EUA - A vice-secretária de Estado dos Estados Unidos, Wendy Sherman, informou na quinta-feira (21) que a Rússia não conseguiu atingir seus principais objetivos na Ucrânia e que parte disso se deve às sanções do Ocidente.
"O que pretendemos aqui é um fracasso estratégico para Vladimir Putin e o Kremlin. E acredito que isso já está acontecendo, que não importa o que aconteça... a Ucrânia vai sobreviver”, disse Wendy em um evento em Bruxelas, na Bélgica.
Apesar disso, a estadunidense não apresentou evidências que comprovassem os comentários.
Diante desse cenário, a Rússia também adotou sanções e incluiu o fundador do Facebook, Marck Zuckerberg, e a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em uma lista que proíbe a entrada de autoridades americanas em seu território.
A lista foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia nesta quinta-feira.
Entenda o conflito entre Rússia e Ucrânia
A tensão entre os dois países é antiga. No fim de 2013, protestos populares fizeram com que o então presidente ucraniano Víktor Yanukóvytch, apoiado por Moscou, renunciasse. Na época, os ucranianos debatiam uma possível adesão à União Europeia.
Em 2014, a Rússia invadiu a Ucrânia e anexou o território da Crimeia, incentivando separatistas pró-Rússia desde então. Em 2015, foram firmados os Acordos de Minsk que decretavam um cessar-fogo, entre outros pontos, e proibiam Moscou de apoiar os rebeldes e Kiev deveria reconhecer Donetsk e Luhansk como províncias autônomas.
Apesar disso, o conflito continuou, o cessar-fogo não foi respeitado e cerca de 10 mil pessoas morreram desde então.
Em novembro de 2021, a Ucrânia se movimentou para fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar criada após a Segunda Guerra Mundial. A Rússia se sentiu ameaçada e iniciou exercícios militares na fronteira com o país vizinho, exigindo que a nação nunca se torne um membro.
A tensão se estendeu e se agravou após o presidente russo reconhecer Donetsk e Luhansk como províncias independentes, causando sanções por parte do Ocidente e a invasão de 24 de fevereiro.
UCRÂNIA - Depois de quase dois meses de cerco, a cidade portuária de Mariupol parecia nesta quarta-feira (20) muito perto de cair completamente nas mãos das tropas russas, que intensificam sua ofensiva no leste e sul da Ucrânia.
Moscou anunciou uma "nova fase" na guerra que, desde o início, em 24 de fevereiro, provocou a fuga de mais de 5 milhões de pessoas da Ucrânia, o maior e mais acelerado êxodo na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com o Acnur (Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
Desde praticamente o início da ofensiva russa, Mariupol, no sul ucraniano, no mar de Azov, é uma peça-chave nos planos de Moscou para estabelecer um corredor entre os territórios pró-Rússia do Donbass (leste) até a península da Crimeia.
Depois de um longo cerco, a Rússia exigiu que os soldados ucranianos entrincheirados no enorme complexo industrial de Azovstal da cidade se rendessem e entregassem as armas nesta quarta-feira para salvar sua vida.
"Vivemos talvez nossos últimos dias, talvez horas (...) O inimigo nos supera na proporção de 10 para 1", declarou o comandante ucraniano Serguiy Volyna, da 36ª Brigada da Marinha, que está nos corredores subterrâneos da grande fábrica metalúrgica.
A Rússia não comenta a evolução da situação na cidade, mas os separatistas pró-Moscou da região de Donetsk, onde fica Mariupol, afirmaram que cinco militares ucranianos se renderam e 140 civis foram retirados da cidade.
Além dos soldados e milicianos que resistem, pelo menos mil civis estão protegidos no subsolo do complexo industrial, informou o governo municipal de Mariupol, que teme um balanço de mais de 20 mil civis mortos na cidade.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou um acordo com a Rússia para retirar "mulheres, crianças e idosos" por um corredor que segue até Zaporizhzhya, uma viagem de 200 km no sentido noroeste.
"Não tenham medo de ir para Zaporizhzhya, onde receberão toda a ajuda necessária: comida, medicamentos, produtos de primeira necessidade (...) Mas o essencial será isto: ficarão seguros", disse o prefeito de Mariupol, Vadim Boichenko.
"A História não esquecerá"
A tomada de Mariupol seria um avanço crucial para a Rússia, depois do recuo de suas tropas do norte da Ucrânia e dos arredores de Kiev para priorizar o Donbass, uma bacia de mineração no leste disputada desde 2014 pelo governo de Kiev e rebeldes pró-Moscou.
