si, as 6 milhões de unidades que o consórcio deverá destinar às duas regiões.
Além das 19 milhões de doses, pouco mais de 6 milhões de unidades de imunizante serão fornecidas diretamente aos países com alto número de casos da doença e, nas palavras de Biden, “parceiros e vizinhos, incluindo Canadá, México, Índia e Coreia do Sul.”
As 25 milhões de doses da vacina fazem parte dos 80 milhões de imunizantes que, no mês passado, o presidente norte-americano anunciou que compartilharia com outros países até o fim de junho.
Países
As quase 19 milhões de doses que serão entregues ao consórcio Covax Facility serão compartilhadas da seguinte forma:
Já as seis milhões de doses prometidas a países “prioritários e parceiros” serão direcionadas para o México, Canadá, Coreia do Sul, Cisjordânia, Gaza, Ucrânia, Kosovo, Haiti, Geórgia, Egito, Jordânia, Índia, Iraque e Iêmen, e também para imunizar trabalhadores da linha de frente da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segurança Global
“Compartilharemos essas vacinas para salvar vidas e para liderar o mundo no sentido de pôr fim à pandemia, com a força do nosso exemplo e de valores”, declarou Biden ao detalhar a iniciativa, esta manhã, e prometer, para os próximos dias, mais informações sobre os procedimentos de distribuição das doses.
“Reconhecemos que extinguir esta pandemia significa acabar com ela em todos os lugares. Enquanto o vírus [da covid-19] continuar se alastrando em qualquer outra parte do mundo, o povo americano seguirá vulnerável”, acrescentou Biden.
O presidente norte-americano lembrou que os Estados Unidos já transferiram mais de 4 milhões de doses de vacina para o Canadá e o México. E que seu governo apoia a renúncia temporária a direitos de propriedade intelectual no caso dos imunizantes como forma de acelerar a produção global de vacinas.
“Meu governo apoia os esforços de renúncia temporária aos direitos de propriedade intelectual para as vacinas contra a covid-19 porque, com o tempo, precisaremos de mais empresas as produzindo para que possamos compartilhá-las de forma equânime”, comentou Biden durante seu pronunciamento.
“A forte liderança norte-americana é essencial para acabarmos com esta pandemia e para fortalecermos a segurança global da saúde para o futuro – a fim de melhor prevenir, detetar e responder à próxima ameaça”, concluiu.
*Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
SÃO PAULO/SP - O governador de São Paulo João Doria fez uma publicação em sua conta no Twitter, na última quinta-feira (3), em que criticou a distribuição de vacinas contra a Covid-19 por parte do Ministério da Saúde. "Pelo visto, para o Governo Federal vidas não importam", escreveu.
O governador explicou que a pasta recebeu 936 mil doses da vacina da Pfizer, entretanto, o estado de São Paulo ainda não havia recebido nenhuma. O ministro da Saúde Marcelo Queiroga respondeu a publicação de Doria. Ele pediu para que o governador se informasse sobre o funcionamento da tripartite e ainda escreveu: "Pare de palanque. Precisamos unir o Brasil."
João Doria rebateu Queiroga: "É uma vergonha o Sr achar normal guardar vacina na prateleira porque é feriado. Tripartite pra mim é vacina no braço". Ele ainda apontou que na última quinta (3), o Brasil registrou mais de 2 mil mortes pela Covid-19.
Veja abaixo a sequência de publicações:
Descaso com a vida dos brasileiros
— João Doria (@jdoriajr) June 3, 2021
Ontem o Ministério da Saúde recebeu 936 mil doses da vacina Pfizer em Viracopos/SP. Surpreendentemente, até agora SP não recebeu nenhuma dose. A resposta do MS é que hoje (03/06) é feriado. Pelo visto, para o Governo Federal vidas não importam.
Senhor Governador, antes de emitir esse tipo de comunicado, informe-se com seu secretário de saúde como funciona a tripartite. Daí, conversamos. Pare de palanque. Precisamos unir o Brasil.
— Marcelo Queiroga (@mqueiroga2) June 4, 2021
*Por: TV CULTURA
Obra da EdUFSCar demonstra importância de culturas próprias e do contexto político nacional em propostas estéticas de Mário de Andrade e Almada Negreiros
SÃO CARLOS/SP - Pensar os modernismos como conjuntos complexos de movimentos culturais que vão além das representações artísticas, tendo vínculos diretos também com representações políticas e conjunturas internas de cada país. Este foi o principal objetivo de Daniel Marinho Laks, docente do Departamento de Letras (DL) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em "Modernismos em modernidades incipientes: Mário de Andrade e Almada Negreiros", livro publicado pela Editora da UFSCar (EdUFSCar).
