BRASÍLIA/DF - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, na noite de quinta-feira (14), que irá determinar ao ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) a volta ao normal da atual bandeira tarifária --que tem gerado aumento na conta de luz.
Durante um evento organizado pela igreja evangélica Comunidade das Nações, o mandatário comemorou ainda a chuva registrada em algumas regiões do país.
"Meu bom Deus nos ajudou agora com chuva. Estávamos na iminência de um colapso. Não podíamos transmitir pânico na sociedade. Dói a gente autorizar ao ministro Bento, das Minas e Energia, decretar a bandeira vermelha. Dói no coração, sabemos da dificuldade da energia elétrica. Vou pedir para ele --pedir não, determinar-- que volte a bandeira ao normal a partir do mês que vem", declarou.
Embora Bolsonaro tenha citado a modalidade vermelha, a bandeira tarifária atualmente em vigor no Brasil é a da "escassez hídrica".
APARECIDA/SP – Depois de ouvir críticas sobre a liberação de armas e a condução da pandemia pelo seu governo nas celebrações do Dia da Padroeira, o presidente Jair Bolsonaro tirou a máscara e causou aglomeração, na terça-feira, 12, no Santuário Nacional de Aparecida. Ele, que já tinha provocado um grande ajuntamento de pessoas na chegada, desfilou com o corpo fora do carro quando saiu do santuário. Parte do grupo, que se espremia nas cercas de segurança, o aplaudiu e chamou de “mito”, enquanto um coro menor gritava “lixo”. Um chinelo foi arremessado do meio do público, mas não atingiu o presidente.
Bolsonaro assistiu à missa da tarde na companhia dos ministros Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações, e João Roma, da Cidadania. Na homilia, à frente do presidente, o padre José Ulysses da Silva, porta-voz do santuário, fez uma referência indireta à postura armamentista do governo. “Se conseguíssemos abraçar a proposta de Jesus nós seríamos um povo mais desarmado e fraterno”, afirmou o padre.
BRASÍLIA/DF - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou, na segunda-feira (4), estar "feliz" em razão de o presidente Jair Bolsonaro ter compreendido que não ocorreu fraude nas eleições. O magistrado comentou declarações do chefe do Executivo de que a participação das Forças Armadas na organização ajuda a garantir que não haverá irregularidades.
De acordo com Barroso, o papel das Forças Armadas é importante para garantir a participação de mais um segmento da sociedade na fiscalização do pleito. Os militares terão um representante em um grupo criado pela Justiça Eleitoral para a organização da votação que ocorrerá dentro de um ano.
"As Forças Armadas têm um papel importante na distribuição, na logística das urnas, na guarda dessas urnas. Portanto, elas são um setor representativo da sociedade. Por isso, decidimos convidar um integrante das Forças Armadas para este grupo", disse Barroso no evento de abertura do código-fonte da urna eletrônica.
O código-fonte é o conjunto de linhas escritas em linguagem de programação que permitem o funcionamento de um software por meio de regras lógicas.
Dezesseis membros de partidos políticos participaram do ato de abertura. Outras entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, enviaram representantes para compor a Comissão de Transparência das Eleições da Corte e participam do Ciclo de Transparência Democrática – Eleições 2022.
No colegiado, Exército, Marinha e Aeronaútica são representados pelo general Heber Garcia Portella, comandante de Defesa Cibernética das Forças Armadas. O Congresso Nacional também pode enviar técnicos para avaliar o programa usado para registrar e apurar os votos no dia da eleição.
Barroso declarou que avalia como positiva a mudança de posição de Bolsonaro, que passou os últimos três anos alegando fraude nas eleições de 2014 e 2018, sem apresentar provas. "Em relação ao presidente Jair Bolsonaro, fico extremamente feliz que ele tenha se convencido de que não existe fraude nas eleições", completou o magistrado.
Barroso destacou a importância da parceria com plataformas de redes sociais, como Facebook e WhatsApp, para evitar a disseminação de notícias falsas e disse que a desinformação é grave ameaça ao regime democrático.
"A desinformação é hoje uma das grandes ameaças à democracia. As campanhas de ódio, desinformação deliberada e teorias conspiratórias são um problema. Todas as democracias estão tendo que lidar. Temos que garantir a liberdade de expressão e ao mesmo tempo impedir que a desinformação comprometa a democracia", disse.
