FINLÂNDIA - Preocupada com sua segurança após a invasão da Ucrânia, a Finlândia reforçará sua fronteira com a Rússia com cercas, anunciou o Ministério do Interior nesta sexta-feira (10).
Diante do temor de que Moscou possa usar imigrantes para exercer pressão política, o governo finlandês prepara modificações legislativas para facilitar a construção de cercas mais fortes em sua fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia.
"O objetivo da lei é melhorar a capacidade operacional da guarda fronteiriça para responder a ameaças híbridas", disse à AFP Anne Ihanus, assessora do Ministério do Interior.
"A guerra na Ucrânia contribuiu para a urgência desta questão", acrescentou.
Hoje, as fronteiras da Finlândia têm, em sua maior parte, cercas de madeira, usadas para impedir o deslocamento do gado.
"O que queremos construir agora é uma cerca robusta com um efeito de barreira real", disse a diretora da divisão jurídica da guarda de fronteira finlandesa, Sanna Palo.
"Muito provavelmente a cerca não cobrirá toda fronteira leste, mas se concentrará nos locais considerados mais importantes", explicou.
A Finlândia apresentou, recentemente, sua candidatura para ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e a Rússia advertiu que a adesão seria "um erro grave com consequências de longo alcance".
por AFP
UCRÂNIA - O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, advertiu que milhões de pessoas podem morrer de fome por causa de um bloqueio russo aos portos ucranianos do mar Negro, que, segundo ele, deixou o mundo "à beira de uma terrível crise alimentar".
A Rússia conquistou grande parte da costa da Ucrânia e bloqueou as exportações agrícolas, o que elevou o custo dos grãos.
Zelenski afirmou que a Ucrânia agora não pode exportar grandes quantidades de trigo, milho, óleo vegetal e outros produtos que desempenhavam um "papel estabilizador no mercado global".
"Milhões de pessoas podem morrer de fome se o bloqueio russo ao mar Negro continuar", disse ele em uma declaração em vídeo ao TIME100 Gala 2022 em Nova York, divulgado pelas autoridades ucranianas nesta quinta-feira (9).
A Ucrânia e o Ocidente acusam Moscou de usar suprimentos de alimentos como arma de guerra. A Rússia diz que as minas explosivas colocadas pela Ucrânia no mar e as sanções internacionais contra Moscou são as culpadas.
Kiev costumava exportar a maioria de seus produtos por meio de portos marítimos, mas desde a invasão russa em 24 de fevereiro foi forçada a transportar grãos de trem pela fronteira ocidental da Ucrânia ou por pequenos portos do rio Danúbio.
Zelenski, que foi incluído na lista das 100 pessoas mais influentes de 2022 da revista Time, disse estar grato ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por "unir o mundo livre quando a ameaça russa surgiu".
por Reuters
ALEMANHA - Na primeira entrevista desde que deixou o cargo de chanceler da Alemanha, Angela Merkel diz ter feito todos os possíveis para evitar o conflito na Ucrânia. Mas já sabia que o Presidente russo "queria destruir a Europa".
A ex-chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu esta terça-feira (07.06) que já se questionou se poderia ter sido feito mais para evitar a invasão russa da Ucrânia que começou a 24 de fevereiro.
Ainda assim, quando faz uma retrospetiva dos 16 anos de governação, Angela Merkel fala com "tranquilidade" por saber que fez o possível para evitar a situação atual e sublinhou que tem total confiança na gestão do seu sucessor, Olaf Scholz.
"Penso que esta situação já é uma grande tragédia. Poderia ter sido evitada, e é por isso que continuo a fazer-me estas perguntas, mas não consigo imaginar não ter confiança no atual governo federal", afirmou.
Na sua primeira aparição pública desde que deixou o cargo a 8 de dezembro, Merkel aceitou responder às perguntas do jornalista Alexander Osang, da revista alemã Der Spiegel, em Berlim, perante uma plateia de cerca de 700 espectadores.
A ex-governante admitiu ainda que em 2014, após a anexação da península da Crimeia, o Presidente russo, Vladimir Putin, poderia ter sido tratado com mais severidade. Mas enfatiza que não se pode dizer que nada foi feito na época, referindo-se à exclusão da Rússia do G8.
