fbpx

Acesse sua conta de usuário

Nome de usuário *
Senha *
Lembrar de mim
 

BRASÍLIA/DF - O presidente Jair Bolsonaro viaja nesta segunda-feira (14) para a Rússia. O voo dele deve sair da Base Aérea de Brasília durante a noite, com tempo de duração estimado em aproximadamente 20 horas. A viagem acontece em meio a tensões da Rússia com a Ucrânia.

Mesmo ciente dos riscos da viagem em razão dos conflitos que envolvem os dois países, o chefe do Executivo decidiu manter a ida à Rússia para atender a um convite feito pelo presidente russo, Vladimir Putin.

"Fui convidado pelo presidente Putin. O Brasil depende em grande parte de fertilizantes da Rússia, da Bielorrúsia. Levaremos um grupo de ministros também para tratarmos de outros assuntos que interessam aos nossos países, como energia, defesa e agricultura", disse Bolsonaro, durante uma transmissão nas redes sociais no último sábado (12).

No mesmo vídeo, o presidente pediu paz entre Rússia e Ucrânia. "A gente pede a Deus para que reine a paz no mundo para o bem de todos nós."

Devem viajar com Bolsonaro os ministros das Relações Exteriores, Carlos França; do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno; da Defesa, Walter Braga Netto; e o da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Após os compromissos em território russo, o presidente estuda visitar a Hungria para encontrar o primeiro-ministro Viktor Orbán.

UCRÂNIA - A Ucrânia convocou uma reunião com a Rússia e outros membros de um grupo estratégico de segurança europeu para discutir as crescentes tensões em sua fronteira.

O ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, disse que a Rússia ignorou os pedidos formais para explicar o aumento das tropas na região.

Ele afirmou que o "próximo passo" é solicitar uma reunião nas próximas 48 horas para "transparência" sobre os planos russos.

 

5 formas de evitar guerra entre Rússia e Ucrânia

A Rússia negou ter intenções de invadir a Ucrânia, apesar do acúmulo de cerca de 100 mil soldados nas fronteiras do país vizinho.

Kuleba disse que a Ucrânia, na sexta-feira (11/2), exigiu respostas da Rússia sob as regras do Documento de Viena, um acordo sobre questões de segurança adotado pelos membros da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que inclui a Rússia.

"Se a Rússia é séria quando fala sobre a indivisibilidade da segurança no espaço da OSCE, deve cumprir seu compromisso com a transparência militar para diminuir as tensões e aumentar a segurança para todos", afirmou o ministro.

Algumas nações ocidentais alertaram que a Rússia está se preparando para uma invasão, com os EUA dizendo que a ação poderia começar com bombardeios aéreos "a qualquer momento".

Mais de uma dúzia de países pediram a seus cidadãos que deixem a Ucrânia, e alguns retiraram funcionários diplomáticos da capital, incluindo os EUA.

Mas o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que criticou o "pânico" que pode se espalhar por essas alegações, disse que não tem provas de que a Rússia esteja planejando uma invasão nos próximos dias.

No domingo, Zelensky conversou por quase uma hora por telefone com o presidente dos EUA, Joe Biden. A Casa Branca disse que Biden reiterou o apoio dos EUA à Ucrânia e que ambos os líderes concordaram com "a importância de continuar a buscar a diplomacia e a dissuasão".

A declaração da Ucrânia sobre a ligação informou que o presidente do país agradeceu aos EUA por seu "apoio inabalável" e que, no final, Zelensky convidou o líder dos EUA a visitar a Ucrânia. Não houve comentários da Casa Branca.

Uma ligação de uma hora entre Biden e o líder russo Vladimir Putin no sábado não produziu avanços.

Repórteres em Kiev dizem que o pânico não se espalhou pela cidade, mas os avisos dos EUA e de outros países tiveram efeito.