Renato Souza, do R7
SÃO PAULO/SP - Os protestos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) marcados para este sábado (2) prometem ser os de maior variedade ideológica entre os convocados por setores da esquerda desde maio, mas não devem vencer o desafio de mobilizar a direita ou de reunir em um só palco todos os presidenciáveis de 2022.
O esforço dos organizadores para a ampliação dos atos que costumam pintar de vermelho a avenida Paulista, em São Paulo, se deu a partir ainda dos ecos do 7 de Setembro bolsonarista e da avaliação geral de que a pressão pelo impeachment na Câmara dos Deputados só será efetiva se furar bolhas.
Desta vez, além da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, que reúne diversas associações da sociedade civil e já promoveu cinco edições de protestos nacionais, as manifestações também são organizadas por uma aliança de nove partidos e pelo Direitos Já, fórum a favor da democracia que reúne líderes de 19 partidos e já congregou mais de 200 entidades em seus eventos.
Ainda assim, a maior parte dos políticos, partidos e organizações envolvidas nesta rodada de protestos é identificada com a esquerda.
O grupo de nove partidos -PT, PSOL, PC do B, PSB, Cidadania, PV, Rede, PDT e Solidariedade- é majoritariamente de esquerda e reúne siglas que já participavam, totalmente ou em parte, das ações anteriores.
Para os organizadores, porém, é um avanço significativo que todos esses partidos entrem de cabeça na convocação dos protestos, cujas edições anteriores tinham protagonismo mais evidente de PT, PSOL e PC do B e dos movimentos populares ligados a eles -o que deu o tom de pré-campanha de Lula (PT) e afastou setores da sociedade.
A esperada presença de políticos ou alas de siglas da chamada terceira via é outra vitória apontada pelos coordenadores dos atos -embora partidos como DEM, PSDB, MDB e PSD não tenham aderido ao impeachment em si, algo considerado crucial para que a remoção de Bolsonaro vingue de fato.
Para nacionalizar o protesto e tentar salvá-lo da contaminação eleitoral, a ideia é concentrar os principais líderes partidários em São Paulo, em um só palco, e resgatar o uso do verde e amarelo, identidade dos apoiadores de Bolsonaro.
Na capital paulista, o protesto está marcado para as 13h em frente ao Masp, na avenida Paulista. A programação prevê um ato ecumênico, apresentação de indígenas e artistas e encerramento com o hino nacional. Estão previstos 260 atos em 251 cidades de 16 países.
Assim como as manifestações dos movimentos de direita MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem Pra Rua) pelo impeachment de Bolsonaro no último dia 12 ensaiaram uma frente ampla com adesões da esquerda, mas tiveram ausências notáveis, os atos de sábado também são um passo a mais na promessa de união de rivais contra um presidente considerado golpista.
Por um lado, haverá representantes da direita. Por outro lado, faltarão nomes que caracterizariam uma nova edição das Diretas Já -o próprio MBL afirma que ficará de fora. Também não devem comparecer o ex-presidente Lula e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Desta vez, no entanto, são esperados uma série de presidenciáveis e outros políticos de peso para estrear nos atos da Campanha Nacional Fora Bolsonaro depois de terem comparecido ao protesto de MBL e VPR, como Ciro Gomes (PDT), Alessandro Vieira (Cidadania), João Amoêdo (Novo) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) -embora os dois últimos não tenham confirmado presença.
A lista divulgada pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro inclui ainda Randolfe Rodrigues (Rede), Alessandro Molon (PSB), Eliziane Gama (Cidadania), Tabata Amaral (PSB) e Carlos Lupi (PDT).
Outros nomes de esquerda que têm participado a cada ato desde maio também são esperados, como Gleisi Hoffmann (PT), Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL), Juliano Medeiros (PSOL), Orlando Silva (PC do B) e Manuela D'Ávila (PC do B).
Em São Paulo, no total, são esperados representantes de 21 partidos --Cidadania, DEM, MDB, PC do B, PDT, PL, Podemos, Solidariedade, PSD, PSB, PSDB, PSL, PSOL, PT, PV, Rede, UP, PCB, PSTU, PCO e Novo.
No campo da direita, indicaram presença os deputados Júnior Bozzella (PSL-SP), José Nelto (Podemos-GO) e Fábio Trad (PSD-MS).
Entre as entidades, fazem parte do ato a Central de Movimentos Populares, UNE, MST, MTST, Coalizão Negra por Direitos, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, movimento Acredito, entre outras.
Também aderiram aos protestos de sábado as centrais sindicais -CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, CSP-Conlutas, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Intersindical Instrumento de Luta e Pública.