"Nunca fui ingénua"
Em 2008, Angela Merkel opôs-se à expansão da NATO para o leste e a integração da Ucrânia à aliança, mas justifica: "Nessa altura, a Ucrânia já era um país dominado por oligarcas. E não podíamos simplesmente dizer: Vamos aceitá-la na NATO amanhã."
Em resposta a algumas acusações de que foi alvo, a democrata-cristã ressaltou que "nunca foi ingénua" em relação ao "ódio" de Putin ao modelo ocidental de democracia, tendo alertado diversas vezes líderes internacionais de que o objetivo do líder russo era destruir a Europa.
"Não foi possível criar uma arquitetura de segurança que o pudesse ter impedido. O que é claro, e quero dizer isto mais uma vez para que não haja mal-entendidos, é que não há qualquer justificação para esta invasão da Ucrânia. Um ataque brutal, que viola o direito internacional, para o qual não há desculpa", sublinhou.
"Sabemos que ele quer dividir a União Europeia, porque a vê como uma precursora da NATO", afirmou ainda Merkel. Um dos motivos que o Presidente russo usou para tentar justificar a invasão ao país vizinho foi precisamente a expansão da aliança militar ocidental no Leste Europeu.
Uma nova fase
Na conversa que durou cerca de uma hora e meia, e maioritariamente dominada pelo tema da guerra na Ucrânia, Merkel falou igualmente sobre a nova fase da vida, afastada da política, após 16 anos no poder.
Explicou que evita falar publicamente como ex-chefe de governo, já que o seu papel não é o de dar conselhos nos bastidores. Prefere, por isso, manter-se à distância. Disse aonda que não se candidatar novamente em 2021 foi a decisão certa.
"Estive na política 30 anos e sempre tive compromissos, compromissos e compromissos e realmente fui muito, muito feliz. Mas acredito que posso lidar muito bem com esta nova fase da minha vida e também ser muito feliz."
por:content_author: Sabine Kinkartz, cm, Lusa
RÚSSIA - A Rússia entregou a Kiev os corpos de 210 soldados ucranianos, cuja maioria morreu defendendo a cidade de Mariupol das forças russas em uma siderúrgica, afirmaram os militares ucranianos nesta terça-feira.
Os ucranianos ficaram presos na siderúrgica de Azovstal por semanas, enquanto a Rússia tentava tomar a cidade. Os soldados ucranianos acabaram se rendendo mês passado e foram levados sob custódia da Rússia.
“O processo de devolução dos corpos dos soldados mortos em Mariupol está em andamento. Até agora, 210 dos nossos soldados foram devolvidos - a maioria é de defensores heróicos de Azovstal”, afirmou a diretoria de inteligência de Defesa da Ucrânia no Twitter.
Tem havido pouca informação sobre o destino do que se estima serem 2.000 soldados que defenderam Azovstal. Kiev está tentando o retorno de todos eles em uma troca de prisioneiros, mas alguns parlamentares russos querem que os soldados sejam julgados.
“O trabalho continua para trazer para casa todos os soldados ucranianos capturados”, disse a diretoria.
As famílias da unidade Azov da guarda nacional ucraniana tinham publicado anteriormente o retorno de alguns corpos.
UCRÂNIA - Após receber uma ameaça de morte, a modelo brasileira Liziane Gutierrez voltou a postar fotos em suas redes sociais em que aparece em cima de um tanque de guerra russo destruído, nesta segunda-feira (6).
A brasileira trabalha como voluntária na Ucrânia em meio à invasão do país pela Rússia. Na última quarta-feira (1º), após ver as publicações da modelo, um soldado russo enviou a ela uma foto em que segurava uma faca e dizia que iria "achá-la".
Em sua nova publicação, Liziane disse que não vai apagar as fotos, como fez com as primeiras publicações. "Pode vir o soldado russo que for me ameaçar; eu não tenho medo", escreveu.
A brasileira está sendo acusada nas redes sociais de tirar proveito do conflito para promover sua imagem no Instagram. Ela nega as acusações dizendo que entregou toneladas de doações, resgatou diversas pessoas e ajudou financeiramente muitas famílias. "E você que tá me chamando de 'biscoiteira', já ajudou alguém hoje?", publicou no final da legenda.