Algumas companhias aéreas comerciais cancelaram voos para o país no fim de semana, enquanto a Ucrânia disse que estava comprometendo o equivalente a centenas de milhões de dólares em segurança aérea e seguro para manter as rotas de voo em operação.

Em julho de 2014, 298 pessoas morreram quando um voo da Malaysian Airlines foi abatido sobre uma região do leste da Ucrânia ocupada por forças rebeldes apoiadas pela Rússia.

Mais cedo, Ben Wallace, secretário de Defesa do Reino Unido, gerou críticas por parte da Ucrânia por comentários que fez comparando a situação atual com o apaziguamento da Alemanha nazista no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial.

Ele disse ao jornal Sunday Times: "Pode ser que ele [o presidente Putin] simplesmente desligue seus tanques e todos nós voltemos para casa, mas há um cheiro de Munique no ar", referindo-se aos acordos de Munique que permitiram que a Alemanha invadisse os territórios da Tchecoslováquia. Essa concessão não impediu a guerra.

O embaixador da Ucrânia no Reino Unido respondeu durante sua participação em um programa de rádio da BBC: "Não é o melhor momento para ofendermos nossos parceiros no mundo, lembrando-os desse ato que na verdade não trouxe paz, mas o oposto — trouxe a guerra. "

Mas os esforços diplomáticos também continuam em outras frentes. O chanceler alemão Olaf Sholz tem reuniões agendadas com o presidente Zelensky em Kiev na segunda-feira e com o presidente Putin em Moscou na terça-feira.

O chanceler, que assumiu a liderança da Alemanha sucedendo Angela Merkel em dezembro, alertou para as graves consequências econômicas para a Rússia se ela lançar qualquer invasão, ecoando declarações de outras nações ocidentais e membros da aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Mas as autoridades de Berlim minimizaram qualquer expectativa de ruptura.

RÚSSIA - Um navio da Marinha russa afugentou um submarino dos Estados Unidos em águas russas no Pacífico depois que o submarino ignorou uma ordem russa de emergir, disse a agência de notícias Interfax citando o Ministério da Defesa neste sábado (12).

O ministério russo chamou o adido de Defesa dos EUA depois de reclamar que o submarino havia entrado em suas águas, informou a agência de notícias RIA. As tensões entre Moscou e Washington já estão altas devido a uma escalada militar russa perto da Ucrânia.

O submarino foi visto perto das Ilhas Curilas no início do sábado, enquanto a Rússia estava realizando exercícios navais com sua frota do Pacífico e recebeu ordens para emergir imediatamente, segundo o ministério russo.

Ele disse que a ordem foi ignorada pela tripulação do submarino dos EUA, levando a tripulação da fragata russa Marechal Shaposhnikov a usar "meios correspondentes" não especificados para fazer a embarcação partir.

"O submarino dos EUA deixou as águas territoriais russas em velocidade máxima", disse o Ministério da Defesa.

SÃO PAULO/SP - Em meio ao aumento de tensões com o temor de uma invasão da Ucrânia por parte da Rússia, como acusam governos de potências ocidentais, o Kremlin voltou sua artilharia verbal na sexta-feira (11) contra o Reino Unido, que tem se alinhado aos Estados Unidos nesta crise.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, disse nesta sexta em reunião com seu homólogo britânico, Ben Wallace, que as relações entre Moscou e Londres estão em seu ponto mais baixo, segundo as agências de notícias do país. "Infelizmente, o nível da nossa cooperação está perto de zero e prestes a cruzar o meridiano zero e se tornar negativo, o que não é desejável", afirmou.

Moscou já vinha zombando abertamente da ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, que cometeu uma gafe geográfica ao dizer que apoiaria "aliados do Báltico através do Mar Negro" --mar que fica a mais de mil quilômetros dos países bálticos.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos questionaram a movimentação do lado francês para apaziguar a crise. No começo da semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, foi a Moscou se reunir com Vladimir Putin e anunciou que ouviu do russo a promessa de que não escalaria o conflito --na terça, o francês também se reuniu com Volodimir Zelenski, em Kiev, para negociar com o lado ucraniano.

