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Promessa de forrageiras com alta produtividade e alto teor de proteína bruta para qualquer tipo de solo, pode ser indicação de armadilha. Portanto, é fundamental estar atento a possíveis contradições para evitar ser enganado

 

SÃO PAULO/SP - Estima-se que cerca de 90% da carne bovina do Brasil é produzida em regime de pastagens. De acordo com a Embrapa, são aproximadamente 177 milhões de hectares de pasto no país, para um rebanho de 234,4 milhões de animais. Na busca por uma pastagem que ofereça alimento de qualidade ao rebanho, é preciso atenção para não cair em armadilhas ou falsas promessas de um capim "que só tenha vantagens".

"Embora pareça promissor, não há um capim que trará 'soluções milagrosas'. Qualquer capim precisará absorver uma grande quantidade de nutrientes do solo para atingir alta produtividade e qualidade. O termo 'capim milagroso' é frequentemente utilizado para descrever variedades que prometem alta produção e qualidade, mesmo em solos pobres, alagados ou baixa disponibilidade hídrica, por exemplo, mas essa conta não fecha. Se o solo e as condições forem ruins, o capim irá refletir isso, e a consequência será sentida pelos animais.", explica o zootecnista Wayron Castro, assistente técnico de sementes na Sementes Oeste Paulista (Soesp).

Segundo o especialista, é natural que cada forrageira possua exigências e adaptações diferentes. Cada capim apresenta suas vantagens e desvantagens. "Desconfie quando um produto for apresentado como tendo apenas vantagens, mesmo em diversas condições de clima e manejo. No Brasil, com nossa vasta extensão territorial e seis biomas distintos, é difícil acreditar que um único capim possa ter excelentes resultados em tantos ambientes diferentes", detalha.

Testes, validações e a escolha certa

O lançamento de uma nova cultivar é algo que requer muitos anos de pesquisas e validações. A Embrapa, por exemplo, pode levar até 15 anos para desenvolver um novo capim. São realizados inúmeros testes para verificar todo o seu potencial, inclusive em vários biomas. Entre eles é testado a viabilidade, produção de semente e sua validação no campo em pelo menos cinco regiões diferentes do Brasil.

Outro cuidado fundamental que o produtor precisa ter, é em relação à qualidade das sementes – estas precisam ter tratamento especial antes de chegar ao campo para garantir aos pecuaristas o recebimento desse importante insumo livre de doenças e pragas, como por exemplo, nematoides.

As sementes blindadas com tecnologia Advanced da Soesp, por exemplo, recebem na fábrica o tratamento para garantir sua qualidade. A empresa possui laboratório especializado em sementes forrageiras acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro e aplica dois fungicidas e um inseticida à superfície das sementes. Todo o processo tecnológico proporciona alta pureza e alta viabilidade para as Brachiarias e Panicuns.

As sementes blindadas com a tecnologia Advanced têm ainda como importante característica a uniformidade e resistência, assim não entopem os maquinários de plantio e o tratamento não se rompe, chegando intacto ao solo. Além disso, são produtos com inteligência na absorção de água e ideais para Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), com menor custo por hectare. "É fundamental que o produtor busque sementes de empresas idôneas como a Soesp, que sejam associadas da Unipasto e/ou parceiras da Embrapa", pontua Castro.

Simples e eficiente

Conforme destacado, não existe capim milagroso que possa ter alta produção em solos com baixa fertilidade. Não é só uma boa cultivar que vai gerar resultados ao pecuarista, é preciso um conjunto de fatores, e isso passa obrigatoriamente por cuidados e preparo de solo. "Não há mágica, o produtor tem que fazer o básico bem feito, ou seja, adubar, aplicar calcário e buscar a melhoria contínua da fertilidade", destaca o especialista.

Outra dica importante é que o produtor procure sempre um agrônomo, zootecnista ou um técnico de sua confiança, que conheça bem a sua região e as condições de solo, para poder indicar as variedades que melhor se adaptam a cada realidade. "É válido reforçar que nunca é indicado fazer compra de insumos pela empolgação, é preciso ser criterioso, pesquisar sobre a origem dos produtos e o histórico da empresa. Somado a isso, é preciso que o produtor enxergue o pasto como uma cultura, pois todo investimento ajudará em um bom desempenho dos animais, bem como na garantia de oferta de alimentos com valor mais competitivo", finaliza Castro.

EUA - A tempestade Debby chegou na Geórgia após deixar um rastro de destruição na Flórida, nos Estados Unidos. Autoridades alertam para inundações históricas e declararam situação de emergência.

 

O QUE ACONTECEU

Ventos de 72 km/h foram registrados no sudoeste de Savannah, na Geórgia, por volta das 5h (4h no horário de Brasília). Cidades na região sudeste podem enfrentar até 63 centímetros de chuva, informou o Centro Nacional de Furacões.

Prefeito de Savannah diz estar aterrorizado. Van Johnson alertou que algumas regiões estarão submersas daqui alguns dias. "Eu tenho enfrentado tempestades por aqui por 30 anos e nunca experimentei nada assim. Nós estivemos no olho de uma tempestade e nunca experimentamos isto".

Nos próximos dias, Debby cruza a Geórgia e se aproxima da costa do Atlântico, atingindo os estados Carolina do Sul e Carolina do Norte. O Centro Nacional de Furacões prevê que a tempestade deve ganhar força e atingir um ponto de terra perto de Charleston, na Carolina do Sul.

Autoridades alertam para inundações catastróficas na costa do Atlântico, com estimativas de 50 a 75 centímetros de chuva até a manhã de sexta (9). Os governadores da Geórgia e da Carolina do Sul declararam estado de emergência em antecipação aos danos causados pelo Debby.