Laks conta que a obra é fruto de sua tese de doutorado, com base em uma inquietação inicial no olhar para a obra de Mário de Andrade, escritor brasileiro, e Almada Negreiros, português. "Muitos estudos traziam a ideia de que o modernismo era uma resposta cultural à experiência da modernidade. No entanto, Brasil e Portugal não constituíam espaços onde havia o predomínio das invenções características da modernidade do século XX. Eram, inclusive, caracterizados por uma incipiência de modernidade", revela o autor.
Ao analisar as propostas estéticas de Andrade e Negreiros, Laks constatou que os modernismos - sempre no plural, considerando a variedade de vertentes - produzidos por eles não se caracterizam pela lógica de atraso cultural ou de importação de uma estética criada em centros culturais tecnológicos e adaptada às realidades periféricas. "Eles são artistas extremamente inventivos, que pensam nas características da cultura nacional em cada um dos seus respectivos espaços. Nenhum dos dois está importando algo, nem aplicando nada de fora de seu país em suas artes", detecta Laks.
Em suas análises sobre Mário de Andrade, o docente da UFSCar utiliza, principalmente, "O turista aprendiz", obra na qual o autor percorre espaços no Brasil que se caracterizam exatamente pela ausência de modernidade. "Andrade era um intelectual paulista - que, teoricamente está no centro do Brasil no que diz respeito a espaço de modernidade - que vai justamente para a Amazônia. Isso já demonstra que o modernismo proposto pelo artista não está ligado à experiência de um centro de modernidade, caracterizado por carro ou avião, por exemplo", detalha.
No caso do Almada Negreiros, Laks explora, entre outros textos, "Nome de guerra", romance em que o personagem principal sai da província e vai para Lisboa. "Ao contrário do que parece, apesar de ir para um centro de modernidade, as experiências nesse espaço fazem ele perceber que precisa, de fato, de um mergulho interno. Ou seja, ele não encontra, na cidade, as ferramentas necessárias para sobreviver nesse contexto de modernidade, necessitando apenas de livre arbítrio e um olhar para si, ligado às pulsões específicas do indivíduo", sintetiza.
Assim, o pesquisador criou a linha de pensar os modernismos como um mapa complexo de movimentos, surgidos em temporalidades distintas, nos diversos espaços do mundo, e que se relacionavam com demandas internas e dinâmicas internacionais. "Nesse sentido, a proposta da publicação é pensar os modernismos a partir da noção de autoconsciência histórica, ou seja, como as diferentes pessoas entendiam o tempo no qual estavam inseridas."
"O século XX é um momento de revisão das formas de interpretação e representação da política. Nesse período, surgem, além de diversas estéticas de vanguarda na arte, disputas políticas. Ideais de sociedade e maneiras de estetização das formas de vida estavam em disputa pelas mais variadas correntes ideológicas, em um espectro que ia desde o fascismo até, no polo oposto, o comunismo. Assim, as pessoas sabiam, a partir dessa realidade, que novas sociedades iriam surgir e que, portanto, seriam necessárias novas formas de representação delas", compartilha o pesquisador.
No caso de Brasil e Portugal, nos anos 1930, ambos tinham o chamado Estado Novo (varguista e salazarista, respectivamente). Na política, tem-se novas maneiras de organizar as sociedades - por isso, inclusive, o nome "Estado Novo" - e, na arte, novas maneiras de estetizar as representações artísticas do mundo. Um exemplo dessa correlação entre arte e política é a vertente explorada por Mário de Andrade, indissociável da oligarquia cafeeira de São Paulo naquele período. "Andrade é patrocinado por elites paulistas com viagens etnográficas. É o capital que impulsiona a arte", relaciona Laks.
Ao longo do século XX, nos dois países, os sistemas vigentes ativaram diversas bases de apoio que, no momento em que as conjunturas se alternam, são abandonadas para o surgimento de outras. "A figura de alguns artistas foi muito utilizada pelos regimes (tanto de esquerda, como de direita) em certos momentos, e depois completamente abandonada. O livro analisa, nesse âmbito, o papel dos intelectuais na constituição dessas estéticas de regime", explica o pesquisador.
Ao longo de 174 páginas, o livro desenvolve uma relação de aproximações e afastamentos entre Andrade e Negreiros. Além de as conjunturas nacionais de Brasil e Portugal serem específicas, cada autor tem seu projeto individual, relacionando os modernismos dos artistas com a identidade nacional.
A obra é dividida em quatro partes, além de Introdução e Conclusões. A primeira, intitulada "Modernos, modernidades e modernismos", conceitua esses três termos, trazendo a ideia de "modernos" como uma experiência de tempo; "modernidades" como sendo invenções específicas; e "modernismos" no sentido de movimentos estéticos.
A segunda, "Futurista?! Em busca de uma expressão moderna de nacionalidade", explora o jogo da arte modernista e sua relação com a representação da nacionalidade, nos casos específicos de Mário de Andrade e de Almada Negreiros.