Autoridades americanas expressaram em público dúvidas quanto aos resultados da viagem, em um momento em que a Rússia tem mais de 100 mil soldados, armas e outros equipamentos dispostos em diferentes pontos da fronteira com o país vizinho. "Certamente, se houvesse um progresso diplomático, agradeceríamos, mas acreditamos quando vemos com nossos próprios olhos na fronteira", disse na terça-feira (8) a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.

No dia seguinte à viagem de Macron, para minimizar qualquer promessa que Moscou poderia ter feito à França, o Pentágono disse que a Rússia continuava reforçando suas forças na fronteira.

Na quinta-feira, Moscou mobilizou seus tanques pela Belarus para realizar exercícios com fogo real, o que provocou advertência da Otan. Também enviou seis navios de guerra através do Bósforo para manobras navais planejadas no Mar Negro e no vizinho Mar de Azov.

A subsecretária de Estado, Wendy Sherman, disse em entrevista ao canal americano MSNBC na quinta-feira (10) que as manobras militares realizadas em Belarus por forças desse país e russas equivalem, "do nosso ponto de vista, a uma escalada, não uma desescalada" --como disse o presidente francês.

Macron se reúne na tarde desta sexta por telefone com os líderes dos Estados Unidos, Joe Biden, do Reino Unido, Boris Johnson, e da Alemanha, Olaf Scholz. A conversa inclui ainda o presidente polonês Andrzej Duda, o chefe de governo italiano, Mario Draghi, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau. Na mesa também estarão o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Washington voltou a dizer, nesta sexta, que uma invasão pode acontecer a qualquer momento, talvez antes do final dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, que terminam em 20 de fevereiro, e que a Rússia está concentrando ainda mais tropas perto da Ucrânia.

Imagens de satélite publicadas por uma empresa privada dos EUA mostraram novas unidades militares russas em vários locais próximos à fronteira da Ucrânia.

Biden voltou a pedir que os americanos que estão na Ucrânia deixem o país e, sob o trauma da desastrada retirada do Afeganistão, disse que não vai enviar tropas para resgatar cidadãos em caso de um ataque russo. "As coisas podem enlouquecer rapidamente", disse o presidente à rede americana NBC News.

EUA - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ontem (10) aos cidadãos americanos que deixem imediatamente a Ucrânia, diante da ameaça de uma invasão russa. O país iniciou manobras militares conjuntas com o vizinho Belarus, apesar dos esforços diplomáticos dos europeus para diminuir a tensão entre os dois países.

"Os cidadãos americanos devem sair agora. As coisas podem acelerar rapidamente", declarou Biden durante uma entrevista para a rede NBC News, alertando sobre a força do exército russo, que tem mais de 100.000 soldados posicionados na fronteira ucraniana.

Biden descartou novamente o envio de soldados à Ucrânia, nem que seja para ajudar a evacuar os cidadãos americanos em caso de invasão. Isso seria "uma guerra mundial. Quando os americanos e os russos começam a atirar uns nos outros, entramos em um contexto bem diferente daquele que estamos vivendo agora", afirmou Biden.

A entrevista foi ao ar após o início de importantes manobras conjuntas entre os exércitos russo e bielorrusso na fronteira com a Ucrânia, diminuindo as esperanças de um apaziguamento das tensões após semanas de intensos esforços diplomáticos na Europa.

Os exercícios, concentrados principalmente na região bielorrussa de Brest, na fronteira com a Ucrânia, envolvem o envio de mísseis e armamento pesado e, segundo os Estados Unidos, de 30.000 soldados russos adicionais.

A Otan garantiu que o envio de mísseis, armamento pesado e soldados armados para Belarus, situado no norte da Ucrânia, era "perigoso para a segurança da Europa", que vive seu momento de maior tensão desde a Guerra Fria. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Moscou de exercer uma "pressão psicológica" sobre a ex-república soviética.