 

FURACÃO DEIXOU CINCO MORTOS NA FLÓRIDA

Pelo menos cinco pessoas morreram durante a passagem do furacão no norte da Flórida. Na manhã nesta segunda-feira (5), Debby atingiu a pequena cidade de Steinhatchee, a cerca de 115 km de Tallahassee, como um furacão de categoria 1. Depois, o furacão se aproximou da região de Big Bend com ventos de até 130 km/h, mas perdeu força.

Duas crianças morreram após queda de árvores no Condado de Levy, informaram as autoridades. Um deles, um menino de 13 anos, estava dentro de uma casa móvel, segundo a polícia local.

Um caminhoneiro de 64 anos morreu após perder o controle de um caminhão na rodovia 75. Ele caiu no canal de Tampa Byapass.

Uma mulher de 38 anos e seu filho de 12 anos estavam em um SUV que derrapou em Dixie, ao norte de Tampa, durante a tempestade.

 

 

POR FOLHAPRESS

SÃO PAULO/SP - No meio do inverno, o começo de agosto será marcado por dias de forte a extremo calor em Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, segundo previsão da MetSul. "A temperatura passará dos 30ºC mais ao Sul do País e ficará ao redor dos 40ºC no Centro-Oeste", prevê a empresa de meteorologia.

Segundo a MetSul, uma massa de ar quente predomina sobre grande parte do País neste início de mês, mantendo os dias quentes, principalmente à tarde. Na região amazônica, a expectativa é de temperaturas acima dos 35ºC.

Extremo calor no Centro-Oeste

A primeira semana do mês será extremamente quente na região brasileira. Conforme a MetSul, para Cuiabá, em Mato Grosso, e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, a expectativa é de vários dias com máximas perto ou até acima dos 40ºC nas duas cidades.

Calor na região Sudeste

Embora grande parte do Sul e do Sudeste ainda estejam sob influência de uma massa de ar frio que se deslocou no começo da semana, a previsão indica que a condição climática já se afasta para o mar, dando lugar ao ar quente.

Em São Paulo, a projeção da MetSul indica que os primeiros dias do mês devem ser mais quentes no oeste e norte do Estado, com máximas variando entre 31ºC e 34ºC. No sul e leste paulista, o calor será mais intenso a partir de domingo, 4, com possibilidade de atingir marcas acima de 30ºC em regiões do litoral.

Depois da passagem de uma frente fria neste início de semana que trouxe chuva e também derrubou drasticamente os termômetros na terça-feira, 30, a cidade de São Paulo voltou a registrar temperaturas em leve elevação.

Nesta quinta-feira, 1º, o sol voltou a predominar na capital paulista, favorecendo a elevação dos termômetros ao longo do dia.

Conforme a empresa de meteorologia Meteoblue, além do aumento das temperaturas, com a máxima chegando aos 28ºC entre domingo, 4, e segunda-feira, 5, não há expectativa de chuva nos próximos dias.

Veja a previsão para os próximos dias:

  • Sexta-feira: entre 13ºC e 25ºC;
  • Sábado: entre 14ºC e 27ºC;
  • Domingo: entre 14ºC e 28ºC;
  • Segunda-feira: entre 16ºC e 28ºC.

No Rio de Janeiro, a temperatura também deve subir no começo de agosto. "As máximas passam de 30ºC no fim de semana e aquece ainda mais entre segunda e quinta-feira, 8, da semana que vem, inclusive com registros próximos ou acima dos 35ºC", estima a MetSul.

Dias quentes no estado gaúcho

No Rio Grande do Sul, onde as temperaturas máximas ficam em torno de 10ºC nesta época do ano, a expectativa é de que os termômetros passem dos 30ºC, principalmente no oeste gaúcho. A partir desta quinta-feira, já começa a esquentar e as tardes serão marcadas por muito calor.

Risco para queimadas no Pantanal

A MetSul também alerta que o tempo muito seco e quente deve agravar o problema das queimadas no Pantanal. "Depois de um recuo no fogo em meados de julho, as queimadas voltaram a aumentar neste fim de julho e tendem a seguir com muitos focos de calor durante os primeiros dias de agosto", acrescenta a empresa de meteorologia.

 

 

 

ESTADAO CONTEUDO

Localizado em um sítio de mais de 50 hectares, estrutura tem 12 pavilhões a céu aberto e combina arte, ciência e natureza

 

BROTAS/SP - O Parque Campana está aberto ao público, um projeto concedido em Brotas, com repercussão internacional, e que une arte, ciência e natureza. Situado em uma área de 52 hectares, o parque conta com oito dos 12 pavilhões planejados, todos voltados para a integração ambiental.

O espaço, que foi destaque em edição recente do jornal britânico Financial Times,  oferece oficinas de manualidades, residências artísticas e exposições com obras dos irmãos Fernando e Humberto Campana, além de artistas convidados. Um projeto de regeneração de biomas, desenvolvido em parceria com cientistas da Universidade de São Paulo, permitirá que o público acompanhe ações de conservação ambiental.

Com mais de 20 mil mudas nativas plantadas em pouco mais de 50 hectares, o Parque Campana está em pleno desenvolvimento desde 2020. O local, antiga fazenda de café e gado, pertenceu à família Campana há mais de quatro gerações e agora faz parte do Instituto Campana, que preserva o legado dos irmãos e promove programas educacionais usando o design como ferramenta de transformação social.

Futuras etapas incluirão a construção de um bistrô e a realização de eventos privados. Informações sobre a abertura ao público serão anunciadas em breve pelo site www.parquecampana.com.br e no perfil do Instagram @parquecampana.