No Rio, participarão as juventudes de PSD e PSDB, além do Avante, Livres e UJL. Em São Paulo, o diretório do PSDB da capital promete comparecer, como fez em outras edições.
Para o sociólogo Fernando Guimarães, coordenador do Direitos Já, os protestos de sábado são um marco político.
"Esse é um ato que vira a chave, passa a dar uma amplitude necessária para uma construção de impeachment. Nem todos os partidos estão pedindo impeachment, mas esse é um processo de acumulação de forças", afirma.
Ele diz que estão convidados "todos que quiseram somar, deixando de lado divergências do passado e a questão eleitoral para convergir pela democracia". "Toda a população que vá às ruas, deve ir com espírito de acolher mesmo os líderes de um campo político diferente do seu", completa.
Coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim afirma que os protestos deste sábado serão mais amplos que os anteriores. O desafio é encher as ruas com público cada vez maior.
"Esse ato tem um diferencial em comparação com os outros, o que demonstra que a gente está num caminho que é possível acreditar. Bolsonaro é a própria crise, com ele não tem solução, vamos nos arrastar até 2023 e o Brasil não aguenta" diz.
"Pelo impeachment, seria fundamental expandir [os atos] para o mundo empresarial, para os partidos de direita com grandes bancadas. A nossa tarefa é ir criando um caldo. Bolsonaro falou em ultimato ao STF, vamos dar um ultimato para que Arthur Lira [PP-AL] instale a comissão [do impeachment]", completa.
Além do impeachment e da defesa da democracia, movimentos populares pretendem levar às ruas reivindicações a respeito da crise econômica e sanitária, denunciando o desemprego, a fome e as revelações da CPI da Covid sobre o negacionismo do governo Bolsonaro que acabou orientando o procedimento da rede Prevent Senior.
As quase 600 mil mortes na pandemia, o desemprego, a inflação e o desmatamento também estão entre as causas levantadas pelas centrais sindicais.
"Para derrubar Bolsonaro, é preciso ir além do nosso campo, pois precisamos de 342 votos na Câmara dos Deputados para aprovar o impeachment. Não é questão de ideologia, mas sim de matemática. [...] É necessário focar no que nos une, e não no que nos separa. Para podermos continuar a ter o direito de discordar, de disputar eleições livres e de manter a nossa democracia, Bolsonaro tem que sair já", afirma nota das centrais.
"Isso tudo é uma injeção de ânimo nos protestos, porque vai gerando uma indignação", afirma Bonfim.
Segundo a pesquisa Datafolha divulgada em setembro, 56% da população apoia o impeachment. A dificuldade de unir todos os líderes favoráveis, independentemente de sua ideologia, é uma questão para os organizadores dos atos de sábado, como foi nos anteriores, de esquerda e de direita.
Num cenário de polarização do país desde 2014 e marcado pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, a aliança tática entre partidários da esquerda e da direita precisaria passar por cima de mágoas e remorsos.
A um ano do pleito de 2022, o viés eleitoral também pesa. O mote "nem Lula nem Bolsonaro" afastou petistas do ato de MBL e VPR. Desta vez, o MBL chegou a participar de uma reunião de preparação dos protestos de sábado, mas não convocou seus seguidores.
Com a confirmação de outros presidenciáveis no palanque, Lula foi estimulado a comparecer. No entanto, sua avaliação, como das outras vezes, é a de que sua ida provocaria uma contaminação eleitoral que prejudicaria a mobilização pelo impeachment. Há ainda uma preocupação em não gerar aglomeração na pandemia.
Com o fracasso de público no último dia 12 e a ausência de um "palanque de Diretas Já" naquele dia e também no sábado, aumenta a expectativa de que um novo protesto no dia 15 de novembro seja unificador e funcione como resposta ao dia 7 de Setembro.
A espécie de reedição das Diretas Já, vontade expressa por boa parte dos agentes políticos que têm trabalhado por um consenso entre diferentes em nome da derrubada de Bolsonaro, seria construída com mais tempo até o dia 15. A ideia é, até lá, criar um sentimento de ato grandioso e histórico.