 

Manobras defensivas, segundo Moscou

Os líderes europeus estavam envolvidos nas últimas semanas em um "balé" diplomático na tentativa de evitar um conflito armado, incluindo visitas a Moscou do presidente da França, Emmanuel Macron, e do chanceler alemão, Olaf Scholz.

O mandatário alemão se reuniu com líderes dos países bálticos nesta quinta-feira (10) e alertou a Rússia para "não subestimar a união e a determinação do país como membro da União Europeia e aliando da Otan".

O chefe do Estado-Maior dos EUA, general Mark Milley, disse que queria evitar "incidentes desagradáveis" no início das manobras militares, e conversou por telefone com o colega bielorrusso, general Victor Goulevitch.

O ministro da Defesa russo insistiu que os exercícios focariam em "suprimir e afastar agressões externas" e o Kremlin prometeu que as tropas serão repatriadas no fim das manobras, que terminam em 20 de fevereiro. A Rússia também enviou seis navios de guerra através do Bósforo para a realização de exercícios navais no mar Negro e no mar de Azov.

ALEMANHA - O chanceler alemão, Olaf Scholz, garantiu a um grupo de senadores norte-americanos que o polêmico gasoduto Nord Stream 2 não seguirá em frente se a Rússia invadir a Ucrânia, afirmou o líder dos republicanos, Mitch McConnell, na terça-feira (8).

O líder da minoria no Senado disse a repórteres que ele e um grupo de colegas foram tranquilizados em um jantar com Scholtz, que estava fazendo sua primeira viagem a Washington desde que assumiu como chanceler alemão, substituindo Angela Merkel.

"A boa notícia é que Scholz confirmou o que o presidente (Joe) Biden disse ontem: se a invasão acontecer, o Nord Stream 2 não seguirá em frente".

Na segunda-feira, Scholtz foi muito menos claro sobre o quão longe estava disposto a ir para punir a Rússia, que por ordem do presidente Vladimir Putin enviou para a fronteira com a Ucrânia mais de 100.000 soldados.

O chanceler indicou em uma entrevista coletiva conjunta com Biden que a dupla estava "absolutamente unida" nas sanções contra a Rússia, acrescentando que "daremos os mesmos passos e eles serão muito, muito duros com a Rússia".

Mas quando perguntado diretamente sobre o Nord Stream 2, Scholz repetidamente evitou mencionar o gasoduto pelo nome ou confirmar diretamente que apoiaria o descarte da infraestrutura.

Biden, por sua vez, assumiu o compromisso inequívoco de paralisar o gasoduto se Moscou iniciasse uma invasão da Ucrânia pró-ocidental.

A Alemanha seguiu em frente com seus planos para o Nord Stream 2, apesar das críticas dos Estados Unidos e do Leste Europeu. A estrutura foi concluída no ano passado, mas ainda precisa de aprovação dos reguladores.

O gasoduto, destinado a dobrar o fornecimento de gás natural da Rússia para a Alemanha, tornou-se uma moeda de troca para o Ocidente em sua tentativa de impedir Moscou de invadir a Ucrânia.

 

 

AFP

MOSCOU - O presidente russo, Vladimir Putin, descreveu as conversas desta segunda-feira no Kremlin com o presidente francês, Emmanuel Macron, como úteis, substanciais e comerciais, e disse que algumas das ideias de Macron podem servir de base para outros passos conjuntos.

O líder francês viajou a Moscou para conversas em meio a um impasse sobre uma escalada militar russa perto da Ucrânia e uma campanha do Kremlin por "garantias" de segurança de Washington que inclui a interrupção da expansão da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em uma entrevista coletiva conjunta após as negociações, Putin disse que várias ideias de Macron sobre segurança são realistas e que os dois conversariam novamente assim que Macron viajasse para Kiev para se encontrar com a liderança da Ucrânia.