 

Conexão com a natureza

O Instituto Campana foi fundado com o objetivo de promover educação e cultura através do design e da arte e se dedica a preservar e divulgar o legado dos irmãos Campana, além de fomentar novos talentos por meio de programas educacionais, workshops e projetos comunitários. A missão do instituto é inspirar e capacitar novas gerações de designers, contribuindo para o desenvolvimento cultural e social. Já o Parque Campana busca conectar o homem e o planeta por meio da restauração da terra, oferecendo um espaço de pesquisa aplicada e práticas regenerativas. Pavilhões construídos em meio à natureza proporcionam momentos de contemplação, introspecção e cura da alma através da arte e da ciência.

 

Transformação do cotidiano em arte

Fernando e Humberto Campana são reconhecidos internacionalmente por seu trabalho inovador no design, transformando elementos do cotidiano em peças de arte. Com mais de 30 anos de carreira, suas obras estão presentes em coleções de museus renomados, como o MoMA em Nova York. Fernando Campana faleceu em 16 de novembro de 2022, mas seu legado continua a inspirar novas gerações.

Os irmãos Campana têm uma ligação profunda com Brotas, onde nasceram e passaram grande parte de sua infância e juventude. Esta conexão pessoal com a cidade influenciou a escolha do local para o Instituto e o Parque Campana. A inauguração do parque é um marco significativo para o turismo local, trazendo uma nova atração que combina arte e natureza, e tem o potencial de atrair visitantes nacionais e internacionais. Com suas atividades culturais e ambientais, o Parque Campana promete dinamizar a economia local, oferecendo novas oportunidades de emprego e fomentando o desenvolvimento sustentável na região.

BRASÍLIA/DF - Um levantamento feito pela fundação holandesa IDH, com apoio do instituto de pesquisa WRI Brasil, mostra que há, pelo menos, meio milhão de hectares de caatinga com potencial de restauração. Segundo o estudo, divulgado nesta terça-feira (23), em São Paulo, as áreas ficam no Cariri Ocidental, na Paraíba; no Sertão do Pajeú, em Pernambuco; e no Sertão do Apodi, no Rio Grande do Norte.

A pesquisa destaca que a vegetação nativa restaurada  poderá oferecer oportunidades econômicas sustentáveis, proporcionando renda e empregos para as populações locais. Entre outros benefícios, a restauração da mata local traria regulação hídrica, estabilização do solo e controle da erosão.

“A conservação e a restauração da paisagem na caatinga são cruciais para a resiliência climática, a segurança hídrica e a sobrevivência de suas comunidades”, diz a coordenadora de projetos do WRI Brasil e uma das autoras do trabalho, Luciana Alves.

Os arranjos de restauração mais indicados para os territórios analisados são o Sistema AgroFlorestal (SAF) forrageiro, tendo a palma forrageira (Opuntia fícus-indica) como espécie principal; o SAF Melífero, focado em espécies para apicultura e meliponicultura; o SAF Frutífero, combinando árvores com espécies frutíferas, forrageiras e agrícolas; a Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) de caprinocultura com produção de forragem e árvores; a Regeneração Natural Assistida (RNA); a Restauração Ativa, com plantio de mudas e sementes; e a Restauração Hidroambiental, baseada em intervenções para reverter a degradação e restaurar solo e vegetação, indica a  pesquisa.  

Recursos internacionais

“Pela forte intersecção com a agenda climática, a restauração da caatinga poderá se beneficiar significativamente de recursos internacionais e privados destinados ao fortalecimento dessa agenda”, destaca Luciana.

Dos seis biomas que ocupam o território nacional, a caatinga é o único exclusivamente brasileiro. Ocupando aproximadamente 850 mil quilômetros quadrados, é a região do semiárido mais densamente povoada do mundo porque aproximadamente 27 milhões de pessoas vivem nela.

Em junho deste ano, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) anunciou a seleção de 12 projetos prioritários para a criação de unidades de conservação federais no bioma caatinga, a serem implantadas até 2026, que resultarão no aumento de mais de um milhão de hectares das áreas protegidas.

 

 

Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil

SÃO PAULO/SP - Quatro anos após os devastadores incêndios que incineraram cerca de 30% do Pantanal brasileiro, o fogo volta a ameaçar as espécies animais que vivem na região, considerada um santuário da biodiversidade e um patrimônio natural da humanidade. Enquanto brigadistas, bombeiros, militares e voluntários tentam apagar as chamas as chamas, biólogos, veterinários e outros profissionais se dedicam a minimizar o sofrimento animal.

"O fogo é um fator estressante para a biodiversidade. Devemos ter muito cuidado, pois é difícil prever por quanto tempo mais toda essa abundância em termos de fauna e flora resistirá até começarmos a perder irremediavelmente espécies para esses incêndios intensos, que têm queimado repetidas vezes as mesmas áreas", disse à Agência Brasil o biólogo Wener Hugo Arruda Moreno, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), organização não governamental (ONG) que desde 2002 atua na conservação e preservação do Pantanal.

Corumbá (MS), 01/07/2024 - Brigadista observa acampamento montado na  na Base do Prevfogo/Ibama. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brigadista observa acampamento montado na na Base do Prevfogo/Ibama. Foto - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O instituto é uma das organizações da sociedade civil que integram o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), junto a representantes de órgãos, entidades e instituições sul-mato-grossenses e federais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O grupo foi instituído em abril de 2021, na esteira dos incêndios que se seguiram à grande seca de 2019 e 2020, a mais severa registrada em 50 anos. Cabe ao Gretap monitorar, avaliar, resgatar e dar assistência a animais afetados por  eventuais desastres ambientais no Mato Grosso do Sul. Pela experiência de seus integrantes, em maio deste ano, parte do grupo viajou ao Rio Grande do Sul, onde participou do resgate e atendimento a animais domésticos e silvestres atingidos pelas recentes enchentes no estado.