ATOS CONTRA BOLSONARO
Números de atos
Em 24 de julho: 488 atos no total, em 432 cidades no Brasil e 39 cidades no exterior (previsão até a noite desta sexta-feira)
Em 3 de julho: 387 atos no total, em 312 cidades no Brasil e 34 cidades no exterior
Em 19 de junho: 457 atos no total, em 407 cidades no Brasil e 19 cidades no exterior
Em 29 de maio: 227 atos no total, em 210 cidades no Brasil e 14 cidades no exterior
Em 7 de setembro: 200 atos, em 191 cidades de 7 países
(algumas cidades realizam mais de um ato)
Organizações envolvidas
Direitos Já
frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)
UNE (União Nacional dos Estudantes)
CMP (Central de Movimentos Populares)
centrais sindicais, como CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores)
movimentos Acredito e Livres
Partidos envolvidos
PT
PSOL
PC do B
PSB
Cidadania
PV
Rede
PDT
Solidariedade
PCB
UP
PCO
PSTU
instâncias internas e líderes de: DEM, MDB, PL, Podemos, PSD, PSDB, PSL e Novo
Bandeiras
fora, Bolsonaro
por emprego e renda
contra a carestia e a fome
apoio à CPI da Covid e denúncia de quase 600 mil mortes
Locais em SP, RJ e DF
São Paulo:
Às 13h, no Masp, na avenida Paulista
Rio de Janeiro:
Às 10h, caminhada da Candelária até Cinelândia
Brasília:
Às 15h30, no Museu Nacional
*Por: CAROLINA LINHARES / FOLHA
SÃO CARLOS/SP - A "Frente Democrática de São Carlos" se reuniu pela segunda vez no último dia 27 na sede do Centro do Professorado Paulista (CPP) com o objetivo de organizar o ato contra o presidente Jair Bolsonaro para o próximo dia 2 (sábado).
Em São Carlos, o ato será realizado às 9 horas na Praça do Mercado Municipal, com fala das lideranças partidárias, políticas e sindicalistas. Às 10 horas, uma caravana sairá de São Carlos rumo a São Paulo para o ato que deve ocorrer na avenida Paulista.
BRASÍLIA/DF - Após discursar na Assembleia Geral da Organizações das Nações Unidas (ONU) no início da semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a participar, na sexta-feira (24), de um evento multilateral. Em vídeo gravado, o presidente participou do Diálogo de Alto Nível sobre Energia. O evento foi convocado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para tratar exclusivamente do tema geração de energia com vistas à redução das emissões de carbono e cumprimento do Acordo de Paris sobre o clima.
Em pronunciamento que durou pouco mais de 5 minutos, Jair Bolsonaro lembrou que a matriz energética da maioria dos países, baseada majoritariamente em fontes fósseis, é a principal responsável pela mudança do clima que vivemos hoje, e destacou o protagonismo do Brasil na geração de energia por meio de fontes renováveis.
ESTEIO/RS - Em sua primeira viagem após os atos de 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os Três Poderes devem ser respeitados. Durante discurso para integrantes do agronegócio no Rio Grande do Sul, o chefe do Planalto citou o ex-presidente da ditadura militar Emílio Garrastazu Médici e declarou que o povo não aceita retrocessos na luta pela liberdade.
Bolsonaro recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha, em Esteio (RS), durante uma feira do agronegócio. Ele chegou ao evento por volta das 11h, sem máscara, acompanhado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Cumprimentou apoiadores e não respondeu a perguntas de jornalistas. "Temos Três Poderes, têm que ser respeitados, e buscar sempre a melhor maneira de nos entendermos para que o produto do nosso trabalho seja estendido aos seus 210 milhões de habitantes", disse Bolsonaro, afirmando que o Brasil, aos poucos, "vai mudando".
Na última semana, após ameaçar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e defender desobediência a decisões judiciais nas manifestações, Bolsonaro se reuniu com o ex-presidente Michel Temer e divulgou uma carta, escrita por Temer e apenas assinada por ele, falando em conciliação.
Aos apoiadores, o chefe do Planalto destacou que, em primeiro lugar, as pessoas foram às ruas no 7 de Setembro contra retrocessos. "Temos uma Constituição que, entendemos, deve ser respeitada a qualquer custo, em especial os incisos do artigo 5º da nossa Constituição", afirmou o presidente. Ele disse ser "apenas um na multidão" das manifestações.
O presidente não disse o que seriam os "retrocessos" e também desconsiderou que a agenda golpista dos atos de 7 de Setembro partiu dele próprio. As manifestações foram convocadas para defender a destituição dos ministros do Supremo, o que é inconstitucional.
"Senti os reais motivos para esse povo ir às ruas. Em primeiro lugar, foi para dizer que não aceita retrocessos. O povo quer respeito à Constituição por parte de todos e acima de tudo eles sabem que não podem deixar de lado sempre a defesa e a luta pela nossa liberdade."