"Várias de suas ideias, propostas, que provavelmente ainda são muito cedo para falar, acho que é bem possível formar a base de nossos próximos passos conjuntos", disse ele.

"Acordamos que, após sua viagem à capital ucraniana, voltaremos a nos ligar e trocar opiniões sobre este assunto", declarou ele.

A Rússia reuniu mais de 100.000 soldados perto da Ucrânia, provocando temores de que Moscou possa estar planejando invadir. A Rússia tem descartado esses temores.

 

 

 

Reportagem de Vladimir Soldatkin, Andrew Osborn, Darya Korsunskaya / REUTERS

SÃO PAULO/SP - Os líderes da China e da Rússia formalizaram na sexta (4) uma aliança que vinha ganhando corpo nos últimos anos contra as políticas ocidentais personificadas na agenda dos Estados Unidos, apontada como "abordagem ideologizada da Guerra Fria".

Assim, Xi Jinping e Vladimir Putin concordaram em um comunicado em denunciar a expansão da Otan (aliança militar ocidental) que está no cerne da grave crise em curso na Ucrânia e também os pactos militares americanos na região do Indo-Pacífico.

Esses são os exemplos mais vistosos, mas não únicos, do texto de 5.300 palavras em russo divulgado pelo Kremlin, do que ambos os líderes chamaram de "amizade sem limites" entre Pequim e Moscou. Algo "sem precedentes", na voz de Putin.

Vistosos por exemplificar os principais problemas estratégicos afetando, respectivamente, o maior país do mundo que formava o centro da União Soviética e a segunda maior economia do mundo, uma ditadura comunista adepta da economia de mercado.

"As partes se opõem a expansão adicional da Otan e pede para que a aliança abandone a abordagem ideologizada da Guerra Fria", diz o texto. Putin tem cerca de 130 mil homens mobilizados em torno das fronteiras ucranianas, um movimento que inicialmente parecia visar resolver o status do conflito no leste do país entre rebeldes pró-Rússia e Kiev.

A questão virou algo maior: a definição de uma paz europeia em termos aceitáveis para o Kremlin, o que não inclui a Ucrânia como parte da Otan e mesmo a presença de armas ofensivas em membros do Leste Europeu do clube. EUA e aliança rejeitaram o ultimato, e o impasse prossegue.

No entorno chinês, a Guerra Fria 2.0 movida em reação à maior assertividade de Xi já causou conflitos diversos com os EUA: guerra comercial e tarifária, disputa sobre a autonomia de Hong Kong, provocações nas rotas marinhas que Pequim considera suas e a ameaça da China de tomar Taiwan.

"As partes se opõem à formação de estruturas de blocos fechados e campos opostos na região da Ásia-Pacífico, e permanecem altamente vigilantes sobre o impacto negativo da estratégia americana no Indo-Pacífico para a estabilidade e paz na região", diz o texto.

No ano passado, o governo de Joe Biden formalizou um pacto militar com Austrália e Reino Unido e reavivou a aliança Quad (com australianos, japoneses e indianos) contra a China.

Se alguém tinha dúvida acerca do afinamento entre Xi e Putin, os líderes resolveram desenhar suas intenções. Elas incluem esforços conjuntos contra "revoluções coloridas", o nome genérico e de assimilação midiática fácil àquilo que Moscou chama de golpes para derrubar governos pró-Kremlin na antiga periferia soviética.

Elas ocorreram em locais como Ucrânia e Geórgia, e não acabaram bem de todo modo. A China acusa os EUA exatamente da mesma coisa ao patrocinar os movimentos pró-democracia de Hong Kong, que foram esmagados com mão de ferro após a revolta de 2019, e o governo taiwanês --na ilha que Xi chama de sua, incursões aéreas com aviões militares chineses são eventos semanais.