A parte 3, "Modernismos em modernidades incipientes: a insuficiência de invenções características da Segunda Revolução Industrial nas narrativas romanescas de Mário de Andrade e Almada Negreiros", faz uma análise da produção artística desses dois autores, demonstrando que, em seus projetos modernistas, eles dispensam a ideia de uma vida caracterizada por inovações tecnológicas.
Por fim, a quarta, "Modernismo e Estados Novos: os projetos de transformação cultural na esfera política do salazarismo e do varguismo", aborda a relação dos regimes políticos salazarista e varguista com projetos de renovação cultural de Andrade e de Negreiros.
O livro pode ser adquirido no site da EDUFSCar (https://edufscar.com.br/
CUBA - O governo cubano aprovou uma medida que permite regulamentar a existência de Pequenas e Médias Empresas (PMEs) na ilha, mas, inicialmente, com um espectro de atividade mais reduzido que o de trabalhadores independentes, informou o jornal "Granma".
A autorização, que abrange as PMEs privadas e estatais, era muito esperada pelos empreendedores cubanos e representa mais um passo nas reformas econômicas que foram implementadas no país socialista, no qual predomina a empresa estatal.
Com a decisão, o governo cubano "vai além do simples reconhecimento de algum" dos atores econômicos, disse o presidente Miguel Díaz-Canel citado pelo jornal oficial, que afirmou que a partir desta aprovação começarão a trabalhar "nas normas jurídicas para sua implementação".
Com "atores econômicos" o presidente se refere a empresas estatais, cooperativas, trabalhadores independentes e PMEs.
Em fevereiro o governo ampliou mais de 2.000 das atividades em que os trabalhadores independentes podem operar na controlada economia cubana.
As PMEs "se constituirão no setor estatal e no privado, e para ambas serão estabelecidas condições semelhantes na gestão", acrescentou o jornal citando o primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz.
Algumas atividades autorizadas para independentes não estarão na lista de possibilidades para as PMEs, como "programador de equipamentos de cálculo, tradutores e intérpretes, veterinários para animais afetivos ou domésticos, designers e certos tipos de consultorias", informou.
Marrero disse, no entanto, que “a expansão das atividades de formas não estatais de gestão não conduz a um processo de privatização, uma vez que existem limites que não podem ser ultrapassados”.
O presidente do Conselho Econômico e Comercial Cuba-Estados Unidos, John Kavulich, afirmou em nota à imprensa que com esta medida “Cuba amplia o panorama do compromisso com o governo [Joe] Biden” de autorizar pessoas físicas e jurídicas nos Estados Unidos Unidos a enviar investimento direto, bem como empréstimos para o ressurgimento do setor privado na ilha.
Kavulich observou que, para a comunidade empresarial dos Estados Unidos, o governo Díaz-Canel tomou "uma decisão significativa que pode reavaliar o interesse empresarial" na ilha.
Cuba acelerou suas reformas, enquanto enfrenta uma profunda crise econômica pela pandemia de coronavírus que afetou o setor turístico, em meio ao embargo econômico dos Estados Unidos endurecido sob o governo de Donald Trump.
*Por: AFP
BRASÍLIA/DF - O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quarta-feira (2) a lei que torna permanente o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). O anúncio foi feito em vídeo publicado por Bolsonaro nas redes sociais, em que ele aparece acompanhado de ministros e do senador Jorginho Mello (PL-SC), autor do projeto.
"Estou agora sancionando a nova lei do Pronampe, que vista atender as pequenas empresas e o microempresário, de forma permanente", declarou Bolsonaro.
O Pronampe foi criado em maio de 2020 para auxiliar financeiramente os pequenos negócios e, ao mesmo tempo, manter empregos durante a pandemia de covid-19, mas foi encerrado no fim do ano. Para restabelecer a iniciativa, o Congresso Nacional aprovou um novo projeto de lei que teve tramitação concluída no Senado no dia 11 de maio e aguardava apenas a sanção presidencial para entrar em vigor.
Ao longo do ano passado, o Pronampe disponibilizou mais de R$ 37 bilhões em financiamentos para quase 520 mil micro e pequenos empreendedores. As empresas beneficiadas assumiram o compromisso de preservar o número de funcionários e puderam usar os recursos para financiar a atividade empresarial, como investimentos e capital de giro para despesas operacionais.
Na nova fase, o governo disponibilizou crédito de R$ 5 bilhões, mas a expectativa é que os bancos que vão operacionalizar os financiamentos possam alavancar os recursos disponíveis para cerca de R$ 25 bilhões, disse o senador Jorginho Mello (PL-SC). Ainda de acordo com o parlamentar, pelo menos 20% desse recurso será destinado a empreendedores da área de eventos, por causa dos prejuízos causados pela paralisação dessas atividades durante a pandemia.