Aos agricultores, o presidente citou o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, um dos governantes do regime militar, e disse que lá começou a "revolução" do agronegócio. O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, disse que Bolsonaro tem "100% de aprovação" na classe rural. “Para nós, ele representa segurança no campo”, disse.
Bolsonaro afirmou que o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, contrário à aplicação da tese do "marco temporal" na demarcação de terras indígenas, resultaria no "fim do agronegócio" no Brasil, caso seja acatada pela Suprema Corte.
"Se a proposta do ministro Fachin vingar, será proposta a demarcação de novas áreas indígenas que equivalem a uma região Sudeste toda. Ou seja, é o fim do agronegócio, simplesmente isso e nada mais do que isso", disse Bolsonaro.
Na última quinta-feira, 9, o ministro Fachin, relator do caso no STF, deu seu voto favorável aos povos indígenas e contra o reconhecimento da constitucionalidade da tese do marco temporal. O julgamento deve ser retomado na próxima terça-feira, 14, quando o STF chegará ao 20º dia de análise, ainda sem definição clara de maioria.
A tese do marco temporal funciona como uma linha de corte ao sugerir que uma terra só pode ser demarcada se ficar comprovado que os indígenas estavam naquele território na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Caso seja validado pelo STF, o entendimento poderá comprometer mais de 300 processos que aguardam para demarcação, conforme dados do Instituto Socioambiental (ISA) com base em publicações feitas no Diário Oficial da União (DOU). Fachin declarou que a Constituição reconhece como "permanente" o "usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos" preservados pelas comunidades indígenas.
O presidente afirmou que o seu governo tem deixado o campo "completamente livre" e foi aplaudido ao lembrar da escolha da ministra Tereza Cristina para comandar a Agricultura. "Faz um trabalho excepcional, quero elogiá-la mas também dizer que, com a escolha de ministros pelo critério técnico e sem pressões políticas, todos ganharam com isso", disse.
O governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), não participou da cerimônia com Bolsonaro. O tucano visitou a feira do agronegócio durante a semana — em um vídeo que circula nas redes sociais, ele é questionado por um visitante sobre o preço da gasolina, ao que Leite responde que o tema tem que ser cobrado do presidente.
Durante o discurso neste domingo, Bolsonaro fez uma crítica indireta ao governador ao questionar medidas de restrição de circulação como forma de combate à covid-19. "Algumas coisas foram feitas de forma equivocada, não pelo nosso governo, no tratamento da pandemia", disse Bolsonaro. "Nunca apoiamos lockdown, medidas restritivas, medidas como toque de recolher, entre outros. A população tinha que trabalhar."
Ao usar a palavra, a secretária estadual da Agricultura, Silvana Covatti (PP), se mostrou alinhada a Bolsonaro, chegando a cometer o ato falho de chamá-lo de “presidente da República do Rio”, em referência ao Rio Grande do Sul — o que ela corrigiu rapidamente. Fora do microfone, Bolsonaro a chamou de “minha porta-voz”. A secretária finalizou sua fala em um tom elogioso ao presidente.
*Por: Daniel Weterman, Cícero Cotrim e Eduardo Amaral, especial para o Estadão
SÃO CARLOS/SP - Representantes de nove partidos políticos, sindicatos, associações e parlamentares participaram na noite da última quinta-feira (9) na sede do Centro do Professorado Paulista (CPP) de São Carlos, de uma reunião articulada pelo presidente regional da entidade e vereador Azuaite Martins de França, para compor uma Frente em Defesa da Democracia. A ação se opõe à “escalada do nazifascismo no país” e ao governo Bolsonaro.
A proposta, segundo Azuaite, a “Frente Democrática de São Carlos” pretende reeditar a mobilização suprapartidária e de lideranças sociais do movimento Diretas-Já, que impulsionou o processo de redemocratização do país na década de 1980.
O vereador lançou uma conclamação na sessão plenária da Câmara desta semana, para a formação de uma frente unitária em defesa da democracia. Na ocasião, afirmou que “o país assistiu estarrecido” aos ataques do presidente da República às instituições democráticas. “É preciso dar uma resposta ao golpismo”, disse. Azuaite conversou com o presidente nacional do partido Cidadania, Roberto Freire, sugerindo uma articulação no mesmo sentido no âmbito nacional. Freire realizou nos últimos dias reuniões com lideranças políticas com esse propósito.