O encontro de Xi e Putin ocorreu antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, evento que foi boicotado diplomaticamente pelo Ocidente. Pouco mais de 20 líderes participarão da abertura, mas o russo é a estrela.

Com isso, o governo fortemente autocrático russo e a ditadura chinesa dão as mãos oficialmente. Não há menção no documento a aspectos práticos já em curso, como a crescente cooperação militar entre as potências e os grandes projetos de energia.

Eles são a chave e também o limite da associação. Do ponto de vista militar, Rússia e China são rivais históricos, e seria surpreendente se chegassem a uma aliança formal, integral, como por exemplo a que existe entre Moscou e a ditadura de Belarus.

Economicamente, a deferência política de Xi a Putin embute o risco percebido em Moscou de que a Rússia pode se tornar uma província energética da China, ofertando gás natural barato por meio de um projeto de US$ 400 bilhões chamado Força da Sibéria --o segundo gasoduto da rede deve ser anunciado logo.

Para o russo, contudo, é uma saída única. Se a pressão americana sobre países como a Alemanha, que está adiando a abertura de um novo gasoduto a ligando diretamente à Rússia, ou uma ruptura devido a uma guerra na Ucrânia ocorrerem, o mercado europeu pode se fechar ao gás de Putin.

A China, cujo consumo anual do produto deve ultrapassar o de toda a Europa até o fim da década, pode oferecer uma linha vital para a sobrevivência desse pedaço central da economia russa, que de resto tem enfrentado bem as sanções ocidentais que se abatem sobre ela desde que Putin anexou a Crimeia, em 2014.

Naquele ano, um arremedo de "revolução colorida", mais violento e menos romântico que as versões dos anos 2000, derrubou o governo pró-Kremlin de Kiev. A anexação e o fomento à guerra civil no leste ucraniano foram as respostas imediatas de Moscou, que depois participou de um cessar-fogo frágil que agora Putin quer ver implementado como plano de paz.

O encontro de ambos foi altamente coreografado e, apesar de ambos os líderes serem conhecidos pelos cuidados extremos para não contrair Covid-19, não houve máscaras ou distanciamento. É a primeira reunião deles desde a pandemia, e a 38ª desde que Xi assumiu, em 2012 --Putin está no poder desde 9 de agosto de 1999, quando virou premiê pela primeira vez.

No texto divulgado, um trecho atribuído a Xi resume diversos discursos feitos pelo chinês nos últimos anos, no qual ele discorre sobre sua visão particular de democracia. "Estamos trabalhando juntos para trazer à vida o verdadeiro multilateralismo. Defendendo o real espírito da democracia serve como uma fundação confiável para unir o mundo nas próximas crises, e defendendo a igualdade".

A visão, contraditória a olhos ocidentais por ser feita pelo líder de uma ditadura, é compartilhada por Putin. Ambos denunciam a defesa de valores democráticos feita pelos EUA como hipócrita, já que há exemplos de sobra (Iraque, Afeganistão etc.) de que ela pode ser forçada por meios militares, gerando desastres.

A principal diferença entre ambos até aqui é a abordagem externa. Xi se vale de instrumentos econômicos, enquanto Putin não hesita em flexionar musculatura militar: nos últimos anos, suas tropas estiveram em guerras ou intervenções em locais como Geórgia, Ucrânia, Síria, Líbia, Azerbaijão e Cazaquistão. Moscou ainda tem um arsenal nuclear rival ao americano, enquanto a China prepara uma expansão no campo.

Do lado ocidental, o exemplo cotidiano da repressão nos dois rivais é suficiente para fazer a acusação de hipocrisia no sentido contrário. A Guerra Fria 2.0, o embate China-EUA que define geopoliticamente o século 21, parece ter acabado de ganhar um terceiro participante oficialmente, vindo da primeira encarnação do conflito.