Estudo que pesquisadores brasileiros publicaram em dezembro de 2021, no periódico Scientific Reports, estima que, em 2020, os incêndios pantaneiros mataram, diretamente, cerca de 17 milhões de animais vertebrados.

A mortalidade foi maior entre as pequenas serpentes (os especialistas estimam que 9,4 milhões delas morreram) e pequenos roedores (3,3 milhões). Aproximadamente 1,5 milhão de aves morreram queimadas, intoxicadas ou, posteriormente, de fome. As chamas ou suas consequências também tiraram a vida de 458 mil primatas, 237 mil jacarés e 220 mil tamanduás.

Ainda é cedo para dizer se a tragédia se repetirá este ano, em dimensões semelhantes. Contudo, autoridades já reconhecem que o número de focos de incêndio registrados no bioma ao longo do primeiro semestre deste ano é o maior para o período dos últimos 26 anos, superando inclusive o resultado de 2020.

Mapbiomas

Além disso, de acordo com a rede Mapbiomas, em junho deste ano foi registrada a maior média de área queimada para o mesmo mês desde 2012. A marca superou a média histórica de setembro, mês em que os focos de calor tendem a intensificar, dada a persistência do clima seco.

"Aqui, em Mato Grosso do Sul, nosso trabalho se intensificou muito nos últimos tempos, principalmente no último mês", afirmou Moreno.

"Estamos frequentemente indo às áreas pantaneiras atingidas pelos incêndios. Verificamos o ambiente, e vemos se os animais estão retornam às áreas debilitados, ou se as espécies que lá permanecem têm refúgios para obter os recursos necessários à sobrevivência. Temos observado muitas carcaças de répteis, pequenos roedores e anfíbios, mas ainda estamos começando o processo de contagem", disse Moreno. Ele destacou a velocidade com que o fogo tem se espalhado pela vegetação, que nesta época do ano costuma estar bastante seca.

"O Pantanal não é para amadores. É preciso conhecer bem a área, saber como se formam os corredores de propagação do fogo. O fogo é assustador. A velocidade com que ele avança e o tamanho da área atingida são impressionantes. Combater às chamas e proteger a fauna é um trabalho difícil."

Segundo Moreno, antes de ir a campo, os agentes precisam fazer um diagnóstico preliminar da área, usando drones e ferramentas de geoprocessamento.

"Temos que esperar entre 48 horas e 72 horas a partir do fim das chamas para podermos deslocar uma equipe para determinado lugar, sob risco de deixar as pessoas em perigo", acrescentou Moreno, destacando os riscos da atividade.

"Daí a sensação de alívio que sinto quando localizamos um animal que, apesar de tudo, não precisa de resgate, que basta o monitorarmos e, se preciso, suplementar a alimentação até que a vegetação se recomponha."

No fim do mês passado, o fotógrafo da Agência Brasil, Marcelo Camargo, passou dias acompanhando brigadistas combatendo as chamas. Camargo testemunhou e registrou o sofrimento animal e a devastação da vegetação pantaneira. Na manhã do dia 30, enquanto se deslocavam, de helicóptero, para uma área de difícil acesso, as equipes avistaram um tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, pousado na copa de uma grande árvore, em meio a uma área ainda fumegante. Olhando mais atentamente, perceberam que o animal parecia estar protegendo seus ovos, em um ninho construído entre os galhos mais altos.  

"Seria o primeiro dia de atuação da equipe de brigadistas quilombolas da comunidade Kalunga, de Cavalcante [GO], na região. Estávamos a caminho de uma área de mata fechada com um grande número de focos de incêndio, a cerca de 50 quilômetros de Corumbá [MS]. Durante o percurso, o piloto do helicóptero avistou o tuiuiú e identificou o ninho, no alto da árvore, com ao menos três ovos dentro. Ainda havia um foco de incêndio ao redor da árvore, que estava expelindo fumaça. Os pilotos sobrevoaram o local para marcar as coordenadas [de geolocalização], para que os brigadistas tentassem acessar o local em outro momento. Eu então consegui registrar minhas primeiras imagens", contou Camargo ao retornar a Brasília.

"Seguimos para nosso destino, a partir de onde os brigadistas tiveram que abrir caminho em meio à mata fechada. Foram cerca de duas horas só para conseguirmos chegar ao foco do incêndio. E após muitas horas, no horário combinado para o helicóptero nos resgatar, não tínhamos conseguido chegar nem perto do local onde avistamos o tuiuiú. Durante o voo de volta a Corumbá, eu ainda fiz mais umas fotos. Havia ao menos um pássaro, aparentemente guardando o ninho. Outras pessoas, em outras aeronaves, disseram ter visto dois pássaros adultos, um casal, mas isso eu não presenciei. Na manhã seguinte, o piloto do primeiro helicóptero que passou pelo local já não encontrou a árvore de pé. Mais tarde, quando consegui lugar em uma aeronave, consegui identificar parte da árvore caída no chão e o ninho, aparentemente queimado, próximo", relatou o fotógrafo da Agência Brasil.

Uma família de bugios teve um pouco mais de sorte. Ou muito mais sorte, considerando que, apesar de expulsos de seu bando e com dificuldades para encontrar alimentos, não sofreram qualquer ferimento e estão recebendo ajuda dos membros do Gretap, conforme contou o biólogo do Instituto do Homem Pantaneiro.