UCRÂNIA - Governador de Lugansk afirma que as tropas ucranianas recuperaram parte do território que haviam perdido, conseguindo controlar agora cerca de metade da cidade no leste do país.A Ucrânia disse ter conseguido recapturar dos russos parte da cidade de Sievierodonetsk, foco de uma intensa ofensiva russa para tomar a região de Donbass, no leste do país, enquanto os combates pesados prosseguiam neste sábado (04/06).
O governador da província de Lugansk, Serguei Haidai, disse em entrevista à televisão nacional ucraniana nesta sexta-feira que as tropas ucranianas retomaram 20% do território que haviam perdido em Sievierodonetsk, conseguindo, segundo ele, controlar agora cerca de metade da cidade.
Haidai fez a afirmação dias depois de ter reconhecido que as tropas russas haviam tomado cerca de 70% de Sievierodonetsk.
Ele afirmou não ser “realista” que a cidade caia nas próximas duas semanas, como havia previsto a inteligência britânica, apesar de reforços russos estarem sendo enviados à região, segundo o gestor. “Assim que tivermos armas ocidentais de longo alcance suficientes, empurraremos a artilharia deles para longe de nossas posições. E depois, acredite em mim, eles da infantaria russa vão simplesmente correr”, frisou Haidai.
A alegação sobre os avanços ucranianos não pôde ser imediatamente verificada. A agência de notícias Reuters afirmou ter chegado a Sievierodonetsk nesta quinta-feira conseguindo verificar que os ucranianos ainda detinham parte da cidade.
Reforços russos
Militares da Ucrânia disseram neste sábado que a Rússia reforçou suas tropas e usou artilharia para conduzir “operações de assalto” na cidade. Mas ressaltaram que as forças russas tiveram que recuar após tentarem avançar na cidade vizinha de Bakhmut.
Haidai afirmou também neste sábado que as tropas russas explodiram pontes para cortar os acessos a Sievierodonetsk, dificultando a entrada de reforços militares ucranianos e de ajuda para civis na cidade. Ele afirmou em uma postagem de mídia social que quatro pessoas foram mortas em ataques russos na região nesta sexta-feira, incluindo uma mãe e uma criança.
Na região de Odessa, no sul da Ucrânia, um míssil atingiu uma unidade de armazenamento agrícola na manhã deste sábado, ferindo duas pessoas, informou o porta-voz da administração regional, em mensagem no Telegram.
Duas pessoas morreram e pelo menos duas ficaram feridas em um bombardeio russo que atingiu unidades de infraestrutura civil no nordeste da região de Kharkiv nesta sexta-feira, informou a agência ucraniana Interfax, citando informações de serviços de emergência.
Cem dias de guerra
A guerra na Ucrânia completou 100 dias nesta sexta-feira. Dezenas de milhares morreram, milhões foram obrigados a deixar suas casas, e a economia global foi severamente afetada
O presidente russo, Vladimir Putin, negou nesta sexta-feira que Moscou esteja impedindo os portos ucranianos de exportar grãos, culpando o Ocidente pelo aumento dos preços globais dos alimentos.
“Agora estamos vendo tentativas de transferir a responsabilidade para a Rússia sobre o que está acontecendo no mercado mundial de alimentos”, disse ele em rede nacional de televisão. Ele afirmou que a melhor solução seria suspender as sanções ocidentais sobre Belarus, aliada da Rússia, e exportar os grãos da Ucrânia através daquele país.
Autoridades ucranianas contam com sistemas avançados de mísseis prometidos recentemente por Estados Unidos e o Reino Unido para conseguir virar a guerra a seu favor, e as tropas ucranianas já começaram treinando para operar esses equipamentos.
Enquanto a resistência ucraniana forçou Putin a estreitar seu objetivo imediato para a conquista de toda a região de Donbass, autoridades ucranianas disseram que o presidente russo mantém sua intenção de subjugar todo o país.