Durante a reunião da quinta-feira no CPP, foram discutidas estratégias para o fortalecimento da Frente Democrática em São Carlos e para a articulação dos vereadores na Câmara Municipal. A Frente pretende cumprir as agendas nacionais e organizar manifestações em níveis local e estadual.
O encontro no CPP reuniu representantes dos partidos Cidadania, PT, PSOL, PDT, MDB, PSDB, PSB, PSTU e PCdoB. Estiveram também representados o Sindicato dos Metalúrgicos, o SINDSPAM, o SINTUFSCar, a APEOESP e o CPP. Compareceram o presidente da Câmara Municipal, Roselei Françoso e os vereadores Azuaite França, Raquel Auxiliadora, Professora Neusa, Djalma Nery e Dimitri Sean. Lideranças políticas e sociais também apoiaram a Frente.
SÃO CARLOS/SP - O vereador Azuaite Martins de França (Cidadania) conclamou “todos os vereadores democratas que ocupam a representação do povo na Câmara Municipal de São Carlos” a se somarem a uma frente unitária em defesa da democracia. Ele comunicou na sessão plenária de quarta-feira (8) sobre sugestão apresentada ao presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, “para que repetisse aquilo que fizemos na época das Diretas-Já: levar para o mesmo palanque aqueles que, pensando diferentemente, pudessem estar unidos em defesa da democracia no Brasil e, em consequência, contra Bolsonaro”.
“Este é o caminho que seguiremos aqui em São Carlos, chamando os democratas e os partidos democratas desta cidade”, acrescentou, afirmando em seguida que em Brasília Roberto Freire promove articulações com outros líderes “para dar uma resposta à altura à escalada golpista e para dar segurança a todos que defendem a democracia neste país”.
Azuaite declarou que o Brasil “assistiu estarrecido” a manifestação do “inquilino do Palácio do Planalto” contra as instituições democráticas. “Bolsocaro diz pra comprar fuzir em vez de comprar feijão, ignora que o povo passa fome neste país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e onde 15 milhões de pessoas estão sem emprego e 600 mil brasileiros foram mortos pela Covid-19 da qual ele debochou dizendo ser uma gripezinha”.
O vereador citou uma frase do físico, escritor e filósofo alemão Georg Lichtemberg (“Quando os que comandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito) e um verso de “Os Lusíadas” de Camões (“O fraco rei faz fraca a forte gente) como analogia do que ocorre no Brasil, acrescentando que as manifestações de apoiadores de Jair Bolsonaro “são próprias daqueles que esperneiam porque sabe que perderam o apoio popular e perderão as eleições”.
BRASÍLIA/DF - O presidente Jair Bolsonaro comemorou, durante sua live na quinta-feira (9), o fato de a “Declaração à Nação” que divulgou nesta tarde ter repercutido positivamente no mercado financeira, com a queda do dólar frente ao real e a alta na Bolsa de Valores brasileira. Na carta, o presidente diz não ter tido a intenção de agredir outros Poderes da República e destacou que respeita a harmonia entre as instituições.
"O que aconteceu de imediato [após a publicação da carta]? Você quer a gasolina mais barata, não quer? Álcool, gás? Isso tudo está indexado ao preço do dólar", comentou.
Após registrar alta de 2,89% no pregão de 4ª feira (8), o dólar fechou em queda de 1,86% nesta quinta-feira, terminando o dia cotado a R$ 5,227.
Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou a sessão em alta de 1,72%, aos 115.360,86 pontos, depois de cair 3,78% na quarta-feira (8).
Temer
Bolsonaro disse durante a live que recebeu a visita de seu antecessor no cargo, o ex-presidente Michel Temer, para discutir a crise política. Segundo ele, Temer ajudou na elaboração da carta.
"Eu telefonei ontem à noite pro Michel Temer, falei com ele hoje de manhã novamente, o ex-presidente da República. Ele veio a Brasília, por dois momentos, conversou comigo aqui, pouco mais de uma hora. Ele colaborou com algumas coisas na nota, eu concordei e publicamos", disse Bolsonaro.
Ao comentar as críticas de apoiadores pelo tom conciliatório da nota, Bolsonaro falou em dar o exemplo e ressaltou que é preciso calma. "Nós temos que dar exemplo aqui em Brasília. Por mais que eu ache que você está fazendo a coisa errada ou ele esteja fazendo a coisa errada, dá um tempo, deixa acalmar um pouquinho", disse. "Não tem nada demais ali. O que eu dei ali, a resposta é o seguinte: estou pronto para conversar", acrescentou, sobre a carta.
Por Agência Brasil
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