"Recebemos o chamado de uma senhora, ribeirinha, que achava que a fêmea tinha sofrido queimaduras e precisava de cuidados. Ao chegarmos à área, na região de Baía do Castelo, na margem direita do Rio Paraguai, a cerca de duas horas de viagem de barco a partir de Corumbá, encontramos um bando de bugios e macacos-da-noite. Só na segunda tentativa localizamos, isolada, a fêmea que procurávamos. Ela não tinha queimaduras. Era seu filhote, recém-nascido, bastante magro e debilitado, que estava se segurando nela. Além da fêmea com seu filhote, havia um macho. Provavelmente, os três foram expulsos de seu grupo devido à escassez de recursos. Nestes casos, nossa estratégia é monitorar os animais. Administramos um pouco de frutas, um aporte nutricional básico, e instalamos câmeras na área para podermos observar se o bando vai aceitar os alimentos", concluiu  Wener Hugo Arruda Moreno.

Devastação

Coordenadora operacional do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), a bióloga e veterinária Paula Helena Santa Rita reforça que as consequências de mais uma temporada de fogo sem controle estão sendo "devastadoras" para os animais.

"Para a fauna, as consequências são as piores possíveis. Vão da morte direta de animais, por incineração e inalação de fumaça e fuligem, a mortes posteriores, por falta de alimentos e outras questões, podendo, inclusive, no limite, interferir na questão da reprodução das espécies, caso haja a perda de um número significativo de indivíduos", explicou Paula.

"Alguns fatores, como a própria ação humana, se somaram e tivemos a antecipação [ocorrência] do fogo. Nós [do Gretap] estamos monitorando a situação, principalmente em locais por onde o fogo já passou, e fazendo o aporte nutricional básico quando necessário. Também deslocamos alguns animais que encontramos próximos a áreas de fogo", concluiu a coordenadora do Gretap.

 

 

Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil

EUA - Um bebê gorila nasceu em 28 de junho no Zoológico Woodland Park, em Washington, nos EUA, mas está sendo rejeitado pela mãe desde o nascimento.

Apesar da situação, o gorila, ainda sem nome, está saudável e sendo cuidado pelos tratadores. O zoológico agora está considerando encontrar uma mãe adotiva para ele.

Segundo um comunicado citado pelo Miami Herald, Akenji, uma gorila de primeira viagem, parecia ter instinto materno durante a gravidez, mas algo mudou imediatamente após o parto. Akenji não demonstrou interesse pelo filhote, como é comum entre as gorilas.

Por isso, "uma hora após o parto, a equipe de cuidados teve que intervir para garantir a segurança e o bem-estar do bebê". Infelizmente, com o passar dos dias, a atitude de Akenji não melhorou.

"Apesar de incentivarmos comportamentos maternais, Akenji ainda não mostrou nenhum sinal promissor de interesse em criar vínculos com seu bebê", revelou Rachel Vass, responsável pelo caso.

Nos primeiros dias após o nascimento, a equipe ficou "24 horas por dia" com o gorila bebê. Eles o alimentaram com leite de fórmula em mamadeira e garantiram que ele permanecesse aquecido e próximo à mãe para que ela pudesse vê-lo, ouvi-lo e cheirá-lo. No entanto, não houve mudanças.

O zoológico está considerando encontrar uma mãe "substituta" para a cria, como já feito em outros casos, preocupados que, se o animal crescer sendo cuidado "à mão" por humanos, poderá ter dificuldades para se reintegrar entre os membros de sua espécie no futuro.

"Temos uma equipe profissional e altamente dedicada de especialistas em gorilas no Woodland Park Zoo, com mais de oito décadas de experiência coletiva cuidando e criando gorilas, preparando futuras mães para a maternidade e unindo mães e filhotes ou introduzindo outras gorilas para assumir o papel de mãe", disse Martin Ramirez, diretor do zoológico, enfatizando que, por enquanto, "a situação exige paciência e método enquanto avançamos com este novo membro da família dos gorilas".

 

 

POR NOTÍCIAS AO MINUTO BRASIL

BRASÍLIA/DF - O governo federal irá liberar R$ 100 milhões para ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de combate aos incêndios no Pantanal, bioma que está em situação de emergência.

De acordo com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, os recursos serão para salvar "a maior planície alagável do mundo”.

Diante do aumento dos focos de incêndio no Pantanal, o governo acionou na segunda-feira (24) a sala de situação para definir medidas urgentes para controle do fogo na região. Além da liberação de recursos, foi definido o envio de brigadistas e de agentes da Força Nacional para as ações de combate e a visita de uma comitiva ministerial. 

Na sexta-feira (28), as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, Simone Tebet e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, devem ir a Corumbá (MS), cidade com maior concentração dos incêndios. Os ministros participaram da reunião de segunda-feira.  

Conforme nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a visita servirá para conhecer a realidade local, entregar equipamentos, aeronaves e conduzir equipes de brigadistas que atuarão no território. Os ministros ainda devem se reunir com autoridades e representantes da sociedade.

Brigadistas e Força Nacional

O combate aos incêndios no Pantanal terá o reforço de mais 50 brigadistas do Ibama e 60 agentes da Força Nacional. 

Atualmente, a operação no território conta com a atuação de 175 brigadistas do Ibama, 40 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e 53 combatentes da Marinha. Eles agem em conjunto com polícias e bombeiros locais. 

Marina Silva destaca que está "é uma das piores situações já vistas no Pantanal". "Toda a bacia do [rio] Paraguai está em escassez hídrica severa. Nós não tivemos a cota de cheia. Não tivemos o interstício entre o El Niño e La Niña e isso faz com que uma grande quantidade de matéria orgânica — em ponto de combustão — esteja causando incêndios que estão fora da curva”, explicou em entrevista à imprensa, nesta segunda-feira (24). O fenômeno climático natural El Niño é caracterizado pelas chuvas acima da média, enquanto o fenômeno La Niña apresenta seca acima da média.