 

 

 IGOR GIELOW / FOLHA

UCRÂNIA - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou na terça-feira (1°) que existe um "perigo claro" e "iminente" de uma intervenção militar russa na Ucrânia. Segundo ele, se o ataque ocorrer, o Reino Unido vai impor sanções "imediatas" contra Moscou.

Johnson se reuniu com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, para discutir sobre os riscos de uma invasão russa. Logo depois, os dois líderes realizaram uma coletiva de imprensa conjunta.

"Vemos uma grande quantidade de tropas concentradas e preparativos para todo tipo de operações que são coerentes com uma campanha militar iminente", declarou Johnson. O premiê britânico considerou que é "vital" que a Rússia dê "um passo atrás" e opte pelo caminho da diplomacia, uma solução que, segundo ele "ainda é possível".

Johnson garantiu que suas afirmações não são exageradas e que "a arquitetura inteira da segurança da Europa" está ameaçada. "Não há nenhuma dúvida do que o presidente Putin tenta realizar", reiterou. Segundo ele, o líder russo quer intimidar a Ucrânia e induzir os países europeus a repensar suas estratégias.

Já Zelenski declarou que a retirada das tropas russas na fronteira com a Ucrânia seria "um sinal muito importante". "A Rússia deve nos escutar, deve entender que ninguém quer guerra", disse.

Para ele, a mensagem é clara a quem quiser invadir o território ucraniano. "Se uma escalada começar, não será apenas uma guerra entre a Ucrânia e a Rússia, será uma guerra de grande escala na Europa", reiterou.

 

Putin diz que preocupações russas foram ignoradas

Mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos de ignorar seus pedidos e de usar a Ucrânia. Falando publicamente sobre o assunto depois de várias semanas de silêncio, o líder russo disse esperar uma solução, "mesmo que não seja fácil".

Putin recebeu o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, aliado da Rússia, mas membro da União Europeia e da Otan: uma forma de mostrar certa divisão no campo ocidental. Mas, segundo Orban, as divergências entre Moscou e os países ocidentais podem ser resolvidas.

O presidente russo não fez nenhuma alusão às dezenas de milhares de soldados posicionados na fronteira da Rússia com a Ucrânia há semanas. A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona a desescalada a garantias para sua segurança. A principal exigência é que Kiev nunca se torne membro da Otan e que a Aliança Atlântica continue sua expansão à Europa do Leste.

 

Blinken e Lavrov expressam desejo por diálogo

Os Estados Unidos rejeitaram esses pedidos em uma carta, na semana passada, e abriram a porta para negociações sobre outros assuntos, como o lançamento de mísseis ou os limites recíprocos aos exercícios militares. No entanto, após a conversa por telefone nesta terça-feira entre o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, as duas potências rivais expressaram o desejo de continuar dialogando.

O chefe da diplomacia americana "pediu a desescalada russa imediata e a retirada de tropas e equipamentos das fronteiras da Ucrânia", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado. Também "pediu para seguir um caminho diplomático".

Embora Lavrov não tenha dado "nenhum indício" de "uma mudança nos próximos dias" na fronteira ucraniana, ele expressou certo otimismo após a conversa. "Blinken concordou que há razões para continuar o diálogo. Veremos como será", disse Lavrov à televisão russa nesta terça-feira.

 

(Com informações da AFP)

RFI

EUA - A Rússia afirmou nesta segunda-feira (31) no Conselho de Segurança da ONU que os Estados Unidos querem "agitar a histeria", após ser acusada de querer aumentar a presença militar russa na fronteira com a Ucrânia.

A embaixadora de Washington na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse ao Conselho de Segurança que a Rússia irá reforçar suas tropas na fronteira bielorrusso-ucraniana nos próximos dias.

"Temos evidências de que a Rússia pretende reforçar sua presença com mais de 30.000 soldados perto da fronteira de Belarus com a Ucrânia, a menos de duas horas ao norte de Kiev já no início de fevereiro", acusou Thomas-Greenfield.