"O micro e o pequeno empresário no Brasil representam 98% de todas as empresas e nunca tiveram uma linha de crédito com essa abrangência, [com] fundo garantidor, carência, juro decente e possibilidade de melhorar o seu negócio", afirmou o senador no vídeo publicado nas redes sociais de Bolsonaro.
Os novos empréstimos feitos pelo Pronampe, considerados a partir de janeiro de 2021, poderão ter custo máximo de 6% ao ano, mais taxa Selic (3,5% ao.ano). As instituições bancárias participantes do programa operarão com recursos próprios e poderão contar com garantia a ser prestada pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO), administrado pelo Banco do Brasil. Esse fundo servirá como garantia para até 100% do valor das operações, desde que todos os empréstimos feitos pela instituição não tenham taxa de inadimplência maior que 85%.
A linha de crédito concedida pelo Pronampe corresponderá a até 30% da receita bruta anual calculada com base no exercício anterior ao da contratação, salvo no caso de empresas que tenham menos de um ano de funcionamento. Nesse caso, o limite do empréstimo corresponderá a até 50% de seu capital social ou a até 30% de 12 vezes a média da receita bruta mensal apurada desde o início de suas atividades, valendo a opção mais vantajosa para o pequeno empresário.
Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participou do anúncio da sanção do Pronampe permanente, o programa democratiza o acesso ao crédito no país. "Pela primeira vez nessa recuperação, 48% da expansão de crédito foram para o pequeno e o médio", afirmou o ministro.
*Por Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil
Parlamentar destaca importante legado do cientista para a cidade e o país
SÃO CARLOS/SP - O vereador Azuaite Martins de França (Cidadania) propôs que a Câmara Municipal institua o “Prêmio Professor Sérgio Mascarenhas de Oliveira de Ciência e Inovação”, e ao manifestar nesta terça-feira (1), voto de pesar pelo falecimento do cientista – ocorrido na segunda-feira (31) -, solicitou que o Legislativo são-carlense declarasse luto oficial de três dias como homenagem póstuma.
“A lição de casa do professor Sérgio Mascarenhas para todos nós é defender as universidades públicas e, ao fazê-lo, defender o Brasil”, disse Azuaite em pronunciamento na sessão plenária da Câmara. Citando a frase do escritor russo Leon Tolstoi (1828-1910) – “se queres ser universal, começa por pintar a tua própria aldeia" - o parlamentar disse que Mascarenhas “colocou o universo nessa província e fez com que ela ganhasse o universo e a grandiosidade de se tornar a Capital da Tecnologia” .
“Sérgio Mascarenhas é o homem que eu gostaria de ser pela sua visão de futuro, seu espírito de solidariedade, por tudo aquilo que conheço dele – e felizmente tive o prazer de privar um povo de seu convívio e de sua amizade”, acrescentou.
Para Azuaite, “o professor Sérgio é uma das pessoas essenciais para a cidade de São Carlos e para sua história, porque lá atrás, em 1953, traçou o plano para fazer da cidade aquilo que ela é e, mais que isso, aquilo que ela vai ser”. Destacou que, nos anos 1950, Mascarenhas e a professora Yvonne Primerano, professores universitários na capital federal, o Rio de Janeiro, resolveram aceitar o convite da nascente Universidade de São Paulo no campus de São Carlos, então uma cidade pequena, com algumas indústrias, mão de obra operária e escolas como o Instituto Dr.Alvaro Guião, a escola Industrial, o Senai, a Escola de Educação Física, a escola Dom Gastão na Vila Prado.
“Sérgio Mascarenhas ousou fazer crescer a USP em São Carlos com suas aulas, talento e visão de mundo; articulou com Ernesto Pereira Lopes e outras pessoas e fez surgir posteriormente a Universidade Federal de São Carlos, então a única universidade federal do estado de São Paulo”, ressaltou.
O parlamentar acrescentou: “Ele inventou cursos – não existia o curso de engenharia de materiais no Brasil, foi ele quem fez, articulou-se com o resto do Brasil e com o mundo. Fundou a Embrapa Instrumentação, vislumbrando a necessidade de colocar a física na agricultura, casando a ciência com a tradição da agricultura brasileira – fazendo do agricultor e do pecuarista que choravam a falta de apoio do governo – personagens decisivos no agronegócio, hoje responsável pela pauta maior de exportações e pelo que ainda tem de positivo no PIB do Brasil”.
“O professor Mascarenhas pensou estrategicamente a cidade de São Carlos. Imagine a cidade sem os campi I e II da USP, a UFSCar e a Embrapa, sem os alunos e pesquisadores. São Carlos seria uma cidade medíocre, não fossem as universidades e o legado que ele nos deixa”, concluiu Azuaite.
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