Helicópteros e aeronaves

O Ministério da Defesa disponibilizará seis helicópteros, duas aeronaves e também embarcações necessárias ao transporte dos militares e brigadistas pelos rios. Uma das aeronaves militares de grande porte é o KC-390 Millennium, da Força Aérea Brasileira (FAB), com capacidade de carregar até 10 mil litros de água em cada voo para combater os incêndios.

O governo federal estuda ainda a implantação de base avançada, na estrada Transpantaneira, para que os brigadistas e combatentes do incêndio fiquem mais próximos aos focos de fogo e, desta forma, acelere a logística do trabalho.

Neste momento, as Forças Armadas já mantêm outras duas bases avançadas no bioma.

Fogo no Pantanal 

Entre 1º de janeiro e 23 de junho de 2024, a área queimada no bioma alcançou 627 mil hectares, ultrapassando em 142,9% os 258 mil hectares queimados em 2020, de acordo com a nota técnica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), sobre a evolução das áreas afetadas pelo fogo e das condições climáticas no Pantanal.

A Lasa-UFRJ explica que as altas temperaturas e a seca extrema e persistente dos últimos 12 meses levaram ao elevado acúmulo de material combustível em toda a região do Pantanal. A instituição confirmou ainda que os incêndios de 2024 foram originados a partir de ação humana.

A ministra do Meio Ambiente estima que, neste momento, existam 27 grandes incêndios, sendo que 85% estão em propriedades particulares no Mato Grosso do Sul. “Os municípios que mais desmatam são também os mais atingidos pelos incêndios”, disse Marina Silva.

Marina Silva afirmou também que o Ministério da Justiça e Segurança Pública tem trabalhado para identificar os responsáveis. "Além de disponibilizarem efetivo de pessoas para o enfrentamento e aeronaves, eles [Ministério da Justiça] estão fazendo um trabalho de inteligência para que todos aqueles criminosos que estão provocando incêndios criminosos possam ser devidamente investigados e punidos".

Atuação dos estados

No início do mês, os governos de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso proibiram definitivamente o manejo de fogo até o final do ano, inclusive para atividades de renovação de pastagem. Com os decretos, mesmo a queima controlada para pasto ou cultivos no Pantanal será tratada como crime. A medida emergencial leva em consideração a estiagem, a baixa umidade e o aumento dos focos de incêndio no Pantanal.

Por isso, os bombeiros orientam a população que denuncie qualquer indício de incêndio, pelos números 193 ou 190.

Nesta segunda-feira, o Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência em cidades atingidas pelos incêndios no Pantanal.  O decreto válido por 180 dias facilita o acesso a recursos extraordinários para enfrentar a situação. 

O governo sul-mato-grossense afirma que criou 13 bases permanentes no Pantanal e tem operado para combater as chamas no bioma com três helicópteros e uma aeronave agrícola.

No Mato Grosso, o balanço do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que no estado, nesta segunda-feira (24) até as 17h, foram registrados 74 focos de calor. Deste total, 36 focos no bioma da Amazônia; 28, no Pantanal; e 17 no Cerrado. Porém, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso extinguiu o incêndio florestal na Chapada dos Guimarães.

Os bombeiros realizaram 34 operações militares, com uso de avião, helicóptero, dois caminhões-pipa, sete caminhonetes, um barco, quatro pás-carregadeiras, duas motoniveladoras, um trator e um quadriciclo, além do monitoramento remoto com satélites.

Bioma

O Pantanal, localizado no centro da Bacia do Alto Paraguai (BAP) na América do Sul, abrange uma área de 179.300 km², distribuídos entre Brasil (78%), Bolívia (18%) e Paraguai (4%). No Brasil, o Pantanal está situado nos estados de Mato Grosso (35%) e Mato Grosso do Sul (65%) e é caracterizado por estações seca e chuvosa bem definidas, com as chuvas concentradas no verão (novembro a março). A biodiversidade do bioma conta com mais de 2 mil espécies de plantas e, na fauna, são 582 espécies de aves, 132 de mamíferos, 113 de répteis e 41 de anfíbios registrados.

Na área pantaneira, vivem aproximadamente 1,1 milhão de pessoas no Brasil; 16,8 mil pessoas, na Bolívia; e 8.400, no Paraguai, segundo instituto sem fins lucrativos SOS Pantanal.

 

 

Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil

EUA - Já imaginou que em 2050 pode ter mais plástico do que peixe nos oceanos? Essa é a situação prevista caso a quantidade de lixo plástico no mar siga aumentando no ritmo atual.

A produção global de plástico cresce mais do que a de qualquer outro material, e aumentou 4 vezes nos últimos 30 anos. Ela deve dobrar até 2060. O seu descarte, é claro, aumentou no mesmo ritmo e bateu 450 milhões de toneladas por ano.

Quase 40% dos resíduos vão parar em lixões e na natureza. E apenas 9% do plástico descartado no planeta é reciclado.

E o resto? Parte é queimada, outra é enterrada e outra vai parar na natureza, gerando poluentes químicos que contaminam o ar, o solo e a água e produzem gases de efeito estufa ligados à crise climática além de fragmentos minúsculos, os microplásticos, que já foram encontrados no sangue, leite e até cérebro humanos.

O plástico é vítima do seu próprio sucesso. Versátil, durável e barato, é um material derivado do petróleo e que revolucionou a vida moderna.

Está nos carros e aviões, nos hospitais e nas escolas, no seu celular e na sua roupa, e em quase toda a sua casa. Pode reparar!