“O principal objetivo de Putin é a destruição da Ucrânia. Ele não está recuando de seus objetivos, apesar do fato de que a Ucrânia ganhou a primeira etapa desta guerra de grande escala”, disse a vice-ministra ucraniana da Defesa, Hanna Malyar, em entrevista à televisão nacional na sexta-feira.
Moscou diz que as armas ocidentais vão despejar “combustível no fogo”, mas assegura que não mudará o curso do que chama de “operação militar especial”.
Progresso lento
A Rússia controla em torno de um quinto do país, cerca de metade disso foi ocupada em 2014 e o restante, capturado desde o lançamento da invasão em 24 de fevereiro.
Para ambos os lados, o ataque maciço da Rússia no leste ucraniano nas últimas semanas foi uma das fases mais mortíferas da guerra, com a Ucrânia dizendo que está perdendo de 60 a 100 soldados todos os dias.
Moscou fez progresso lento, mas constante, pressionando as forças ucranianas dentro de bolsões de resistência nas províncias de Lugansk e Donetsk, mas fracassando em cercá-las. Kiev espera que o avanço russo drene as forças de Moscou o suficiente para que a Ucrânia recapture território nos próximos meses.
A guerra teve um impacto devastador na economia global, especialmente para os países pobres importadores de alimentos. A Ucrânia é uma das principais fontes mundiais de grãos e óleo de cozinha, mas o abastecimento desses produtos foi cortado pelo fechamento dos portos ucranianos do Mar Negro, que impede o escoamento de mais de 20 milhões de toneladas de grãos.
md (Reuters, DPA, EFE)
ALEMANHA - A União Europeia (UE) adotou oficialmente nesta sexta-feira (3) o sexto pacote de sanções contra a Rússia, que inclui um embargo progressivo sobre a maior parte de suas importações de petróleo russo, depois de semanas de intensas negociações com a Hungria.
Os documentos do pacote de medidas foram publicados no Diário Oficial da UE no dia em que as hostilidades militares russas contra a Ucrânia completam 100 dias.
O pacote remove o maior banco russo, o Sberbank, do sistema interbancário Swift - uma peça essencial para processar pagamentos e transferências internacionais - e amplia a lista de pessoas e entidade russas sancionadas.
Entre as pessoas sancionadas destaca-se o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, e sua família. Também veta as transmissões de três canais de TV russos (Rossiya RTR, Rossiya 24 e TV Centre International) no espaço da UE.
Além disso, inclui na lista negativa europeia a ex-ginasta Alina Kabaeva, a quem se atribui uma proximidade com o líder russo Vladimir Putin, negada pelo Kremlin.
Por outro lado, também por pressão da Hungria, a UE retirou a proposta de incluir entre os sancionados o líder da Igreja Ortodoxa russa, o patriarca Kirill.
A proposta original da Comissão Europeia estabelecia um embargo total das compras europeias de petróleo russo até o fim deste ano, mas a ideia foi frustrada pela forte oposição da Hungria, que temia pela sua segurança energética.
A saída foi limitá-lo inicialmente ao petróleo que chega à UE por via marítima, excluindo assim o oleoduto que abastece a Hungria, em uma passagem que afeta mais de dois terços das compras europeias de petróleo russo.
Além disso, Alemanha e Polônia prometeram renunciar ainda este ano à parte de suas importações de petróleo bruto que chega por oleoduto. Dessa forma, a UE estima que afetaria até 90% das importações de petróleo da Rússia.
A interrupção das importações por navio de petróleo bruto ocorrerá no prazo de seis meses e a de derivados de petróleo no prazo de oito meses.
O fornecimento por oleodutos, por outro lado, pode continuar temporariamente, embora sem prazo, para três países sem saída para o mar: Hungria, Eslováquia e República Tcheca.
Trata-se de uma concessão especial para a Hungria, que depende em 65% de seu consumo do petróleo russo que chega pelo oleoduto Druzhba e tem lutado para obter garantias de sua segurança energética.
- Concessões -
O acordo prevê ainda que, em caso de paralisação do oleoduto Druzhba (que atravessa o território ucraniano), seja adotada uma isenção especial para os países afetados pelo embargo marítimo.