Dias antes de lançar sua ofensiva na Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas de Lugansk e Donetsk nessa região e defendeu a proteção de sua população de língua russa.
Neste momento crítico, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, viajou para Kiev em mais uma demonstração de apoio das potências ocidentais, que prometeram mais sanções à Rússia e mais armamento para a Ucrânia.
"Em Kiev hoje. No coração de uma Europa livre e democrática", escreveu Charles Michel no Twitter. "A História não esquecerá os crimes de guerra" cometidos pelos russos na Ucrânia, declarou mais tarde em Borodianka, uma das cidades destruídas perto de Kiev.
O Pentágono afirmou que a Ucrânia recebeu recentemente caças de combate e componentes para melhorar sua Força Aérea, mas fontes do comando militar ucraniano rebateram e informaram que receberam apenas peças para reparar as aeronaves avariadas.
O governo da Noruega anunciou o envio de uma centena de mísseis antiaéreos, enquanto Washington prepara outro pacote de ajuda militar de 800 milhões de dólares, menos de uma semana depois de anunciar outra ajuda do mesmo valor.
Combates no Donbass e Kharkiv
Além de Mariupol, os combates são mais intensos na região leste da Ucrânia.
Após uma série de ataques reivindicados por Moscou na terça-feira, o Ministério da Defesa ucraniano relatou nesta quarta-feira "tentativas de ataque" nas localidades de Sulygivka e Dibrivne, na região de Kharkiv (nordeste), assim como nas importantes cidades de Rubizhne e Severodonetsk, na região de Lugansk (leste).
O governador dessa última região, Serguei Gaidai, fez um novo apelo para que os civis fujam da área. "A situação fica mais complicada a cada hora", advertiu.
Os bombardeios também se intensificaram no sul, outra linha de frente. As localidades de Mala, Tokmak e Orekhov, 70 km ao sudeste de Zaporizhzhya, sofreram com o aumento da violência.
Finlândia debate adesão à Otan
A escalada provocou mais críticas ocidentais. O chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que o "assassinato de milhares de civis é um crime de guerra do qual o presidente russo (Vladimir Putin) carrega a responsabilidade".
Além disso, empurrou os países europeus que não integram a Otan a debater a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte, apesar das mensagens e ameaças de Moscou.
O Parlamento da Finlândia começa a debater nesta quarta-feira a adesão, um passo que também é contemplado pela historicamente reticente Suécia.
Nesse contexto, parece complicado que tenha sucesso o pedido do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, de uma "pausa humanitária" de quatro dias durante a Páscoa ortodoxa.
O conflito tem graves consequências para a economia mundial, com alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento para este ano de 4,4% para 3,6%. Para a Rússia, afetada por sanções sem precedentes, a projeção é de uma contração econômica de 8,5%.
RÚSSIA - A Rússia pediu na terça-feira a todos os militares ucranianos que "deponham as armas" imediatamente e deu um ultimato aos que defendem a cidade de Mariupol para que acabem com "resistência insensata".
"Não desafiem a sorte, tomem a decisão correta, a de acabar com as operações militares e deponham as armas", afirmou o ministério da Defesa da Rússia em uma mensagem às forças ucranianas.
"Nos dirigimos a todos os militares do exército ucraniano e aos mercenários estrangeiros: um destino pouco invejável os aguarda devido ao cinismo das autoridades de Kiev", insistiu o ministério.
Em um trecho do comunicado que se refere aos que resistem na zona industrial de Azovstal, em Mariupol, o exército russo promete que "salvarão suas vidas' caso se rendam.
De modo concreto, a nota propõe um cessar-fogo a partir do meio-dia de terça-feira, para que entre "14H00 (8H00 de Brasília) e 16H00 (10H00 de Brasília), hora de Moscou, todas as unidades do exército ucraniano sem exceção e todos os mercenários estrangeiros saiam (de Azovstal) sem armas nem munições".
"Pedimos às autoridades de Kiev que mostrem bom senso e ordenem aos combatentes que acabem com sua resistência insensata", afirmou o ministério da Defesa russo.
UCRÂNIA - O número de mortos nos ataques desta segunda-feira (18) contra Lviv, na Ucrânia, localizada a 80 km da fronteira do país com a Polônia, chega a 11, com uma criança entre as vítimas.
O prefeito da cidade, Andriv Sadovy, divulgou balanço na conta que mantém no Telegram, de acordo com informações veiculadas pela agência ucraniana de notícias Ukrinform.