Metade das embalagens de bens de consumo -do arroz, da água, do xampu, dos produtos de limpeza- são de plástico. E, após o uso, todo esse plástico vai para o lixo porque essas embalagens foram projetadas para o descarte, e não para a reutilização ou reciclagem. É um problema de design e escolha de materiais para o qual algumas empresas estão começando a acordar.

Até porque essas mesmas empresas são hoje responsáveis pela gestão dos resíduos que seus produtos geram em lugares como Europa e Coreia do Sul, e também porque certos produtos plásticos, em especial os chamados de plásticos de uso único, descartados depois de minutos, estão sendo banidos por lei em lugares como Austrália, Índia, Hong Kong, Ruanda e Reino Unido.

O tema entrou na pauta da Organização das Nações Unidas, que prevê para este ano um Tratado Global de Combate à Poluição Plástica, apesar das reticências de países produtores de petróleo.

Esse jogo de forças de gigantes tem como pano de fundo questões técnicas, como as diferentes propriedades e aditivos dos muitos tipos de plástico, o que cria certa confusão sobre o que a gente sequer imagina, mas que tem impacto nas nossas escolhas e práticas do dia a dia.

A primeira é dos ícones de identificação dos diferentes tipos de plásticos, criada pela Sociedade da Indústria Plástica dos Estados Unidos em 1988. São números de 1 a 7 dentro de um triângulo formado por três setas, o símbolo da reciclagem.

Essa escolha foi criticada porque poderia passar a impressão para os consumidores de que aquele material era reciclável e seria reciclado, o que não é verdade, mas muita gente não sabe.

A segunda confusão é quando entra o prefixo "bio". Bioplástico, por exemplo, tem origem diferente dos combustíveis fósseis usados no plástico tradicional, o que é bom, mas se desintegra em microplásticos poluentes igualzinho ao plástico comum.

Já oxibiodegradável, que soa como algo legal, é um plástico de origem fóssil normal com um químico a mais que faz ele virar microplástico mais rápido do que o normal.

Por último, nessa confusão, tem empresa que pratica o chamado "greenwashing", ou seja, que faz alegações falsas sobre práticas sustentáveis.

Quando proibiram o uso de canudos plásticos, por exemplo, surgiram produtos que se diziam biodegradáveis. Mas um teste de sete desses canudos descobriu que nenhum deles era biodegradável de verdade.

Enquanto pesquisas e preocupações avançam, tem gente de olho em novos materiais que possam substituir o plástico (lembra daquele copo de mandioca? tipo isso) ou que possam torná-lo compostável ou biodegradável na prática, e não só no selinho.

 

 

POR FOLHAPRESS

BRASÍLIA/DF - Quase um quarto do território brasileiro pegou fogo, ao menos uma vez, no período entre 1985 e 2023. Foram 199,1 milhões de hectares, o equivalente a 23% da extensão territorial brasileira.

Da área atingida por incêndio, 68,4% eram vegetação nativa, enquanto 31,6% tinham presença da atividade humana, notadamente a agropecuária. O Cerrado e a Amazônia são os principais biomas vítimas da ação do fogo, seja de origem natural ou provocada pelo homem. Juntos, são 86% da área queimada.

Os dados obtidos por meio de comparação de imagens de satélite fazem parte de um estudo divulgado na terça-feira (18) pelo MapBiomas Fogo, rede que envolve universidades, organizações não governamentais (ONGs) e empresas de tecnologia.

Pelas imagens de satélite, os pesquisadores conseguem analisar o tamanho e o padrão histórico das áreas incendiadas, mas não é possível apontar com certeza o que iniciou o fogo.

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No entanto, a coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, explicou à Agência Brasil que é possível chegar ao entendimento de que a maior parte das queimadas não tem origem natural, quando raios, principalmente, são iniciadores do fogo.

“A gente pode inferir que a grande maioria é incêndio causado ou iniciado pela atividade humana”, aponta a geógrafa.

O principal motivo para chegar à conclusão é o período em que acontece grande parte dos incêndios, que são concentrados em agosto e setembro.

“Onde queima mais, Cerrado, Amazônia, e, agora, infelizmente, no Pantanal, é período seco, período em que, provavelmente, é bastante difícil de acontecerem as descargas elétricas das tempestades”, detalha Ane Alencar.

A estação seca, entre julho e outubro, concentra 79% das ocorrências de área queimada no Brasil, sendo que setembro responde por um terço do total.

A coordenadora do MapBiomas afirma que a maior parte da vegetação nativa incendiada continua sem ocupação humana. "Um pequeno percentual das áreas que foram afetadas se torna, principalmente, área de pastagem."

Quase metade (46%) da área queimada está concentrada em três estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. De cada 100 hectares queimados, 60 são em territórios particulares. Os três municípios que mais queimaram entre 1985 e 2023 foram Corumbá (MS), no Pantanal, seguido por São Felix do Xingu (PA), na Amazônia, e Formosa do Rio Preto (BA), no Cerrado.

O levantamento do MapBiomas mostra ainda que cerca de 65% da área afetada pelo fogo foi queimada mais de uma vez entre 1985 e 2023. Nesse período, a cada ano, em média 18,3 milhões de hectares – equivalente a uma área pouco menor que o estado de Sergipe – são afetados pelo fogo.

Brasília (DF) 17/06/2024 - Um quarto do território brasileiro pegou fogo nos últimos 40 anos.
Arte EBC

 

Biomas

Do total da área queimada ao menos uma vez no país, 44% ficam no Cerrado. São 88,5 milhões de hectares – quase metade (44%) da extensão territorial do bioma. É quase o tamanho de Mato Grosso.

A pesquisadora Ane Alencar adverte que, embora o Cerrado seja uma vegetação mais preparada para a ocorrência de incêndios, a alta frequência com que o fogo afeta a região debilita o ecossistema, que apresenta características savânicas, com vegetação rasteira.