Para tornar o embargo mais eficaz, a revenda de produtos derivados do petróleo russo será proibida no prazo de oito meses dentro da UE e para terceiros países. Devido a sua dependência, oe prazo será de 18 meses para a República Tcheca.
Devido ao atraso na negociação do embargo, a Rússia minimizou seu impacto em suas finanças, afirmando que os europeus serão "os primeiros a sofrer".
Durante a Cúpula Europeia que ocorreu esta semana em Bruxelas, o presidente da União Africana, o senegalês Macky Sall, alertou os líderes da UE que a retirada dos bancos russos da rede Swift teria um grave impacto nos países africanos.
Estes países, disse Sall, altamente dependentes da importação de grãos e cereais russos, têm dificuldades para pagar suas compras, em um cenário que pode agravar a situação de insegurança alimentar.
Durante a reunião, os líderes europeus sugeriram esperar que este sexto pacote fosse totalmente implementado antes de começar a refletir sobre o próximo.
A Ucrânia tem pressionado para que a UE também adote um embargo ao gás da Rússia, embora a possibilidade seja impensável no momento, dado o alto nível de dependência da indústria da UE.
UCRÂNIA - A Ucrânia sairá vitoriosa da guerra iniciada pela Rússia, garantiu nesta sexta-feira (3) seu presidente, Volodmir Zelenski, cem dias após o começo da invasão lançada por Moscou, cujas tropas intensificam sua ofensiva na região do Donbass.
Milhares de pessoas foram mortas, milhões fugiram de suas casas e cidades inteiras foram destruídas desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que suas forças invadissem a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O avanço do Exército russo foi retardado pela feroz resistência dos ucranianos, que conseguiram frustrar uma ofensiva-relâmpago para derrubar o governo pró-ocidental em Kiev e que forçou Moscou a reorientar suas forças para o leste, para conquistar a região mineradora do Donbass.
Apesar da resistência apoiada pelo Ocidente, Zelenski reconheceu que a Rússia triplicou a parte do território ucraniano sob seu controle. Com a península da Crimeia anexada em 2014 e as áreas do Donbass e do sul sob seu poder, a Rússia agora ocupa cerca de 125.000 km2 do território de seu vizinho.
O presidente ucraniano procurou transmitir uma mensagem de confiança aos seus compatriotas nesta sexta-feira (3) em um vídeo gravado da sede da Presidência em Kiev.
"A vitória será nossa", disse. "Os representantes do Estado estão aqui, defendendo a Ucrânia há cem dias", acrescentou.
Por sua vez, o Kremlin afirmou ter alcançado "certos" objetivos nos cem dias de ofensiva, segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, que observou que as tropas libertaram várias cidades do que ele descreveu como "forças armadas pró-nazistas da Ucrânia".
"Destroem tudo"
As tropas de Putin estão concentradas no Donbass e a batalha é especialmente feroz na cidade de Severodonetsk.
Os combates continuam no centro da cidade e, segundo a Presidência ucraniana, os invasores estão "bombardeando infraestruturas civis e edifícios militares".
"Por cem dias, [os russos] estão destruindo tudo o que diferenciava a região de Luhansk", disse o governador regional, Sergii Gaiday.
O líder local acusou os russos de arrasarem hospitais, escolas e estradas, mas salientou que a população se apega ao território.
Gaiday declarou que as tropas ucranianas estão resistindo em uma área industrial, uma situação que lembra a da cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia, onde soldados se barricaram em uma siderúrgica até que finalmente se renderam no fim de maio.
A situação em Lysychansk, a cidade gêmea localizada em frente a Severodonetsk, na outra margem do rio, também parece terrível.
Quase 60% das casas foram destruídas e as redes de internet, telefonia móvel e gás foram cortadas, informou o prefeito Oleksandr Zaika. "Os bombardeios estão ficando cada vez mais intensos", apontou.
"Situação piora"
A outra região do Donbass, Donetsk, não está isenta de hostilidades, especialmente em Sloviansk, cerca de 80 km a oeste de Severodonetsk, cujos habitantes estão fugindo desesperadamente da cidade, onde não há água nem eletricidade.