"Se a Rússia invadir a Ucrânia, nenhum de nós poderá dizer que não r e as consequências seriam horríveis."

Mas o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, rejeitou as acusações, dizendo que os Estados Unidos estão criando "histeria" ao convocar a reunião do Conselho de Segurança para debater a situação da Ucrânia.

O diplomata assegurou que nenhuma autoridade russa ameaçou invadir a ex-república soviética e que os ucranianos sofreram "lavagem cerebral" com a "russofobia" do Ocidente.

Os Estados Unidos, segundo Nebenzya, "estão provocando tensões e retórica e causando uma escalada".

"As discussões sobre uma ameaça de guerra são provocativas em si mesmas. Eles estão praticamente pedindo por isso, eles querem que isso aconteça", concluiu Nebenzya.

 

- Avisos de Biden -

A Rússia recusa-se a ser considerada uma ameaça à Ucrânia, mas pede garantias de que Kiev não se juntará à aliança militar transatlântica da Otan e que os Estados Unidos não estabelecerão novas bases militares nos países da antiga órbita soviética.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, tem prevista uma nova reunião por telefone nesta terça-feira com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, o mais recente de uma série de contatos diplomáticos entre Moscou, Washington e Bruxelas sobre a Ucrânia, dada a crescente preocupação dos europeus com a segurança do continente.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou nesta segunda-feira que a Rússia sofrerá forte retaliação se Moscou se retirar da via diplomática para a resolução do conflito.

"Continuamos vendo a diplomacia como o melhor caminho a seguir, mas como a Rússia segue acumulando forças em torno da Ucrânia, estamos preparados aconteça o que acontecer", afirmou Biden a repórteres na Casa Branca.

A Rússia tentou impedir a reunião do Conselho de Segurança, mas 10 dos 15 membros votaram a favor do encontro.

A maioria dos membros acredita que a presença de tropas russas na fronteira com a Ucrânia seja por si só uma ameaça.

"Esta é a maior (...) mobilização de tropas na Europa em décadas", disse a embaixadora. "E enquanto falamos, a Rússia segue enviando mais efetivos e armas" para reforçá-las.

O embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, pediu uma desescalada das tensões, no intuito de retomar as negociações sobre o conflito em território ucraniano com os secessionistas apoiados por Moscou na região leste de Donbas.

"Meu presidente reiterou recentemente que está pronto para se encontrar com seu colega russo", disse Kyslytsya ao Conselho de Segurança.

"Para a Ucrânia, a primeira prioridade hoje é alcançar um cessar-fogo sustentável e incondicional em Donbas."

 

- Ameaças do Reino Unido -

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também garantiu que a Rússia está reforçando sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.

"Descrevemos os fatos e a realidade, que o acúmulo militar da Rússia não é explicável nem justificado", disse Stoltenberg ao The Washington Post.

"Portanto, cabe à Rússia explicar, diminuir a escalada. E que a Rússia se comprometa com um diálogo político sério com a Otan", completou.

Enquanto isso, o Reino Unido anunciou nesta segunda-feira um novo marco legal que permitirá reforçar as sanções contra Moscou em caso de ataque à Ucrânia.

"Será o regime de sanções mais duro contra a Rússia já colocado em prática", declarou a ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, no Parlamento.

Moscou acusou nesta segunda-feira as autoridades britânicas de preparar um "ataque aberto contra as empresas" russas, afirmando que "os anglo-saxões estão intensificando tremendamente as tensões no continente europeu".

Analistas alertam que eventuais sanções que afetem os bancos russos e as instituições financeiras não só repercutiriam na vida cotidiana dos russos, mas também teriam consequências nas grandes economias e não apenas nas europeias.

 

 

AFP

Nosso Facebook

Calendário de Notícias

« Agosto 2025 »
Seg. Ter Qua Qui Sex Sáb. Dom
        1 2 3
4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17
18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30 31
Aviso de Privacidade

Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.