“É muito mais difícil debelar o fogo”, diz ela. “Na hora em que o fogo está mais forte, com muito vento, é impossível combater.”

Segundo bioma mais afetado, a Amazônia teve 82,7 milhões de hectares queimados ao menos uma vez. A extensão representa um quinto (19,6%) do bioma amazônico.

Nascida no Pará e especialista em região amazônica, Ane Alencar alerta para o grande perigo que incêndios oferecem a florestas.

“Formações florestais não são adaptadas ao fogo, elas são sensíveis”, avalia. “Uma vez queimadas, o processo de recuperação é muito lento e deixa essas áreas superinflamáveis para que haja um segundo incêndio. Leva a um processo de degradação”, explica.

O bioma que mais queimou proporcionalmente a sua área foi o Pantanal, com 9 milhões de hectares. Embora seja apenas 4,5% do total nacional, essa extensão representa 59,2% do bioma. Por mais que seja adaptado ao fogo, o Pantanal enfrenta incêndios intensos principalmente devido às secas prolongadas.

Além de danificar a cobertura vegetal que, entre outras consequências, altera o equilíbrio ambiental, as queimadas são importantes fontes contribuidoras para o efeito estufa, uma vez que liberam o carbono armazenado na biomassa para a atmosfera na forma de gás carbônico (CO²).

Cicatrizes

O levantamento do MapBiomas revela a extensão de “cicatrizes” na natureza, um conceito que passou a ser usado pela geógrafa Ane Alencar a partir da década de 1990. Cicatriz é como se chamam as grandes áreas afetadas por um único incêndio.

O bioma com maiores cicatrizes é o Pantanal. Cerca de 25% das áreas afetadas têm danos na vegetação que variam entre 10 mil e 50 mil hectares. Para efeito de comparação, cada hectare é pouco maior que um campo de futebol.

Em seguida, figura o Cerrado, onde predominam queimadas em áreas entre mil e 5 mil hectares, que respondem por 20% do total.

Alastramento

Segundo a coordenadora do MapBiomas, muitas queimadas são atividades ilegais que se seguem a desmatamentos.

“Fogo é a ferramenta mais barata de transformação dessa biomassa [resultante de desmatamento] em nutrientes para o solo. Muitas vezes as pessoas vão queimar aquela área desmatada, não prestam atenção e não controlam o fogo, então a queimada escapa para floresta, campo nativo ou área de Cerrado e gera incêndios”, diz Ane Alencar.

A pesquisadora lembra, no entanto, que o uso do fogo é permitido por produtores rurais, mas que é preciso cuidado para que a queimada seja controlada e não se alastre.

“O uso do fogo para queima de pastagens é permitido, mas tem que ter licença, a licença é importante”, observa.

“Você vai receber orientação do tipo ‘não coloque fogo em determinado horário’. ‘Se tem muitos vizinhos colocando fogo no mesmo dia, faça no outro dia’. Quando você pede licença previamente, os bombeiros podem ficar em alerta”, aconselha.

Tendência

A pesquisadora do MapBiomas avalia que, a partir da primeira década dos anos 2000, incentivos para melhor gestão ambiental ajudaram a controlar as queimadas. “Foi diminuindo o desmatamento e também a área queimada.”

No entanto, adverte ela, a partir de 2019, “houve um aumento expressivo no desmatamento e da área queimada”.

Ela acrescenta que, em 2023, continuou o aumento de queimadas, porém, por causa de mudanças climáticas, que causaram secas severas, o que contribuiu para que terrenos ficassem mais sensíveis a alastramento de incêndios.

“O que aconteceu em 2023, principalmente na Amazônia, é que, na região onde houve a redução do desmatamento, houve uma redução do fogo em geral, das queimadas e incêndios.”

Padrão histórico

A pesquisadora considera que o estudo apresenta informações relevantes, como o padrão histórico dos incêndios, que podem ajudar as autoridades na elaboração de estratégias de prevenção, controle e combate a queimadas.

“Esses dados podem ajudar muito a entender áreas que estão sob maior risco de incêndios, ser utilizados em processos de responsabilização, para monitorar se a questão climática está realmente impactando o aumento de incêndios”, exemplifica.

“São vários usos, desde o mapeamento de ações de prevenção, melhoria dos planejamentos e investimentos para melhor uso da terra”, completa.

Sala de crise

O estudo foi divulgado poucos dias depois de o governo federal instalar uma sala de crise para monitorar e enfrentar problemas de queimadas e secas no país, especialmente no Pantanal e na Amazônia. A medida foi anunciada na sexta-feira (14), e a primeira reunião foi na segunda-feira (17).

Na avaliação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, há um agravamento dos problemas de natureza climática, e as consequências chegarão mais cedo este ano, com repercussão ambiental “muito grave”.

“Em função disso, já estamos agindo na lógica da gestão do risco e não apenas do desastre”, disse Marina.

Em outra ação, o governo lançou no começo de abril o programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia. A iniciativa prevê investimentos de R$ 730 milhões para promover o desenvolvimento sustentável e combater o desmatamento e incêndios florestais em 70 municípios prioritários na Amazônia. Os municípios aptos a participar da iniciativa foram responsáveis por cerca de 78% do desmatamento no bioma no ano de 2022.

No fim de março, o governo federal firmou um pacto com governadores dos estados do Cerrado para combater o desmatamento. O acordo inclui propostas como a criação de força-tarefa para implementação de ações conjuntas. Estiveram presentes representantes de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, do Tocantins, da Bahia e do Distrito Federal. A articulação com é prevista no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado), lançado em novembro de 2023.

 

 

Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil

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