"A situação está piorando, as explosões estão cada vez mais intensas e as bombas caem cada vez mais", disse à AFP Gulnara Evgaripova, uma estudante de 18 anos que embarcava em um ônibus para deixar a localidade.
Diante do rolo compressor russo, o Exército ucraniano, que perde entre 60 e 100 soldados diariamente, segundo Zelensky, aguarda a chegada dos avançados sistemas de mísseis Himars prometidos pelos Estados Unidos.
Apoiados pelos carregamentos de armas dos Estados Unidos e seus aliados da Otan, os militares ucranianos conseguiram conter o Exército russo — maior e mais bem equipado — e transformar o conflito em uma guerra de desgaste.
"Devemos nos preparar para o longo prazo (...) porque o que vemos é que esta guerra agora se tornou uma guerra de atrito", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, após reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden.
O coordenador da ONU para a crise na Ucrânia, Amid Awad, alertou nesta sexta-feira que a guerra "não terá vencedor" e sublinhou que o conflito "implica um preço elevado para os civis", citando "as vidas, casas, empregos e perspectivas perdidas".
Os países ocidentais e seus aliados procuram sufocar a economia russa com um pacote de sanções, na esperança que isso force Putin a ceder.
Na quinta-feira, os países da União Europeia aprovaram um sexto pacote de medidas contra a Rússia, que inclui um embargo, com exceções, às compras de petróleo.
As sanções procuram enfraquecer a economia russa, mas segundo o vice-primeiro-ministro russo responsável pela Energia, Alexander Novak, os europeus serão os primeiros a "sofrer" com o embargo petrolífero.
O cartel de produtores de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus dez parceiros, um grupo que inclui a Rússia, concordaram na quinta em aumentar a produção para conter o aumento dos preços.
Mas essa medida não acalmou os investidores e os preços continuaram a subir.
Diante da escalada dos preços dos alimentos, ligada ao fato de a Ucrânia ser um dos maiores produtores de cereais do mundo, o presidente da União Africana, o líder senegalês Macky Sall, reuniu-se com Putin.
Sall afirmou que a África é "vítima" desse conflito, devido à alta dos preços dos grãos, e defendeu a tese de que os produtos alimentícios russos fiquem fora das sanções.
UCRÂNIA - As forças russas ocupam atualmente "quase 20%" do território ucraniano, ou seja, 125 mil quilômetros quadrados, que incluem a anexada península da Crimeia e o território controlado ao lado dos separatistas pró-Moscou desde 2014, afirmou o presidente Volodmir Zelenski.
"Hoje, quase 20% de nosso território está controlado pelos ocupantes, ou seja, quase 125 mil quilômetros quadrados", disse o presidente ucraniano em um discurso para o Parlamento de Luxemburgo.
Antes do início da guerra, em 24 de fevereiro, as forças russas controlavam 43 mil km2 na Ucrânia, declarou Zelenski.
Desde 2014, as forças russas ocupavam a península da Crimeia e, ao lado dos separatistas pró-Moscou do leste do país, um terço da bacia de mineração do Donbass.
Os 20% do território ucraniano sob domínio russo superam a superfície de Bélgica, Holanda e Luxemburgo juntos, afirmou Zelenski.
Desde o início da guerra, os russos assumiram o controle de algumas regiões do sul da Ucrânia e avançaram lentamente no Donbass, onde ocuparam Mariupol, no extremo sudeste.
O objetivo é assumir o controle das duas regiões do Donbass: Donetsk e Lugansk, onde los combates não dão trégua.
Na quarta-feira, um negociador russo mencionou a possibilidade de um referendo nos territórios ocupados pelos russos, visando uma anexação. A consulta popular poderia acontecer em julho.
Porém, as forças russas deixaram no fim de março a região de Kiev, onde sofreram baixas importantes, e parcialmente a região de Kharkiv, ao norte do Donbass.
RÚSSIA - Contrariando todas as expectativas, a moeda russa se tornou a moeda de melhor desempenho do mundo em relação ao dólar até agora este ano, superando até mesmo o real brasileiro — que também tem se saído bem.
Nem mesmo as sanções econômicas mais duras da história moderna impostas por EUA e Europa em resposta à invasão da Ucrânia foram capazes de conter a ascensão da moeda russa.