Anteriormente, a mesma fonte havia indicado o registro de seis vítimas e oito pessoas feridas pelos ataques, dirigidos contra infraestruturas militares mas que também afetaram alvos civis, incluindo uma loja de pneus.
Por sua vez, o responsável pela região militar de Lviv, Maksym Kozytskyi, divulgou no Facebook que a cidade recebeu o impacto de, pelo menos, quatro mísseis.
De acordo com a fonte, a população local deverá se manter abrigada em segurança, em meio a previsão de novos ataques.
Lviv foi, desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, um dos principais pontos de saída da Ucrânia para a população local que fugia dos ataques, em razão da proximidade da cidade com a fronteira com a Polônia.
UCRÂNIA - "A situação em Mariupol é tão grave quanto pode ser. Simplesmente desumana", disse Zelenski em um vídeo, acusando a Rússia de "destruir deliberadamente qualquer um que esteja" nesta cidade no mar de Azov, no sudeste do país.
O presidente destacou que havia apenas "duas opções": o fornecimento dos países ocidentais de "todas as armas necessárias" para romper o longo cerco de Mariupol ou "o caminho da negociação" em que "o papel dos aliados deve ser igualmente decisivo.
Suas declarações coincidiram com uma declaração do Ministério da Defesa da Rússia pedindo aos últimos soldados ucranianos entrincheirados em um enorme complexo metalúrgico em Mariupol para desistir da luta no domingo às 06h00 em Moscou e deixar o local antes das 13h00 (horário de Kiev).
"Todos aqueles que abandonarem suas armas terão a garantia de salvar suas vidas (...) É sua única chance", disse o ministério no Telegram, assegurando que este complexo é o último foco de resistência na cidade.
RÚSSIA - A Rússia enviou esta semana uma carta diplomática aos Estados Unidos da América (EUA) a alertar que, se Washington não parar de fornecer armas à Ucrânia, haverá "consequências imprevisíveis", avançou um jornal dos EUA.
Segundo avançou o jornal The Washington Post, que indica ter tido acesso à referida carta diplomática, Moscovo adverte no documento que os envios de armas dos EUA e da NATO para a Ucrânia estão "a adicionar combustível" ao conflito e podem estar a desencadear "consequências imprevisíveis".
Horas antes do The Washington Post ter avançado com a notícia, o canal de televisão CNN também disse ter tido acesso ao documento.
Na quarta-feira (13.04), o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comunicou ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, o envio de um pacote adicional de assistência militar no valor de 800 milhões de dólares (mais de 740 milhões de euros), com armas mais letais, para enfrentar a Rússia na nova fase da guerra, agora mais focada no Donbass (leste ucraniano).
Depois de falar ao telefone com Volodymyr Zelensky, Biden disse em comunicado que as armas dos EUA e de outros países ocidentais foram "cruciais" para Kiev resistir à invasão russa no primeiro mês e meio de guerra, ainda assim com um "efeito devastador" para a Ucrânia.
KIEV - A Rússia bombardeou mais uma fábrica militar próxima a Kiev, neste sábado (16), cumprindo sua ameaça de intensificar os ataques contra a capital ucraniana após o naufrágio do navio Moskva, no Mar Negro, nesta semana, em um ataque reivindicado pela Ucrânia.
O complexo industrial sob ataque produz principalmente tanques e fica no distrito de Darnytsky, segundo informações da AFP. Um grande número de soldados e socorristas estava no local, de onde saía bastante fumaça, como atestaram os repórteres da agência.
"Mísseis ar-terra de longo alcance e alta precisão destruíram os edifícios de uma fábrica que produz armamentos em Kiev", afirmou o ministério em um comunicado feito pelo Telegram.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou nas redes sociais que não havia informações sobre possíveis vítimas ainda.
"Nesta manhã, Kiev foi bombardeada. Houve explosões em Darnytsky, na periferia da cidade. As equipes de resgate trabalham neste momento por lá", afirmou Vitali.
O prefeito pediu mais uma vez aos habitantes que não voltem a Kiev e permaneçam em "local seguro" fora da capital.
Duro golpe para a Rússia
Os ataques russos contra a capital ucraniana haviam diminuído desde o fim de março, quando Moscou retirou suas tropas de Kiev e anunciou que concentraria sua ofensiva no leste da Ucrânia.
Porém, a Rússia sofreu na quinta-feira (14) um duro golpe nesta semana com o incêndio e posterior naufrágio do cruzador Moskva, no Mar Negro, que Kiev garante ter atingido com mísseis, enquanto Moscou acusa as forças ucranianas de bombardear localidades russas próximas da fronteira.
A Rússia, porém, continua afirmando que o cruzador afundou por conta de um incêndio causado pela explosão de suas próprias munições e que a tripulação de cerca de 500 homens foi retirada.
Por outro lado, uma oficial ucraniana rebateu essa informação. "Uma tempestade impediu o resgate do navio e a retirada da tripulação russa", afirmou Natalia Gumeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia.
"Estamos perfectamente conscientes de que não nos perdoarão", continuou Natalia, referindo-se à Rússia e possíveis novos ataques.
RÚSSIA - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que Moscou irá trabalhar para redirecionar suas exportações de energia para o Oriente, enquanto a Europa tenta reduzir sua dependência, e acrescentou que os países europeus não irão conseguir abandonar o gás russo imediatamente.
A Rússia fornece cerca de 40% do gás natural da UE, e as sanções ocidentais por conta do que Moscou chama de sua "operação militar especial" na Ucrânia atingiram as exportações energéticas complicando o financiamento e a logística de acordos pré-existentes.
Enquanto a UE debate se aplica sanções sobre o petróleo e o gás russos, e países do bloco buscam o fornecimento em outros países, o Kremlin têm formado laços mais próximos com a China, maior consumidor de energia do planeta, além de outros países asiáticos.
"Os chamados parceiros de países hostis admitem para eles mesmos que não conseguirão ficar sem os recursos energéticos da Rússia, incluindo o gás natural, por exemplo", disse Putin em uma reunião do governo televisionada.
"Não há substituição racional para o gás russo na Europa hoje".
UCRÂNIA - Um navio de guerra russo no mar Negro foi "seriamente danificado" por uma explosão de munição, disseram agências estatais russas na quarta-feira (13), depois que a Ucrânia alegou ter atacado o navio.
"Devido a um incêndio, a munição explodiu no cruzeiro de mísseis Moskva. O navio foi seriamente danificado", declarou o Ministério da Defesa, citado por esses meios de comunicação.
A tripulação do navio foi evacuada, e a causa do incêndio está sendo determinada.
"Os mísseis Netuno que vigiam o mar Negro causaram danos muito sérios ao navio russo. Glória à Ucrânia!", escreveu mais cedo o governador Maksym Marchenko, no Telegram.
Um assessor do presidente ucraniano, Oleksii Arestovich, confirmou no YouTube os ataques ucranianos ao navio, sem indicar sua localização.
"[O navio] queima forte. Agora mesmo. E, com este mar tempestuoso, não se sabe quando poderá receber ajuda", afirmou, durante uma transmissão pelo YouTube.
O Moskva ganhou notoriedade no início da guerra, quando exigiu a rendição das tropas de fronteira ucranianas estacionadas na pequena ilha da Cobra, que se recusaram a obedecer à ordem, desafiadoramente.
Acreditou-se inicialmente que os soldados ucranianos tivessem sido mortos, mas na verdade eles haviam sido feitos reféns, e depois foram libertados, em uma troca de prisioneiros com a Rússia, no fim de março, de acordo com o Parlamento ucraniano.
Em 24 de março, um mês após o início da invasão russa da Ucrânia, a Marinha ucraniana alegou ter destruído um navio russo ancorado no porto de Berdyansk, cidade próxima a Mariupol, no mar de Azov.
MARIUPOL - Mais de 1.000 soldados ucranianos se renderam às tropas russas na cidade de Mariupol, que está sitiada há semanas, disse o Ministério da Defesa russo nesta quarta-feira (13).
"Na cidade de Mariupol, na área da fábrica metalúrgica Ilyich... 1.026 militares ucranianos da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais depuseram voluntariamente as armas e se renderam", disse o ministério em comunicado.
Segundo esta fonte, 150 deles ficaram feridos e foram levados para o hospital de Mariupol.
Na noite de terça (12) para quarta-feira (13), uma reportagem da televisão pública russa transmitida no Russia 24 noticiou a rendição.
As imagens mostravam homens em roupas de camuflagem carregando pessoas feridas em macas ou sendo interrogadas, de pé no que parecia ser uma caverna.
Na terça-feira, as autoridades regionais do sudeste da Ucrânia estimaram o número de mortos em Mariupol, que foi bombardeada há mais de 40 dias, em pelo menos 20.000 mortos. A luta está agora concentrada na gigantesca zona industrial da cidade.
Do R7, com informações da AFP
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