Apenas dois meses depois que o valor do rublo caiu drasticamente para menos de um centavo dos EUA, a moeda deu uma virada surpreendente.
Em 7 de março a moeda atingiu a mínima histórica de 0,007 rublos por dólar. Mas agora a moeda russa se valorizou em aproximadamente 15% em relação à moeda americana e está sendo negociada em torno de 0,016.
O motivo, segundo os especialistas, são os rígidos controles de capital impostos pelo Kremlin que — quando a guerra com a Ucrânia começou — provocaram filas de russos nos caixas eletrônicos em busca de dólares.
A proibição de cidadãos russos de venderem rublos para comprar moedas estrangeiras foi descrita pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, como manipulação da moeda.
Esses controles serviram para congelar grande parte das reservas cambiais da Rússia no momento em que o país mais precisava desses recursos, tanto para compensar o êxodo de investimentos e capital quanto para financiar a invasão militar da Ucrânia, que tem sido mais longa do que o inicialmente planejado pelo Kremlin.
O que é inesperado nessa recuperação é que outros países, como Turquia ou Argentina, que impuseram medidas semelhantes, tiveram resultados completamente opostos — com consequências desastrosas para suas economias.
Ambas as moedas atingiram mínimas recordes e ainda hoje estão lutando para se recuperar.
Após tomar conhecimento das sanções internacionais, o Kremlin passou a adotar medidas inéditas para as gerações que não viveram o tempo da União Soviética.
"O banco central russo foi forçado a aumentar drasticamente as taxas de juros e aumentar os controles de capital em resposta às sanções ocidentais", disse Ben Laidler, estrategista de mercados globais da plataforma de investimentos eToro, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"As taxas de juros mais que dobraram para 20%. Os exportadores russos foram forçados a converter 80% de sua renda externa em rublos, e as pessoas ficaram limitadas em termos de quanto poderiam transferir para o exterior", diz.
Uma sanções que mais impactou a Rússia foi o congelamento de contas no exterior.
Os países europeus são fortemente dependentes do gás russo e, apesar da busca por fontes alternativas de energia, o projeto da União Europeia de interromper o fornecimento da Rússia levará anos para ser concluído.
A Alemanha, um dos maiores clientes da estatal russa de gás Gazprom, já concordou em pagar em rublos junto com outros grandes compradores europeus.
"A decisão da Rússia é uma retaliação estratégica contra a UE, aproveitando seu poder como principal fornecedor de gás natural para a Europa. O Velho Continente recebia cerca de 40% de seu gás da Rússia antes da guerra na Ucrânia", explica Levon Kameryan, analista da Scope Ratings.
Por fim, os preços mais altos das commodities também ajudaram muito. Petróleo mais caro significa que os clientes da Rússia agora terão que pagar mais dólares por barril e, portanto, precisam de mais rublos.
No entanto, especialistas apontam que os três fatores — controles rígidos de capital, taxas de juros mais altas e preços mais altos das commodities — só conseguiram atenuar o que será um ano problemático para a economia russa.
"O rápido aumento do rublo é um problema para exportadores e alguns produtores domésticos, aumentando a pressão das sanções. Também significa menos receita para o orçamento", diz Scott Johnson, economista que cobre a Rússia para a Bloomberg Economics.
A recuperação do rublo poderia ser vista como um termômetro para saber se as sanções estão funcionando?
Para Johnson, "de fora da Rússia é tentador ver a recuperação do rublo como um sinal de que as sanções não estão surtindo o efeito desejado. Mas isso não é totalmente correto".
"A valorização foi em grande parte impulsionada pela conversão obrigatória das receitas de exportação e outros controles de capital, o que limita o fluxo de caixa do exterior", explica.
"O rublo traça uma imagem precisa da balança de pagamentos, mas não da economia como um todo, onde as perspectivas são mais sombrias", diz ele.
Laidler concorda.
"A alta do rublo pode ter acabado agora. A força da moeda tornou as exportações russas menos competitivas e as sanções mais rígidas dos EUA aumentaram as chances de um calote da dívida."
*Este texto foi originalmente publicado na BBC News Brasil.
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